terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Geraldo, um produto midiático

Dois perfis, duas crises

Por Luciano Martins Costa em 03/02/2015 na edição 836
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 3/2/2015
O governo de Geraldo Alckmin venceu a crise de abastecimento de água no campo da comunicação. O governo de Dilma Rousseff perdeu em todas as crises que encara desde a posse em seu primeiro mandato, e corre o risco de enfrentar um processo de impeachment alimentado pela imprensa.
Geraldo Alckmin fala bastante, mas nada diz. Dilma Rousseff não fala, e quando fala não diz.

Se fosse possível fazer uma análise sucinta, com a técnica mais comum de media trainingusada para preparar executivos antes de entrevistas, essa seria uma avaliação aceitável do desempenho das duas autoridades. No entanto, é preciso colocar em perspectiva uma diferença básica entre os dois: Geraldo Alckmin conta com a complacência subserviente da imprensa, enquanto Dilma Rousseff representa para a mídia tradicional o mal a ser extirpado.
Se a situação fosse invertida, os jornais estariam publicando o seguinte: Geraldo Alckmin assumiu pela primeira vez em 2001, com a morte de Mário Covas; quase imediatamente, iniciou uma série de mudanças com o claro objetivo de tirar o governo das manchetes. Covas havia iniciado uma corajosa reforma na educação, comandada pela então secretária Rose Neubauer; também tocava um projeto ambicioso no combate à corrupção policial e enfrentava uma série de rebeliões nos presídios.
Em poucos meses no cargo, Alckmin abortou o projeto de educação, pondo no lugar da educadora Neubauer o cientista social Gabriel Chalita, que trocou o programa de Covas por uma proposta chamada “pedagogia do amor”.
O problema dos presídios foi resolvido de maneira peculiar: um tiroteio no qual apenas uma das partes estava armada eliminou todos os líderes de facções, com exceção do chamado Primeiro Comando da Capital – o PCC.
Alckmin terminou o mandato de Covas, foi reeleito em 2002; voltou ao governo em 2010 e foi reconduzido ao cargo em 2014. A educação pública não melhorou, a segurança pública acumula índices preocupantes e ele enfrenta a mais grave crise de abastecimento de água de todos os tempos, com evidências de que não tomou as medidas suficientes para evitar o problema, mesmo com estudos disponíveis desde os tempos em que era vice-governador.
O sistema de transporte metropolitano, investigado por corrupção, está dez anos atrasado.
Administrando manchetes
Se tratasse Alckmin com o mesmo rigor que aplica a Dilma Rousseff, a imprensa diria que ele não chegou a governar. Sua principal característica pessoal é a expressão impassível, a habilidade de manter uma “cara de paisagem” indecifrável em qualquer circunstância.
Como homem público, demonstra possuir um enorme cabedal de frases simples, superficiais, respondendo a qualquer questão com modestas platitudes que têm o poder de aplainar qualquer assunto ao chão das banalidades.
Dilma Rousseff assumiu o primeiro mandato em 2011, com o cacife que lhe proporcionou o apoio do ex-presidente Lula da Silva. Seu grande patrimônio era a imagem de boa gerente no pacote de obras de infraestrutura que vinha sendo tocado pelo governo federal; seu passivo era o escândalo conhecido como “mensalão”, sintoma de fadiga de material do sistema de alianças que sustenta o poder Executivo desde a Constituinte de 1988.
Uma sucessão de indicadores negativos, amplificados por manchetes catastrofistas, foi minando progressivamente sua capacidade de governar; o aprofundamento do escândalo da Petrobras coloca diante dela o risco real de um processo de impeachment. Ainda que não prospere a manobra iniciada por uma empreiteira, com claro apoio dos jornais, ela corre o risco de passar os quatro anos de seu segundo mandato se defendendo de acusações da imprensa.
A derrota que acaba de sofrer na eleição do presidente da Câmara do Deputados significa que terá que dispender ainda mais esforço para manter a base parlamentar suficiente para aprovar o essencial à governabilidade.
Dilma Rousseff passou quase um mês sem falar com a imprensa e sem se dirigir diretamente à sociedade. Geraldo Alckmin fala quase diariamente, repetindo frases de efeito.
Dilma é massacrada, Alckmin passa incólume pela crise. A corrupção do âmbito federal é manchete diária; a corrupção no sistema de trens metropolitanos de São Paulo é tema, quando muito, de notas de rodapé.
Qual é a diferença entre eles?
A principal delas é que o governador de São Paulo tem o apoio da imprensa e sabe disso: fala qualquer coisa e o repórter vai embora.A presidente da República se ilude com a esperança de que algum dia a imprensa vai tratá-la com algum respeito, evita o contato com jornalistas e desperdiça seu tempo administrando manchete de jornal.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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A candidatura à presidência de Alckmin em 

2018 vai naufragar na falta de água e nas 

mentiras

Ele
Ele

“Brasil pra frente, Geraldo presidente!”
Esse grito foi lançado assim que Geraldo Alckmin terminou seu discurso de posse em janeiro. Esse plano corre um risco enorme diante do caos da falta de água em São Paulo e do Alckmin que emergiu disso: um mitômano na melhor tradição malufiana e um gestor medíocre.
O apelido “Picolé de Chuchu” serviu para um propósito. Se a imagem de Serra é a do Velho do Rio Hades e a de Aécio a do Menino do Rio, Alckmin transmitia uma certa sensação de que, apesar da falta completa de carisma, era um sujeito confiável e até competente.
Um médico do interior do estado, com cara de honesto, cumpridor de suas obrigações. A vitória acachapante no segundo turno lhe deu condições de disputar novamente a presidência em 2018.
Essa perspectiva fica seriamente abalada com a condução criminosa da crise hídrica. Todo o mundo pode, sim, ser enganado o tempo todo, mas até para isso há um limite. O limite é quando as pessoas não conseguem nem cozinhar o jantar.
Alertado em 2004 para a insuficiência do Sistema Cantareira, Alckmin respondeu com a inoperância e, quando cobrado, com a mentira. Na campanha de 2014, repetiu sistematicamente que:
. “Não haverá racionamento em São Paulo.”
. “Nós estamos preparados para a seca.”
. “Não falta água em São Paulo, não vai faltar água em São Paulo.”
. “O abastecimento está garantido na região metropolitana”.
. “A crise hídrica está com os dias contados”.
Agora tem culpado o clima — e mesmo nesse particular ele é falso. “Esta é a maior seca em 84 anos”, declarou no fim do ano passado. No programa Canal Livre, da Band, há duas semanas achou melhor dilatar o tempo: “Nós estamos enfrentando a maior seca dos últimos 125 anos”.
Uma coisa é não cumprir uma promessa na educação, por exemplo, cujo efeito será sentido de maneira diluída. Outra é ser irresponsável com um serviço essencial para a sobrevivência.
O site da revista The Atlantic tem uma boa matéria sobre como a nevasca de 1888 construiu o gestor americano moderno. A neve caiu sobre a costa leste das metrópoles, destruindo a infra-estrutura e paralisando o comércio. “A devastação deixou os eleitores convencidos de que as cidades funcionariam somente se os governantes tiverem um papel maior e mais pró-ativo”, diz o texto.
Foi um cataclisma. “A maioria dos moradores foram pegos despreparados. As cidades do século 19 eram monumentos ao domínio do homem sobre a natureza. (…) As tempestades são agora a régua pela qual se avalia a habilidade dos políticos em operar a maquinaria complicada da administração.”
A maquinaria da administração. Por mais inofensivo que possa parecer aquele tiozinho no Palácio dos Bandeirantes, por mais que ele representasse para muita gente o Bem contra o Mal Supremo, o cidadão quer votar em alguém que, no mínimo, não acabe com seu banho ou com seu café.
Quando o eleito não garante nem isso e ainda engana a multidão de maneira compulsiva, é preciso pôr em prática a Lei dos Teletubbies: é hora de dar tchau. O projeto de Geraldinho para a presidência em 2018 está sendo imolado diariamente no altar da Sabesp.

Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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Sem água, escolas estaduais

dispensam alunos mais cedo


Uma escola chegou a pedir a alunos para controlarem as idas ao banheiro.


Sugestão da amiga navegante Juliana


Conversa Afiada reproduz matéria do Jornal Agora:

SEM ÁGUA, ESCOLAS ESTADUAIS DISPENSAM ALUNOS MAIS CEDO










Isabela Palhares e Felipe Amorim
do Agora

Escolas estaduais da zona norte de São Paulo tiveram problemas com a falta de água ontem, no primeiro dia de aula.


Duas dispensaram alunos mais cedo porque as torneiras estavam secas.

Outras duas enfrentaram falta de água, mas não liberaram estudantes.

Uma chegou a pedir a alunos para controlarem as idas ao banheiro.

Em meio à crise hídrica do Estado, a zona norte é a região da capital mais afetada pela redução de pressão nos canos.

A Sabesp diz que faz isso para economizar.

Na escola Carlos Frederico Werneck Lacerda, em Pirituba, funcionários informaram que os alunos foram dispensados às 9h40 (quase três horas mais cedo), após o primeiro intervalo, por causa da falta de água.

O bairro estaria sem água desde anteontem.

As caixas da escola estavam secas pelo menos até o início da noite, dizem funcionários.

Resposta

A Secretaria de Estado da Educação informou que as direções das escolas que liberaram os alunos mais cedo serão cobradas e terão que repor as aulas perdidas.

Sobre orientações dadas a alunos sobre economia de água (como levar garrafa de casa), a secretaria disse que recomendações partiram dos professores.

A Sabesp informou que está reavaliando o período de redução de pressão em determinados pontos, já que alguns locais não conseguem receber água a tempo de encher as caixas.

A companhia disse que enviaria hoje equipe para escolas onde detectou problemas para verificar a situação e, se necessário, faria o envio de caminhões-pipa.

Sobre a escola de Pirituba, a Sabesp informou que não teria tempo de se manifestar, pois foi procurada às 20h50 de ontem. 


Fonte: CONVERSA AFIADA
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Geraldo é um fenômeno.


Ao longo desses anos a frente do governo do estado de São Paulo, conseguiu afundar a educação pública, a saúde pública, a segurança pública e o transporte coletivo de massa.

Não tendo mais nada para afundar, acabou com a água da população.

Mesmo assim, é diariamente incensado pela velha mídia
como "um grande e competente administrador"
.

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