quinta-feira, 23 de abril de 2015

O inevitável desgaste de Globo

Afinal, Globo chama “Revolução” de ditadura, se diz vítima dela mas esconde o parto privilegiado do Jornal Nacional

publicado em 23 de abril de 2015 às 13:17
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por Luiz Carlos Azenha
O locutor anuncia que a Globo, ao comemorar seus 50 anos, vai mostrar “cenas de novelas proibidas pela ditadura”. Existe aí um avanço: a Globo chamou a ditadura de “ditadura”. É muito diferente dos antigos programas do repórter Amaral Neto — também conhecido como Amoral Nato –, se não me engano aos domingos de manhã.
Neles, ao longo do que agora se tornou “ditadura”, o “governo” fazia milagres — propagados para todo o Brasil pela Globo.
Não faz muito tempo as Organizações Globo admitiram que foi um erro apoiar o golpe de 64. Mais recentemente, no Jornal Nacional, admitiram que na cobertura da campanha das Diretas, nos anos 80, a emissora enfatizou o aniversário de São Paulo num dia em que milhares de pessoas se reuniram na praça da Sé para pedir eleições diretas para presidente.
Sobre o episódio, escrevi no Facebook parafraseando a atriz Kate Lyra, que popularizou a frase fazendo humor na própria Globo:
BRASILEIRO É TÃO BONZINHO…
Os telespectadores do Jornal Nacional estão se desmanchando pelo fato de que a Globo fez mea culpa sobre o episódio das Diretas, admitindo que enfatizou o aniversário de São Paulo quando se tratava de uma gigantesca manifestação por eleições. As pessoas acham lindo quando repórteres com os quais desfrutam de uma intimidade televisiva de décadas recontam a História da emissora com toques de sinceridade, como este. O fato é que por baixo da forma atraente se esconde, de novo, uma grande mentira. O problema não foi APENAS a Globo ter chamado a manifestação das Diretas em São Paulo falando do aniversário da cidade. O fato PRINCIPAL é que a Globo desconheceu completamente todos os comícios anteriores, com milhares de pessoas em várias cidades do Brasil. Isso não é um “erro”, mas um crime jornalístico pelo qual a emissora deveria pedir desculpas sinceras aos telespectadores. Mas, circunscrever os fatos históricos, para vender deles a versão mais palatável para a emissora, na Globo tornou-se uma forma de arte. Não deixa de ser outra forma de manipulação de incautos.
Pois é disso que se trata. A contrição marqueteira da Globo permite à emissora apresentar o “outro lado”, segundo o qual ela foi vítima da ditadura. Na censura às novelas, por exemplo.
Isso permite encobrir o essencial e historicamente verdadeiro: houve uma simbiose entre a Globo e a ditadura militar. Roberto Marinho foi promotor e beneficiário da ditadura. Ainda em 1984, ou seja, mais de 20 anos depois do golpe, escreveu:
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Mas a Globo aposta na desinformação dos mais jovens, que não viveram sob a ditadura, nem acompanharam pessoalmente o comportamento da Globo ao longo da História.
A eles, dedico minhas lembranças dos anos 60 e 70, em Bauru, no interior de São Paulo.
Era o tempo em que a Globo ainda estava em expansão. As imagens da emissora não chegavam a todo o Brasil via satélite. Um coronel do Exército, se não me engano de nome Amazonas, era o encarregado de implantar as torres rebatedoras que transmitiam o sinal da Globo cidade a cidade.
Havia clamor público, na época, por um sinal limpo de TV, já que era irritante ver fantasmas ou as imagens tremidas que nos chegavam, quando chegavam. Era comum que prefeitos da época se propusessem a resolver o problema, em busca de votos.
Havia outras emissoras, mas o sinal da Globo era o mais desejado. A emissora tinha herdado boa parte do elenco da Excelsior, cujo dono Mário Wallace Simonsen vinha sendo escorraçado pelos militares, por não ter apoiado o golpe tanto quanto Marinho.
Era projeto do “governo” — segundo a Globo, que hoje chama de “ditadura” –, por uma questão de segurança nacional, interligar todo o Brasil numa única rede de telecomunicações. E a Globo vinha na esteira da Embratel, a empresa estatal.
Como funcionava o esquema? As prefeituras doavam terrenos, num primeiro momento à Embratel. As torres eram espetadas com dinheiro público. Mas o sinal que carregavam era privado! Foi assim o parto de um telejornal de alcance nacional, o JN!
Já então, um caso de apropriação do público pelo privado. Um caso de simbiose entre um regime e um empresário, que em troca ofereceu uma cobertura jornalística amigável à ditadura, com programas como o de Amaral Neto.
Essa é uma História que a Globo não vai contar em seu especial de 50 anos.

Fonte: VIOMUNDO
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Mais uma vez, por muitas vezes, e quantas vezes forem necessárias, o PAPIRO disponibiliza para seus leitores o texto abaixo, demolidor, histórico, que mostra a realidade da TV Globo:

Encontros Cariocas - 2     

A História que a Imprensa Não Conta



Então, Carninha. Você falava do estreitamento, da manipulação  que a imprensa promove no debate. 
Mas isso não é novo, não é ?

- não. Mas hoje é muito mais acentuado.
Gandhi disse certa ocasião:
" Quando o mais fraco começa uma luta contra um sistema forte e poderoso, o sistema ignora o fraco. Se o fraco continua na luta e insiste, o forte passa, então , a ridicularizar o mais fraco. Se mesmo assim o fraco não desiste e continua na luta, o forte passa a lutar contra ele. Nesse ponto é sinal que o fraco venceu "

- o que você quer dizer com isso ?

- que é necessário um olhar na história, na nossa história recente. A grande imprensa no Brasil é o braço mantenedor do atraso e do retrocesso , no tocante as conquistas necessárias para o povo. A imprensa nunca esteve ao lado do povo .
Vamos partir de 1982, na eleição do Brizola. Naquela ocasião, a primeira eleição para governador depois do golpe de 1964, era inconcebível para o governo da ditadura que Brizola ganhasse aqui no Rio. Acreditavam, os militares e a imprensa, que Brizola era passado, teria ficado 15 anos no exílio  e as novas gerações não o conheciam. Com o desenvolvimento da campanha , o engenheiro começou a subir nas pesquisas e foi um deus nos acuda, nos palácios do atraso. Estávamos lá, lembra ? Com a proximidade do dia da eleição já se sabia que Brizola iria disputar o primeiro lugar, e aí, entraram os golpistas de sempre. A empresa contratada para compilar os votos, Proconsult, em conluio com os militares e a TV globo, armou um esquema para evitar a vitória do engenheiro. Com o decorrer da apuração, grande parte dos votos destinados ao Brizola eram separados e não apresentados na contagem. Assim o candidato dos militares e da globo, aparecia em primeiro lugar e se distanciando  para a vitória. O objetivo era desmotivar a militância brizolista, e ganhar no grito. A TV globo funcionava como  o local para divulgação da farsa armada. Acontece que a militância não se desmotivou, e um jornalista da rádio JB descobriu a farsa, assim como a apuração paralela do PDT e mostraram que aquilo que a TV globo apresentava como resultado parcial era falso. A máscara caiu e imediatamente, e sem nenhuma explicação para os telespectadores , a TV globo passou a mostrar Brizola na frente. E não deu outra, ganhamos, mas ninguém foi punido. Seria o caso de retirar a concessão da TV globo, mas...

- Roberto Marinho e Figueiredo andavam de braços dados.

- é verdade. Passamos para 1983, um ano  depois, lá pelo final do ano, crescia a movimentação popular por eleições diretas para presidente da república. Um comício em Curitiba, em novembro daquele ano, reuniu 50 mil pessoas na rua. Nenhum comentário na grande imprensa. A campanha pelas diretas crescia e nada de informação. Um comício gigante em São Paulo, já em janeiro de 1984, foi noticiado pela TV globo como festa pelo aniversário da cidade de SP. A TV globo, que detinha uma audiência avassaladora na época ,escondia da população brasileira o que acontecia nas ruas. Como a campanha crescia mais e mais, não foi mais possível esconder, e aí o que fez a TV dos marinhos ? Passou  a noticiar o movimento como uma festa popular, uma festa da democracia, uma festa por eleições diretas. Ou seja, mudou o foco, e deu um caráter festivo. Falou em festa a burguesia se anima, e também foi para as ruas, passeatas e comícios, exibir suas jóias. Uma colunista social chegou a dizer que iria ao comício para cantar o hino nacional, pois era emocionante ouvir o povo cantar. Alugou um apartamento de um hotel em frente da candelária, onde acontecia o comício de 1 milhão de pessoas, para cantar o hino, bebendo vinho francês.

- que gracinha....

- e era irmã de cantora. Assim a TV globo aprontou mais uma, não noticiando  o que acontecia e manipulando os fatos. E continua. Em 1986, já com o fim dos governos militares, e com o governo de Sarney que assumiu em 1985, foi lançado  o plano cruzado, com o objetivo de sanear a economia e acabar com a inflação. O plano foi uma comédia. No ano de 1986 tínhamos eleições para governadores, e o plano foi lançado para eleger os candidatos do governo. Brizola, como sempre, foi o único a dizer que o plano era furado e que não daria certo. Foi massacrado pela imprensa, mas não desistiu.

- aquele não desistia nunca.

- é verdade .O governo Sarney fez malabarismos para segurar o plano, com o auxílio, claro , da TV globo, que não informou a  população que aquilo não iria a lugar nenhum, garantindo, assim, a eleição dos candidatos do PMDB, partido de Sarney. Consolidada a eleição o plano cruzado desabou e tudo voltou a mesma zona de sempre, como previra Brizola que tinha Darcy Ribeiro como o candidato ao governo do Rio. Darcy perdeu a eleição e a TV globo mais uma vez enganou o povo.

- Sarney governou com Roberto Marinho, não foi ?

- é verdade. Como foi o primeiro governo civil depois do golpe, Roberto Marinho tentava preservar os ideais do golpe que ele tanto amava, ajudando a manipular o caminho para as eleições para presidente que só iriam ocorrer em,1989.

- os militares e a imprensa barraram as diretas em 1984 com medo do Brizola ganhar, não foi ?

- também por isso e talvez principalmente por isso , pois Brizola, em pesquisas, estava bem na fita. A nova armação aconteceu em 1988. Naquele ano aconteciam eleições para prefeito das cidades. Já tínhamos quase quatro anos do governo Sarney/Marinho, e as greves, que durante a ditadura foram proibidas, voltaram com a pré-democratização daqueles anos. E naturalmente. com anos de opressão, guando voltaram alguns excessos foram cometidos, tanto por patrões como por empregados. A mais emblemática foi a greve da CSN em Volta Redonda, quando a siderúrgica foi ocupada pelos operários . Houve conflito, o exército entrou em ação, com truculência desnecessária, e alguns operários foram mortos. O fato pegou mal para o governo federal, e devido a proximidade das eleições, a população brasileira deu a resposta nas urnas, proporcionando grande votação para os candidatos do PT em grandes cidades, principalmente Rio e São Paulo. E aí entra a TV globo. Após aquelas eleições a TV globo fez uma intensa campanha pela proibição de greves no país, o que seria um retrocesso no processo de pré-democratização que se vivia.

- sempre na contra mão da democracia.

- sempre. Mas não conseguiu colar, e as greves foram se acomodando sem excessos. E surgia com força a estrela do PT, o que foi motivo de reportagens preconceituosas e racistas por parte da imprensa brasileira.

- lembro que em um telejornal da globo, uma daquelas mediocridades, um repórter assim falou sobre a militância do PT; " eles se consideram petistas" alertando para um possível "perigo" no partido que crescia. lembra disso ?

- lembro, foi motivo de piada lá no diretório.  E a história continua. Chegamos no ano de 1989 e a campanha para presidente.

- foi um ano fantástico.

- com certeza, não apenas aqui no Brasil , mas em todo mundo. Por aqui a campanha ferveu. Foram momentos cômicos , dramáticos, patéticos protagonizados pelos candidatos. Quem não se lembra do surgimento do Dr, Enéas, ou o Dr Aureliano que no debate não sabia o preço de um pão francês, ou os recursos de computação gráfica amplamente utilizados por Collor, certamente com assessoria dos profissionais da globo, e as tiradas inteligentes e bem humoradas de Lula e Brizola.  Foram , de fato, dias fantásticos. Porém a coisa ficou feia foi no segundo turno. Definidos Collor e Lula, aquele segundo turno foi uma briga de foice. A TV globo apoiava abertamente Collor, e tinha arrepios em imaginar um operário  oriundo do nordeste na presidência da república. A campanha de Lula crescia e a militância petista foi importantíssima. Próximo do dia da eleição, as pesquisas encomendadas pelo PT, que não apareciam na imprensa, apontavam Lula em crescimento e Collor em declínio, se aproximando de um empate. Mais precisamente, três dias antes da eleição, quando a propaganda na TV se encerrara. uma pesquisa do PT apontava empate entre Lula e Collor , com Lula numa ascendente. Era a possibilidade de vitória. Na TV globo, as pesquisas indicavam Collor com vantagem, sem mesmo apresentar a possibilidade de empate técnico. O que fez a militância do PT. Em tempos sem internete, e sem espaço nos meios de comunicação, a militância foi para as ruas, em pontos estratégicos da cidade portando cartazes que apontavam a real situação dos candidatos nas pesquisas e indicando uma possível vitória de Lula. No mesmo dia, o jornal nacional da TV globo, apresentado pelo Alexandre Garcia...

- o machão que posou nu para a revista gay ??

- ha, ha, ele mesmo. Mas como dizia, o jornal nacional noticiou que Lula e Collor estavam tecnicamente empatados, contrariando as pesquisas que eles mesmos apresentaram no dia anterior. Por quê isso ? O jornal nacional respondia aos militantes nas ruas com os cartazes, tentando desmentir que Lula estava  subindo, mas ao mesmo tempo assumindo que mentiam nas pesquisas anteriores. Nós percebemos isso, mas a maioria da população não sacou. Aí veio a manipulação e edição do debate entre Lula e Collor. O jornal nacional escolheu e editou uma matéria com os melhores momentos de Collor no debate e os piores de Lula, no mesmo debate, distorcendo os fatos e induzindo a opinião pública a vitoria de Collor.

- estava tudo armado para evitar a vitória de lula.

- claro. Logo no início do segundo turno, quando Collor e Lula já estavam definidos, o general Geisel , foi a público dizer, em alto e bom som, que não seria ainda o momento para uma vitória da esquerda no Brasil.

- deu a senha para fraudes , se necessário fosse.

- claro. E assim aconteceu. Lula foi roubado. No dia da eleição , cidades no interior da Bahia e de outros estados , onde Lula teria expressiva votação, tiveram os ônibus retirados de circulação, impedindo milhares de pessoas de votar. E mais uma vez, a TV globo esteve presente em um atentado contra a democracia e os interesses do povo brasileiro, desinformando manipulando e mentindo. E não parou por aí. Em 1992, aqui no Rio, na eleição para prefeito, a TV dos marinhos aprontou mais uma. O PT, através da candidata Benedita da Silva, liderava as pesquisas e tudo indicava que venceria no primeiro turno. Cinco dias antes da eleição, César Maia, na época pelo PMDB, tinha apenas traços nas pesquisas de intenção de votos. Iniciou-se um violenta campanha contra Benedita, campanha coordenada e conduzida pela TV globo. Apelando para o racismo, o preconceito, chamaram Benedita de analfabeta, favelada e que , caso eleita, traria a escória das favelas para a cidade. Ao mesmo tempo, essa campanha enaltecia César Maia, com economista, culto, branco e competente. Não ficou por aí. Para espalhar  pânico, principalmente na classe média, a TV globo incitou a criminalidade a agir na cidade. Foram dias de invasões de prédios residenciais, destruição de portas de garagem de edifícios e assaltos em profusão. Tudo incitado pela TV dos marinhos
.
- assim como aqueles arrastões nas praias em que sempre tinha um cinegrafista deles presente para registrar as cenas.

- é por aí. Eles espalharam o preconceito e o pânico na cidade. Não deu outra , César Maia cresce nas pesquisas, foi para o segundo turno com Benedita , usou e abusou do preconceito e venceu as eleições. Isso naquele ano de 1992, que o então presidente da república, Fernando Collor não mais servia aos marinhos.

- a história dos caras pintadas...

- por aí, Ocorre que bem antes disso , o PT, logo depois da eleição de 1989, criou um governo paralelo, que tinha por objetivo fiscalizar, denunciar e propor soluções para os problemas do país. Quando aconteceu o movimento dos caras pintadas, o PT e outros partidos de esquerda , já estavam na estrada há um bom tempo pedindo o fora Collor. Os caras pintadas foi mais uma da TV globo e de toda a imprensa que resolveu abandonar o Collor e apoiar uma manifestação pelo seu impeachment. Foi então que o pessoal foi para as ruas, muitos, inclusive, eleitores do Collor, outros que nunca tinham votado, se juntaram aqueles que já estavam na luta. A TV globo aproveitou, que naquele ano  e naquele momento, estava apresentando uma mini novela sobre os anos 60, quando os jovens foram as ruas lutar contra  a ditadura militar.

- não só aproveitou para fazer propaganda de sua novela, como a usou para levar a garotada para as ruas.

- é isso aí. A maior parte dos caras pintadas foi massa de manobra, mesmo porque o afastamento de Collor aconteceria com ou sem eles. O mérito foi para o governo paralelo do PT e as esquerdas,que ficaram diluídas na manifestação maior dos caras pintadas, mas não foi essa a história contada. Então, já em 1992, sem o socialismo real, e com a eleição de Clinton, criavam-se as condições para uma intensa propaganda pelo novo que surgia, o neoliberalismo vencedor, o progresso, a vanguarda.

- ha, ha que piada.

- Clinton chegou ao poder substituindo Bush I. O vice de Clinton, Al Gore  tinha afinidades com o movimento ambientalista e lutara na guerra do Vietnam. Saía Bush I, veterano da segunda guerra mundial, ator durante o período da guerra fria, e entrava o jovem Clinton, simbolizando a chegada da era de aquário ao poder.

- tudo perfeito para mostrar o novo.

- exato. Entretanto Clinton tinha os mesmos compromissos com o neoliberalismo, e atuava da mesma forma como os anteriores, talvez até pior. Iniciou-se uma intensa propaganda pelo ideário neoliberal, com amplo apoio dos meios de comunicação, sem a possibilidade de qualquer análise crítica. As prefeituras, com a daqui do Rio, a partir de 1992, transformaram-se em balcões de negócios, com grande favorecimento para a iniciativa privada. As obras, que quase sempre de impacto visual para a população, favoreciam grandes empresas.

- é o caso do projeto Rio Cidade , que foi utilizado para passar os cabos subterrâneos da TV a cabo da rede globo..

- é por aí. Tudo com grande favorecimento para a iniciativa privada, privatizações de empresas estatais, favorecimento da indústria da construção civil

- mas nada de saneamento básico, saúde de qualidade e educação.

- é verdade. Saneamento não aparece, já um obelisco...

- ha, ha.

- Os anos da década de 1990 foram do besteirol neoliberal, fim da história, sem qualquer possibilidade do contraditório e com intensa propaganda. No período, as empresas de propaganda e marketing tiveram grande expansão. Porém, chegava, o verdadeiro novo, o renovador, o revolucionário, que era a rede mundial de computadores, internete. Aqui no Brasil  a partir de 1994, sem nenhuma análise de fundo por parte da imprensa. Em 1999, o poder da internete se fez presente. Pela primeira vez uma grande manifestação foi organizada pela internete, o que chamou a atenção de todos, A reunião da OMC em Seattle, nos EUA, foi palco de uma gigantesca manifestação popular, gerada e organizada através da internete. Nada disso foi comentado pela imprensa  que se limitou a apresentar a manifestação como , festa, barulho ou hippyes deslocados da realidade. Mas a partir dali outras se sucederam, nos anos seguintes em Génova, onde tivemos a primeira morte de um ativista anti-globalização. Algo de novo acontecia, e a imprensa omitia os fatos. A primeira reunião do Fórum Social Mundial , em 2001, foi ignorada pela imprensa, em um momento de  expansão da internete e das redes sociais. No ano de 2002, aqui no Rio, o governador , Antony Garotinho, deixava o governo do estado para se candidatar a presidência da república. Em seu lugar assumiu o vice, Benedita da Silva, que governaria até o final de 2002. Mais uma vez a TV globo aprontou. Em perseguição clara a governadora, e exalando preconceito por todos os lados, a TV dos marinhos criou um clima de guerra no Rio de Janeiro. Usando suas táticas de terrorismo, incitou a criminalidade a prática de violência, transformando a cidade em um caos. Acuada, mas determinada a enfrentar a violência dos marinhos, Benedita gritou, clamou pelas forças de segurança pública, e disse estar a democracia em perigo pela ação de poderes que incitam o crime  e o caos na cidade. A atitude de Benedita intimidou a TV globo, que recuou. No dia seguinte, o jornal do Brasil, em editorial de primeira página, elogiou a atitude da governadora com o seguinte título; " O dia da Bené". As mídias dos marinhos ignoraram a atitude da governadora. Mais uma vez a TV globo espalhava o caos e o terror na cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, a internete, já com força naquele ano, não deixava nenhuma mentira impune. Na eleição de 2002, que elegeu Lula, mais uma vez a TV globo destilou preconceitos de toda sorte na tentativa de evitar a eleição do candidato do PT. Nos anos seguintes, da primeira década do século, a internete se consolidou como o palco das grandes transformações, da organização de protestos, de fonte de excelentes conteúdos e trincheira de resistência para as mentiras da imprensa decadente.

- e essa grande imprensa não viu nada disso ?

- claro que viu, mas não soube e ainda não sabe como atuar nesse novo paradigma de produção e divulgação de conteúdos. A grande imprensa ainda está atrelada ao quantitativo. Ela necessita,sobre a internet, informações de visibilidade e audiência para expandir com seus parceiros comerciais, assim como ocorre em outras mídias. Acontece que na internete as percepções não seguem o padrão de TV's , rádios, jornais e outdoors.  A TV globo, por exemplo, quer saber quantas pessoas são impactadas pelos anúncios de seus parceiros, quando na internete o que importa é de que maneira um assunto vai ganhar ou não divulgação e correr pelas redes sociais. Na internete o que importa não é apenas o anúncio, mas como ele pode correr pelas redes sociais ,ser comentado, virar referência. Isso é o qualitativo, que também oferece informações sobre a quantidade pessoas que comentam. O que a grande imprensa quer é o quantitativo, mas as ferramentas usadas para essa métrica são inadequadas e impróprias para a avaliação.

- estão querendo levantar voo com um navio, não é ?

- ha, ha. é por aí. Eles se parecem com aquele personagem do filme do Herzog que atravessou um navio pela montanha

- será que eles se preocupam se o navio tem ou não chaminés ?

- ha, ha, isso é com o Teo.

- quando estou na internete eu vejo os anúncios até mesmo para saber quem financia aquele portal, aquele blogue. Meu foco é esse. Não guardo o conteúdo do anúncio .

- mas a maioria não é assim. Não vê, vê e ignora, vê e se interessa. A internete é um boca a boca turbinado, é assim que funciona, como no antigo boca a boca, apenas com uma velocidade muito maior , tanto na aceitação como no descarte. Tudo surge e desaparece em pouco tempo. Trabalhar essas características para se manter no foco é o desafio.

- e as empresas de publicidade não veem isso ?

- parece que não. Estão focadas em quantas pessoas vão ver o anúncio em um portal ou em um site e não de que maneira o anúncio pode se transformar em algo mais comentado. É um tremendo desafio, pois exigirá dessa turma um vigor intelectual e criativo gigantesco, considerando também o tempo de exposição que é menor que nas outras mídias.Tem que mudar rápido, e sempre fazendo algo impactante. É agora que nós vamos ver quem é bom.

- esses caras de publicidade são umas figuraças. Usam paletó e gravata com bermudas, calvice com rabo de cavalo, suspensórios, barba sem bigode.

- eles devem se inspirar na essência do negócio deles e devem se achar como criação deles mesmos. Então. A grande imprensa está em decadência, não sabe como lutar com a internete, e vem sofrendo deliciosas derrotas. As mentiras que produzem não duram nem um dia e , atualmente,,estão envolvidas em crime de formação de quadrilha, corrupção e até mesmo participação de assassinatos para eliminar adversários.

- ainda como nos tempos da ditadura..

- pois é. a diferença atualmente é que se sabe , se comprova e esse é o momento perfeito para se passar esse passado golpista e antidemocrático a limpo, resgatar e apresentar a verdadeira história do período da ditadura, dar nome as empresas que participaram e financiaram os crimes contra o povo, desmascarar e acabar com a prática de associação de empresas , inclusive de imprensa, com o crime organizado para promover golpes e atentados contra a democracia, regulamentar o setor da comunicações no Brasil, eliminando monopólios, garantindo a pluralidade, garantindo espaço para produção e divulgação de conteúdos nacionais valorizando nossa cultura, manter um controle social sobre os meios de comunicação, criar e aplicar regras claras para punição e cassação de emissoras de TV e rádios.

- uma boa hora...

- então. No início dos anos da década de 1990 éramos totalmente ignorados. Se falássemos de socialismo nos davam as costas. Diziam que estávamos ressuscitando defuntos. Na virada do século, lá pelo ano 2000, não mais nos ignoravam, mas nos ridicularizavam. Diziam que éramos saudosistas , neo hyppies, jurássicos, ultrapassados. Hoje, lutam contra a gente no debate de idéias, na produção de conteúdos. Perseguem blogues, processam internautas. Tudo isso , claro, tentando estreitar o debate, mas não é mais possível. A resposta, em todo o mundo vem das urnas, das redes sociais e das ruas. Eles, os mais fortes,os neoliberais, estão lutando contra nós, os mais fracos. O gigante caiu. Eles perderam.

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