sábado, 17 de outubro de 2015

Atum radioativo

Radiação de Fukushima alcança Costa Oeste norte-americana

A contaminação do oceano pela usina de Fukushima foi uma catástrofe.

O impacto para a vida marinha e para a saúde humana pode levar anos para ser percebido


John Laforge - Counterpunch
Greg Webb / IAEA - FLickr















''Nós deveríamos estar monitorando cuidadosamente os oceanos depois daquela que foi certamente a maior emissão acidental de contaminantes radioativos nos oceanos de toda a história'', disse o geoquímico da marinha Ken Buesseler na última primavera.

Ao invés disso, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA interrompeu o monitoramento emergencial da pluma radioativa de Fukushima em maio de 2011, três meses após o início do desastre. O Japão nem ao menos está monitorando as águas em torno de Fukushima, de acordo com artigo da ''The Ecologist'' (Setembro/28).

A quantidade de césio que os pesquisadores do geoquímico encontraram na Ilha de Vancouver é aproximadamente seis vezes superior à concentração registrada desde que o césio foi primeiramente introduzido nos oceanos por testes nucleares (interrompidos em 1963). Esse acréscimo estrondoso demonstra um crescimento contínuo. O International Business Times (IBT) relatou, no último 12 de novembro, que o Dr. Buesseler encontrou quantidades de césio-134 nessas mesmas águas que, na época, eram apenas o dobro da concentração remanescente dos testes.

O Dr. Buesseler divulgou sua análise, no Instituto Oceanográfico Woods Hole, depois que sua equipe descobriu que correntezas de césio derivadas dos três reatores de Fukushima haviam alcançado a América do Norte. Buscando tranquilizar o público, Buesseler disse: ''Mesmo que [as concentrações] fossem dobradas e eu nadasse todos os dias por um ano, a dose a que eu seria exposto ainda seria mil vezes inferior a um único raio-X odontológico''.

Essa comparação associa diferenças importantes entre exposição à radiação externa (provindas de raios-X ou do contato direto com a água contaminada) e à contaminação interna por ingestão de isótopos radioativos, através de peixes ou de frutos do mar, por exemplo.

O Dr. Chris Busby da Low Level Radiation Campaign (Campanha pelo Baixo Nível de Radiação) no Reino Unido explica a distinção dessa maneira: Pense na diferença entre meramente se sentar diante de uma tocha de fogo, por um lado, ou lançar uma brasa ardente dentro da sua boca, por outro. A contaminação interna pode ser mil vezes mais cancerígena do que a mesma exposição por via externa, especialmente para mulheres e crianças. E, pelo fato do césio-137 permanecer na ecosfera por 300 anos, a bioacumulação e a bioconcentração dos isótopos de césio na cadeia alimentar – nesse caso, na cadeia alimentar oceânica – são consequências que se agravam perpetuamente de tudo que foi derramado e segue sendo vertido de Fukushima.

O complexo de produção dos armamentos nucleares é a única indústria que tem um histórico de envenenamento deliberado por toda Terra. Centenas de toneladas de precipitado radioativo foram espalhados pelas reservas de água e pelas superfícies continentais ao redor do mundo através de ensaios nucleares. As mesmas pessoas então nos trouxeram reatores nucleares comerciais. Guerra suja gera negócios sujos, em que mentiras surgem facilmente. Assim como os produtores de armamento mentiram sobre os perigos dos testes nucleares, defensores da energia nuclear afirmaram que o césio derramado de Fukushima se diluiria infinitamente depois que a pluma radioativa se dispersasse pelas quatro mil milhas de Oceano Pacífico.

Hoje, a contaminação radioativa globalizada dos recursos hídricos por corporações privadas se tornou o custo de saúde, financeiro e político de operar reatores de energia nuclear. Um artigo do IBT (de novembro/2014) apontou que ''Os oceanos do planeta já contêm grandes quantidades de radiação, uma vez que as 435 usinas nucleares do mundo rotineiramente dispensam água radioativa nos oceanos, embora com isótopos menos radioativos do que o césio''.

Cinquenta milhões de becqueréis de césio por métro cúbico foram mensurados em Fukushima logo depois do início do acidente, em março de 2011. Apenas quatro meses depois, atum branco e atum rabilho contaminados foram apanhados na Costa Oeste; 300 toneladas de efluente ligado ao césio vêm sendo derramadas no Pacífico todos os dias nos últimos quatro anos e meio; o governo japonês, em setembro de 2014, abertamente despejou no oceano 850 toneladas de água parcialmente filtrada mas contaminada por trítio. Esse recente despejo prenuncia o que ele pretende fazer com as milhares de toneladas ainda mantidas nos tanques de estoque do complexo da usina devastada.

Representantes dos donos de Fukushima, a Tokyo Eletric Power Co., disseram que vazamentos do disastre com ''pelo menos'' dois trilhões de becqueréis de radioatividade entraram no Pacífico entre agosto de 2013 e maio de 2014 – e esse período de 9 meses não é nem metade do problema.

O fato de que Fukushima contaminou a totalidade do Oceano Pacífico deve ser entendido como um cataclisma. A introdução contínua do precipitado nuclear de Fukushima pode ser lenta e o inevitável prejuízo pra vida marítima e pra saúde humana pode levar décadas para ser percebido. Mas a população de atum contaminado precisa ser pensada como um prenúncio e, a partir de agora, deve ser continuamente monitorada em seus níveis de césio.

No último novembro Buesseler fez o alerta: “Césio radioativo de Fukushima provavelmente seguirá chegando na costa norte-americana”. Talvez aqueles que se alimentam de peixe devam optar por produtos do Atlântico por umas doze gerações.

Tradução de Allan Brum

Fonte: CARTA MAIOR
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Acidentes radioativos e nucleares são sempre devastadores, como os casos do césio no Brasil e da central nuclear de Fukushima no Japão, respectivamente.

Como também são devastadoras as informações prestadas pela velha mídia, que omite as consequências  graves que tais acidentes acarretam na vida das pessoas e no meio ambiente, até  mesmo por séculos.

Tudo que se refere a radioatividade e centrais nucleares  deveria ser de total conhecimento das pessoas  e amplamente discutido.

No entanto não é o que acontece.

Na construção de centrais nucleares para geração de energia elétrica, as técnicas de blindagem para evitar vazamentos de elementos radioativos fazem parte do complexo repertório tecnológico envolvido.

Ao que parece a blindagem vazou para a velha mídia, que omite a verdade sobre as tragédias, como no caso mais recente de Fukushima.

Em sociedades maduras e evoluídas a opção nuclear seria descartada, já que os riscos associados , em caso de acidentes, são devastadores para a vida.

Defenda a vida.

   

 


  

 
 



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