sexta-feira, 22 de maio de 2015

Mídia Quântica

A mídia de Shrödinger

É como no paradoxo da física quântica. Se tiver ligação com o PT, é automaticamente culpado. Se for de oposição, é tratado com a presunção de inocência.


Tadeu Porto
  physicsworld.com
Confesso que já subestimei a inteligência da imprensa nacional. Bom, depois de ver boa parte dela agir como se não soubesse sequer os nomes dos presidentes de países da América Latina, acabei desdenhando um pouco mesmo. Sei que boa parte dos leitores me entende e peço desculpas aos demais por uma posição tão esnobe. Não se repetirá, prometo!

Até mesmo porque melhorei meu juízo sobre a mídia brasileira nos últimos dias, afinal descobri que ela parece ter aplicado conceitos de física quântica em seu jornalismo, e isso não é para qualquer um!

Em 1935, o físico Erwin Schrödinger criou um exercício mental para demonstrar o paradoxo que era abstrair com elementos cotidianos a teoria referente à mecânica quântica. O experimento consistia em considerar um gato vivo preso dentro de uma caixa fechada e opaca, com um frasco de veneno intacto, um martelo, um recipiente com material radioativo e um detector de radiação.

Com tal configuração, haveria duas possibilidades: (1) o detector identificar o material radioativo que aciona o martelo, quebra o frasco e libera o veneno matando o gato; ou (2) o detector não identificar o material radioativo, e os demais itens ficam no mesmo estado inicial e o gato continua vivo.

O interessante dessa proposta é que, segundo a física quântica, o gato pode estar vivo ou morto no mesmíssimo instante (considerado estado vivo morto) uma vez que a partícula radioativa subatômica pode assumir as duas posições – detectada ou não – ao mesmo tempo.

Sem a pretensão de querer ser um novo Nobel de física, proponho aqui também um experimento para mostrar o quão dúbio é o comportamento dos nossos grandes meios de comunicação que, assim como partículas subatômicas, podem assumir duas posições diferentes no mesmo instante, numa incrível contradição no tempo e espaço!

O exercício mental consiste em imaginar um esquema qualquer de corrupção. Na investigação do crime, existe um delator numa sala, depondo para uma instituição pública qualquer (um conjunto de legisladores ou policiais, por exemplo). No mesmo recinto tem um repórter da grande mídia que irá publicar certa notícia. As duas possibilidades existentes são: (1) o delator insinua a participação de alguém do PT em algum esquema ilícito; ou (2) o delator insinua uma outra participação, semelhante ou até igual, de alguém que não é do Partido dos Trabalhadores.

Dentro desses dois estados, a mídia conseguiu criar um paradoxo chamado sujeito inocente culpado. Se a pessoa tiver alguma ligação com o PT é automaticamente tratada como culpada pela imprensa. Todavia, com os mesmos sujeitos e na mesma situação, se for um indivíduo de oposição ao governo logo é tratado com a presunção de inocência (como se deve ser, diga-se de passagem).

Vamos a dois exemplos práticos.

Primeiro, o delator Alberto Youssef insinua que o governo sabia dos esquemas de corrupção da Lava Jato. Logo, o “fato” vira capa da revista de maior circulação nacional às vésperas da eleição, com direito a grande divulgação por parte de outros veículos e um jargão exaltando a culpabilidade que perdura até os tempos de hoje. Eis o sujeito culpado.

Agora analisemos o mesmo delator, conversando com a mesma polícia acerca do senador Aécio Neves, oposição ao governo e adversário derrotado ao planalto em 2014. Youssef afirmou que o mineiro dividia uma mesada de aproximadamente 100 mil dólares com outro político. Apesar da informação ter muito mais riqueza de detalhes, diferente da primeira, a mídia se comportou de maneira muito mais cautelosa: nos títulos das matérias não tem mais afirmativa mas sim a palavra “suposto”; a revista que tinha dado capa à outra delação sequer escreveu sobre o ocorrido (confesso que não achei na pesquisa do Google) e o assunto morreu atualmente. Esse é o sujeito inocente.

Então, se houver uma delação de alguém, para uma instituição qualquer, sobre fulano de tal, este estará num estado antagônico inocente culpado até que a mídia descubra se o mesmo é petista ou não.

O segundo exemplo é parecido e ainda mais pontual. Em declarações recentes à CPI da Petrobrás, o mesmo Youssef realizou, entre outras, duas afirmações: que o planalto possivelmente sabia do ocorrido (ele afirmou não ter como provar, e frisou que era apenas uma opinião) e que havia mandado remessas de dinheiro em nome do PMDB com envolvimento do Eduardo Cunha.

Sobre o envolvimento do planalto, novamente as principais mídias deram grande destaque à notícia (que além de antiga é uma suposição), como pode ser visto aqui, aqui, aqui, aqui e aqui (5 mesmo, não perca a conta).

Já sobre a participação do atual presidente da Câmara dos Deputados, que afirma fingir ser governo, a mídia tradicional deu pouquíssimo destaque, com ênfase no jornal mineiro que conseguiu dar um viés positivo à declaração envolvendo o deputado carioca (imaginem uma manchete “Youssef diz à CPI que não pode confirmar envolvimento do governo”).

Vale ressaltar que na proposição do gato de Schrödinger, o observador faz a diferença: uma vez que a caixa é aberta, a posição vivomorto do felino se desfaz e ele aparecerá em apenas um estado. Portanto, da mesma maneira, cabe aos leitores, ouvintes ou telespectadores das mídias tradicionais assumirem a posição de observadores críticos e tentarem enxergar o estado verdadeiro das acusações.

Afinal de contas, se os pitbulls do ódio conseguirem vencer os debates sociais com seus discursos irracionais, a tendência é que eles matem qualquer gato, com caixa e tudo. No fim, não sobrará nem a teoria para análise.

Tadeu Porto é mestre em Engenharia Elétrica pelo Cefet-MG. Petroleiro, dirige o departamento de formação do Sindipetro-NF.

Fonte: CARTA MAIOR

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Sonegação dos ricos rouba 200 bi em cinco meses

Valor supera todos os escândalos de corrupção mais conhecidos e ultrapassa até o que seria necessário para o ajuste fiscal em discussão no Congresso.


Antonio Lassance
 
reprodução
Número estará estampado pelos painéis do Sonegômetro espalhados pelo País. Valor supera todos os escândalos de corrupção mais conhecidos e ultrapassa até o que seria necessário para o ajuste fiscal em discussão no Congresso (R$80 bi).

Situação causou revolta em servidores do Ministério da Fazenda. Procuradores acusam:

“Estamos diante de uma batalha bastante desigual, onde um único Procurador da Fazenda Nacional, sem carreira de apoio, atua em processos complexos envolvendo grandes devedores, normalmente defendidos pelas maiores bancas de advogados do país.”

No ano passado, não foi diferente. Os procuradores bradavam:

“Como se não bastasse, vemos uma elite muito bem acomodada e grandes corporações abonando a continuidade desse sistema anacrônico, enquanto surrupiam o erário público por meio da sonegação fiscal. E assim, em apenas 5 meses, o painel digital Sonegômetro já registra um rombo de 200 bilhões.”

Leia o artigo do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional.

O Sonegômetro, a Lavanderia Brasil e a Esquizofrenia Fiscal

Subir juros que já habitavam a estratosfera, aumentar a carga tributária como se estivéssemos mais para Bélgica do que para Índia, encarecer tarifas de energia, combustíveis e mudar regras de benefícios sociais, como se a culpa de toda a desordem administrativa do país fosse dos trabalhadores, aposentados e pensionistas.

Por mais que se tente explicar o ajuste fiscal promovido pelo governo, não dá para entender e muito menos para aceitar. Ou melhor, dá para desconfiar. Pois se a União espera cortar R$ 80bi de seu orçamento e arrecadar mais 0,48% de tributos em relação a 2014, como esse mesmo governo deixa escoar pelo ralo da sonegação mais R$ 500 bi ao ano?

Essa postura não condiz com o discurso de quem pretende “reverter a deteriorização fiscal”, nas palavras do Ministro da Fazenda Joaquim Levy. Não por acaso, essa justificativa do arrocho sobre os pobres e classe média é igualmente defendida por pessoas e instituições que nunca têm nada a perder. Ou melhor, que sempre têm muitos bilhões a lucrar, surfando nas altas ondas do mercado financeiro.

Transitando com desenvoltura nesse mar de insensatez, sonegadores e corruptos seguem curtindo o sol e o céu da impunidade. Sim, pois à exceção de casos midiáticos como as operações Lava Jato e Zelotes, envolvendo acordos de delação premiada, nenhuma medida efetiva tem sido tomada para a estancar a sangria da sonegação.

Para ficar bem claro, é importante ressaltar que dos 500 bilhões sonegados em 2014, mais de R$ 400 bilhões passaram por operações sofisticadas de lavagem de dinheiro. Isso representa 3546 vezes o valor declarado do Mensalão (R$141 milhões); 240 vezes o custo da operação Lava-Jato (R$2,1 bilhões) e 26 vezes o que até agora se descobriu na operação Zelotes (até agora avaliado em R$19 bilhões).

E o rombo poderia ser ainda maior, não fosse o trabalho diuturno dos Procuradores da Fazenda Nacional (PFNs), que somente nos últimos quatro anos evitaram a perda de mais de R$1 trilhão em contestações tributárias e arrecadaram mais de R$60 bilhões em créditos inscritos na dívida Ativa da União. Isto, apesar do quadro de desvalorização da Carreira e de sucateamento estrutural da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).

Vale dizer que estamos diante de uma batalha bastante desigual, onde um único PFN, sem carreira de apoio, atua em processos complexos envolvendo grandes devedores, normalmente defendidos pelas maiores bancas de advogados do país.

O governo sabe que para cada R$1,00 investido na PGFN há um retorno de R$20,96 à sociedade. Mas, estranhamente, prefere deixar de cobrar de quem deve e pode pagar, optando pela comodidade de repassar a conta ao cidadão em forma de impostos.

O Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (SINPROFAZ) entende que a defesa dos interesses da Carreira de PFN se confunde com a defesa da Justiça Fiscal. Por isso segue em frente promovendo campanhas de conscientização tributária, apresentando o painel Sonegômetro e a Lavanderia Brasil, denunciando, criticando e ampliando o debate por um sistema tributário mais justo para todos.

Fonte: Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional

Fonte: CARTA MAIOR
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Paulo Pimenta: Folha de S. Paulo ataca quem investiga a Zelotes, operação da PF que flagrou empresas de mídia e patrocinadores

publicado em 21 de maio de 2015 às 19:40
PIMENTA
Folha de S.Paulo ataca quem investiga a Zelotes

por Paulo Pimenta*, via e-mail
Para minha surpresa, nesta quinta-feira (21), o colunista da Folha de S.Paulo Leonardo Souza iniciou uma “cruzada” contra todos aqueles que lutam para que não haja uma operação abafa sobre a Operação Zelotes. Acuada que está, a mídia faz diversas tentativas para desqualificar tanto a Zelotes quanto o episódio das contas secretas do HSBC na Suíça, conhecido como escândalo Swissleaks, pois ela não sabe QUEM as investigações poderão “pegar”.
O que se sabe é que nesses dois escândalos bilionários de sonegação há empresas de mídia e nomes ligados a grupos de comunicação envolvidos. Como a imprensa não controla esses episódios, ela busca estratégias para retirar a autoridade do trabalho investigativo da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, ou daqueles que buscam dar visibilidade à Operação Zelotes.
A imprensa, basicamente, não se ocupa da Operação Zelotes por três motivos: o escândalo bilionário não envolve a classe política (os envolvidos são empresas privadas, anunciantes da própria mídia); há grupos de mídia investigados; e por que parte da imprensa sustenta que sonegar é um ato aceitável, e que não se trata, portanto, de corrupção.
Chama atenção que o colunista Leonardo Souza jamais se deteve em profundidade ao assunto para informar à sociedade o que é o Carf, o que é a Operação Zelotes, como é que agiam as quadrilhas que se apropriaram de uma estrutura como o Carf para defesa dos seus próprios interesses. Pelo que se sabe, o colunista não moveu até agora uma palha para tentar esmiuçar o assunto. Quando não cala sobre a Zelotes, o colunista Leonardo Souza prefere fazer juízo de valor sobre a minha atuação, tentando colocar sob suspeita as reais intenções do nosso trabalho.
Lamento que, mesmo tendo gasto grande quantidade de papel e tinta acompanhando a Operação Zelotes e a nossa atividade parlamentar, o colunista da Folha de S.Paulo o faça sem reconhecer a realidade dos fatos, sob a frágil alegação de que os esforços engendrados por nosso mandato tenham a única finalidade de desviar a publicidade da operação Lava Jato. Qual o motivo de tratar a Lava Jato e a Zelotes como concorrentes, e não como casos de corrupção de forma semelhante, respeitando o direito que a sociedade tem de ser informada? Se o raciocínio do tal colunista procedesse, seria possível afirmar que a mídia só cobre a Lava Jato com objetivo de ofuscar a Zelotes.
Sim, Leonardo, que as autoridades investiguem a fundo a Lava Jato, a Zelotes, o HSBC, o Mensalão Tucano, o Trensalão Tucano de São Paulo e todos os casos de corrupção do país, bem diferente do que ocorria até o final dos anos 1990, quando muitos casos de corrupção eram engavetados. E que a imprensa, por sua vez, noticie todos os casos de corrupção do país.
E quando for cobrada de que não está cumprindo com o papel de informar e servir ao cidadão, de que está agindo como a quadrilha que atuava no Carf defendendo apenas seus próprios interesses, que a imprensa não busque o caminho dos ataques, da desqualificação e das suposições baseadas em ufanismos editoriais ideológicos. Que não seja autoritária como os censores da ditadura! Que não tente calar e sufocar a voz daqueles que buscam chamar atenção para a roubalheira que foi feita no Carf. Que não censure! Que não faça o que justamente critica. Combata a censura, a si próprio, e não quem defende a liberdade para se falar da Zelotes e de todos escândalos de corrupção.
Por respeitar e confiar na independência do poder judiciário é que buscamos tratamento isonômico a todas as investigações criminais envolvendo o desvio de verbas públicas. Acreditamos que entre os excessos a Operação Lava Jato e a negligência dedicada à Operação Zelotes deve existir um caminho do meio.
As estratégias da mídia são velhas conhecidas. O que há de novo é que, agora, não há mais como impedir que o público tenha acesso às informações de que os grandes grupos de comunicação estão envolvidos tanto no Swissleaks quanto na Zelotes, que apuram sonegação fiscal, corrupção, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
Infelizmente, a imprensa brasileira trabalha os casos de corrupção não a partir do ato em si, mas, sim, a partir de quem praticou a corrupção e quem está envolvido nesses escândalos. Só depois desse filtro, dessa censura prévia, e só depois de verificar se não irá atingir interesses dos grupos econômicos influentes, é que a imprensa decide qual o tamanho da cobertura jornalística que dedicará, ou, então, se irá varrer os acontecimentos para debaixo do tapete, sumindo com esses fatos do noticiário.
A mídia conhece, mais do que ninguém, os limites da sua liberdade de expressão, até onde pode ir e sobre o quê e quem falar. Nesse sentido, e parafraseando o próprio colunista Leonardo Souza, “é uma pena que o ímpeto apurativo da imprensa brasileira não se dê pela vontade genuína de ver um Brasil limpo da corrupção”.
*Paulo Pimenta, jornalista e deputado federal pelo PT-RS.

Fonte: VIOMUNDO
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Essa velha mídia é uma comédia criminosa.
 
Segue a tese de que a realidade é aquilo que ela , a mídia, deseja que seja.

Se o PT é onda e a oposição é partícula, por exemplo, toda e qualquer culpa recai sobre onda, independente se onda é culpado ou não.

Isso também se deve ao fato que o observador não é neutro  e influencia no resultado.

De fato, provas que não existem são criadas e , mesmo que não sejam criadas, pode-se culpar sem provas, como já afirmou um observador do STF.

Em breve teremos  alguma notícia  de que onda, em relação a algum delito,  apareceu em dois lugares ao mesmo tempo, no passado e no futuro.

Por outro lado, se tal notícia acontecer,  onda poderá ser canonizada pelo Vaticano, já que tal façanha garante o selo de milagre.

Esse comportamento da velha mídia é motivo para riso e choro, ao mesmo tempo.

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