terça-feira, 25 de agosto de 2015

Conspirações

As conspirações na América Latina

Por Altamiro Borges

Na quinta-feira passada (20), durante pronunciamento em cadeia de rádio e tevê, a presidenta Cristina Kirchner fez uma defesa enfática de Dilma Rousseff e Lula e afirmou que há uma "conspiração" em curso na América Latina. A argentina foi muito mais corajosa do que muitos governistas brasileiros. Segundo relato da BBC-Brasil, Cristina Kirchner referiu-se aos protestos da elite contra seu governo, em 2011, e ponderou: "O que está acontecendo em outros países da região, como no Brasil, é o que ocorreu na Argentina... Olhem o que estão fazendo com a Dilma". Para ela, "panelaços" e "marchas" são inflados por "setores da imprensa e da Justiça" para desgastar as forças progressistas da região.

A presidenta argentina ainda insinuou que os EUA estariam metidos na conspiração. "As panelas têm marca registrada do país do norte que tem interesse na América Latina". Após o pronunciamento, ela voltou a citar o Brasil em um inflamado discurso para os militantes concentrados no pátio interno da Casa Rosada, sede do governo. "Com o microfone em punho, e interrompida por aplausos, disse que 'grande parte do que construímos devemos a eles, (Néstor) Kirchner, Hugo (Chávez) e Lula'... É por isso que agora estão avançando contra Lula. Estejamos todos atentos'". Cristina Kirchner criticou as elites que querem "frustrar o processo de desenvolvimento social que alguns chamam de populista".

'Tuitaço' contra o golpismo

A reação contundente contra o golpismo no Brasil não partiu apenas da mandatária argentina. Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, participou do "tuitaço" em apoio a Dilma Rousseff na quinta-feira (20), dia em que os movimentos sociais saíram às ruas contra a ofensiva da direita no país. Durante a tarde, as hashtags #AmericaLatinaConBrasil e #LulaDilmaSomosTodos estiveram entre os tópicos mais comentados pelos usuários do Twitter na Venezuela.

O tuitaço teve início às 13 horas, quando Nicolás Maduro postou em português: "Junto-me à jornada mundial de solidariedade e amor ao Brasil". Ele teve adesão de líderes influentes do chavismo. "Por nossa pátria grande livre e soberana, nos unimos ao povo irmão do Brasil para dizer Lula e Dilma Somos Todos", postou o governador de Aragua, Tareck El Aissami. A chanceler Delcy Rodríguez escreveu que o governo Dilma é alvo de uma tentativa de "golpe suave" orquestrado pelo "império".

A postura firme e explícita de Cristina Kirchner, Nicolás Maduro e de outros líderes progressistas da América Latina confirma o quadro de tensão política no continente. Vários países da região sofrem com a ação desestabilizadora das forças de direita, incentivadas pela mídia privada. No etapa atual, Equador, Venezuela, El Salvador e Brasil são as nações que atravessam maior turbulência. No geral, as ações golpistas contam com o apoio da mídia privada e com o discreto incentivo de "fundações" dos EUA. Os refrões fascista são similares. Na semana retrasada, milhares de "branquelos" rosnaram em Quito pelo "Fora Rafael Correa". Na Venezuela, empresários sabotam explicitamente a economia. Em El Salvador, máfias criminosas patrocinam uma onda de violência em várias províncias.

A tática imperial da desintegração

Em artigo postado no site "Atualidade RT" nesta segunda-feira (24), a professora Yizbeleni Gallardo Bahena, da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), alerta que "nos últimos anos o mundo experimenta em distintas regiões uma série de 'guerras de baixa intensidade' que, analisadas em conjunto, evidenciam uma estratégia de atomização de zonas chaves. A América Latina vive os embates do que parece ser uma tática de desintegração". Para a especialista em geopolítica, o Brasil é a bola da vez desta conspiração com objetivos políticos e econômicos.

"A República Federativa do Brasil é a sexta economia mundial, quinto país mais povoado e quinto país mais extenso do mundo. Sua superfície constitui quase a metade do território da América do Sul, e com exceção do Chile e Equador, tem fronteiras com todos os países da região. Tudo isto lhe dá um papel preponderante do ponto de vista geopolítico. O Brasil lidera constante estratégia de integração regional: a criação do Mercosul há 25 anos, junto a Argentina Uruguai e Paraguai, com a adesão da Venezuela, impulsionou o projeto ainda mais ambicioso da Unasur". A autora ainda cita a fundação dos Brics, "que se transformou em um bloco avassalador e provoca todos os alertas do ''stablishment' mundial. O Brasil é peça fundamental no mapa de recomposição geoestratégica internacional".

Estes e outros fatores explicariam, segundo a professora da UNAM, a atual onda desestabilizadora no Brasil - patrocinada por "especialistas em revoltas", "oportunistas" e "mercenários políticos". Para ela, o objetivo principal desta escalada é "promover a desintegração dos blocos que pretendem criar uma contrapeso econômico, político, territorial e militar aos grupos aos grupos que tem sustentado a sua hegemonia durante os últimos cinquenta anos... Integração 'versus' atomização é o que se enfrenta na América no dia de hoje e o Brasil é a chave para o futuro. A atomização gera subordinação, baixo desenvolvimento e pobreza; a integração gera prosperidade, inclusão e diminuição da desigualdade".
 
Fonte: Blog do Miro
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Sobre o assunto do texto acima , leia o que O PAIRO publicou em 29 de julho deste ano, assim como o texto referência do CAFEZINHO:

 quarta-feira, 29 de julho de 2015

Operação Condor Século XXI


Uma nova Operação Condor?

detetive
Por José Maria Rabelo

Está acontecendo, em absoluta sintonia, no Brasil, na Venezuela, na Argentina, no Equador, no Chile, na Nicarágua, que só não ver quem não quer. Onde existe um governo popular, movimentos conspiratórios deixam os subterrâneos para expor-se à luz do dia, com sua mensagem francamente golpista, como se atendesse a um comando único.

As classes dominantes que tradicionalmente mantiveram o poder na América Latina não admitem a ascensão de forças alternativas, como tem acontecido em várias partes do continente nos últimos anos. Os procedimentos são mais ou menos os mesmos, de Norte a Sul: agitações de rua e panelaços, tentativas de desestabilização, seja no Congresso seja nos tribunais; implacável campanha de desgaste promovida pelos meios de comunicação, com ampla repercussão nas cadeias internacionais.
Não pode ser apenas uma coincidência. Há uma evidente concertação, de Buenos Aires a Manágua, passando por Brasília, Santiago, Quito e Caracas e, em menor escala, La Paz, Lima e Montevidéu.
Como na Operação Condor, nas décadas de 70 e 80 do século passado, líderes dessa movimentação espúria se entendem, visitam-se, trocam mensagens solidárias, como ainda recentemente vimos nesse espetáculo bufo da ida de Aécio e outros parlamentares à Venezuela.
Apesar do fracasso, eles não desistem e já anunciam novas intervenções, mas não se lembram de que existe a poucos quilômetros dali uma sinistra masmorra, a base americana de Guantánamo, que atenta contra todos os Direitos Humanos.
A Operação Condor foi assim, só que à sombra das baionetas nas ditaduras que governavam nossos países. Seus agentes usavam as armas; agora seus sucessores contam com a cobertura da grande mídia e de suas respectivas bancadas no Congresso.
E dinheiro, muito dinheiro, que não se sabe de onde vem. Não se sabe?
Durante a Operação Condor não se sabia. Depois, com a queda dos regimes fascistas, a própria imprensa, parlamentares e historiadores norte-americanos comprovaram, com base em documentos oficiais, que o governo de Washington havia financiado fartamente a articulação golpista na América Latina.
O exemplo mais impressionante disso foi o Chile de Allende, quando o dinheiro sujo da CIA inundou o país para financiar a oposição.
Como é possível – podemos perguntar – que uma revista altamente deficitária como a Veja possa continuar circulando normalmente, com suas denúncias semanais contra o governo? E outras revistas e os famosos jornalões, todos eles abalados por grave crise financeira?
Que fontes misteriosas mantêm de pé algumas dessas arapucas à beira da falência? São questões intrigantes que pairam no ar e que instigam a curiosidade geral.
A História algumas vezes só se faz conhecida muito tempo depois de os fatos acontecerem. Basta esperar um pouco para que se conheça a trama secreta que une esses novos condores.
Se um observador saísse por aí e visitasse alguns países da América Latina iria admirar-se. Onde existe um governo popular a oposição se mobiliza em torno dos mesmos temas, na mesma estratégia de desestabilização e golpismo. Como na Operação Condor, eles se entendem como sócios da mesma empreitada.
José Maria Rabelo é Jornalista, ex-diretor do Jornal Binômio, tido como precursor da moderna imprensa alternativa do país
 
Fonte: O CAFEZINHO
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Os defensores dos golpes, os anti democráticos, dirão que tudo não passa de paranóia  e de teorias de conspiração do pessoal da esquerda.

Um bom indício de que tais teses sejam de fato verdadeiras, ainda mais se a turma da direita se apressar em questionar o conteúdo do texto acima.

Vamos aos fatos e as coincidências, que podem ou não ter significado. 

No entanto,  sabendo que se tratam de governos populares da América Latina, o significado é bem claro, ainda mais com semelhanças com eventos de um passado recente.

Começou com uma tentativa de golpe de estado na Venezuela Bolivariana, com amplo   apoio da mídia privada daquele país. Isso foi lá pelo final do ano de 2002 e início de 2003, perdurando até os dias atuais .
Nesse período, Hugo Chavez veio a falecer de forma repentina.

Continuou, não necessariamente na ordem apresentada, com a tentativa de golpe na Bolívia, que visava dividir o país. 
Tática pra lá de conhecida, as Coréias que o digam.

Seguiu com uma tentativa de assassinato  do presidente do Equador.

Passou pelos golpes parlamentares e jurídicos bem sucedidos  em Honduras e Paraguai, culminando com o afastamento dos presidentes Manuel Zelaya e Fernando Lugo, respectivamente.

Na Argentina, no ano passado uma crise foi forjada  e a presidenta acusada de assassinato.

No Brasil, o caro leitor acompanha as tentativas de golpe em curso que vem acontecendo.

Em todos os países citados acima, os governos são de origem popular, democrática e seguem  a linha revolucionária em curso na América Latina desde o final da década de 1990.

Não se tem notícia de tentativas de golpe de estado na Colômbia de Álvaro Uribe e de Santos.
O mesmo no Peru com o  antecessor de Olanta. 

Todos governos de direita e alinhados com os interesses dos EUA.

Adicione-se a tudo o que foi dito , a morte de  Nestor Kirchner, a morte de Hugo Chavez e os cânceres de Lula, Dilma, Lugo e Cristina.

Nos governos de direita da América Latina , nenhum governante sofreu com doenças graves ou morreu repentinamente.

O caro leitor pode até argumentar que tudo isso pode ser apenas uma coincidência, sem que haja um plano específico para derrubar os governos  democráticos e populares da América Latina

Se o caro leitor assim pensa coloque o sapatinho na janela e  aguarde a chegada do Papai Noel, enquanto o Condor continua a voar alto e perigosamente.

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