quinta-feira, 5 de março de 2015

Que falta faz um espelho

Volta do mata-mata já tem apoio da maioria dos clubes do Brasileirão, diz jornal




O Campeonato Brasileiro poderá voltar a ser disputado no sistema de mata-mata em breve. De acordo com apuração e levantamento feito pela reportagem do jornal Folha de S.Paulo, publicado nesta quinta-feira (5), o formato tem o apoio de 11 dos 20 participantes da Série A. O Brasileirão é disputado em pontos corridos desde 2003.


O formato atual, que premia o time que conquistar mais pontos ao final de 38 rodadas, tem o apoio de apenas cinco clubes. Outros quatro não têm opinião. Defendem os pontos corridos os dois maiores campeões dos últimos 12 anos, Cruzeiro e São Paulo (três títulos cada), além de Avaí, Atlético-PR e Internacional.
Apesar disso, os clubes que representam os outros seis títulos disputados entre 2003 e 2014 não apoiam mais os pontos corridos. O Flamengo é um dos que ainda não têm posição definida. Mas Corinthians e Fluminense, que foram campeões duas vezes cada, além do Santos, campeão em 2004, apoiam a volta do mata-mata.
Além deles, fecham apoio ao antigo sistema grandes clubes, como Palmeiras, Vasco, Atlético-MG e Grêmio. Chapecoense, Goiás, Joinville e Ponte Preta fecham o grupo que já forma maioria. Estão sem opinião, junto com o Flamengo, outros três clubes: Coritiba, Sport e Figueirense.
A CBF formou uma comissão para decidir sobre o formato do Brasileirão a partir de 2016. Para este ano, o campeonato ainda será disputado em pontos corridos, e já tem tabela divulgada para a competição com 38 rodadas.
O problema, segundo a Folha, é que ainda não há consenso sobre o formato de um mata-mata entre os clubes que apoiam seu retorno. Alguns defendem que, ao final de 38 rodadas, os dois primeiros colocados joguem uma final para decidir o título. Outros defendem que o G-4 seja decisivo, fazendo com que os quatro primeiros disputem semifinal e final em mata-mata.
Na Globo, emissora detentora dos direitos exclusivos de transmissão do Campeonato Brasileiro, também não há consenso. Oficialmente, o diretor de esportes da TV Globo, Marcelo Campos Pinto, diz que a emissora não tomará partido. “Nossa posição é a dos clubes, seja qual for. Mas não tenho a impressão de que há um movimento organizado para mudar. Não fui procurado sobre isso”, disse.
No entanto, a Folha apurou que há uma divisão no Grupo Globo. A TV Globo, emissora aberta, quer a volta do mata-mata em razão da perda de audiência do futebol nos últimos anos, marcados por títulos conquistados com rodadas de antecedência, como foi o bicampeonato do Cruzeiro, em 2013 e 2014, e o título do Fluminense, em 2012.
O SporTV, canal por assinatura, e o Premiere FC, emissora que transmite todos os jogos do campeonato em pay-per-view, pertencentes à Globosat, querem a manutenção dos pontos corridos por causa da quantidade de rodadas fixa que o formato atual tem, com 38 datas de maio a dezembro.
Por isso, o Grêmio apresentará projeto que inclui um mata-mata para definir apenas o campeão ao fim de 38 rodadas, sem alterar a classificação dos times para a Copa Libertadores e Copa Sul-Americana. Dessa maneira, o clube gaúcho visa agradar aos dois braços do Grupo Globo, TV aberta e fechada, além de garantir que não haveria perda de receita para os clubes com cortes de jogos disputados.
A CBF, por sua vez, busca manter uma posição de neutralidade, deixando aos clubes a decisão e um possível ônus político em uma possível má repercussão da volta do mata-mata junto à opinião pública.
A campanha pelo retorno do mata-mata deve ganhar um reforço nesta quinta-feira (5), quando os clubes da Série B farão a reunião de seu Conselho Técnico para definir a tabela do campeonato deste ano. O Botafogo integra a segunda divisão em 2015 e vai participar do encontro. Segundo a Folha, os 20 times da Série B devem participar do lobby pelo mata-mata.
Fonte: IG
__________________________________________________________


E voltou a lenga lenga. 

Todo início de temporada do futebol brasileiro é a mesma coisa, lá vem a imprensa esportiva, principalmente mas não a única, em defesa de mudança na forma de disputa do campeonato brasileiro.

A rádio globo é a  emissora que mais campanha faz pela mudança na forma de disputa, seguida pela rádio Tupi - empresas do Rio de Janeiro - curiosamente as emissoras de maior audiência em transmissões esportivas aqui na cidade maravilha mutante multifacetada.
Aí tem coisa. Será que as audiências das transmissões de futebol tem caído, no rádio e na TV ?
Não tenho dados a esse respeito, no entanto, tudo indica que as transmissões de futebol no rádio e na TV estejam em queda, e irei explicar , logo adiante, porque acredito que estejam caindo.

Semana passada um jogo de futebol transmitido pela TV globo, em uma quarta -feira, perdeu em audiência para o Programa do Gugu, na TV Record. Esse dado eu tenho.
Curiosamente, após a   derrota da TV Globo  na audiência para o programa do Gugu, o assunto entrou em discussão na  nossa alegre imprensa esportiva de nosso Brasil grande.
Teria sido apenas uma coincidência ?
Pode ser, coincidências dizem que existe e, de fato acontecem, sendo ou não coincidências.
Entendeu, caro leitor ?

Vamos então analisar a questão.
Existem muitos motivos para que a imprensa esportiva - principalmente Globo mesmo dizendo que "tanto faz, qualquer forma de disputa" - queira mudar a forma de disputa do campeonato brasileiro em pontos corridos, para o mata mata.

Temos  hoje no Brasil duas competições nacionais, o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil.

O primeiro é disputado em pontos corridos, com turno e returno,  o melhor time vence a competição, e os quatro últimos colocados caem para a série B.
É uma forma de disputa em que o melhor time do ano -o que melhor se preparou, o que tem a melhor estrutura, o melhor administrado, o melhor elenco - vence a competição. 
Essa forma de disputa não apresenta surpresas, vence sempre o melhor e caem os piores. Cabe ressaltar que o melhor significa o melhor daquele ano, que pode ser até mesmo rebaixado no ano seguinte, já que as administrações dos clubes oscilam muito, ainda, infelizmente.
É uma forma justa, consagrada no mundo inteiro , e utilizada em todos os países considerados como os de melhor organização das competições, como os casos da Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha, etc...
Aqui no Brasil a fórmula é boa, não deve ser extinta, no entanto deve-se considerar as especificidades do país, como por exemplo as dimensões continentais, o que não existe nos países europeus que tem seus campeonatos  considerados como modelos.
No entanto, realizar o campeonato brasileiro como nos moldes das competições esportivas dos EUA , priorizando a competição por regiões  - leste, oeste, sul, norte - e nas finais colocando frente a frente os vencedores das competições de cada região, não será viável no Brasil, dada a diferença , ainda acentuada, de nível técnico e financeiro entres as equipes do sul /sudeste, com as equipes do norte/nordeste/centro -oeste. Essa forma americana , logo, deve ser desconsiderada, no entanto, as dimensões territoriais do pais não desaparecem  e devem ser analisadas e inseridas em uma boa forma de disputa.
Assim sendo, para minimizar as distâncias e o desgaste com as longas e sucessivas viagens, o campeonato brasileiro deveria ter sua fórmula mantida - pontos corridos  com turno e returno - no entanto, com uma redução no número de participantes, dos 20 clubes atuais para apenas 16, caindo os dois  últimos colocados para a série B.
Com essa nova fórmula, não apenas a série A seria muita mais atrativa, competitiva e rentável, como a série B seria , também, um excelente produto, assim como a série C, todas disputadas simultaneamente - o que envolveria 48 clubes - na mesma forma e com dois times sempre subindo e caindo.
Cabe lembrar que essa nova fórmula de disputa do campeonato brasileiro abriria uma folga de 8 datas, algo em torno de 30 dias a mais para os clubes no calendário anual, o que poderia ser aproveitado na fase de preparação e até mesmo em excursões e pequenos torneios no exterior , com o objetivo de alavancar as marcas dos clubes em suas estratégias de marqueting.
Penso que com 16 clubes nas séries A, B, e C, disputadas em pontos corridos em turno e returno, teríamos três excelentes competições, pra lá de competitivas e pegadas, como o torcedor gosta.

Além disso, os campeonatos regionais deveriam passar por uma reformulação , limitando o número de datas para essas competições em 15. 
Isso significa que esses campeonatos poderiam ser jogados com 12 clubes, em um turno único , com todos jogando entre si, e os quatro primeiros colocados iriam para um mata mata e os dois últimos cairiam para segunda divisão de seus respectivos estados.
Com isso, os campeonatos que hoje tem 19 datas passariam a ter 15 datas, que somadas aos  8 datas conseguidas com a nova forma do Campeonato Brasileiro, daria uma economia de 12 datas ao ano, algo em torno de 40 dias.
Cabe lembrar que por ocasião das disputas de Copas do Mundo, os campeonatos por aqui param por 40 dias, e recomeçam em seguida, sempre com as declarações de dirigentes da CBF que os clubes devem fazer um sacrifício como muitos jogos seguidos, pois ano de Copa do Mundo é um ano atípico.
Como atípico se ele existe de quatro em quatro anos ?
Considere ainda que entre as Copas do Mundo existe a Copa América, que consome cerca de 30 dias, e que pelo que ouvi, este ano , mesmo com a competição continental não haverá interrupção das competições nacionais.
Considere ainda, que quando a seleção brasileira vence a Copa América ou a Copa do Mundo, fica automaticamente classificada para a Copa das Confederações, que acontece , também no intervalo das copas do mundo.
Isso significa , que as competições envolvendo a seleção brasileira, acontecem quase que anualmente - o que acontecerá se o Brasil vencer a Copa América deste ano, pois ano que vem teremos uma Copa América especial nos EUA, em em 2017 o Brasil, como vencedor da Copa América deste ano, jogaria a Copa das Confederações - logo os 40 dias obtidos com a reorganização do calendário nacional seriam normais, e não algo atípico.
Nesses 40 dias de interrupção os clubes poderiam aproveitar para excursões e torneios, ou mesmo investir na preparação dos atletas.
Interessante, e também cômico, que quando os dirigentes da CBF afirmam em alto em bom som que se trata de ano atípico, os profissionais da nossa alegre  imprensa esportiva, não só aprovam , como ainda mandam aquele famoso ' Muito bem !

Como disse lá no início temos duas competições nacionais, o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil.

Vamos agora focar a Copa do Brasil.
Disputada desde 1989, a Copa do Brasil tem o formato de disputa em mata mata, sem clubes caindo ou subindo para outra divisões.
A competição envolve clubes de todo  país, de todas as regiões e mesmo clubes que sequer figuram em uma das séries do campeonato brasileiro.
E é bom que seja assim, pois abre a possibilidade que um clube humilde, de menor investimento mas que esteja com um time organizado naquele ano, possa ir longe na competição, e até mesmo sagrar-se campeão, como foram os casos dos clubes Paulista, Santo André, Juventude que venceram a competição nacional, e muitos outros que chegaram  a um vice campeonato, como Brasiliense, por exemplo.
A Copa do Brasil segue o mesmo formato das Copas Européias que acontecem em paralelo com os campeonatos nacionais, como a Copa do Rei - Espanha - Copa da França, Copa da Inglaterra, etc...
Não vejo necessidade de mudança na forma de disputa.

Então vem a pergunta:
Por que a imprensa, principalmente, deseja mudar a forma de disputa do Campeonato Brasileiro, para mata mata , como na Copa do Brasil ?
O argumento de alguns jornalistas , é que o Campeonato Brasileiro acaba bem antes da última rodada, com clubes sagrando-se campeões com antecedência. Isso de fato acontece, no entanto, desde a implantação dos pontos corridos no Campeonato Brasileiro, em 2003, conquistas antecipadas aconteceram em mesmo número que conquistas na última rodada, ou seja , meio a meio. E mesmo as conquistas antecipadas, no máximo acontecem com três rodadas de antecedência, exceção a conquista do Cruzeiro em 2003, com uma folga maior.
Logo esse argumento não procede, no entanto, as modificações para uma disputa com 16 clubes fará com que  os clubes sejam um pouco mais parecidos tecnicamente, o que certamente impedirá que algum clube dispare com muita folga  na tabela da competição. 
Cabe ainda ressaltar que o Campeonato Brasileiro por pontos corridos tem outros atrativos, como a disputa por vagas na Copa Libertadores de América e a disputa nas últimas colocações para evitar a queda para a série B.

Então, caro leitor, o que atormenta a nossa alegre imprensa esportiva que tanto deseja mudar a forma da competição ?
Seria a queda nas audiências ?
Caso a questão passe pelas audiências de rádio e TV, cabe lembrar que existem motivos , evidentes e significativos, para que isso aconteça.
A derrota frustante da seleção brasileira na Copa do Mundo no ano passado, contribui, naturalmente, para um afastamento do futebol por parte de alguma parcela de admiradores do esporte. Isso é fato.
Também é fato que a crise econômica mundial, contribui para evasão dos melhores jogadores brasileiros para o exterior, fazendo com que os grandes astros brasileiros não desfilem seus talentos nos campeonatos nacionais, o que também contribui para um desinteresse quanto ao esporte.
Adicione-se a tudo isso a própria  imprensa esportiva e a exclusividade dos direitos de transmissão das partidas à apenas uma emissora de TV além dos horários esdrúxulos de partidas no meio de semana.

A exclusividade dos direitos de transmissão inibe  a ascensão de outras praças esportivas do país, com grande potencial de público e , considere ainda a padronização quase que robótica de locutores e comentaristas das empresas globo, o que naturalmente inibe a criatividade dos profissionais  e gera uma cansaço, por parte do público,  no padrão adotado.

O politicamente correto implantado por globo, hoje não permitiria locutores como Januário de Oliveira, José Cunha, Geraldo José de Almeida, o ainda atuante e encostado Sílvio Luís e mesmo comentaristas como João Saldanha, Gérson,e outros mais, que com seus estilos próprios e bem sucedidos fazem a diferença nas transmissões e comentários, sem serem vulgares ou grosseiros. Por outro lado, concordo que a irreverência e a crítica, aliados a estilos próprios de locutores e comentaristas de futebol em TV, não significa  necessariamente sucesso ou algo de bom gosto, tanto que Milton Neves existe e fala na TV.  No entanto, o politicamente correto e padronizado não é a solução. Aliar inteligência, humor  e conhecimento, realmente é algo para poucos.
Os profissionais do grupo globo sofrem censura interna, e até mesmo o gestual dos comentaristas, quando em evidência comentando uma partida,  deve ser o mesmo, ou seja padronizado,  e, assuntos como os horários dos jogos não podem ser abordados pelos comentaristas de globo, já que a empresa considera esse assunto da esfera comercial e não técnica. Até mesmo uma partida de futebol chata e sonolenta, não é admitida pelos comentaristas de globo, para não afastar o telespectador. Tudo pela audiência , ou seja, tudo pelos interesses comerciais.

Considere ainda, caro leitor, que a imprensa esportiva de uma maneira geral, rádio, TV e jornal, prioriza nos programas de suas grades os clubes de grandes torcidas - com o Flamengo e Vasco da Gama aqui no Rio Janeiro - com o intuito de manter seus índices de audiência, o que revela , sem disfarces, um jornalismo oba, oba.

Quanto as transmissões por TV, é urgente que se democratize o futebol, que se acabe com a exclusividade de uma só emissora, abrindo espaço para outras emissoras, como novas estéticas de transmissão  e novos profissionais. 
A irreverência inteligente, a crítica inteligente, foram banidas das transmissões esportivas, dando lugar a uma padronização limitante e medíocre, o que acarreta um distanciamento natural do público.

Como o caro leitor pode perceber, são muitas as razões para a queda nos índices de audiência das transmissões de futebol pelo rádio e pela TV, no entanto, a velha e cômica imprensa esportiva prefere olhar para o seu umbigo e da´uma de migué, jogando a culpa na queda de audiência na forma de disputa do campeonato brasileiro, quando deveria focar na melhoria da competitividade dos campeonatos, na saúde dos atletas, no fortalecimento da gestão dos clubes, e na democratização das transmissões esportivas por TV.

Por outro lado, as audiências dos blogues e portais chamados alternativos - que não trabalham olhando a cada minuto os números da audiência e priorizam a informação de qualidade - não param de crescer.











Nenhum comentário:

Postar um comentário