sexta-feira, 20 de março de 2015

Um acidente aeronáutico de grandes proporções

Só agora é divulgado vídeo de fevereiro em que o delator da Lava Jato, Paulo Roberto Costa, relata em detalhes como pagou R$ 10 milhões, pedidos pessoalmente pelo Presidente do PSDB, senador Sergio Guerra, para não ter a CPI da Petrobras em 2010. 'PSDB, doutor...' ,diz o delator com ironia, no vídeo.

Bomba: o depoimento do doleiro Yousseff sobre a propina recebida por Aécio Neves em Furnas, de 1996 a 2001. 
'Foi o próprio sr. José (José Janene, do PP) que me disse que dividia uma diretoria de Furnas com o então deputado Aécio Neves', diz o doleiro

Doleiro da Lava Jato afirma que Dilma Rousseff 'dividia' uma diretoria de Furnas com José Janene,do PP, drenando US$ 100 mil por mês para o seu bolso, durante cinco anos. 
Como seriam as investigações e manchetes da mídia isenta se isso tivesse ocorrido de fato? 
Pois ocorreu de fato em relação a Aécio. Ninguém investiga. 

Fonte: CARTA MAIOR
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Youssef e Aécio: o silêncio que grita da mídia brasileira
20 de março de 2015 | 10:48 Autor: Fernando Brito
youecio
A única ditadura que existe, mesmo, no Brasil, é a da mídia.

Estamos em tempo de ruas cheias, fervor cívico, indignação popular contra a corrupção, não é?

O que diz Alberto Youssef, o ladrão que virou oráculo da verdade é o bastante para demolir reputações, prender, quase para linchar alguns.

Alguns, mas não a outros.

Os grandes jornais fizeram silêncio quase absoluto diante do vídeo em que ele expõe a informação que Aécio dividia com o PP as “mesadas” de uma diretoria de Furnas.

Um ou outro, discretamente, fala num “ouviu dizer”, “suposto”, “alega” e outros melindres que jamais se fez em relação a qualquer outro.

Um vago “sabiam” em relação a Lula e Dilma deu capa da Veja na véspera das eleições.

O “Aécio levava US$ 100 mil por mês” dá notinhas evasivas.

E olhem que não é um “vazamento”, não é o trecho de um documento, mas um vídeo, com toda a sua carga chocante.

Mesmo interrogado por um promotor que, além de “trocar” diversas vezes no nome de José Janene por José Gen0íno – ah, o que vai na alma de nossos promotores! – não se preocupa em perguntar que diretoria, em que negócios, e outras informações objetivas, o vídeo é mais que notícia, seria manchete em qualquer país onde houvesse uma imprensa livre e independente.

Afinal, é um candidato presidencial, “dono” de 51 milhões de votos, que é diretamente acusado de receber propinas.

Vejam bem: não doações para a campanha eleitoral, mas “mesada”!

Mais, de uma empresa que tinha em seu Conselho de Administração ninguém menos que o pai de Aécio, Aécio Ferreira da Cunha, que ficou lá no Governo Fernando Henrique Cardoso e nos primeiros anos do governo Lula!

Isso não merece sequer investigação, não é, Dr. Janot?

Não precisa mais censor.

O seu direito de saber dos fatos, agora, está completamente vinculado a que seja da conveniência do cartel da mídia.

Ou de que você os procure em matérias pequenas, no meio do texto ou em referências esparsas.
Não se trata mais de “parcialidade”.

É silêncio.

Se alguém quer saber como é que uma ditadura encobre a corrupção, olhe para o que está acontecendo.

Fonte: TIJOLAÇO
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E os paneleiros chiques vão para as ruas de São Paulo, principalmente, para protestar contra a corrupção e a roubalheira no... governo do PT.

Raivosos, indignados, cheios de razões e verdades absolutas, desfilaram com diversas alas no domingo da indignação chique.
 
O caro leitor deve se lembrar, que nos dias que antecederam o movimento dominical cívico e civilizatório, o senador Aécio Neves estava agitadíssimo, proferindo uma variedade de declarações de indignação quanto a situação desesperadora para nação apontada, até então mas não explicitamente, pelos resultados preliminares da operação lava jato.

E agora Aécio, tem uma pedra no meio do caminho, perguntaria Drumonnd.

Além de propinas, o candidato derrotado a presidência da república que teve 50 milhões de votos na última eleição, recebia uma mesada robusta fruto de esquema de corrupção.

Seria a quantia usada para as brincadeiras de aviãozinho do candidato na bucólica cidade Cláudio, lá nas Minas Gerais?

Uma vergonha a mais para todos nós brasileiros, eleitores ou não de um candidato a presidência da república.

Enquanto isso, a velha e briosa mídia se cala.

A mesmo mídia que reverbera em escandalosos decibéis qualquer boato de corrupção sem fundamento desde que envolva o governo e o partido dos trabalhadores.

A mesma mídia que incita o ódio na população para protestar contra o governo.

A mesma mídia que defende ferozmente a liberdade de expressão no país.

A mesma mídia que quando ocorre uma perda significativa no seu front, como agora  acontece com a denúncia  contra Aécio, faz ampla campanha de incentivo ao programa do bobalhão Pedro Bial, com o intuito de desviar o foco e a atenção para as questões de relevância da sociedade.

A ditadura midiática e a aversão a democracia que existe nos proprietários dos veículos de comunicação, são uma  ameaça real e concreta para a jovem democracia brasileira.

Sem uma imprensa independente, a democracia , a liberdade de opinião e a verdade dos fatos  não podem florescer.

Mais uma vez, o que já vai se tornando um mantra, este blogue pede que a proposta de regulação e democratização dos meios de comunicação seja uma prioridade do governo e que seja um item constante dos combativos movimentos sociais que lutam pela verdade e pela democracia de  fato.

Veja o texto de Luciano Martins Costa, no OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA :

DISCURSO HOMOGÊNEO

O mito das redações independentes

Por Luciano Martins Costa em 20/03/2015 na edição 842

Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 20/3/2015
Uma das características mais representativas da imprensa brasileira na última década tem sido a homogeneidade dos pontos de vista que expõe claramente em seu conteúdo ou deixa implícitos na hierarquia de suas escolhas editoriais. A rigor, não há concorrência entre os grandes jornais de circulação nacional – e a liderança do Grupo Globo sobre as outras redes de televisão é aceita passivamente pelo setor, desde que sobrem fatias consistentes do bolo publicitário para todas elas.
Esse é um retrato básico do sistema da mídia, que serve para ilustrar como certas edições parecem ter sido planejadas numa única redação – e como expressões e mantras utilizados para defender determinados pontos de vista, criados por um colunista de um jornal, são imediatamente adotados por articulistas de outro jornal.
A homogeneidade do discurso, exercitada ao longo dos anos, faz com que as narrativas se tornem muito assemelhadas, e é isso que faz da imprensa brasileira uma força política considerável. Esse sistema precisa encontrar repercussão nas instituições e na sociedade – condição indispensável para manter seu valor percebido –, mas também necessita ser alimentado por verbas publicitárias para custear seu funcionamento.
A influência da mídia tradicional nas instituições vem sendo demonstrada há muito tempo e se reflete na manutenção de um estado permanente de crise no campo da política e de um viés sempre pessimista quanto à situação econômica do país. Sua influência direta sobre a sociedade, porém, foi colocada em dúvida no final do ano passado, quando a imprensa perdeu a eleição presidencial.
Por isso, as manifestações do domingo (15/3) precisam ser capitalizadas ao extremo pelos editores: elas consolidam o apoio de grande parcela das classes médias urbanas ao projeto de poder que move a imprensa.
O noticiário intenso sobre supostas consequências dos protestos, como uma improvável reforma ministerial, torna mais denso o protagonismo daqueles que foram às ruas tentar inverter o resultado da eleição de 2014. A pesquisa oportunista do Datafolha sobre a queda na aprovação da presidente da República (ver aqui), apresentada sem referência ao contexto que definiu as opiniões, tem esse propósito.

O discurso em cima do muro

Essa oportunidade de consolidar sua influência sobre parte da sociedade explica o grande interesse da mídia em fazer barulho em torno de um relatório não oficial sobre a política de comunicação do governo federal e, de certa forma, ajuda a entender o estremecimento causado pela demissão do executivo que durante doze anos comandou a área de comunicação da Petrobras.
As grandes empresas de mídia temem que a demissão do gerente da estatal, Wilson Santarosa, e uma possível substituição do chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Thomas Traumann, venham a produzir uma redução nos gastos com publicidade do Executivo e da Petrobras. Então, temos o cenário estranho no qual a imprensa agride continuamente o governo enquanto os responsáveis pela comunicação oficial, tanto no Planalto quanto na Petrobras, despejam rios de dinheiro em anúncios de duvidosa eficiência na mídia tradicional e patrocinam comédias de alto custo e baixa qualidade no principal grupo de comunicação do país.
Enquanto isso, o interessante projeto dos coletivos de cultura e a proposta de fortalecer as iniciativas de mídia regional e comunitária ficam às moscas.
Na sexta-feira (20/3), curiosamente, há uma ruptura na homogeneidade das escolhas editoriais dos principais diários. O Estado de S.Paulo e a Folha de S.Paulo noticiam que a presidente Dilma Rousseff não vai fazer uma reforma ministerial, enquanto o Globo aposta na manchete: “Pressionada, Dilma fará mudanças no Ministério”. Essa suposta divergência, porém, não esconde o propósito das duas abordagens diferentes, que é provocar uma mudança na composição e na orientação do governo.
O projeto de poder apoiado pela mídia tradicional foi derrotado nas urnas, mas seus operadores não consideram que a eleição acabou. A imprensa brasileira não é uma instituição democrática e tampouco atua como um contrapoder dedicado a questionar o Estado, como defendem alguns. O sistema da mídia poderia ser esse contrapoder democrático, mas se comporta como uma instância na disputa direta do poder, que utiliza o jornalismo como instrumento de pressão.
O mito das “redações independentes” é apenas uma justificativa moral para discursos proferidos de cima do muro.
 

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