quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A queda do império

Sobreviventes de tortura da CIA processam psicólogos que desenvolveram programa

Um dos sobreviventes conta que um dos métodos consistia em mergulhá-lo em água gelada e depois deixá-lo embalado por saco plástico congelado por horas


Opera Mundi
Scout Tufankjian















A União de Liberdades Civis Americana (ACLU, na sigla em inglês) deu início, nesta terça-feira (13/10), a um processo contra os psicólogos James Mitchell e Bruce Jessen, responsáveis por desenvolver o programa de torturas da CIA.

O processo foi aberto em nome de dois sobreviventes do programa: Suleiman Abdullah Salim, da Tânzania, que ficou sob custódia norte-americana durante cinco anos, e o líbio Ahmed Ben Soud, preso durante dois anos. Eles pedem uma compensação de pelo menos US$ 75.000 (aproximadamente R$ 285.000).

O processo acusa Mitchell e Jessen de violar os direitos humanos dos detentos por tortura e crimes de guerra. O programa desenvolvido pela dupla autorizava abusos físicos como afogamentos, privação de sono e alimentação, entre outros métodos, que eram aplicados nas prisões não documentadas da CIA, como em Guantánamo (Cuba), na Base Aérea de Bagram (Afeganistão), e em Abu Ghraib (Iraque).

Em depoimento ao The Guardian, Salim, um dos sobreviventes, revelou a forma de tortura à qual foi submetido durante os cinco anos em que esteve preso. Segundo ele, seus braços e pernas eram acorrentados a um arco de metal, de forma que ele estivesse sempre agachado, impedindo-no de dormir. Como outros detentos, Salim também era mergulhado em água gelada e depois embalado num saco plástico congelado durante horas.

“Esse caso trata de assegurar que as pessoas por trás do programa sejam responsabilizadas para que a história não se repita. A impunidade para a tortura manda a perigosa mensagem para oficiais dentro dos EUA e fora de que não haverá consequências para abusos futuros”, explica Steven Watt, um dos advogados da ACLU.

O advogado acredita que existem boas chances de se vencer o processo, visto que existem provas do que aconteceu. Em 2014, o governo norte-americano publicou um relatório bastante detalhado sobre o programa de tortura da CIA, que também divulga a identidade e a maneira como os presos eram torturados.


Uma mudança decisiva no equilíbrio de poder


Putin, sem recorrer a nenhuma ameaça verbal ou xingamentos, mudou decisivamente o equilíbrio de poder, e o mundo sabe disso.

Paul Craig Roberts, do CounterPunch

reprodução















O mundo começa a notar a mudança profunda para a geopolítica que representou o discurso de Vladimir Putin na ONU, no dia 28 de setembro, quando o presidente russo declarou que a Rússia não pode mais tolerar a política externa perigosa, estúpida e falida de Washington, que desencadeou o caos que engoliu o Oriente Médio e agora começa a tomar a Europa. Dois dias depois, a Rússia assumiu o controle militar na Síria e deu início à destruição das forças do Estado islâmico. 
Entre os assessores de Obama, talvez ainda haja alguns que não tenham sido totalmente cegados pela arrogância e possam compreender a mudança em curso. A agência russa de notícias Sputnik afirmou que alguns dos conselheiros do presidente americano especialistas em segurança aconselharam-no a retirar as forças militares americanas da Síria e desistir de derrubar Assad. Eles sugeriram uma cooperaração com a Rússia, a fim de parar o fluxo de refugiados que hoje sobrecarrega os países vassalos de Washington na Europa. A chegada em massa de pessoas indesejadas está fazendo os europeus se darem conta do alto preço do apoio à política externa americana. Os conselheiros mostraram a Obama que as estúpidas políticas dos neoconservadores estariam ameaçando o império de Washington na Europa.

Analistas como Mike Whitney e Stephen Lendman concluiram, corretamente, que Washington está de mãos atadas no que diz respeito à estretégia russa contra o Estado Islâmico. O plano dos neoconservadores de que a ONU decrete uma zona de exclusão aérea sobre a Síria, a fim de expulsar os russos, não passa de delírio. A ONU nunca aprovará tal resolução. Na realidade, os russos já estabeleceram uma zona de exclusão aérea de fato.

Putin, sem recorrer a nenhuma ameaça verbal ou xingamentos, mudou decisivamente o equilíbrio de poder, e o mundo sabe disso.

A resposta de Washington consiste em xingamentos, bravatas e mais mentiras, algumas das quais ecoadas por alguns dos cada vez mais trôpegos vassalos de Washington. O único resultado tem sido evidenciar a impotência de Washington.

Se Obama tiver alguma consciência, vai dispensar os idiotas neoconservadores que dilapidaram o poder de Washington, e se concentrar em, junto com a Europa, trabalhar ao lado da Rússia para destruir – ao invés de patrocinar – o terrorismo no Oriente Médio, por trás da crise dos refugiados na Europa.

Mas se Obama não puder admitir um erro, os Estados Unidos continuarão a perder credibilidade e prestígio em todo o mundo.

Paul Craig Roberts foi secretário-assistente do Tesouro americano e editor associado do Wall Street Journal. Roberts é autor dos livros How the Economy Was Lost e How America Was Lost

Tradução de Clarisse Meireles


Fonte: CARTA MAIOR
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