sexta-feira, 7 de agosto de 2015

E o povo ?

Nem governo nem oposição têm a saída’
afirma sociólogo sobre crise política



Destaque Brasil


Foto: Reprodução/ Youtube
O sociólogo Brasilio Sallum, autor do recém-lançado livro O Impeachment de Fernando Collor, não vê saída para a crise política atual porque o governo da presidente Dilma Rousseff não tem clareza da direção a tomar nem a oposição tem “horizonte” a seguir. Para o professor da USP, os movimentos que defendem o afastamento da petista têm força para “empurrar” os partidos, mas isso é insuficiente para desencadear o processo político em si.
Perguntado se é possível o governo sair da crise política, o sociólogo disse que “passamos por incertezas que não têm respostas claras nem do governo nem da oposição. Paulatinamente, estamos amadurecendo”. Ele reconhece que o fato de o governo tentar hoje ajustar as contas “já é um enorme avanço” em relação ao que antes da eleição se dizia, de que não estávamos em crise econômica, que o mundo era uma maravilha. “Nós, pelo menos hoje, temos absoluta consciência de que devemos fazer alguma coisa. A crise política é grave por, no mínimo, três razões: pelo fato de a presidente ter perdido autoridade, pelo enfraquecimento da coalizão e pela baixa popularidade de Dilma. Por outro lado, as forças que se opõem a ela não têm horizonte claro a perseguir. Não sabemos a qual direção a presidente quer levar o País.”
Segundo Sallum, como não estamos vendo uma coalizão definida e clara, que trabalhe especificamente pelo impeachment, “não se pode dizer que hoje haja beneficiários. Como funciona o processo? Você tem oposições, que se organizam contra o presidente, mas ao mesmo tempo se organizam em favor do vice. Na época do ex-presidente Fernando Collor, houve isso: uma coalizão entre PMDB, PSDB e PT, que se articularam contra o Collor, conseguiram maioria e atraíram ex-aliados do ex-presidente. É isso que não existe hoje”.
Questionado se as ruas podem hoje estimular esse movimento, ele respondeu que os movimentos de rua não têm a menor condição de fazer isso hoje. “As mobilizações da época do Collor foram articuladas com partidos e por uma rede de mais de 100 organizações. Os movimentos de hoje, desde os de 2013, não têm condução partidária. As ruas hoje empurram os partidos, mas não são empurradas pelos partidos. Parece que hoje a relação é inversa àquela verificada na época de Collor. Em geral, mobilizações sempre têm um cordel, são puxadas por aqueles que fazem parte do sistema político, mesmo em posição secundária. A questão é que os partidos não estão conseguindo dar direção à demanda. Os partidos estão muito desorganizados, têm alas diferentes com dificuldade de manter uma unidade, têm facções que agem de formas distintas.”
Para o sociólogo, há hoje tentativas, ameaças, ‘pautas-bomba’. “Mas os obstáculos são muito grandes para se alcançar o impedimento. Os sinais ainda não são totalmente claros, não é um movimento que será facilmente bem-sucedido. As dificuldades jurídicas e políticas serão bastante grandes, não vejo o impeachment visível no horizonte, embora haja movimentos nessa direção.”
Sobre o peso da Operação Lava Jato nesse contexto, o sociólogo avalia que “o problema é que a Lava Jato mostra de um lado que as instituições estão funcionando extraordinariamente bem do ponto de vista institucional, produzindo minibombas políticas. Isso tornam difíceis as associações – as agregações, digamos – entre os políticos, porque eles são passíveis de processos. Todos os mecanismos de articulação política estão sujeitos a receber o impacto da Lava Jato. Depois que o Eduardo Cunha foi envolvido nas investigações, a Câmara passou a ser uma fonte potencial de obstáculos”. 
Fonte: MANCHETE ONLINE
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Situação da economia e do gasto público não é culpa de Dilma, diz economista

Para Schymura, a forte desaceleração não foi provocada pela "nova matriz macroeconômica"


Para o diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) Luiz Guilherme Schymura, a atual situação da economia brasileira e do gasto público não é “culpa da presidente Dilma Rousseff”. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, nesta sexta-feira (7/8), Schymura afirma que a forte desaceleração da economia brasileira não foi provocada pela "nova matriz macroeconômica" adotada pelo governo. Segundo ele, é resultado do processo de democratização do país e das reivindicações da sociedade por melhores serviços públicos. Para o diretor do Ibre, o gasto público é crescente porque existe uma demanda da sociedade por mais democracia e melhores serviços públicos.


Na entrevista ao Valor, Schymura comentou  a eclosão dos protestos de rua, em 2013: “Já li e conversei muito sobre isso, mas ainda não vi uma resposta para o fato de que tivemos em 2013 o início daqueles movimentos de rua num contexto de queda do desemprego, aumento do salário médio real, inflação domesticada”. De acordo com ele, a explicação é que as pessoas querem mais e querem serviços públicos decentes. “Hoje, temos uma economia vivendo uma situação traumática, com contração do PIB de 2,2% [projeção do Ibre para 2015], inflação que subiu de 6% para quase 10%. Tenho dificuldade em entender como é que não há mais manifestações”.

Dilma Rousseff
Dilma Rousseff
De acordo com Schymura, a queda do Produto interno Bruto (PIB) está relacionada ao menor ritmo de crescimento da economia mundial e, principalmente, a um problema fiscal que, nos anos do governo Lula, foi "disfarçado" pelo aumento constante da arrecadação tributária. “Na época do Lula , a receita crescia em torno de 10% ao ano em termos de reais . A despesa crescia 7%. Então, o problema do gasto crescente estava disfarçado. “Não foi por decisão de Dilma que o gasto cresceu. Cresceu porque o gasto cresceu.
À frente do Ibre, ele tem procurado ampliar o debate. Em 2013, convidou Nelson Barbosa, atual ministro do Planejamento e representante da escola desenvolvimentista, a trabalhar no Ibre. "Não defino, de forma alguma, o Ibre como um centro do pensamento liberal. O instituto tem, até por tradição, uma corrente liberal muito forte, mas não estamos fechados, disse  ao Valor Econômico.
Schymura destacou na entrevista que o Ibre não tem opinião:  ”É por isso que tento me manifestar o mínimo. Quero atrair as várias correntes do pensamento para melhorar o entendimento da economia do país.
O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) é o "think tank" mais antigo do país, fundado em 1951 por três expoentes do pensamento liberal nacional: Eugênio Gudin, Alexandre Kafka e Roberto Campos. PhD pela EPGE, a escola de pós-graduação da FGV do Rio.
Fonte: JORNAL DO BRASIL
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As manchetes dos principais jornais do país, hoje, dão destaque ao "panelaço" que teria ocorrido , ontem, em várias cidades.
Os jornais, como de costume e por terem seu lado político, ouviram o som de panelas. Não que panelas não tivessem sido usadas para fazer barulho,  apenas mais um pouco do barulho político que tomou conta do país.
Por outro lado, o que teria detonado o bater de panelas foi o programa político do PT, nos rádios e emissoras de TV, e que teve pronunciamento da presidenta Dilma. 
Um programa de partido político que governa o país deve ter alguma mensagem, um conteúdo, ainda mais em momento de crise, de incertezas e , consequentemente,  de oportunidades. 
No entanto, nenhum veículo da grande mídia priorizou , como manchete, o conteúdo  e a mensagem implícita  do partido do governo e da presidenta.
Entre a mensagem e o barulho , a imprensa optou pelo barulho, algo, aliás, que a velha mídia tem feito ao longo dos anos de governo do PT.
Na internete, nos sites, portais e blogues de notícia, destaque tem sido dado para o fato de que o panelaço foi menor que os anteriores, que somente os ricos fizeram barulho, que nas periferias não se ouviu panelas em transe e outras observações na mesma linha de avaliação dos fatos.
Essas avaliações são verdadeiras, assim como também é verdeiro que pessoas bateram  bateram panelas.
E as soluções e propostas para o país sair, ou pelo menos se afastar, da crise política, a única crise, de fato, com desdobramentos que podem ser desastrosos para a maioria do povo brasileiro ?
Nas mídias , velhas e novas, nada de propostas, apenas a disputa pela narrativa , daquilo que foi ou não revelante, Se teve muita gente batendo panela, ou se o número de pessoas foi pequeno, e por aí
Se o clima continuar desse jeito, cada lado tentando gritar mais alto, todo mundo perderá a voz , e o pior pode acontecer, pois para  os oportunistas e golpistas  de plantão, esse é o cenário ideal para , pelo menos encaminhar tentativas de impeachment da presidenta.

O tal panelaço de ontem, que de fato aconteceu, não pode ser considerado como uma manifestação que reuniu uma amostra significativa da sociedade brasileira.  
Não foi um ato onde todas as classes sociais e camadas da sociedade se fizeram presentes. 
Bateram panelas os ricos e parcela da classe média alta. 
Esse mesmo grupo  que sai às ruas  para se  manifestar contra o governo, como deve ocorrer este mês, em mais uma manifestação organizada pelos oportunistas  acima citados.
Não se pode dizer, com base de dados  estatística e científica, que tal grupo seja uma amostra representativa da totalidade da sociedade brasileira. 
É o grupo que tem como aliados a  totalidade velha mídia - jornais, revistas e emissoras de TV privadas -  partidos e políticos de oposição interessados em desestabilizar o país.
Como pode uma pesquisa de opinião ser representativa de toda sociedade brasileira  se essa sociedade se informa, desenvolve opinião, baseado naquilo que um lado político -a velha mídia - deseja ? 
Sim, quem sugere novas eleições , agora, para presidência da república, quer levar no grito.

No outro lado da gritaria,os defensores do governo, que minimizam o panelaço e priorizam informações sobre os programas bem sucedidos do governo, as tentativas em ajustes e programas para o país  sair da crise econômica e o sucesso de empresas estatais, como a Petrobras, que tem sido foco de ataques da oposição e apresentada  pela velha mídia somente como foco de corrupção. Nesse lado, o alcance das informações  e análises produzidas sobre a situação do país e as crises e disputas existentes é bem menor que o lado contrário ao governo, já que tais conteúdos não aparecem na velha mídia , local, ainda, de referência para informação de muitas pessoas. O lado de apoio ao governo comete o mesmo erro do lado contrário ao governo, pois também insiste na disputa pela conquista da narrativa, do grito mais alto. Também se manifesta nas ruas, não com barulho de panelas, mas com passeatas organizadas pela classe de trabalhadores organizados, sindicatos e centrais sindicais, levando às ruas , também, uma amostra que não é significativa do conjunto da sociedade.

Agindo dessa forma, o governo e seus defensores assim como a velha mídia e oposições, não apresentam  alternativas para as soluções que a maioria da população brasileira espera. O governo não apresenta  alternativas e as oposições querem apenas tomar o poder, também sem alternativas reais e objetivas.
Por outro lado,  a maioria da população não bate panelas, não sai em passeatas que tem por objetivo  golpes contra a democracia, e também não acompanha nas ruas a base organizada dos trabalhadores que apóiam o governo.

Em suma, enquanto grupos brigam pelo poder, a maioria da população sofre, aliás , como sempre acontece quando políticos e seus grupos afins se distanciam das necessidades reais do povo.
É o exemplo do congresso nacional, onde uma luta sangrenta acontece, distante do aroma matinal do café nas casas das pessoas.
São os partidos  e políticos de oposição ao governo e ao país, que visam somente a tomada do poder  com as consequentes vantagens em exercê-lo.
É o exemplo da imprensa e toda a velha mídia , que apóia e incentiva o clima de conflito permanente no país, ocultando e omitindo informações e ainda  produzindo conteúdos desequilibrados sobre a realidade. 
É o governo que não ousa, acreditando em soluções ortodoxas conhecidamente ineficazes para a maioria do povo.

Até o momento as manifestações de rua, panelas em transe e outras performances, não são representativas do conjunto da sociedade. Sociedade, ao que parece pelas evidências, deseja soluções para as crises, sem alterar as regras do jogo democrático, apesar do resultado de pesquisas oportunistas. 

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