terça-feira, 10 de março de 2015

Irracionalidades espontâneas

Como se organiza um panelaço de coxinha

Qualquer semelhança com as vitimas da Doença Infantil do Transportismo …
Saiu na BBC Brasil:

#SALASOCIAL: ‘ORGANIZADORES’ DO PANELAÇO CONTAM COMO MOVIMENTO FOI CONVOCADO



O panelaço que estampou capas dos principais jornais brasileiros nesta segunda-feira não foi uma reação espontânea às palavras ditas por Dilma Rousseff em seu discurso no Dia Internacional da Mulher, mas sim uma resposta à convocação feita pela internet, segundo líderes de grupos que atuam nas redes sociais.

Registrado em diversas cidades, o barulho foi articulado na semana anterior por pelo menos três grupos: Revoltados Online, Vem pra Rua e Movimento Brasil Livre. Por meio de montagens fotográficas com imagens de Dilma e Lula no Facebook, os grupos convidavam a população para o bate panela, independente do que a presidente dissesse em seu pronunciamento oficial.

“Independente do que fosse dito ela tomaria o panelaço”, completa Marcello Reis, líder do Revoltados Online, movimento que reivindica a autoria da mobilização digital. “É importante frisar que a iniciativa partiu da gente.”

“(O panelaço) Teve comunicação prévia, sim”, confirmou à BBC Brasil Kim Kataguri, porta-voz do Brasil Livre. “Depois se espalhou de maneira espontânea.”

Os mesmos grupos estão entre os principais articuladores dos protestos marcados para o próximo 15 de março a favor do impeachment de Dilma.

“A gente queria preparar um esquenta para as manifestações da semana”, explica Reis.

O “esquenta” continua: desde o episódio, as páginas conclamam seus seguidores a enviarem fotos interagindo com a imagem da presidente em seu pronunciamento. A maior parte das imagens compartilhadas pela página mostra gestos obcenos.

“Não orientamos ninguém a fazer essa coisa do dedo”, diz Reis, do Revoltados Online. “Compartilhei a imagem de um médico amigo meu fazendo o gesto e as pessoas começaram a repetir.”


Resultados

Em seu primeiro pronunciamento em rede nacional desde o início do segundo mandato, Dilma Rousseff pediu paciência aos brasileiros e atribuiu os problemas enfrentados pelo país ao que definiu como crise internacional.

“Estamos na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande depressão em 1929″, disse a presidente.

Em sua fala, Dilma afirmou que “não havia como prever que a crise internacional duraria tanto”. Durante o discurso de 15 minutos, destacou “a coincidência de estarmos enfrentando a maior seca da nossa história, no Sudeste e no Nordeste” e fez breve menção às investigações da operação Lava Jato.

“A mão da Justiça vem se fortalecendo”, disse. “É isso, por exemplo, que vem acontecendo na apuração ampla, livre e rigorosa nos episódios lamentáveis contra a Petrobras.”

Em meio a críticas ao discurso ─ classificado por muitos como “desconectado da realidade” ─, o panelaço simultâneo trouxe visibilidade aos protestos marcados para o dia 15 em pelo menos 34 cidades ─ de Natal, no Rio Grande do Norte, a Blumenau, em Santa Catarina.

Nas últimas 24 horas, segundo a ferramenta Topsy, o termo “panelaço” apareceu 44 mil vezes no Twitter. A palavra impeachment, por sua vez, foi compartilhada 14 mil vezes no mesmo período.

As hashtags mais associadas a “panelaço” foram #foracardozo (referência ao ministro da Justiça José Eduardo Cardozo), #vaiadilma e #foradilma.

Além do Brasil ─ que concentrou 89% das menções ─, o panelaço foi compartilhado nos Estados Unidos, em países europeus e na Austrália. 66% das publicações foram compartilhadas por homens.
Fonte: CONVERSA AFIADA
_______________________________________________________

MÍDIA & POLÍTICA

Imprensa, massa e poder

Por Luciano Martins Costa em 10/03/2015 na edição 841
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 10/3/215
 Os jornais de terça-feira (10/3) procuram marcar a reação de moradores de algumas cidades do Sul e do Sudeste à aparição da presidente Dilma Rousseff na televisão, na noite de domingo (9/3), como um divisor de águas no embate político que convulsiona as instituições da República. Numa curiosa unanimidade, como se os três principais diários de circulação nacional fossem editados numa mesma sala, o evento é apresentado como o ponto de inflexão a partir do qual se institucionaliza um novo momento no longo processo de desgaste promovido pela imprensa.


As edições dos jornais seguem uma linha proposta pelos principais noticiosos da TV na noite anterior, quando o protesto foi tratado como uma reação espontânea de parte da população ao conteúdo do discurso presidencial, principalmente ao fato de a presidente da República ter pedido “paciência” pelas medidas econômicas que estão sendo adotadas.Acontece que o barulho nas janelas eclodiu antes que ela começasse a falar, ou seja, as pessoas que se manifestaram nem ficaram conhecendo o teor do discurso.
Mas não se pode dizer que a imprensa brasileira é incoerente. O que explica essa aparente contradição é a linha adotada agora por todos os jornais e vocalizada por alguns representantes da oposição: trata-se de promover o desgaste contínuo da imagem da presidente, impedindo que governe – mas com o cuidado de evitar que o governo fique paralisado.
Até mesmo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi alistado entre os porta-vozes dedicados a manter a pressão sob controle. Em discurso e entrevista, ele afirma que os atores políticos vão tomar a frente do movimento que eclodiu nas redes sociais, estimulado pela mídia.
Em suma, o que dizem os diários nas entrelinhas é que a oposição viu no bater de panelas e nos xingamentos uma oportunidade de liderar o protesto nas cidades e nas classes sociais onde a presidente teve menos votos, para transformar esse descontentamento regional e classista em um movimento de caráter nacional.
Essa é a possibilidade que os conselheiros de comunicação da presidente da República não viram, quando recomendaram que ela fosse à TV pedir a compreensão da sociedade para as medidas de correção na economia.Os assessores da presidente ainda acham que esse embate se dá no campo da razão.
O impulso de destruição
O que está em curso é uma velha lição ditada em 1960 pelo ensaísta Elias Canetti: a boa condução do rebanho consiste em mantê-lo em marcha na direção e velocidade desejadas, sem permitir que iniciativas individuais retardem ou atrapalhem a caminhada.
As vaias e o barulho das panelas indicam que o núcleo dos descontentes está maduro para sair de casa e engrossar a manifestação marcada para o dia 15/3, mas os líderes da oposição e a imprensa estão de olho naquilo que Canetti chamou de “descarga” e “impulso de destruição”.
O que unificou os cidadãos de renda elevada, na noite de domingo, foi a imagem da presidente Dilma Rousseff na televisão, não seu discurso. O que os jornais tentam fazer, dois dias depois, é uma racionalização da descarga de irracionalidade – processo que unifica os componentes dessa massa que são, por sua natureza, extremamente individualistas. Analisar os pontos do discurso, como fazem alguns jornalistas, é parte do processo de legitimação do que vem em seguida: o impulso de destruição.
A oposição busca o poder político, a imprensa busca o poder econômico por meio da política.Para fazer funcionar sua estratégia de conquistar o que não obtiveram nas urnas, a oposição e a imprensa precisam que a pressão social alcance todas as regiões do país, ou pelo menos a maioria das capitais. Mas não podem permitir que o movimento saia de controle, ou seja, é preciso criar as condições para a eclosão da descarga, mas estabelecer a priori um limite para a ação.
Por quê? Simplesmente porque a massa não pode ser controlada no impulso de destruição.
Para obter um consenso mínimo, a aliança liderada pela imprensa precisa cooptar a classe média emergente nos bairros que não aderiram ao protesto – ou garantir que as maiorias permaneçam silenciosas. Não é por outra razão que os jornais tratam de avalizar algumas lideranças de movimentos que, até a véspera, só existiam no ambiente virtual das redes digitais – entre eles um menino de 19 anos que mal consegue articular duas frases com sentido completo.
O principal entre os muitos erros do governo nesse embate é considerar que a razão pode predominar no ambiente comunicacional envenenado e radicalizado pelas grandes corporações de mídia.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
______________________________________________
E a velha mídia, ontem, rapidamente, disse que o panelaço foi uma manifestação espontânea.

E foram muitos os colunistas e especialistas, de rádios, jornais e TV's, que repetiram, " de forma espontânea", que o panelaço foi uma manifestação espontânea.


É muita espontaneidade , tanto na sociedade bovina como na imprensa "independente".


Diante da radicalização das espontaneidades, fica difícil, como bem disse Luciano em seu artigo acima, qualquer comunicação racional, fria , analítica, como foi a fala da presidenta no último domingo.


A espontaneidade irracional domina a cena política no momento, e os desdobramentos todos nós já tivemos conhecimento com os episódios periféricos das manifestações de junho de 2013.


Periféricos inicialmente quando uma multidão, aí sim de forma espontânea ,foi às ruas manifestar pacificamente contra algo que ainda não sabe corretamente ainda hoje, porém os tumultos aconteciam nas periferias das manifestações ou quando do término das passeatas, ou mesmo acelerando o término.


Em poucos dias a violência tomou conta das ruas, e o que era periferia dos protestos se transformou em centro, com uma redução significativa dos manifestantes já que a imensa maioria não embarcou no clima de quebra -quebra e confronto com a polícia.


Em algumas cidades, com foco nas autoridades locais, esse tipo de protesto violento perdurou por meses, causando muitos transtornos para a população.


E eis que agora, setores das oposições e da velha mídia, imbuídos e mergulhados em uma mar de irracionalidade onde predominam sentimentos inferiores como o ódio e a violência, incitam  através de um noticiário manipulado e desonesto uma parcela da população ávida por irracionalidades espontâneas, com o objetivo de auferir vantagens políticas com um possível desgaste do governo federal.

Todo esse processo espontâneo de irracionalidades, ainda tem seu epicentro na quarta derrota consecutiva que as oposições sofreram nas eleições para a presidência da república, aproveitando o fato de que a quarta derrota foi a eleição em que as oposições estiveram bem perto de uma tão sonhada e desejada vitória, já que a diferença entre a candidata vencedora e o candidato perdedor foi pequena.


E , pelo fato da diferença ter sido pequena em favor da presidenta Dilma, as oposições e a velha mídia ensandecidas deram início a uma campanha violenta, fazendo crer em bovinidades irracionais que pelo fato da vitória ter sido apertada - algo normal em democracias maduras e racionais - justifica-se todo tipo de confronto com o governo democraticamente eleito, como se a pequena diferença em favor de Dilma não representasse legitimidade para que o governo implementasse a agenda vitoriosa nas urnas, e até mesmo não pudesse governar e, ainda em uma situação extrema, tivesse que ser impedido e destituído do cargo.


Essa síndrome da irracionalidade adquirida pela bovinidade espontânea, não se sustenta por cinco segundos em um debate racional e equilibrado,no entanto, todo e qualquer debate civilizado tem sido interditado propositalmente e irracionalmente pela velha mídia , que em assim agindo, cria o caldo irracional para as manifestações , como o panelaço e outras já agendadas, com todo tipo de insegurança para a maioria  da população e  ainda colocando em risco o próprio processo democrático.


Ao agir da forma como vem agindo, velha mídia e oposições revelam que ainda não digeriram a quarta derrota consecutiva para o PT e em suas irracionalidades espontâneas desejam incendiar o país.


Nenhum comentário:

Postar um comentário