quinta-feira, 2 de abril de 2015

Um inseto incomoda muita gente, dois insetos incomodam muito mais...

Horrores do capitalismo:

os caras no Japão que moram em cabines de cibercafés 

                      

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(Fotos: Shiho Fukada)

Um espectro ronda o Brasil… o espectro do ANTICOMUNISMO! Em toda parte, só se fala disso. A mídia nem cora ao ecoar artigos escritos por reacionários contra o “perigo bolchevique”. E a toda hora, nas redes sociais, perfis de direita idosos e jovens com pouca leitura cuidam de espalhar a ignorância e o terror com histórias sobre as mortes (de comunistas, inclusive) na União Soviética, que acabou há quase 25 anos.

Todo esse barulho meio bizarro serve para esconder dos incautos que o capitalismo matou e continua matando hoje em dia milhões de pessoas ao redor do planeta, de fome, de doenças, de pobreza ou por suicídio. A paranóia anticomunista rediviva tenta ocultar dos cidadãos a realidade sobre a falência do capitalismo. Em vários países ditos “desenvolvidos”, a desigualdade social cresce e o abismo entre pobres e ricos se faz cada vez maior. Atualmente, entre os 34 membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), adeptos da economia de livre mercado, México, Turquia, Estados Unidos e Japão ocupam o topo do ranking da desigualdade.

No Brasil, ao contrário, a desigualdade vem fazendo movimento oposto e caindo ano a ano. Com todas as críticas que temos ao partido, o modelo adotado pelo PT, que a direita quer substituir, enfatiza a diminuição da desigualdade social. Deixar os neoliberais voltarem ao poder seria o mesmo que assinar embaixo da adoção de um modelo que está aumentando o número de pobres no “primeiro mundo”.

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Quarta economia do planeta, o Japão é um caso especial: a pobreza não pára de crescer por lá. Hoje, um em cada seis japoneses vive em condição de pobreza relativa, segundo a pesquisa sobre condições de vida do ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar de julho de 2014. O índice de pobreza infantil alcançou 16,3%. São as cifras mais altas da história. Nada menos que 59,9% dos japoneses disseram enfrentar “graves dificuldades econômicas”. Aumentaram também os lares com mulheres como cabeça de família, criando sozinhas seus filhos e com um emprego precário. Em julho passado, o economista-chefe da OCDE, Rintaro Tamaki, alertou para a falta de debate sobre a desigualdade no país.

Essa terceiromundização do Japão fica ainda mais impactante quando descobrimos que existe por lá, naquela nação riquíssima, um grupo crescente de pessoas que vivem em cibercafés (lan-houses) porque não conseguem pagar aluguel de um local para morar. É isso mesmo que você entendeu: eles dormem nas cabines com computador, pagando por hora para passar a noite, tomar um banho e usar os depósitos com chave para guardar seus pertences. São chamados de “refugiados dos cibercafés” ou “sem-teto dos cibercafés”.

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A desigualdade entre os jovens, um fenômeno inédito na sociedade japonesa, explodiu. Segundo o economista japonês Takuro Morinaga, “este é o legado do que popularmente se chama ‘a idade do gelo do emprego’, período que começou em meados dos anos 1990, quando, depois do estouro da bolha financeira, as empresas interromperam a contratação de recém-formados”. Diminuíram os empregos fixos e aumentaram os temporários, que mantêm trabalhadores ganhando 40% menos e em condições instáveis, chamados de “freeters” (jovens que saltam de um emprego temporário a outro).

Em março deste ano foi lançado um documentário curto sobre os refugiados dos cibercafés a partir do trabalho da premiada fotógrafa Shiho Fukada sobre os “trabalhadores descartáveis” no Japão. Além deste, há outros dois episódios: um sobre os suicídios de trabalhadores por excesso de trabalho na década de 1990 e outro sobre o número de desempregados e idosos em Osaka, a maioria deles sem-teto (assista a todos aqui).

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O documentário sobre os sem-teto dos cibercafés, com legendas em inglês, mostra um pouco da rotina de Fumiya, um segurança de 26 anos que mora há dez meses num cibercafé. E a de Tadayuki Sakai, que, após deixar seu emprego de 20 anos numa empresa de cartão de crédito, se “mudou” para uma cabine. São seres, sobretudo, solitários. “Não tenho nada que me prenda ao Japão”, diz Sakai. “Só posso contar comigo mesmo.”

O mundo de “oportunidades” do livre mercado pelo visto não é para todos. Este é o primeiro de uma série de posts do blog sobre os horrores do capitalismo –que são atuais, não é coisa de um século atrás. Vem muito mais por aí. Assista o doc.

UPDATE: um leitor mandou para mim outro vídeo, curto (na verdade um trailer), da brasileira Raquel Diniz sobre a situação dos idosos sem emprego em Osaka, onde existe uma favela escondida. As sobras do capitalismo. “O Brasil devia seguir o exemplo do Japão”, diz a direita. Será?

Fonte: SOCIALISTA MORENA
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VOZ DAS RUAS’

Os novos ídolos da imprensa

Por Luciano Martins Costa em 02/04/2015 na edição 844
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 2/4/2015 
 Uma das tarefas mais difíceis da observação da imprensa é interpretar a narrativa subjacente ao conjunto de textos e sua organização nas páginas dos jornais. Como os diários procuram abranger o máximo de temas que seus editores consideram importantes para compor a agenda pública, supõe-se que basta entender o contexto de cada caderno especializado para montar o quebra-cabeças proposto a cada dia.
Nesse modelo clássico de observação, bastaria analisar os editoriais para identificar a opinião de cada veículo e ler os artigos para circunscrever a amplitude de interpretações que a imprensa tolera em suas páginas. O resto estaria explícito ou implícito na hierarquia que vai das manchetes até as notas curtas, ou até mesmo nos temas que foram deixados de fora.
O mesmo processo serviria para observar o noticiário da televisão, pois os dois meios se complementam e os principais diários costumam esperar o fim do Jornal Nacional, da TV Globo, para concluir suas edições. No entanto, a homogeneização da mídia tradicional exige que o observador leia todos os jornais de circulação nacional e acompanhe o noticiário de maior audiência para entender a lógica do jornalismo praticado no Brasil.
As grandes empresas de comunicação estabeleceram, nos últimos anos, uma relação de parcerias que eliminou a concorrência entre elas, enquanto o propósito político comum unificou os discursos e as narrativas, fazendo com que os jornais ficassem muito parecidos entre si.
Se já não havia uma diversidade aceitável em cada um deles, agora fica ainda mais patente que os principais meios de comunicação do país atuam como uma só redação, um só corpo editorial orientado por uma visão de mundo dominante e conservadora. Essa característica fica escancarada na forma como os conteúdos de um jornal são complementados e referendados pelos demais, em sequências nas quais uma declaração, um boato ou uma anedota percorre todo o campo midiático, acabando por se afirmar como verdade incontestável.
Seguindo esse roteiro, é possível identificar claramente na narrativa comum e mutuamente referente dos três diários de circulação nacional uma agenda política que tem como eixo central a manutenção de um quadro de crise em torno da presidente Dilma Rousseff, ao mesmo tempo em que se procura minar a reputação do ex-presidente Lula da Silva.
Abominações políticas
Faz sentido: não é conveniente dar guarida aos manifestantes que pedem o impeachment da atual presidente, se Lula continuar com chances de voltar ao Planalto em 2018. Por isso, a imprensa busca dar consistência ao discurso desses atores recentemente inseridos na cena pública após os protestos do dia 15 de março passado. Repórteres, editores e âncoras de programas de entrevistas procuram tornar compreensíveis e palatáveis as ideias politicamente toscas expressas por tais protagonistas, apresentando-os como exemplos da razão nacional.
Essa ação tem sido mais intensa na Folha de S.Paulo e na TV Cultura de São Paulo – e, por extensão desta, na revista Veja –, mas se repete em entrevistas e artigos nos outros jornais, nos quais se procura apresentar um engenheiro, um adolescente de traços orientais e um jovem negro como representantes da “voz das ruas”.
Lidos no original, os discursos dos personagens que a imprensa selecionou para representar esse movimento exemplificam com clareza o que a filósofa Marilena Chauí chamou, há três anos, de “abominações” (ver aqui).
É difícil analisar diretamente as visões de mundo expressadas por esses novos ídolos da mídia, porque, como verdadeiras aberrações do pensamento político, escapam aos paradigmas clássicos. Mas pode-se ler a versão revista e palatável de suas ideias, que a imprensa procura apresentar ao público.
Na edição de quinta-feira (2/4), o Estado de S.Paulo assume, em editorial, a crença de tais personagens, de que há uma orientação “bolivariana” no poder Executivo – o que soa quase como achincalhe à inteligência do leitor mais exigente. Na Folha de S.Paulo, um articulista recomenda que os movimentos que organizam os protestos simplifiquem e unifiquem suas bandeiras, e afirma que eles representam “o que a rua quer”.
Esses personagens não representam as ruas. São a expressão da pobreza intelectual que caracteriza a lumpenburguesia, essa extração das classes médias urbanas composta pelos abastados abestados, analfabetos políticos que desprezam a democracia e repudiam a mobilidade social, da qual são beneficiários.
É com essas excrescências que a imprensa produz diariamente seus quitutes.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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O que tem em comum o estágio atual do capitalismo e os novos ídolos da imprensa ?

Tudo.

Não vou aqui dizer que o problema é o capitalismo.

O capitalismo tem lá algumas virtudes, no entanto, a expressão atual do capitalismo no mundo é um fracasso, e isso se manifesta em nações como o Japão e mesmo o EUA, com seu contingente de 30 milhões, para mais ou para menos, de pessoas que vivem ou na pobreza ou na miséria.

Isso representa 10% da população dos EUA.

Enquanto isso, no Brasil de Lula e Dilma, quase 40 milhões de pessoas fizeram o caminho inverso, ou seja, saíram da miséria ou da pobreza extrema.

E isso foi possível através de políticas sociais em um modelo capitalista, que os alucinados acusam como expressões de um comunismo ou de um bolivarianismo, que segundo os mesmo alucinados, estariam sendo construídos  sorrateiramente com o intuito de destruir os valores da família, da liberdade e dos bons costumes.

Alucinados existem, sempre existiram, no entanto sempre que o capitalismo entra em crise, eles ressurgem das entranhas doentias da sociedade para alertar- obviamente aos mais alucinados - sobre o perigo que ronda, perigo esse sempre rotulado como comunismo.

Essa é uma estratégia do Poder capitalista, que ao invés de assumir seu fracasso e debater abertamente  resolve criar e inventar inimigos e então , através da força com consequente negação da democracia- provisoriamente, óbvio - passa a combate-los.

É uma estratégia para evitar qualquer tipo de contestação, já que a força não permite os caminhos normais e civilizados da diplomacia e do diálogo.

Assim criam-se o perigo de armas de destruição em massa, perigo comunista, organizações bolivarianas de caráter revolucionário, e outras coisas mais.

No entanto, no mundo atual o inimigo é a própria expressão atual do capitalismo, que ao longo de suas quase quatro décadas se revelou incapaz de promover o bem estar , até mesmo em países no centro do sistema capitalista.

Na luta criada contra o inimigo perigoso  e assustador, obviamente os contornos e mesmo o centro da democracia são desprezados, já que exceções se fazem necessárias para impedir que o inimigo ganhe corpo e  destrua os valores do mundo próspero e civilizado.

E sem democracia , sem diplomacia e sem o diálogo, o caldo fascista ganhe volume podendo até mesmo se solidificar.

Para que isso aconteça, alucinados devem ser formados e incentivados para agirem contra o perigo que ameaça nossa famílias, nossas propriedades e nossa inalienável liberdade.

Consequentemente tais ações não seguem os ritos democráticos e toda e qualquer exceção passa a ser consentida como necessária à defesa da vida, das crianças, dos idosos, da liberdade , dos cachorrinhos, etc... 

Os alucinados do Brasil atualmente são formados através de uma retórica midiática, unificada e disciplinada na obtenção de seus objetivos.
 
Isto posto, tem-se alguns elementos necessários para a compreensão dos movimentos de protesto recentes contra o governo federal.

Não são manifestações ideológicas, ou mesmo que tenham um lastro intelectual ou de argumentos.
 
São movimentos fascistas  que tem em seu centro uma total rejeição aos princípios democráticos e civilizatórios, atuando, paradoxalmente, em nome da democracia e da liberdade para salvar o país do perigo - fictício - imbecilmente  rotulado de bolivariano-comunista.

A maioria dos manifestantes, sem dúvida, sofre de profundas distorções cognitivas, que são agravadas com o estímulo diário de setores como a velha mídia e alguns partidos e políticos de oposição.

coxinha-esquerda-direita

O caos promovido pelo capitalismo neoliberal em todo o mundo, incluindo o Brasil, deveria ser motivo de um amplo debate, em prol do desenvolvimento de caminhos que garantam um desenvolvimento sustentável e um bem viver para todos os povos do planeta.

No entanto, nada disso acontece.

As organizações e nações centro do sistema capitalista são avessas a auto crítica, a auto análise, daí, melhor inventar inimigos e guerras, pois material humano alucinado tem  de sobra para grande empreitadas civilizatórias.

E nós, você, caro leitor, este blog e outros blogues que produzem um outro olhar sobre a realidade, são , por conta de trilharem o caminho da análise, da reflexão  e da defesa democracia , chamados de sujos, imundos, chapa branca, milionários que recebem verbas generosas do governo federal e até mesmo de peixinhos e insetos.


Insetos porque somos pequenos, pobres, humildes , insignificantes perto do poder devastador onde se situam os "defensores da democracia , da família e dos bons costumes e principalmente da liberdade "

No entanto, insetos vivem em grandes comunidades.

Um inseto incomoda muita gente, dois insetos incomodam muito mais, uma comunidade de insetos pode até mesmo pautar a informação. 
 

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