segunda-feira, 6 de abril de 2015

A Utopia do Resgate do Charmoso











FLA - FLU

E ontem aconteceu mais um Fla-Flu.

Como dizem os nossos alegres jornalistas esportivos, o Fla-Flu é o clássico mais charmoso do Brasil.
Também dizem que o Campeonato Carioca, que não mais existe desde 1975, também é o mais charmoso do país.
Tudo é charmoso na nossa alegre imprensa esportiva do estado do Rio de Janeiro, já a realidade ...
Foi um jogo marcado por uma semana de polêmicas, envolvendo as brigas , justas, que Fluminense e Flamengo travam com a Federação de Futebol do Estado do  Rio de janeiro, entidade responsável pela organização (?) do campeonato fluminense de futebol.
O Flamengo venceu e devolveu o placar de 3 x 0 que levou  para o mesmo Fluminense no campeonato do ano passado.
Fla-Flu é assim mesmo, toma lá dá cá.
Na história dos clássicos o Flamengo leva vantagem sobre o Fluminense em vitórias, porém quando o assunto vai para os jogos decisivos entre os dois clubes, o Fluminense ganha de goleada.
Fla-Flu é assim mesmo, equilibrado.

O JOGO


Após o jogo, um dirigente do tricolor ocupou o espaço normalmente destinado ao treinador para a entrevista coletiva.

Reclamou com razão da arbitragem que mais uma vez prejudicou o Fluminense neste campeonato e perguntou aos jornalistas presentes se alguma vez já tinham presenciado a expulsão de um jogador de ataque, ainda nos primeiros 30 minutos de jogo.
Não lembro, no entanto o jogador do tricolor expulso, Fred, ao longo de seus anos no Fluminense já foi expulso várias vezes, inclusive em um jogo decisivo pela Copa Sul Americana, em 2009, quando o Fluminense vencia o jogo por 3x0, com o adversário com um jogador a menos, e bastava um gol mais  para o tricolor conquistar um placar que poderia garantir o título da competição, quando Fred foi expulso por reclamação.
No ano passado, contra o Grêmio, em Porto Alegre,pelo campeonato brasileiro, Fred também foi expulso se envolvendo em confusão com o jogador Pará, que não foi expulso e tirou Fred do jogo, assim como fez ontem.
Logo, o dirigente tricolor acerta quando reclama da arbitragem, mas erra quando omite que jogadores importantes do time cometem erros infantis e são expulsos.
O Fluminense perdeu o jogo de ontem não foi por causa da expulsão de um dos seus principais jogadores ainda no primeiro tempo. 
Perdeu o jogo , porque já tinha perdido outros três jogos ao longo campeonato, sendo dois jogos para times de menor investimento.
Isso significa que o novo treinador do Fluminense terá muito trabalho para formar um time competitivo e que possa disputar títulos das competições que ainda disputará este ano.
O que se desenha no horizonte tricolor, é um cenário conhecido, onde o torcedor tricolor ficará satisfeito se o time não cair para segunda divisão do campeonato brasileiro.
O treinador, para montar um time competitivo, deverá usar o que tem de melhor, independente do tempo de casa , nome, fama e salários de alguns jogadores do elenco.
Uma tarefa difícil, porém não é  impossível.

A  POLÊMICA


Toda polêmica na semana que antecedeu o jogo, se deu por conta da punição que sofreu o treinador do Flamengo.
Vanderlei foi suspenso pelo Tribunal de justiça Desportiva do Rio de janeiro , por dois jogos, por ter criticado um artigo do regulamento do campeonato fluminense de futebol.
Uma punição absurda, um retrocesso.
Não há nada de errado em criticar leis e regulamentos, o erro existe quando as leis e regulamentos deixam de ser cumpridos.
Vanderlei e o Flamengo cumpriram o regulamento.
Os empresários de transporte coletivo rodoviário do estado do Rio de Janeiro, criticam abertamente a lei que autoriza a gratuidade no transporte para idosos acima de 65 anos e crianças com uniforme escolar da rede pública. 
No entanto cumprem  mais ou menos a lei.
Outras leis são criticadas e ainda existe no imaginário das pessoas a expressão que diz, que  ' essa lei não vai pegar '
Assim a decisão em punir o treinador do Flamengo é um tremendo retrocesso, porém nossa alegre imprensa esportiva ficou ao lado de Vanderlei ( será que ficou mesmo ? ) e, ontem, durante as alegres transmissões das diferentes emissoras de rádio, ouvimos muitas críticas a Federação de Futebol do RJ, principalmente por conta da organização do campeonato fluminense de futebol.
Na rádio Tupi, que se auto intitula super rádio, um comentarista experiente disse que Vanderlei não deveria ter criticado um regulamento que foi aprovado em reunião por todos os clubes e , ainda, que a diretoria do Flamengo não deveria apoiar a atitude do treinador.
Ou seja, segundo o comentarista , não se pode ter opinião sobre uma lei,  sobre um artigo de um regulamento, etc... 
Com esse comentário, o radialista passa a ser  um forte candidato a presidência da Federação de Futebol do Rio de Janeiro.
O  principal jornal esportivo do país, o Diário Lance, trouxe um quase editorial, chamado de exclamações do editor, em que apóia a decisão de Vanderlei, no entanto, para dizer que apóia a decisão do treinador  e se posicionar em defesa da democracia, o quase editorial usou a maioria das linhas para detonar a vida profissional do treinador e por pouco sua mãe - a mãe do treinador, não a sua , caro leitor - não foi xingada pelo editor.
Ou seja, Lance disse que é isento e  democrático, mas com ressalvas.
Na maioria das emissoras a polêmica da semana colocou o foco em uma melhor forma de disputa do campeonato fluminense de futebol. 
Fugiu-se, e muito , da essência de  tudo que motivou a  polêmica com Vanderlei.
Como se sabe a imprensa tem lado, não é isenta , e boa parte da polêmica envolve a própria imprensa, já que o artigo que limita o número de jogadores juniores nos times profissionais durante os jogos do campeonato - motivo da crítica de Vanderlei - existe por influência da TV Globo emissora responsável pelos direitos de transmissão dos jogos , que deseja sempre que o clubes coloquem em campo seus principais  jogadores, o que minimiza a queda de audiência dos jogos dessa competição.
Como a posição de Vanderlei teve boa receptividade junto a opinião pública, a imprensa fez força para posar  de democrática e isenta. 
No entanto, são péssimos atores.

O  CAMPEONATO

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O campeonato carioca de futebol, que a nossa alegre imprensa diz ser o mais charmoso, deixou de existir a partir de 1975, quando , no ano anterior, ocorreu a fusão do Estado da Guanabara  - a cidade estado do Rio de Janeiro -com o estado do Rio de Janeiro. O novo estado decorrente dessa fusão, passou a ser chamado de estado do Rio de janeiro
No antigo campeonato carioca, o charmoso,  participavam somente clubes da cidade do Rio de janeiro, a exceção do Canto do Rio, da cidade de Niterói.
A antiga  e extinta FCF - Federação Carioca de Futebol - reunia os times da cidade do Rio de Janeiro.
Eram  poucos times afiliados e o campeonato tinha 12 clubes, sendo que a metade dos times participantes disputava o título da competição, pois América e Bangu, mesmo não sendo do porte dos quatro grandes disputavam e ganhavam campeonatos. 
Além disso os chamados pequenos davam muito mais trabalho aos grandes. 
A título de exemplo, no ano de 1971, em uma fórmula de disputa por pontos corridos em turno e returno, o Olaria foi o terceiro colocado.
Com a fusão do dois estados, a nova Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro - FERJ - ( todas as federações levam o nome gaúcha, paulista, mineira, paranaense, etc. Aqui não colocaram o nome fluminense ) passou a ter um infinidade de  afiliados, e os votos  dos clubes da cidade do Rio de  Janeiro, que tinham  peso na antiga  e equilibrada Federação Carioca de Futebol, se diluíram na nova FERJ, pois todos os votos dos afiliados  tem o mesmo peso. 
Tanto é assim que hoje  um time da terceira divisão do futebol do estado, que mal consegue arrumar jogadores para colocar em campo para um jogo - como foi o caso do Serrano de Petrópolis no ano passado que entrou em campo para um jogo com apenas 8 jogadores  - vota em igualdade de condições na FERJ com os grandes clubes da cidade do Rio de Janeiro.
Isso seria saudável, desejado e amplamente democrático, se os presidentes da FERJ não usassem o cargo para projetos pessoais e atuassem para o bem do futebol. Isso é uma utopia.
Tanto é assim que o antecessor do atual presidente ,conhecido com Caixa D'água, Eduardo Vianna, já falecido, disse em entrevista ao jornalista Sérgio Du Bocage  em uma mesa redonda na TV Brasil, que tinha a maioria dos clubes pequenos em sua mão, em função de favores que prestava a esses clubes na organização das competições, e com isso jamais seria derrotado em uma eleição para a presidência da FERJ.  Eduardo Vianna, que era doutor  em Filosofia e professor universitário, citou diversas vezes Maquiavel para justificar suas teses. Saiu da presidência da FERJ somente quando veio a falecer.
Já o futebol do novo estado do Rio de janeiro depois da fusão pouco evoluiu nesses quarenta anos.
Hoje, somente um time do interior, o Macaé, disputa a segunda divisão do campeonato brasileiro. 
Enquanto isso, os grandes times  da cidade do Rio de Janeiro, vivem as voltas com possibilidade de queda para a segunda divisão do campeonato brasileiro, o que tem acontecido com frequência. 
O campeonato carioca, o charmoso, não mais existe, no entanto pode ser resgatado com a criação de uma Liga Carioca de Futebol. 
Uma tarefa difícil, já que até mesmo entre os grandes clubes da cidade do Rio de Janeiro, alguns grandes  se aproveitam de brigas com a Federação para ficar ao lado da Federação contra seus parceiros de interesse e, com isso, quem sabe, auferir algumas vantagens adicionais no jogos.
Haja penalty nos acréscimos.
A cidade do Rio de Janeiro tem hoje 15 clubes inscritos  - pode ser um pouco mais - nas primeira e segunda divisões do campeonato fluminense de  futebol.
O brioso Campo Grande, vai tão mal das pernas que não disputará nem a terceira divisão.
Cabe lembrar, que a terceira divisão do futebol do estado, tem um número absurdo de jogos definidos por WO
Voltando a Liga Carioca, de saída poderia ter de volta o Charmoso com duas divisões de oito clubes.
Assim, a FERJ passa, ou tenta passar ,  uma conceito para o torcedor  de que o campeonato fluminense de futebol é uma sucesso, o que não é verdade no presente  e desde a criação após a fusão dos estados.
O torcedor e aqueles que acompanham o futebol sabem que  não é verdade, e percebem uma outra realidade, até mesmo prejudicial ao futebol do Estado.
Entre a realidade desejada pela FERJ e a realidade percebida pelo torcedor , existe uma grande distância, um deserto, uma ausência de idéias e análises, local  onde se encontra a imprensa esportiva .
Uma tarefa pra lá de difícil,  essa da recuperação do Charmoso.



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