sexta-feira, 26 de junho de 2015

O Fim da Era de Ignorância e o Início de uma Nova Civilização

WSJ: "Primeiro milagre do Papa foi o NYT 

ter dedicado espaço a nova encíclica"

A encíclica 'Laudato Si' do Papa Francisco, publicada na quinta-feira passada, teve grande repercussão na imprensa internacional. O jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano, comenta algumas repercussões, começando por um artigo intitulado "A primeira vez no New York Times" que cita um comentário publicado no Wall Street Journal em 24 de junho.

O artigo de William McGurn, define como o primeiro milagre do papa Francisco, o fato de que o New York Times tenha dedicado não somente espaço ao tema, mas tenha julgado "valioso" o ensinamento do Santo Padre.

Talvez nenhum pontífice anterior, escreve McGurn, tenha tido êxito nesta empresa. Durante vários anos, destaca o jornalista, "The New York Times" fez a guerra com vários papas sobre questões morais como o matrimônio ou o valor do nascituro.

Mas quando se trata de mudanças climáticas, o jornal New York - que gosta de considerar-se um jornal que segue rigorosamente os fatos - reconhece preto no branco a autoridade que tem a encíclica do Papa. Na verdade, diz McGurn, o jornal, tecendo elogios, acrescenta o advérbio "inesperadamente", como para mitigar o louvor.

E embora tenham se alegrado do Papa dar o aval à ideia da mudança climática causada pelo homem, não prestaram a devida atenção à crítica do Papa contra um "ecologismo" que protege as espécies em perigo de extinção, mas não as crianças por nascer.

A encíclica - escreve Lluís Bassets em "El País" do último dia 21 de junho, em um longo comentário intitulado "O Papa como contra poder ganhou efeitos políticos imediatos e a repercussão foi muito além do mundo católico", o que demonstra um crescente prestígio e autoridade. Há capítulos interessantes para os cristãos e outros que chamam a atenção mais para aqueles que não se identificam com nenhuma fé, continua Bassets, salientando, porém, que a religiosidade do Papa Francisco é o oposto das técnicas de auto-ajuda ou de equilíbrio interior, tão de moda na nossa época, tanto no mundo cristão quanto no islâmico.

Perante a pobreza, a ameaça ambiental ou os danos da idolatria do mercado sem freios e sem regras, sua denúncia tão forte recorda as duras posturas de Wojtyla diante dos efeitos devastadores que os regimes totalitários do século XX causavam na sociedade, conclui o jornalista.

Proteger a casa comum não tem futuro se os homens continuam a ser tratados como mercadoria e o abismo entre norte e sul do mundo não diminui, lemos no "Le Monde" do 23 de Junho. "Esta mensagem poderia ser o primeiro ato de uma chamada a uma nova civilização", continua o colunista, citando Edgar Morin do "la Croix"; e esta
encíclica terá o efeito de "ancorar o papado no século XXI".


Fonte: JORNAL DO BRASIL
___________________________________________________________

Era da humanidade ou da ignorância?

Twitt
Por Roberto Klabin Leandra Gonçalves –
Ao longo dos últimos 200 anos, as atividades humanas têm transformado todo o Planeta rapidamente e se tornado, gradualmente, no principal condutor da mudança ambiental global. Os impactos dessas ações sobre a biosfera da Terra são tão grandes que alguns cientistas argumentam que o Holoceno, iniciado com o fim da última Era Glacial, há mais de 11 mil anos, e que se estende até hoje, chegou ao fim, dando lugar a uma nova era geológica: o Antropoceno.
O conceito de Antropoceno foi proposto uma década atrás pelo biólogo americano Eugene Stoermer e o químico holandês Paul Crutzen, prêmio Nobel em 1995. Eles sugeriram que se alterasse a linha do tempo com que os cientistas medem os períodos geológicos, de modo a refletir as transformações no Planeta causadas pelas atividades humanas. Segundo eles, as marcas da ação humana são tão agressivas e intensas que continuarão visíveis por milênios, gravadas nas camadas geológicas da Terra.
Dessa forma, por meio dos nossos rastros devastadores no Planeta, no futuro, paleontólogos ou mesmo uma futura civilização – caso a nossa seja dizimada – provavelmente saberão identificar a alteração brusca na composição da atmosfera e as demais mudanças ambientais que provocamos por meio dos fósseis de incontáveis espécies extintas, rejeitos radioativos, toneladas de plástico e outros registros, pelos quais não teríamos motivo real para nos orgulharmos de nossa passagem pela Terra.
A escolha do início dessa nova era, chamada por alguns de Era da Humanidade, ainda permanece bastante arbitrária. Os registros de CO2 atmosférico, CH4 e N2O mostram uma clara aceleração em tendências, desde o final do século 18. Por essa razão, o arranque do Antropoceno foi atribuído a esse tempo, imediatamente a seguir da invenção da máquina a vapor, em 1784.
Como resultado do aumento da queima de combustíveis fósseis, das atividades agrícolas, desmatamento e pecuária intensiva, especialmente exploração de gado, vários gases climaticamente importantes com efeito de estufa aumentaram na atmosfera ao longo dos últimos dois séculos: CO2 em mais de 30% e CH4 em mais de 100%, contribuindo substancialmente para o aumento observado da temperatura média global durante o século passado, em cerca de 0,6º C.
De posse dessas informações, um grupo de pesquisadores vem discutindo uma nova abordagem para a sustentabilidade global, em que são definidos limites nos quais espera-se que a humanidade possa sobreviver com “segurança”. Nessa linha de pensamento, transgredir uma ou mais das nove fronteiras planetárias – sistemas de suporte à vida no Planeta e essenciais para a sobrevivência humana – poderá ser prejudicial ou mesmo catastrófico, devido ao risco de limiares, ou pontos de virada, que acionarão uma mudança ambiental abrupta na Terra.
O trabalho de Rockstrom e seus colegas, publicados na revista Ecology and Society, em 2009, foi revisitado nesse ano de 2015, quando estabeleceu-se dois limites principais: mudanças climáticas e de integridade da biosfera – cada um com um grande potencial para conduzir o Planeta a um novo estado e que, portanto, não deveriam ser transgredidos.
Mesmo com todos esses alertas emitidos pela comunidade científica, parece faltar senso de urgência a todos, principalmente às lideranças tomadoras de decisões. Essa ausência de ação pode ser atribuída a falhas de comunicação entre a ciência e a sociedade, ou simplesmente a pura falta de vontade política de nossos governantes. Qualquer uma dessas alternativas precisa ser urgentemente corrigida.
No início deste ano, o pesquisador Douglas McCauley, professor da Universidade da Califórnia, proferiu numa palestra no Aquário de Monterey (EUA), à convite da Fundação SOS Mata Atlântica. A apresentação foi sobre seu recente artigo “Marine defaunation: Animal loss in the global ocean”, publicado na revista Science, qual conclui que a biodiversidade marinha já foi seriamente danificada pelo impacto das atividades humanas. No entanto, ele ressaltou que a fauna marinha, em geral, está em melhores condições do que a fauna terrestre.
Apesar de toda informação e dados científicos sobre a degradação do ambiente marinho, interessava ao pesquisador passar uma mensagem de esperança e oportunidades, entre elas a construção da gestão do espaço marítimo por meio de ferramentas inovadoras, como o planejamento espacial marinho. Entretanto, a mensagem foi percebida pela audiência, pesquisadores e membros de organizações não-governamentais como um tanto quanto negligente, na medida que não transmitia o senso de urgência necessário para incentivar ações emergenciais com relação a recuperar o que ainda nos resta nos nossos oceanos.
O Planeta Terra enfrenta sérias mudanças justamente por negligência da sociedade e dos tomadores de decisão. No Brasil, estamos testemunhando a pior seca que a região Sudeste já registrou, aumento no desmatamento, altas taxas de perda de biodiversidade em variados biomas, agravamento de desastres climáticos e outras crises ambientais. O fato de existir oportunidade para reverter esse cenário, embora possa transmitir esperança, não deve, nem por um segundo, gerar comodismo.
A informação científica e de qualidade deve ser utilizada para mover e estimular ações voltadas a promoção de um desenvolvimento mais sustentável, no qual conservação e desenvolvimento possam caminhar de mãos dadas. Caso contrário, a chamada Era da Humanidade pode vir a ser reconhecida pelas gerações futuras como a Era da Ignorância, uma época em que o conhecimento e a informação existentes não foram utilizados, e necessariamente transformados, em iniciativas inovadoras em prol de um futuro sustentável para essa e para as futuras gerações. (SOS Mata Atlântica/ #Envolverde)
Roberto Klabin é vice-presidente da Fundação SOS Mata Atlântica para a área de Mar; Leandra Gonçalves é bióloga e consultora da organização. A SOS Mata Atlântica é uma ONG brasileira que desenvolve projetos e campanhas em defesa das Florestas, do Mar e da qualidade de vida nas Cidades.
** Publicado originalmente no site SOS Mata Atlântica
Fonte: ENVOLVERDE
____________________________________________________

Com o passar dos dias surgem reflexões interessantes sobre a Encíclica 
Laudato Si:

" Perante a pobreza, a ameaça ambiental ou os danos da idolatria do mercado sem freios e sem regras, sua denúncia tão forte recorda as duras posturas de Wojtyla diante dos efeitos devastadores que os regimes totalitários do século XX causavam na sociedade "

De fato, Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II foi um dos grandes  responsáveis pela queda dos regimes comunistas europeus, com suas duras e fortes críticas principalmente durante os anos da década de 1980. 
Wojtyla, polonês oriundo de um regime comunista.

Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, através da Encíclica Laudato Si, faz duras críticas ao regime capitalista. Por diversas vezes , Francisco cita como fonte de todos os problemas o modelo de produção surgido por ocasião da Revolução Industrial, no final do século XVIII, início do século XIX.  
Bergoglio, argentino, representante dos povos mais explorados  pelo capitalismo.

Wojtyla teve o apoio dos países ocidentais e do capital para derrubar o comunismo.
Bergoglio necessitará do apoio das pessoas para criar uma nova civilização.

Para além do comunismo e do capitalismo com a criação de uma nova civilização, parece ser uma das marcas de Francisco, onde o Homem deve ser o centro das atenções.

Francisco escancara a era atual como Era da Ignorância.

" Proteger a casa comum não tem futuro se os homens continuam a ser tratados como mercadoria e o abismo entre norte e sul do mundo não diminui, lemos no "Le Monde" do 23 de Junho." 




Nenhum comentário:

Postar um comentário