sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Eles que comam ouro

Julho foi o mês mais quente da história, diz agência

Temperatura ficou 0,81 grau acima da média do século 20


Agência ANS
 
Esse valor engloba tanto as temperaturas dos oceanos como da terra. No acumulado dos sete meses de 2015, a temperatura média já está 0,85ºC acima da médica do século passado. Dividindo em setores, os oceanos tiveram uma elevação de 0,75º no mês (a mais alta da história) e a terra teve aumento de 0,96ºC (o sexto mês mais quente desde o início dos registros).
    O Noaa ainda anunciou que a extensão das geleiras do Ártico no período ficou 9,5% menor do que a média entre os anos de 1981 e 2010. Já na Antártida, houve queda de 3,8% no tamanho. (ANSA)

A grama seca de Brasília

Selvino Heck 
Não chove. Desde o final de maio, início de junho de 2015, não caiu uma gota de água do céu. A grama da Esplanada dos Ministérios está amarela, cada vez mais seca, sem vida, sem verde. Parece morta, parece que nunca mais vai renascer. Só as árvores e os ipês floridos do final de agosto mantêm o colorido e a vida.
Às vezes, em setembro, dá a chuva das mangas. Chuva rápida e forte, para que as mangas, que começam a amadurecer, e cujos pés se espalham em todos os lugares, cheguem ao ponto ideal, mais doces e gostosas. Por alguns meses, não preciso me preocupar em comprar frutas.Colho mangas direto dos pés, assim como goiabas, e, um pouco mais tarde,  final/início do ano, os abacates ficam ao alcance da mão de qualquer um que queira colhê-las. Maravilhas de Brasília e da natureza.
A secura invade ossos, pele, o corpo inteiro. E dê-lhe água o tempo todo, alguns litros por dia. O chimarrão nosso de cada dia de um bom gaúcho ameniza de forma prazerosa a sede. Para alguns, não é o meu caso, sai sangue do nariz, há tonturas, não conseguem dormir. No limite, escolas fecham, as crianças ficam em casa nos dias mais secos É impossível prestar atenção e aprender com umidade relativa do ar beirando os 20 ou até os 10%.
As queimadas acontecem em todos os lugares. Até nos arredores do Palácio Jaburu, onde mora o vice-presidente da República, a mata verde então seca pegou fogo há alguns anos, deixando ver pela primeira vez um braço do lago Paranoá ao lado do Palácio.
Quando estou no Sul, até me esqueço de tomar água pura. Basta o chimarrão. Em Brasília, depois de meses sem ver chuva, preciso viajar, preciso chegar na casa de mamãe, sentar na varanda, ver a mansa chuva caindo do céu, regando as plantas, escorrendo e embebendo a terra como se fosse bênção.
Enquanto a chuva não vem, mangas, abacates e goiabas crescem e amadurecem. Os ipês florescem e enchem a capital federal de cores e luz. A natureza não deixa de trabalhar. Não é um tempo desperdiçado, sem sentido. Parece não haver mais vida. Mas há.
Com as chuvas, novembro/dezembro, volta o verde, volta o frescor. Em poucos dias, a paisagem muda. A grama verde e viva voltou! Um dia, de manhã, vejo uma folhinha emergindo, tímida, aqui e ali. Dias depois, os pontos de verde se disseminam. Finalmente, o gramado inteiro está verde e vivo. Muda a cara das pessoas, muda o olhar, mudam os sentimentos de um filho de colona e colono louco por verde e natureza.
A absoluta aridez e secura são substituídas. Nada estava morto, tudo estava vivo, à espera da água revigorante para aparecer à luz do sol e do meu olhar cansado.
Assim é a vida. Assim são os tempos de crise. Não duram eternamente.
Em algum momento, enfrentada a corrupção, a ética voltará a brilhar. Em algum momento, a política haverá de readquirir seu viço de serviço à comunidade e ao bem comum, e não o bem próprio e pessoal ou do capital. Em algum momento, a economia tornar-se-á solidária, seus frutos estarão ao alcance da mão e serão repartidos à farta a todas e todos, a qualquer um que deles necessite. Em algum momento, o individualismo, a cobiça, a opressão serão eliminados e substituídos pela solidariedade e pelo Bem Viver dos justos, dos homens e mulheres de boa vontade. Em algum momento, a Mãe Terra será bendita e a ecologia integral do Papa Francisco estará no centro. Em algum momento, homens e mulheres festejarão seus saberes, celebrarão suas práticas solidárias e conviverão em harmonia, sem ódio, sem intolerância, sem exclusões, sem preconceitos, sem discriminações de qualquer espécie, sem criminalizações. Em algum momento, os de baixo buscarão justiça e direitos, ‘na lei e na marra’.  Em algum momento, povos e nações viverão em paz e na fraternidade.
Não há secura e aridez eternas. A chuva voltará! O verde voltará! A grama da Esplanada dos Poderes renascerá viçosa e viva!

* Assessor Especial da Secretaria Geral da Presidência da República


Fonte: JORNAL DO BRASIL

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O calor aumenta e a Terra vai ficando cada vez mais quente.

Isso é fato, no entanto ainda tem muita gente que ignora as alterações climáticas em curso.

Seja por desconhecimento, falta de informação, informação manipulada, etc...

Os problemas crescem e o que se vê na velha mídia é um martelar diário sobre a cotação do dólar, a oscilação da Bolsa de Valores, a inflação,  a taxa de juros, o ajuste fiscal do Levy Bradesco, as espinhas de Marina Ruy Barbosa,  e , claro, o combate sem tréguas a "corrupção que assola o país".

Além das "notícias diárias de extrema importância", tem o mundo cão da criminalidade e , também, o futebol na Globo e as eternas novelas.

Fico imaginando , sonhar não custa nada, um martelar diário na velha mídia sobre a poluição, o aquecimento global, o desmatamento, o derretimento das geleiras, o aumento do nível dos oceanos, a produção crescente e perigosa de lixo e, consequentemente, novas formas de produção e distribuição de produtos, novos hábitos de consumo, novas formas de mobilidade das pessoas.

Tudo isso poderia e deveria ser notícia  diária nos higiênicos veículos da velha mídia, já que a vida das pessoas é afetada diretamente  pelas alterações do clima.

Refugiados do clima já existem, assim como os refugiados da moda no noticiário midiático  atual que, de uma forma ou de outra, também tem no clima e na exclusão social  as razões para procurar vida  em algum lugar de  um planeta  "organizado socialmente e economicamente "para destruir as formas de vida.

No entanto, as notícias do Mercado ditam o mercado de notícias, contribuindo para a desinformação e formação de manicômios a céu aberto, como o  que desfilou de forma assustadora pelas ruas do país no domingo , 16 de agosto.

Enquanto isso, e em concordância com o que foi dito até aqui, veja o  que disse um líder comunitário no Peru em relação ao "progresso":

"Eles que comam ouro", brada camponês peruano em conflito com Odebrecht

21 agosto, 2015 - 14:14 — Vivian Fernandes

Camponeses das comunidades ao longo do rio Marañón, um dos mais importantes afluentes do Amazonas, resistem às obras da Odebrecht para instalar hidrelétricas em Cajamarca, celeiro de alimentos do Peru

Fonte: BRASIL DE FATO

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