quarta-feira, 6 de maio de 2015

O Bloco de Sujo das Elites



Ontem, mais uma vez, as panelas voltaram durante o programa gratuito do PT na televisão.

Confesso que onde resido não ouvi nenhum barulho de panelas durante a apresentação do programa.

Mais uma vez, a classe média alta e os ricos fizeram seu protesto, mesmo sem jamais terem vivenciado algum momento de panelas vazias em suas vidas, mesmo agora em meio a uma crise mundial que afeta todos os países, inclusive, claro, o Brasil.

Bater panelas é um ato, em primeiro lugar, de protesto contra os rumos da economia de um país que leva um grande número de pessoas ao desemprego, sem salário, sem renda, e, consequentemente, com as panelas vazias.

Ainda hoje, nas periferias, bater em panelas ou em latas  é coisa de blocos de sujo durante o carnaval. Blocos que não tem dinheiro para comprar instrumentos de percussão, mas que usam latas e panelas para animar a festa.

Palmas para ala das elites famintas....

Nada disso acontece no Brasil, ao contrário, o país tem índices de desemprego relativamente baixos, comparados a grande maioria dos países pelo mundo.

Logo, o bater de panelas proporcionado por uma parcela da população de renda média e alta, é uma forma de dizer que esse grupo da sociedade brasileira é contrário aos governos do PT, se opõe ao PT e, se possível, deseja retirar por, quaisquer meios, o PT do Poder.

Pode-se afirmar que o surgimento desse grupo é algo natural nas democracias atuais, caracterizando-se todos por um alinhamento radical e  reacionário no campo da direita, criando , através  de atos e protestos organizados pelas redes sociais,  um estilo de comunicação unilateral que ao priorizar seu estreito ideário ignora a realidade e mesmo qualquer forma de debate. 
Tanto é assim, que o bater panelas, produzindo barulho, sempre tem acontecido no momento em que políticos do PT utilizam, democraticamente, o espaço nas mídias para apresentação de programas  ou de pronunciamentos  de autoridades do governo.

Ao agir dessa forma, tais atos tentam ofuscar os conteúdos apresentados pelo PT, rejeitam a fala do outro, não querem ouvir o conteúdo e , desejam que apenas suas idéias prevaleçam.

O que está em jogo com esse novo grupo político, é uma forma de política que nega a política , que em nenhum momento revela coerência, já que seu alvo é única e exclusivamente o governo e o PT.

Se professores são espancados pelas ruas do país, como o correu em Curitiba,  por estarem em greve por melhores salários e melhores condições de trabalho, isso não é motivo de indignação.
Se o congresso nacional trabalha para precarizar ainda mais os direitos dos trabalhadores, também não importa.
O foco do grupo das panelas é o governo e o PT , em uma forma de comunicação unilateral, tal qual  os partidos e grupos fascistas e neonazistas que ganham algum espaço em vários países pelo mundo.

Ao que parece o bater panelas contra o PT chegou para ficar, talvez até o momento em que as panelas se quebrem, fiquem desgastadas, ou o ridículo prevaleça.

As crianças quando fazem manhas ignoram o que os pais falam e fazem de tudo para não manter o contato direto com  os pais, evitando qualquer olhar. 
A manha é o ideário estreito, o bater panelas a negação do outro, enquanto o olhar direto é o debate, o contato, a realidade.

Até o pleito presidencial de outubro de 2018  temos somente 41 meses pela frente, e o medo do contato com a realidade vem crescendo no campo da direita radical, seja pela manipulação diária conduzida pela mídia do capital, seja pelas escaramuças de ações golpistas para desgastar ou mesmo impedir o governo de governar, seja pelo bater de panelas.

Tentar impedir o outro de expor suas idéias no tempo democrático que lhe pertence, pode revelar medo quanto ao conteúdo apresentado, medo quanto a repercussão de tais conteúdos, medo de ter que enfrentar mais uma vez a vontade  popular expressa pelas urnas, medo de perder pela  quinta vez seguida e praticamente sucumbir diante do sucesso do outro.

O grupo paneleiro que emerge no Brasil  pode ser comparado a uma mistura de Sarah Palin com Jean Marie Le Pen,  Frente Nacional com Tea Party, respectivamente.

Esses grupos tem até algum protagonismo na política, mas suas principais marcas ficam pelo lado folclórico e patético.

Que batam panelas.

Charge : TIJOLAÇO

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