quinta-feira, 16 de abril de 2015

A rua consciente e a rua midiota

A rua obriga a bancada dos patrões a recuar: ruas, estradas, avenidas, fábricas, portos, refinarias, aeroportos, praças públicas são tomados por protestos em todo o Brasil; líder da bancada patronal, Eduardo Cunha, adia a votação do desmonte dos direitos trabalhista para dia 22/04.

Fonte: CARTA MAIOR
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Terceirizada, mulher de Eduardo Cunha venceu ação trabalhista contra a TV Globo



Claudia Cordeiro foi jornalista da TV Globo de 1989 a 2001; ela venceu ação em 2008
  • Claudia Cordeiro foi jornalista da TV Globo de 1989 a 2001; ela venceu ação em 2008
A jornalista Cláudia Cordeiro Cruz, ex-apresentadora da TV Globo que prestava serviços como terceirizada para a emissora entre os anos 1989 e 2001, ganhou ação no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em 2008, obrigando a empresa da família Marinho a contratá-la com carteira assinada e com todos os direitos trabalhistas.
O caso ganhou notoriedade na imprensa nesta semana pelo fato de a jornalista ser mulher de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara e um dos principais articuladores do projeto de lei 4330/04, que regulamenta e autoriza a terceirização para todas as atividades trabalhistas no Brasil. O fato curioso é que, se a terceirização do trabalho fosse válida há 15 anos, a mulher de Cunha não teria vencido a disputa com a Rede Globo.
Cláudia foi repórter e apresentadora de programas como "Jornal Nacional", "Jornal da Globo", "Bom Dia Rio", "Jornal Hoje", entre outros. De acordo com o Portal da Imprensa, a jornalista prestava serviços à TV Globo através de uma empresa criada em seu nome (C3 Produções Artísticas e Jornalísticas), o famoso PJ (Pessoa Jurídica), com contratos de "locação de serviços".
Após Cláudia sofrer uma faringite, a TV Globo informou que o contrato da jornalista não seria renovado. A jornalista usou a faringite, que é considerada doença ocupacional, como base para a ação trabalhista que moveu contra a emissora. Além de pedir vínculo de emprego, a jornalista pediu no processo o ressarcimento das despesas e indenização por danos morais, já que passou por uma cirurgia por causa da doença, e nenhuma despesa foi paga pela TV Globo.
Com base em depoimentos de um editor da emissora, o TRT do Rio de Janeiro reconheceu a existência de vínculo empregatício, uma vez que a jornalista tinha de cumprir horário de trabalho e relação de subordinação com a Globo, características que comprovam o vínculo de trabalho, condenando a emissora a registrar Cláudia em carteira de trabalho por todo o período de contrato, entre maio de 1989 e março de 2001.
A Globo recorreu, mas o TST rejeitou a apelação, mantendo a decisão do tribunal fluminense.
No segundo parágrafo do PL 4330, consta que o vínculo empregatício se resume à empresa contratada, e não junto à contratante. "Não se configura vínculo empregatício entre a empresa contratante e os trabalhadores ou sócios das empresas prestadoras de serviços, qualquer que seja o seu ramo", diz o trecho.
Em outras palavras, se o PL 4330 existisse naquela época, a esposa de Eduardo Cunha não poderia ter entrado com a ação, pois a legislação vigente não permitiria que ela questionasse o vínculo com a emissora na Justiça.
Vale lembrar que, além da Câmara dos Deputados, a nova lei precisa ser aprovada também pelo Senado e sancionada pela presidente Dilma Rousseff (PT) para entrar em vigor.
Fonte: BOL
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Atos contra terceirização. Cadê a Globo?

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Por Altamiro Borges

Balanço parcial do dia nacional de luta contra a terceirização, realizado nesta quarta-feira (15), indica que esta mobilização só tende a crescer no país. Ocorreram paralisações parciais, passeatas e atos públicos em 23 Estados e no Distrito Federal. Várias categorias aderiram aos protestos, convocados pela CUT, CTB, NCST, Conlutas e Intersindical e com o apoio de inúmeros movimentos sociais – como o MST, o MTST e a UNE. A jornada de luta acabou repercutindo na Câmara Federal, que adiou a votação das emendas ao projeto de lei (PL-4330) que amplia a barbárie do trabalho terceirizado.  
A TV Globo, que investiu pesado na divulgação das marchas golpistas do domingo passado (12), não deu maior destaque à mobilização dos trabalhadores. O “Jornal Nacional” concedeu apenas quatro minutos e 26 segundos para o protesto e ainda manipulou a cobertura.

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Fonte: Blog do Miro
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As manifestações aconteceram ontem, nos 23 estados e no Distrito Federal.

Na cidade de São Paulo, segundo informação dos organizadores do evento, 40 mil pessoas  participaram do ato.

Uma luta para evitar o desmonte dos direitos trabalhistas, algo bem diferente dos delírios que foram as manifestações do último domingo.

No entanto, os delírios tem amplo apoio da velha mídia, que não apenas concede um espaço generoso aos delirantes , como faz ampla cobertura durante o cortejo demente, como fez Globo no último domingo.

Quanto a desinformação diária  e a manipulação grosseira que a velha mídia vem fazendo na tentativa de fragilizar o governo Dilma, leia, abaixo, os artigos de Luciano Martins Costa no OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA: 

Breviário do perfeito midiota

Por Luciano Martins Costa em 16/04/2015
  
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 16/4/2015

A base que os defensores do impeachment da presidente Dilma Rousseff chamam de “apoio popular” é formada por cidadãos de perfil extremamente conservador, propensos a acreditar em mitos urbanos e com baixo grau de cultura política. Sob orientação do filósofo Pablo Ortellado, da USP, e da socióloga Esther Solano, da Unifesp, dezenas de pesquisadores organizados pelo núcleo de debates Matilha Cultural, de São Paulo, entrevistaram 571 participantes da manifestação de domingo (12/4), em toda a extensão da Avenida Paulista. O resultado é estarrecedor. E esclarecedor.

Por exemplo, 71,30% acreditam que Fábio Luís Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente Lula, é sócio da gigante de alimentos Friboi; 64,10% acham que o Partido dos Trabalhadores pretende implantar uma ditadura comunista no Brasil; 70,90% entendem que a política de cotas nas universidades gera mais racismo; 53,20% juram que a facção criminosa PCC é um braço armado do Partido dos Trabalhadores; 60,40% acham que o programa bolsa-família “só financia preguiçoso”; 42,60% acreditam que o PT trouxe 50 mil haitianos para votar em Dilma Rousseff nas últimas eleições; 55,90% dizem que o Foro de São Paulo quer criar uma ditadura bolivariana no Brasil e 85,30% acham que os desvios da Petrobras são o maior caso de corrupção da história do Brasil.
A lista das perguntas permite traçar um perfil muito claro da matriz dos protestos, como preferências partidárias, confiança na imprensa, em partidos e entidades civis e, principalmente, adesão a teses improváveis que, no entanto, são muito populares nas redes sociais digitais. O resultado mostra, por exemplo, que a maioria (57,80%) confia pouco ou simplesmente não confia (20,80%) na imprensa. No entanto, o mais alto grau de credibilidade é dado à apresentadora do SBT Raquel Sheherazade, considerada entre os comentaristas políticos: 49,40% disseram “confiar muito” nela, seguindo-se o colunista Reinaldo Azevedo (39,60% dizem confiar muito nele).
A maioria (56,20%) declarou usar como principal fonte de informação política os sites da mídia tradicional (jornais, TVs, etc.), vindo em seguida o Facebook (47,30%). No campo da imprensa propriamente dita, o veículo em que os manifestantes declaram ter mais confiança é a revista Veja (51,80% confiam muito); entre os jornais, destaca-se O Estado de S. Paulo (40,20%).

Rejeição à política

Foram entrevistados apenas manifestantes com idades acima de 16 anos, ou seja, cidadãos aptos a votar. O perfil médio corresponde ao que foi identificado pelo Datafolha (ver aqui): na maioria (52,70%) homens, brancos (77,40%), com educação superior completa (68,50%), idade acima de 45 anos e classes de renda A e B. Apesar de uma tendência a afirmar que não confiam em políticos, a maioria declarou considerar, como lideranças mais confiáveis, pela ordem, o senador Aécio Neves, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o PSDB, o governador Geraldo Alckmin, vindo em seguida a ex-ministra Marina Silva e o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ); José Serra (PSDB-SP) perde para Ronaldo Caiado.
Nada menos do que 73,20% dizem não confiar nos partidos políticos em geral, contra apenas 1,10% que confiam muito e 25,20% que confiam pouco.
Os maiores índices de rejeição vão, evidentemente, para o PT (96% não confiam), seguindo-se o PMDB (81,80% não confiam). A presidente Dilma Rousseff (com 96,70%), seguida do ex-presidente Lula da Silva (95,30%) são os políticos em que os manifestantes menos confiam, seguidos pelo prefeito petista de São Paulo, Fernando Haddad (87,60%). O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conta também com alto grau de rejeição (73,40% não confiam nele).
Os números da pesquisa (ver aqui) permitem fazer uma análise bastante clara do recorte da população que saiu às ruas na última manifestação de protesto contra o governo federal. Os participantes são, majoritariamente, eleitores do PSDB, de uma extração específica da população paulista formada por indivíduos de renda mais alta, brancos, com baixa educação política a despeito da alta escolaridade, muito influenciados por jornalistas comprometidos com a agenda da oposição e propensos a acreditar em rematadas bobagens que proliferam nas redes sociais.
A “base popular” que o senador Aécio Neves apresenta como fonte de legitimidade para seu projeto de impeachment da presidente da República é a fração mais reacionária de seu próprio eleitorado, primor de analfabetismo político. A maioria se encaixa exatamente na definição do perfeito midiota.
Passarão?

Cuba, Irã e os midiotas

Por Luciano Martins Costa em 15/04/2015 
 
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 15/4/2015

A notícia mais importante da quarta-feira (15/4), em toda a imprensa mundial, é a oficialização da iniciativa do presidente americano, Barack Obama, de retirar Cuba da lista de países que apoiam o terrorismo. Trata-se de uma decisão corajosa e ao mesmo tempo pragmática, que, como registrou a revista Época na reportagem de capa que circula nesta semana, faz de Obama um personagem destacado da História contemporânea. Assim, o segundo mandato do atual presidente dos Estados Unidos vai se caracterizando como um período de distensão, o que inclui a perspectiva de uma reconciliação com o Irã.

A imprensa internacional de maior relevo acompanha essas iniciativas com a cautela de quem conhece o poder das forças conservadoras no Congresso americano. Ao mesmo tempo, boletins econômicos dirigidos a investidores começam a incluir um novo cenário geopolítico no qual a redução de algumas tensões regionais pode estimular a retomada do crescimento da economia neste lado do planeta, que se convenciona como ocidental. O capital vislumbra a chance de mais lucros com o fim do ciclo de confrontos que caracterizou a era Bush.
Por aqui, nas extensas terras consolidadas em 1750 pela diplomacia de D. João V de Portugal, a política segue no rumo contrário: com o patrocínio e o apoio da imprensa hegemônica, as forças partidárias que perderam a eleição presidencial de 2014 seguem tentando transformar manifestações de seus militantes em jurisprudência para romper as regras constitucionais. O coro dos golpistas repercute no Congresso Nacional, onde parlamentares oposicionistas ameaçam propor um processo de impeachment da presidente da República.
Como já se afirmou aqui (ver “A operação Datafolha”), não há como prever as consequências de tal aventura, principalmente se as propostas de ajuste econômico forem aprovadas sem tocar nos direitos trabalhistas. A cena que hoje é desfavorável à chefe do Executivo pode virar completamente, colocando nas ruas a militância que por enquanto apenas observa. O choque entre petistas e ativistas do partido Solidariedade, ocorrido no centro de São Paulo na terça-feira (14/4), é um sinal de advertência.

Teorias conspiratórias

Os jornais martelam quase diariamente a tese da interrupção do mandato presidencial, com base em argumentos produzidos pela própria imprensa. O mais recente nasce de uma entrevista concedida à Folha de S. Paulo por um ex-representante de uma empresa holandesa que admitiu ter pagado propina em seis países, inclusive o Brasil, para fazer negócios com petróleo. O informante diz que a Controladoria Geral da União atrasou o processo de denúncia para não prejudicar a campanha eleitoral de Dilma Rousseff.
A imprensa omite o fato de que o denunciante tentou chantagear a empresa onde trabalhava, cobrando US$ 3 milhões para não denunciar a política de subornos, e agora tenta obter esse dinheiro processando seus antigos empregadores.
Essa espiral se move conforme a seguinte lógica: um jornal entrevista alguém, que faz uma denúncia, que é tornada oficial pela declaração de um político interessado na questão, vira tema de editorial e artigos, e volta ao noticiário como verdade absoluta. Não se questiona a origem, ou seja, o fato de que o autor da denúncia lucra – eventualmente, um bom dinheiro –, com sua história.
A sucessão de factoides só vai terminar com o julgamento do processo no Supremo Tribunal Federal, o que pode levar três ou quatro anos. Enquanto isso, a imprensa trata de manter a presidente da República em posição defensiva, à custa da governabilidade. O objetivo mais ambicioso é interromper seu mandato por meio de uma manobra no Congresso, mas, se isso não funcionar, vale o efeito colateral de minar sua reputação e ampliar a rejeição de seu partido nas camadas médias da população.
O processo se fundamenta na desinformação: reportagem do jornal Valor Econômico publicada na segunda-feira (13/4), colhida nos protestos contra o governo (ver aqui, para assinantes e leitores cadastrados), revela como muitos manifestantes são movido por teorias de conspiração estapafúrdias.
Essas alucinações vicejam nas redes sociais, no rastro de postagens dos colunistas pitbulls que atuam regularmente na mídia tradicional e que espalham o vírus delirante da insanidade entre seus seguidores. Uma delas diz que um avião Hércules da Força Aérea Brasileira, fretado pelo Partido dos Trabalhadores, importou 300 venezuelanos com a missão de defender o governo contra o impeachment. Outra dessas teorias afirma que também estão sendo trazidos para o Brasil ativistas de Cuba e até do Haiti, que formariam um exército de militantes prontos para entrar em ação.
Também há aqueles que juram ter conhecimento de que os médicos cubanos trazidos pelo Ministério da Saúde são, na verdade, agentes secretos que aguardam uma ordem do governo para implantar no Brasil o comunismo bolivariano.
Os midiotas acreditam piamente nessas histórias, são manipulados pela imprensa e apresentados como a “base popular” pelos golpistas.

 

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