Agora é rua: o golpismo aquece as caçarolas para fritar o governo Dilma; não reagir é sancionar uma regressão que contaminará toda AL; sexta-feira, 13, na rua em defesa da democracia, da Petrobras e do desenvolvimento com justiça social.
De sua varanda gourmet, de caçarola Le Creuset em punho, Aloysio Nunes 'Trezentinha' Ferreira, discípulo do chef Paul Pretô proclama: 'Eu não quero o impeachment, eu quero ver a Dilma sangrar'
Fonte: CARTA MAIOR
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terça-feira, 10 de março de 2015
Com os adversários as disputas se dão por ocasião das eleições, nas urnas.
Já com os inimigos, principalmente aqueles que querem impedir o avanço do processo democrático até mesmo incitando golpes de estado, a disputa se dá nas ruas, de preferência, de forma contundente e exemplar.
No mais, Dilma bem que poderia seguir alguns exemplos de seus conterrâneos, Juscelino e Itamar.
Certa ocasião , pressionado por manifestações irrealistas, Juscelino convidou as lideranças dos movimentos de protesto para uma reunião no Palácio do Catete.
Outro presidente, também mineiro, Itamar Franco fez algo parecido. Certa ocasião o então senador Antônio Carlos Magalhães, conhecido pela elaboração de dossiês fajutas sobre casos de corrupção como forma de intimidar governantes e adversários, avisou ao presidente Itamar que estava de posse de um dossiê e que iria entregá-lo ao presidente. Esses atos sempre aconteciam quase que em sigilo, no entanto , Itamar convocou toda a imprensa para o momento de entrega do dossiê, com as respectivas declarações de Antônio Carlos Magalhães diante de um batalhão de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas. A surpresa que ACM teve foi inesquecível, assim como seu constrangimento.
Dilma bem que poderia fazer algo semelhante com os "líderes" das manifestações contra o governo e ainda com transmissão em cadeia nacional e ao vivo para todo o país.
De sua varanda gourmet, de caçarola Le Creuset em punho, Aloysio Nunes 'Trezentinha' Ferreira, discípulo do chef Paul Pretô proclama: 'Eu não quero o impeachment, eu quero ver a Dilma sangrar'
Fonte: CARTA MAIOR
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terça-feira, 10 de março de 2015
Panelaço acirra a disputa política
Por Renato Rovai, em seu blog:
Estudo realizado pela Interagentes analisou a repercussão do pronunciamento de Dilma Rousseff e os protestos da oposição no Twitter. Enquanto a presidenta discursava em cadeia nacional na noite deste domingo (8), o panelaço foi o assunto que dominou a rede social.
O levantamento mapeou cerca de 55 mil perfis que citaram Dilma durante o dia, sendo que o maior volume de mensagens se deu entre 21h e 22h, quando o nome da presidenta foi citado 78.793 vezes.
“O panelaço viralizou rapidamente e a rede passou a refletir o barulho das ruas”, diz o estudo. “Embora campanhas circulassem convocando o ‘vaiaço’ tanto no Twitter, quanto no Facebook, foi a reação ao que se via nas ruas que tomou a rede, no instante em que começava o pronunciamento.”
Houve uma ação articulada contra Dilma, que alavancou durante o dia as hahstags #vaiadilma, #dilmavaiada, #vamosvaiardilmanatv e #panelaço.
A Interagentes identificou os dois maiores grupos (clusters) de opositores ao governo que mais contribuíram para a mobilização na rede social. Eles são responsáveis por 58% das citações. Os perfis desses grupos aproveitaram o pronunciamento para pedir impeachment e divulgar a manifestação do dia 15 de março.
Figuras públicas da oposição bem conhecidas entre os tuiteiros tiveram uma atuação bem presente ontem. Estão nesses dois grupos o cantor Lobão, o senador por Goiás Ronaldo Caiado (DEM), o apresentador Danilo Gentili e o colunista d’O Globo, Ricardo Noblat.
Por outro lado, houve uma reação à oposição, o que mostra que a disputa se acirrou nas redes. Formou-se um terceiro grupo de apoio à presidenta. Neste grupo estão mensagens de pessoas que se indignaram com o machismo proferido contra Dilma, em pleno Dia Internacional da Mulher. A hashtag mais utilizada foi #dilmadamulher.
Também constam nesse grupo de perfis, postagens que criticaram a forma de protesto que se deu nos bairros de classe média da capital paulista. “Quem grita Fora Dilma sabe quem pôr no lugar? Se soubesse da lista sucessória, batia só panela”, tuitou o jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva.
O levantamento mapeou cerca de 55 mil perfis que citaram Dilma durante o dia, sendo que o maior volume de mensagens se deu entre 21h e 22h, quando o nome da presidenta foi citado 78.793 vezes.
“O panelaço viralizou rapidamente e a rede passou a refletir o barulho das ruas”, diz o estudo. “Embora campanhas circulassem convocando o ‘vaiaço’ tanto no Twitter, quanto no Facebook, foi a reação ao que se via nas ruas que tomou a rede, no instante em que começava o pronunciamento.”
Houve uma ação articulada contra Dilma, que alavancou durante o dia as hahstags #vaiadilma, #dilmavaiada, #vamosvaiardilmanatv e #panelaço.
A Interagentes identificou os dois maiores grupos (clusters) de opositores ao governo que mais contribuíram para a mobilização na rede social. Eles são responsáveis por 58% das citações. Os perfis desses grupos aproveitaram o pronunciamento para pedir impeachment e divulgar a manifestação do dia 15 de março.
Figuras públicas da oposição bem conhecidas entre os tuiteiros tiveram uma atuação bem presente ontem. Estão nesses dois grupos o cantor Lobão, o senador por Goiás Ronaldo Caiado (DEM), o apresentador Danilo Gentili e o colunista d’O Globo, Ricardo Noblat.
Por outro lado, houve uma reação à oposição, o que mostra que a disputa se acirrou nas redes. Formou-se um terceiro grupo de apoio à presidenta. Neste grupo estão mensagens de pessoas que se indignaram com o machismo proferido contra Dilma, em pleno Dia Internacional da Mulher. A hashtag mais utilizada foi #dilmadamulher.
Também constam nesse grupo de perfis, postagens que criticaram a forma de protesto que se deu nos bairros de classe média da capital paulista. “Quem grita Fora Dilma sabe quem pôr no lugar? Se soubesse da lista sucessória, batia só panela”, tuitou o jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva.
Fonte: Blog do Miro
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Claro que, embora não seja oficial, a página DPF-Operações Táticas no Facebook é mantida por integrantes da Polícia Federal.
Nas barbas de Cardozo, grupos da PF abrigam a truculência coxinha
10 de março de 2015 | 12:32 Autor: Fernando Brito
Claro que, embora não seja oficial, a página DPF-Operações Táticas no Facebook é mantida por integrantes da Polícia Federal.
Lá, está sendo divulgado o vídeo de um cidadão truculento de nome Pláucio Pucci, convocando para a marcha dos paneleiros, no dia 15,
Pláucio Pucci é protagonista de clara incitação à violência, em outro vídeo no qual convoca lutadores de MMA, marombeiros de academia e outros microcéfalos para “grudar no chão” quem atrapalhar o evento.
Pucci é um “must” do coxismo, pela quantidade de palavrões e bravatas que solta nos seus vídeos.
Não sei, porém, se é o mesmo Pláucio Pucci, emigrado da mesma cidade de Franca que teve “habeas corpus” negado pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
Na ocasião, a Ministra Laurita Vaz considerou que “a prisão preventiva está devidamente fundamentada em elementos concretos que indicam a sua necessidade, especialmente na garantia da ordem pública. É de se considerar, sobretudo, a existência de indícios de que o acusado participava da associação voltada para o tráfico e drogas e que a traficância continuava a ser exercida com regularidade”.
Embora o cidadão tenha registrado em seu twitter que a Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes de Franca “só faz caca” e o investigava por associação ao tráfico.
Este ou algum outro Pláucio Pucci têm direito à presunção de inocência e, enquanto seu habeas corpus era julgado, passeava de Ferrari em Modena, na Itália, como você pode ver no Youtube.
Mas não deve ser ele, não é?
Porque os agentes da Polícia Federal, tão inteligentes como são e absolutamente isentos de paixão política não iam embarcar nesta, não é?
Eles e o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo são muito espertos, jamais iam cair numa história esquisita como a que contei aqui.
Ah, o vídeo-convocação de marombeiros e assemelhados está aí abaixo. Cuidado com os perdigotos.
Fonte: TIJOLAÇO
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Dois aspectos devem ser considerados para análise do patético panelaço de domingo passado:
o analfabetismo político da grande maioria dos paneleiros e o trabalho orquestrado para gerar um factóide.
No VIOMUNDO, hoje, Azenha tem um ótimo texto sobre os analfabetos políticos, ou midiotizados, como também são chamados. Leia o texto ao final desta postagem.
Esse grupo tem sido conduzido pela velha mídia e por setores das oposições para gerar um clima de confronto no país.
Basicamente são eleitores do PSDB, de classe média alta e vivendo em grandes centros urbanos.
É provável que a maioria não saiba , exatamente, as razões pelas quais protestam.
O segundo aspecto diz respeito ao trabalho orquestrado, e aí entram , como principais atores, a velha mídia e as oposições.
Na semana passada, o caro leitor sabe, o país viveu um grande expectativa por ocasião da apresentação da lista de políticos envolvidos na operação lava jato da Polícia Federal.
Ao tomar conhecimento da lista, a velha mídia e oposições perderam grande parte de suas narrativas apresentadas até então. Isso se deu na sexta-feira passada.
Os políticos citados na lista, em sua maioria, são de partidos que orbitam o Poder e sempre fazem coligações com o governo, independente do partido no governo.
Ou seja, uma máquina que existe há décadas e que impõe regras para a governabilidade.
A ansiedade das oposições por nomes do governo, até mesmo da Presidenta Dilma ou do ex-presidente Lula, se transformou em uma enorme frustração, tendo em vista o noticiário deste ano empenhado em criminalizar a presidenta Dilma, o ex-presidente Lula e políticos do PT.
Isso é fato, os jornais e revistas impressas e os noticiários de TV estão aí para quem quiser as provas.
Da frustração que eliminou grande parte da narrativa midiática - ansiosa por movimentos contrários ao governo até mesmo com viés golpista - veio um movimento de se tentar manter aquilo que se desejava , ou seja, um clima de confronto , de protestos e de discussões - infundadas - sobre impeachment.
Foi o tal do patético panelaço, que para ganhar adesões necessitava de uma parcela de adeptos - em sua maioria analfabetos políticos - de oposição ao governo e ainda contaminados com o noticiário deste ano que caminhava para confronto com o governo, mas que se viu frustrado e descadeirado diante da lista de Janot.
O panelaço foi orquestrado por setores de oposição e pela velha mídia e, teve por objetivo criar um fato político para inflar as manifestações contra o governo, marcadas com grande antecedência para o dia 15 de março, domingo próximo.
Tanto é assim, que os instrumentos da orquestra trabalham em sintonia, a ponto da TV globo, ontem,no primeiro capítulo da novela sete vidas, apresentar cenas de protestos e manifestações políticas com direito a todo tipo de violência.
O caro leitor deve estar se perguntando se tudo isso, de forma tão sincronizada , seria apenas uma coincidência.
Somente os analfabetos políticos achariam que se trata de uma simples coincidência.
Hoje, nos grandes jornais da velha mídia se percebe , por parte das manchetes e de textos dos colunistas, em sua maioria, um grande apoio ao panelaço de domingo assim como um apoio explícito as manifestações contra o governo marcadas para domingo.
No globo, Merval diz que o panelaço não foi patético, em um patético comentário.
Na Folha de SP, também conhecida como Folha da Granja, destalhes minuciosos sobre a organização da manifestação de domingo são apresentados, com direito a especulações sobre um retorno em grande escala das manifestações de junho de 2013.
No globo, Leitão,escreve que Dilma irritou a população ao pedir compreensão e paciência, para o ano difícil que o país terá que enfrentar na economia, assim como aconteceu com Lula em 2203.
Cabe lembrar, caro leitor, que irritados estão as oposições, e os colunistas da velha mídia, não pelo discurso de Dilma que foi direto e objetivo mas sim pela ausências de narrativas golpistas oriundas da divulgação da lista de políticos da operação lava jato.
Quanto as oposições , o senador por São Paulo, Aloísio Nunes, declarou que quer ver Dilma sangrar, ou seja, quer um clima de confronto onde os analfabetos políticos serão sempre chamados para cumprir patéticos papéis.
Ainda no globo, o reacionário cartunista Chico Caruso, em charge diz que o Brasil "madureceu" rápido, em uma parábola com o presidente Maduro da Venezuela, tentando, dessa forma, fazer crer que Brasil vive um clima de guerra de classes, dividido, onde os confrontos proliferam.
De comum em todas as declarações da velha mídia e de políticos das oposições, percebe-se claramente um clima de raiva, ódio e incitação ao confronto, sem nenhum resquício de uma análise equilibrada sobre a situação política, econômica e climática do país.
São textos e declarações que apelam ao emocional de uma parcela da população totalmente analfabeta quanto a polícia , economia e questões climáticas.
Por outro lado, e sempre existe um outro lado, as esquerdas através de partidos políticos e movimentos sociais que de alguma forma apóiam o governo, também tem uma manifestação marcada com antecedência para o dia 13 de março, sexta-feira próxima.
Diferentemente dos analfabetos políticos, a manifestação do dia 13 tem objetivos bem definidos, como a defesa da Petrobras, defesa da Engenharia Nacional, e defesa do regime democrático, além de pautas recorrentes como uma ampla reforma política , uma profunda reforma dos meios de comunicação e o desenvolvimento com justiça social.
Não há ódio como fio condutor dessa manifestação e nem dissonâncias quanto a compreensão da realidade por parte dos manifestantes,que por outro lado, conhecem muito bem seus adversários e seus inimigos.
Com os adversários as disputas se dão por ocasião das eleições, nas urnas.
Já com os inimigos, principalmente aqueles que querem impedir o avanço do processo democrático até mesmo incitando golpes de estado, a disputa se dá nas ruas, de preferência, de forma contundente e exemplar.
No mais, Dilma bem que poderia seguir alguns exemplos de seus conterrâneos, Juscelino e Itamar.
Certa ocasião , pressionado por manifestações irrealistas, Juscelino convidou as lideranças dos movimentos de protesto para uma reunião no Palácio do Catete.
Inicialmente, fez uma análise profunda sobre a situação do país para os manifestantes, que ouviram atentos. Em seguida, levantou-se e disse para um dos manifestantes para se sentar na cadeira do presidente e que então propusesse as soluções adequadas para o país. Naquela momento , Juscelino tinha acabado com os protestos.
Outro presidente, também mineiro, Itamar Franco fez algo parecido. Certa ocasião o então senador Antônio Carlos Magalhães, conhecido pela elaboração de dossiês fajutas sobre casos de corrupção como forma de intimidar governantes e adversários, avisou ao presidente Itamar que estava de posse de um dossiê e que iria entregá-lo ao presidente. Esses atos sempre aconteciam quase que em sigilo, no entanto , Itamar convocou toda a imprensa para o momento de entrega do dossiê, com as respectivas declarações de Antônio Carlos Magalhães diante de um batalhão de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas. A surpresa que ACM teve foi inesquecível, assim como seu constrangimento.
Dilma bem que poderia fazer algo semelhante com os "líderes" das manifestações contra o governo e ainda com transmissão em cadeia nacional e ao vivo para todo o país.
O panelaço e o analfabetismo político
Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:
Nunca a classe média militou tanto politicamente quanto em tempos recentes. Nas eleições de 2014, atuou diuturnamente nas redes sociais e, mesmo sem ser convocada, saiu voluntariamente por aí com reproduções da Veja para buscar votos.
Tudo isso deve ser saudado como um passo positivo. O processo de criação de novas lideranças é prolongado e atuar em defesa de seus interesses de classe é não só legítimo, como pode servir de escola.
Porém, as eleições acabaram. Não está previsto um terceiro turno. E a classe média, agora, quer ganhar no grito. Literalmente.
Ela confunde o desabafo apaixonado do torcedor que grita gol de seu clube na sacada com o “fazer política” através de panelas e buzinas. É o barulho que cala o adversário e impede o diálogo. “Vaca”, “vadia” e “filha da puta” fazem parte do repertório de quem, no grito, quer negar ao outro o direito de se expressar.
A classe média, neste sentido, consegue ser ainda pior que o Jornal Nacional, que também cerceia a liberdade de expressão alheia, enquanto privilegia os seus - mas pelo menos o faz de maneira politicamente correta.
Existe um cordão umbilical entre ambos. Há quase 50 anos o JN, com suas mentiras, distorções, omissões e meias verdades, é o principal instrumento para moldar o analfabetismo político no Brasil.
Os governos do PT, como sabemos, quase nada fizeram para mudar isso. José Dirceu, lembrem-se, foi aquele ministro que acreditou que a Globo “era nossa”.
A classe média não quer saber de criar sindicatos, partidos, associações de moradores e movimentos sociais, nos quais um integrante pode tudo, menos ganhar no grito.
Até mesmo na reunião de condomínio é preciso argumentar, perder uma, ganhar outra e seguir a vida, do jeitinho que é na Política com pê maiúsculo.
Porém, os analfabetos políticos não conseguem alcançar intelectualmente a ideia de que conviver com o diferente está no cerne de qualquer democracia. Perder faz parte do jogo.
O GAFE - Globo, Abril, Folha e Estadão - faz o trabalho inverso daquelas máquinas de diálise e cada vez mais envenena o sangue dos desvairados.
O veneno é potencializado pelo organismo do analfabeto político. Lembrem-se, ele é um ser a-histórico, alimentado por doses diárias de informação descontextualizada.
Justamente por isso, vicejam neste ambiente as teorias conspiratórias mais desconexas. A acreditar nelas, o filho do Lula é dono de uma fazenda cuja sede é a Escola de Agronomia Luís de Queiroz (ESALQ), de Piracicaba. Tropas estrangeiras, vindas da Venezuela, já teriam invadido o Brasil com o objetivo de apoiar um golpe de esquerda de um governo cujo ministro da Fazenda é Joaquim Levy. Os médicos cubanos, devidamente infiltrados, estariam apenas esperando um sinal de Dilma para espalhar o vírus vermelho da comunização.
Estes absurdos não parecem absurdos a uma parcela considerável dos analfabetos políticos. Eles acreditam em tudo o que de alguma forma se encaixa em seus preconceitos.
Nesta manhã um colega narrou a seguinte experiência. Ele estava em casa quando ouviu a gritaria e o panelaço vindos, especialmente, de um prédio luxuoso, cujo condomínio custa 5 mil reais mensais. Saiu de casa e manifestou sua opinião contrária. Recolheu-se e foi dormir. Ao acordar, os vidros da porta principal de seu prédio estavam quase todos destruídos.
Este é o nível ao qual chegou o ódio irracional, capaz de fazer muito mais danos à democracia quando se espalha feito fogo pelas redes sociais. Marx talvez nunca tenha imaginado que chegaríamos a tal ponto: a guerra de classes instantânea.
No twitter, chamou minha atenção a mensagem de um internauta dizendo que a classe média brasileira tem sorte de não morar na Venezuela, onde falar mal do governo leva à cadeia. Eu o corrigi. Não é verdade. Pelo menos não enquanto Nicolas Maduro conseguir contemporizar com os militares à esquerda, que podem dar, sim, um golpe preventivo, caso a decisão de Obama de considerar Caracas uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos resulte no isolamento da Venezuela.
Lá, o maior legado de Hugo Chávez foi ter politizado como nunca a população do país. Tendo vivido uma guerra cruenta de Independência, ao contrário de nosso arranjo à brasileira nas margens do Ipiranga, os venezuelanos tem uma relação com a História muito diferente da dos brasileiros. O problema, lá, é que a elite militar que sobreviveu à guerra de extermínio dos espanhóis estabeleceu uma tutela sobre o poder civil, que ainda se manifesta nos dias de hoje.
Nosso problema, pelo menos o mais evidente, é que a famosa “modernização conservadora” nos impõe um pacto muito parecido com o de Punto Fijo, através do qual as elites venezuelanas fizeram um arranjo pelo qual se sucederiam no poder. Tal pacto, lá como aqui, é incompatível com a democracia. Lá, foi detonado por Hugo Chávez. Aqui, persiste, agora em crise profunda.
Se o PT não mexeu nos fundamentos dele, por outro lado ameaça ganhar outra eleição em 2018, impondo aos tucanos uma secura de 20 anos!
Em junho de 2013, a explosão difusa nas ruas chegou a ameaçar o nosso pacto. O analfabetismo político ficou explícito na incapacidade dos atores daquele movimento de tirar um saldo das manifestações de rua. A reação conservadora não tardou, na forma da criminalização dos protestos. Avança, com um Congresso mais conservador que o anterior, liderado por gente como Renan Calheiros e Eduardo Cunha.
Mas, a tensão continua no ar. A verdadeira elite, não a dos batedores de caçarola, parece dividida: “Ruim com Dilma, pior sem Dilma?” ou “Podemos dispensar a Dilma, fatiar a Petrobras e viver de rendas”.
Hoje, duas conhecidas - uma votou na Dilma e a outra em Aécio - falavam sobre seu desconsolo com a situação do Brasil. Reclamaram do preço do dólar, do possível desemprego, do petrolão e da inflação. Concordei com tudo. Acrescentei minhas próprias críticas ao aparente isolamento de Dilma, à sua inépcia política, ao discurso distante no Dia Internacional das Mulheres, ao ministério medíocre, às medidas econômicas que primeiro punem os trabalhadores.
Não disse, mas deveria ter dito, que se o Brasil tivesse uma Constituição como a da Venezuela, que prevê o recall, Dilma poderia ser submetida a um referendo na metade do mandato, cumpridas as exigências de assinaturas, etc. Chávez enfrentou um e venceu por 60% a 40%.
Ainda que tão desgostoso quanto elas com o quadro atual, propus um exercício.
“Ok, vamos derrubar a Dilma. Mas, o que virá em seguida? Temer? Cunha? Novas eleições? Intervenção militar? É possível consertar a economia com passes de mágica? Não seria melhor esperar por novas eleições, já que Dilma acaba de ser reeleita?”
Ambas me pareceram confusas depois de todas as minhas perguntas. É como se tivessem escolhido Dilma para desabafar, o que pode ser positivo do ponto-de-vista psicanalítico, mas não é recomendável quando estamos falando do futuro do Brasil.
Fiz as perguntas só para provocar. Fui embora intrigado: como pessoas inteligentes e bem informadas podem se deixar cegar por sua própria inconsequência política? Como é possível dar um passo de tal envergadura, como contribuir com o impeachment de um presidente, sem sequer avaliar as consequências que tal passo terá amanhã?
Tenho comigo que é o poder do ódio provocando uma epidemia de cegueira, equivalente àquela que o Saramago inventou.
Nunca a classe média militou tanto politicamente quanto em tempos recentes. Nas eleições de 2014, atuou diuturnamente nas redes sociais e, mesmo sem ser convocada, saiu voluntariamente por aí com reproduções da Veja para buscar votos.
Tudo isso deve ser saudado como um passo positivo. O processo de criação de novas lideranças é prolongado e atuar em defesa de seus interesses de classe é não só legítimo, como pode servir de escola.
Porém, as eleições acabaram. Não está previsto um terceiro turno. E a classe média, agora, quer ganhar no grito. Literalmente.
Ela confunde o desabafo apaixonado do torcedor que grita gol de seu clube na sacada com o “fazer política” através de panelas e buzinas. É o barulho que cala o adversário e impede o diálogo. “Vaca”, “vadia” e “filha da puta” fazem parte do repertório de quem, no grito, quer negar ao outro o direito de se expressar.
A classe média, neste sentido, consegue ser ainda pior que o Jornal Nacional, que também cerceia a liberdade de expressão alheia, enquanto privilegia os seus - mas pelo menos o faz de maneira politicamente correta.
Existe um cordão umbilical entre ambos. Há quase 50 anos o JN, com suas mentiras, distorções, omissões e meias verdades, é o principal instrumento para moldar o analfabetismo político no Brasil.
Os governos do PT, como sabemos, quase nada fizeram para mudar isso. José Dirceu, lembrem-se, foi aquele ministro que acreditou que a Globo “era nossa”.
A classe média não quer saber de criar sindicatos, partidos, associações de moradores e movimentos sociais, nos quais um integrante pode tudo, menos ganhar no grito.
Até mesmo na reunião de condomínio é preciso argumentar, perder uma, ganhar outra e seguir a vida, do jeitinho que é na Política com pê maiúsculo.
Porém, os analfabetos políticos não conseguem alcançar intelectualmente a ideia de que conviver com o diferente está no cerne de qualquer democracia. Perder faz parte do jogo.
O GAFE - Globo, Abril, Folha e Estadão - faz o trabalho inverso daquelas máquinas de diálise e cada vez mais envenena o sangue dos desvairados.
O veneno é potencializado pelo organismo do analfabeto político. Lembrem-se, ele é um ser a-histórico, alimentado por doses diárias de informação descontextualizada.
Justamente por isso, vicejam neste ambiente as teorias conspiratórias mais desconexas. A acreditar nelas, o filho do Lula é dono de uma fazenda cuja sede é a Escola de Agronomia Luís de Queiroz (ESALQ), de Piracicaba. Tropas estrangeiras, vindas da Venezuela, já teriam invadido o Brasil com o objetivo de apoiar um golpe de esquerda de um governo cujo ministro da Fazenda é Joaquim Levy. Os médicos cubanos, devidamente infiltrados, estariam apenas esperando um sinal de Dilma para espalhar o vírus vermelho da comunização.
Estes absurdos não parecem absurdos a uma parcela considerável dos analfabetos políticos. Eles acreditam em tudo o que de alguma forma se encaixa em seus preconceitos.
Nesta manhã um colega narrou a seguinte experiência. Ele estava em casa quando ouviu a gritaria e o panelaço vindos, especialmente, de um prédio luxuoso, cujo condomínio custa 5 mil reais mensais. Saiu de casa e manifestou sua opinião contrária. Recolheu-se e foi dormir. Ao acordar, os vidros da porta principal de seu prédio estavam quase todos destruídos.
Este é o nível ao qual chegou o ódio irracional, capaz de fazer muito mais danos à democracia quando se espalha feito fogo pelas redes sociais. Marx talvez nunca tenha imaginado que chegaríamos a tal ponto: a guerra de classes instantânea.
No twitter, chamou minha atenção a mensagem de um internauta dizendo que a classe média brasileira tem sorte de não morar na Venezuela, onde falar mal do governo leva à cadeia. Eu o corrigi. Não é verdade. Pelo menos não enquanto Nicolas Maduro conseguir contemporizar com os militares à esquerda, que podem dar, sim, um golpe preventivo, caso a decisão de Obama de considerar Caracas uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos resulte no isolamento da Venezuela.
Lá, o maior legado de Hugo Chávez foi ter politizado como nunca a população do país. Tendo vivido uma guerra cruenta de Independência, ao contrário de nosso arranjo à brasileira nas margens do Ipiranga, os venezuelanos tem uma relação com a História muito diferente da dos brasileiros. O problema, lá, é que a elite militar que sobreviveu à guerra de extermínio dos espanhóis estabeleceu uma tutela sobre o poder civil, que ainda se manifesta nos dias de hoje.
Nosso problema, pelo menos o mais evidente, é que a famosa “modernização conservadora” nos impõe um pacto muito parecido com o de Punto Fijo, através do qual as elites venezuelanas fizeram um arranjo pelo qual se sucederiam no poder. Tal pacto, lá como aqui, é incompatível com a democracia. Lá, foi detonado por Hugo Chávez. Aqui, persiste, agora em crise profunda.
Se o PT não mexeu nos fundamentos dele, por outro lado ameaça ganhar outra eleição em 2018, impondo aos tucanos uma secura de 20 anos!
Em junho de 2013, a explosão difusa nas ruas chegou a ameaçar o nosso pacto. O analfabetismo político ficou explícito na incapacidade dos atores daquele movimento de tirar um saldo das manifestações de rua. A reação conservadora não tardou, na forma da criminalização dos protestos. Avança, com um Congresso mais conservador que o anterior, liderado por gente como Renan Calheiros e Eduardo Cunha.
Mas, a tensão continua no ar. A verdadeira elite, não a dos batedores de caçarola, parece dividida: “Ruim com Dilma, pior sem Dilma?” ou “Podemos dispensar a Dilma, fatiar a Petrobras e viver de rendas”.
Hoje, duas conhecidas - uma votou na Dilma e a outra em Aécio - falavam sobre seu desconsolo com a situação do Brasil. Reclamaram do preço do dólar, do possível desemprego, do petrolão e da inflação. Concordei com tudo. Acrescentei minhas próprias críticas ao aparente isolamento de Dilma, à sua inépcia política, ao discurso distante no Dia Internacional das Mulheres, ao ministério medíocre, às medidas econômicas que primeiro punem os trabalhadores.
Não disse, mas deveria ter dito, que se o Brasil tivesse uma Constituição como a da Venezuela, que prevê o recall, Dilma poderia ser submetida a um referendo na metade do mandato, cumpridas as exigências de assinaturas, etc. Chávez enfrentou um e venceu por 60% a 40%.
Ainda que tão desgostoso quanto elas com o quadro atual, propus um exercício.
“Ok, vamos derrubar a Dilma. Mas, o que virá em seguida? Temer? Cunha? Novas eleições? Intervenção militar? É possível consertar a economia com passes de mágica? Não seria melhor esperar por novas eleições, já que Dilma acaba de ser reeleita?”
Ambas me pareceram confusas depois de todas as minhas perguntas. É como se tivessem escolhido Dilma para desabafar, o que pode ser positivo do ponto-de-vista psicanalítico, mas não é recomendável quando estamos falando do futuro do Brasil.
Fiz as perguntas só para provocar. Fui embora intrigado: como pessoas inteligentes e bem informadas podem se deixar cegar por sua própria inconsequência política? Como é possível dar um passo de tal envergadura, como contribuir com o impeachment de um presidente, sem sequer avaliar as consequências que tal passo terá amanhã?
Tenho comigo que é o poder do ódio provocando uma epidemia de cegueira, equivalente àquela que o Saramago inventou.
Fonte: Blog do Miro
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