quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Comunicação e Linguagem

CRISE HÍDRICA

Quem sai no retrato

Por Luciano Martins Costa em 22/01/2015 na edição 834
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 22/1/2015


Os jornais de quinta-feira (22/1) refletem uma circunstância corriqueira na relação da imprensa com o poder político e reproduzem o estado de guerra que domina o ambiente midiático. As manchetes e outros títulos de destaque nas primeiras páginas procuram exacerbar as dificuldades da economia nacional, ao mesmo tempo em que tentam colocar o problema de abastecimento de água em São Paulo na conta das mudanças climáticas.
O conjunto de notícias e opiniões que os diários apresentam como a síntese do período induz o leitor a acreditar que o Brasil é um comboio em direção ao abismo, e que o condutor, o ministro da Fazenda Joaquim Levy, está tomando as providências para reduzir a velocidade e desviá-lo de volta para o trilho do desenvolvimento. A presidente da República, responsável pela estratégia que o ministro deve administrar, é citada quase exclusivamente no meio de declarações sobre o escândalo da Petrobras.
Há espaço, ainda, para a fotografia do presidente reeleito da Bolívia, Evo Morales, envergando a bata tradicional na cerimônia indígena que antecede sua posse. Com exceção do Estado de S. Paulo, os jornais expõem na primeira página a imagem de Morales junto a xamãs nativos, acompanhada de textos que mal dissimulam o preconceito. No Globo, o título do conjunto é: “Dom Evo I”. Na Folha de S.Paulo, o título chega próximo da zombaria: “Pelos poderes de Evo”, diz o jornal paulista.
A imprensa não suporta essa coisa de indígena fora de reservas, ocupando palácio de governo e resolvendo problemas centenários de seus países.
Como se vê, há uma série de elementos a serem observados nas escolhas dos editores. Um dos aspectos mais interessantes é o posicionamento que a imprensa faz dos principais protagonistas da cena pública.
Evo Morales, que vai para seu terceiro mandato com um histórico de êxitos na recuperação da economia e da autoestima dos bolivianos, é retratado como uma aberração excêntrica, numa América Latina cuja elite se imagina europeia. A presidente do Brasil vira personagem secundária na crônica do poder. Por outro lado, o governador de São Paulo, responsável direto pela crise que ameaça o bem-estar de milhões de cidadãos, é retirado de cena quando deveria estar respondendo perguntas incômodas, porém cruciais.
Racionamento de fato
Se a imprensa aprova as medidas anunciadas pelo governo federal, o destaque vai para o ministro da Fazenda. Se a imprensa se vê na contingência de reconhecer o descalabro na gestão dos recursos hídricos e no sistema de distribuição de energia em território paulista, o foco vai para auxiliares do segundo ou terceiro escalão. O governador Geraldo Alckmin aparece apenas para criticar a empresa responsável pela gestão da energia, AES Eletropaulo, numa clara manobra para criar um novo foco de atenção e desviar do Palácio dos Bandeirantes o olhar crítico do público.
O isolamento da presidente Dilma Rousseff no noticiário sobre medidas econômicas (que a imprensa apoia) vem acompanhado de comentários que amplificam supostas reações de dirigentes de seu partido às medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda. Assim, o leitor é induzido a pensar que Joaquim Levy conduz a economia à revelia da presidente e contra a orientação do partido que a reconduziu ao poder.
No caso paulista, quem vai para a frente da batalha comunicacional é o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, que em artigo na Folha de S.Paulo tenta convencer o cidadão de que não há racionamento de água, mas pode vir a acontecer. Aproveita para reconhecer que a principal causa da crise hídrica é a fartura de vazamentos na tubulação. São 64 mil quilômetros de tubos enterrados sob o asfalto da região metropolitana, uma extensão correspondente a uma volta e meia em torno do planeta.
O presidente da Sabesp só não explica por que seu chefe, o governador Geraldo Alckmin, não exigiu que a empresa corrigisse essa deficiência desde a primeira vez que ocupou o Palácio dos Bandeirantes, em 2001. E a Folha de S.Paulo esquece que publicou no dia 12 de outubro de 2003, um domingo (ver aqui), uma reportagem na qual alertava para o fato de que, se nada fosse feito para reduzir as perdas, a região metropolitana só teria água até o ano de 2010.
Nada foi feito. Tudo que sai dos mananciais do sistema Cantareira se perde nos vazamentos. A Sabesp raciona a água, a imprensa faz o racionamento dos fatos.

Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA

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Fatos, notícias , comunicação e  linguagem.

Tudo acontece de acordo com os interesses dos veículos da velha mídia , independente da verdade ou da relevância dos fatos.


Um trabalho diário, constante, de manipulação da realidade, ora por omissão, ora por distorção.


E ainda , longos textos em matérias impressas ou faladas que pouco acrescentam, inconclusivos que  induzem o leitor /ouvinte às conclusões desejadas.


O coisa alguma passa a ser a notícia , e a notícia de fato nem nas entrelinhas aparece.


Imagina-se um significado que o leitor ou ouvinte deve compreender como notícia, e, a partir daí, se constrói uma narrativa , repleta de vazios e preconceitos.


A respeito desse tema, e também da comunicação e da linguagem de uma maneira geral,   O PAPIRO sugere a leitura do texto abaixo, da série Diários de Botequim - Comunicação. Atenção !  Atenção !  Atenção ! - publicado por este  blogue em 24 de outubro de 2012.

Diários de Botequim - 3 

 

Comunicação.    Atenção! Atenção ! Atenção !




Era apenas mais um dia, somente um dia.

Uma tarde noite de sexta-feira, não diferente de outras tantas naquele lugar, com aquelas pessoas.

No bar referência lá estavam Miltão, Ciro, Cardoso, Jadir, Nelsinho e Eu.

Início de verão, calor e muta gente pelas ruas em um clima típico de Rio de Janeiro.

Embalados pela energia típica daquela hora do dia discutíamos, ou pensávamos que discutíamos, de tudo, sobre tudo, até mesmo sobre o impossível silêncio para um momento daqueles.

Foi quando, de repente, mas como de costume, Miltão disparou contra Nelsinho:

- você tem uma tremenda dificuldade de entender o que as pessoas falam. Isso irrita. Só faz pergunta idiota

Ciro, tentando aliviar o pobre Nelsinho, que apenas ria, acabou entregando ainda mais o rapaz:

- esse cara é um terror, disse Ciro sobre Nelsinho. Continuou.
Semana passada a gente encostou em duas meninas aqui no bar e puxamos uma conversa.
Quando o papo começou a engrenar, Nelsinho deu um tremendo corte em uma delas.
A menina disse que a capital da Turquia era Istambul e ele, querendo aparecer, acabou fazendo merda.
Corrigiu a garota em cima do lance, fazendo com que ela ficasse sem graça e com isso inibiu a conversa e esfriou o clima

- isso é uma anta, disse Jadir.

Ciro continuou.
Mas o pior aconteceu ontem. Mais uma vez fomos naquele baile lá da Tijuca. De repente, Nelsinho veio ansioso em minha direção dizendo ter visto duas mulheres sozinhas em uma mesa. Fui conferir, claro. De fato elas estavam sós. Nos posicionamos perto, esperando a orquestra voltar a tocar pra poder tirar pra dançar. Logo que a orquestra iniciou tiramos as mulheres que aceitaram na boa.
De repente, mais ou menos três ou cinco minutos depois, no final da primeira música, vejo Nelsinho em pé, sozinho e a mulher dançando com outro. Continuei dançando por mais de meia hora, engatei um bom papo e ainda troquei telefone. Depois fui perguntar pro Nelsinho o que aconteceu, por que ele parou tão rápido. Então ele me disse que resolveu puxar uma conversa mas deu confusão. Ele, de cara sabe o que perguntou para a mulher ?

Você tem nome ?

A mulher se espantou e disparou pra cima dele dizendo que óbvio que tinha. Já começa errado, criando estresse. Enquanto Ciro falava, Nelsinho apenas ria. Por causa disso ela descartou ele no final da primeira música.

- isso é uma anta, disse Jadir


- eu acho que ele fica nervoso, ansioso e acaba falando besteira, disse Miltão
O assunto então mudou e entrou na esfera da comunicação, exatamente no momento em que Tadeu se aproxima da mesa.

Tadeu é o rico da turma.

Executivo de Recursos Humanos em uma multinacional, bom de conversa e extremamente irônico.

Certo dia, por causa de sua ironia quase chegou as vias de fato com Miltão.

Ambos tem personalidade forte e vivem se estranhando.

Jadir e Cardoso, sempre se colocam ao lado de Miltão, fazendo com que também tenham diferenças com Tadeu.

Tadeu chegou, com sua pasta de trabalho, e sentou-se ao meu lado, mas na cabeceira da mesa no lado oposto de Miltão.

Inicialmente prestava atenção na conversa, até que entrou no debate.

- isso é muto comum. Nelsinho não é o único. Ele pode extrapolar, por vezes, mas a comunicação eficaz não é algo tão simples. Hoje mesmo, ministrei, aqui mesmo em um hotel do bairro, um seminário, de seis horas, como os vinte maiores e mais importantes executivos da empresa. E o assunto foi exatamente comunicação. E olha que são pessoas que trabalham com informações e tomam decisões importantes. Aliás, eu tenho aqui um dos exercícios que fizemos. Vocês topam fazer ? É coisa simples, um pequeno texto que vocês vão ter de dizer o que entenderam sobre o texto e, caso queiram, arriscar o personagem da história, disse enquanto retirava as folha e distribuía para todos na mesa

- já que é um texto pequeno , tudo bem, disse Miltão, no que foi seguido por todos.

- OK. Aí vai, uma cópia pra cada um.





                                         Minha  História

Hoje, mais uma vez como de outras vezes, vou conversar com vocês sobre um assunto bem interessante. Certamente, e é normal que seja assim, vocês devem estar se perguntando sobre o tema do dia. Enquanto vou alinhavando essas palavras iniciais, me pergunto, e até mesmo sugiro se me permitem, se vocês estão bem relaxados e confortáveis. Hoje, como em quase todas as ocasiões em que me dirijo a vocês, vou conversar com vocês sobre vivências, experiências, aventuras. Ahhhh! e como são interessantes as aventuras. Elas começam bem cedo, para tudo e todos e, obviamente, para mim não foi diferente. E que aventuras tenho para contar para vocês. No início, e como são belos os inícios, tudo era ainda muito discreto, ocupava poucos espaços e merecia cuidados especiais. Não imaginava, assim como vocês podem imaginar a medida que avanço na história, que poderia atingir um estágio de fama, lendas e histórias, a ponto de impactar profundamente toda a civilização. As mãos delicadas, cuidadosas, proporcionaram  para mim meus primeiros momentos de presença, de graça. Hoje, em mais um início que se estende até o fim dos inícios, despertei agitado, rebelde para logo depois, pouco tempo depois, encontrar meu equilíbrio, minha forma e minha graça. Alcancei um estágio de minha existência em que poucos, bem poucos, poderiam interferir na minha maneira de ser. E como é bom ser assim, devem vocês estar pensando. Como é bom poder escolher meus caminhos, ocupar os espaços, definir as cores. Vocês, a medida que aprofundo no tema, sobre experiências, aventuras e vivências, certamente vão encontrando seus próprios caminhos , suas realidades, suas cores, suas vivências. Tenho plena convicção que me tornei uma lenda e, para algumas pessoas represento a alegria, a vida, a beleza enquanto que para outros posso ser comparado como uma grande frustração. Alguns me adoram, cuidam bem de mim, me admiram, enquanto outros me detestam a ponto de me expulsar de suas vidas para sempre. É o preço da lenda, devem vocês estar pensando, com certeza. Nessa longa história, de experiências, vivências e aventuras  já fiz muito e alcancei grande destaque. E como é bom fazer, ver os resultados concretos, atingir suas metas e objetivos. Vocês, certamente, também já produziram excelentes resultados e a medida que continuo minha história , vocês podem , até mesmo agora, ou em outra ocasião se assim desejarem, pensar sobre os grandes feitos e ainda sobre aqueles que podem alcançar. Quero dizer para vocês, já que se trata de uma longa história, que para relatar todos os grandes eventos seriam necessárias muitas e muitas conversas, assim sendo procurarei citar, de forma geral,meus momentos mais impactantes. Afirmo, sem medo de errar e com a coragem de acertar, que já fui responsável por um dos momentos mais belos do amor. Ahhh! e como o amor é belo. Digo, também, que vivi um momento em que mudei o mundo, transformei as pessoas, assustei os defensores do atraso. Em outra ocasião fui a força do guerreiro, a força que vocês tem para alcançar suas metas e objetivos. Hoje, já bem conhecido , posso afirmar que tenho todas as cores, todas as formas e , sem de receio ou medo de ser ousado, e como é bom ser ousado podem vocês estar pensando, também posso afirmar que sou arte, pura arte, diversas formas de arte em todas as formas possíveis. Minha existência é a minha história, e como sou eterno, pois mitos e lendas são eternos e também sou lendas e mitos , faço por criar todas as emoções nas pessoas, as mais variadas possíveis e imagináveis. Ahhh ! como as mulheres gostam de mim, que carinho e cuidado eles tem por mim. Isso não significa dizer que os homens não gostem, aliás eles se revelam , em relação a mim,de forma mais discreta, silenciosa. Essa história , que vocês certamente leem com toda atenção, e que é a minha história, também tem um final, ou vários finais. Em todo o final, e estamos bem próximo dele, de um deles, talvez, é necessário e importante saber que um mito não tem fim. Muitos, e são de fato muitos homens e mulheres, também lucram , e lucram muito, através de mim ou comigo mesmo. Isso não significa o fim, significa , apenas, o lucro, ou a necessidade. O final pode chegar bem cedo ou ,em muitos casos, talvez na maioria deles,  coincida com o final inexorável. E já que estamos falando de uma história de vivências, aventuras e experiências e próximos do fim, desejo que todos vocês recolham os mais variados ensinamentos, de maneira que possam ser utilizados no desenvolvimento de novas habilidades e competências em cada um, antes do final e bem antes do processo do fim. Essa história, rica em elementos , é a minha história, escrita com a minha autorização. 


Todos terminaram a leitura, foram colocando a folha de lado mas ninguém iniciava uma resposta.

Tadeu se dirigiu para Ciro e perguntou.

- o que você achou 

 - não sei. pode ser muita coisa. Parece que é alguém importante, mas não vou arriscar.
  
 - e você ? Disse Tadeu se dirigindo para mim.

- vou acompanhar o Ciro, disse.

- e você, Nelsinho, o que achou ?

- eu acho que é a história de Jesus Cristo . Tem tudo a ver, disse Nelsinho.

 - para de falar asneira, disparou Miltão e continuou. Que Jesus Cristo, cara, parece que não sabe ler. Está claro para mim que o texto fala de alguém importante, pode ser um artista no que acredito que seja, mas o mais importante é que diz respeito de alguém que se revela, saindo do armário . Essa história de Ahhh, o amor é belo é coisa de viado. Isso é texto de um boiola, esse negócio de todas as cores . Pra mim tá escancarado.

Jadir e Cardoso endossaram o comentário de Miltão.  

Tadeu então tomou a iniciativa.  

- esse texto eu apresentei hoje para os vinte maiores executivos da empresa e apenas dez, 50%, apresentaram a resposta certa. E eu estou falando de pessoas que trabalham com informações e tomam decisões com base em análises e relatórios. Descobrir o personagem da história não é o mais importante, mesmo porque o texto não é conclusivo a esse respeito. Muitas pessoas podem ter uma história como essa, ou parte de uma história dessas. Tive respostas de Jesus, assim como Nelsinho, Che Guevara, John Lennon, Madona e até Santos Dumont. Mas isso não é o importante. Claro que o autor, ao elaborar o texto pensou em alguém, ou em algo , para a elaboração. 
O personagem do texto é o cabelo. 
Vejam só:

" no início tudo era muito discreto, ocupava pucos espaços e recebia cuidados especias"  tudo mundo nasce com pouco cabelo e os pais tem mimos e cuidados.
  
" alcançar um estágio de fama " são inúmeras as lendas e histórias sobre cabelo.
  
" as mãos delicadas cuidadosas proporcionaram para mim meus primeiros momentos de graça "  o cuidado dos pais nos penteados das crianças.
  
" hoje, em mais um início, despertei agitado, rebelde, para logo depois encontrar o equilíbrio " todos os dias pela manhã, e os dias são inícios, os cabelos amanhecem agitados desalinhados para depois serem penteados, o equilíbrio.
  
"para muitas pessoas represento a alegria , a vida a beleza para outros sou a frustração" mutas pessoas adoram seus cabelos , já outras são frustrados com o cabelo que tem.
  
" já fui responsável por um dos momentos mais belos do amor " é uma referência a história das tranças de Rapunsel 

" mudei o mundo, transformei as pessoas , assustei os defensores do atraso " é uma referência as transformações sociais da década de 1960, quando passamos a usar cabelos longos e assustar os conservadores.
  
" hoje tem todas as cores todas as formas e sou arte " pessoas usam cabelos de todas as cores e desenhos artísticos 

" em outra ocasião fui a força do guerreiro"  uma referência a história de Sansão.

Entenderam, perguntou Tadeu e continuou. 
Não vou especificar até  final do texto, mas todo ele é sobre o cabelo, não fala de nenhuma pessoa. Isso mostra o efeito da comunicação· No nosso caso, apenas Ciro e ele, disse apontando para mim, se aproximaram da resposta certa, que é a seguinte:
 

O texto não permite afirmar de quem se trata. São informações generalistas. E 50% dos maiores executivos de uma transnacional não perceberam isso.  Quem usa muito essa característica de comunicação é a imprensa, quando deseja induzir ou manipular informações. Outro aspecto também diz respeito ao nosso idioma, o português. Por ser um idioma muito rico, ao contrário do inglês, permite elaborações e construções que podem condenar um inocente ou absolver um culpado, em rígida concordância com as normas de expressão e atendimento as leis. Existe ainda uma tese, apenas uma tese, que estabelece relação entre o  desenvolvimento de países com o idioma. Segundo essa tese os países de língua inglesa se desenvolveram mais rápido por causa do idioma e do investimento em educação. 

Então, não apenas vocês aqui que não acertaram como também os executivos lá empresa, responderam aquilo que vocês desejaram, aquilo que estava na cabeça de vocês, ou seja, relataram suas próprias experiências de vida através de suas respostas.

 Nesse momento , Miltão colocou as duas mãos apoiando sobre a mesa, em uma posição de alguém que iria se levantar e disparou contra Tadeu:

- escuta aqui, ô cara. Você está querendo curtir com a cara da gente ? Tá pensando que eu sou babaca ? Tá dizendo que eu sou viado ?

 - eu não disse nada, você que disse que o texto era cosia de um viado, boiola. Tá surdo ? Tá maluco ? falou Tadeu.

 O clima esquentou. Miltão se levantou da mesa apontando o dedo para Tadeu. O estresse foi total. Jadir e Cardoso, como de costume seguiram Miltão que já estava com o rosto vermelho de raiva e ainda disse;


- seu repertório esgotou, vou te encher de porrada.

Ciro se colocou na frente de Miltão tentando segurar a fera, enquanto as pessoas das mesas mais próximas se levantaram com receio de um quebra- quebra.

Jadir e Cardoso também queriam acertar Tadeu.

Ciro e Nelsinho, com muita dificuldade impediam que os três partissem para cima de Tadeu e,  ao mesmo tempo, Ciro pedia para que eu levasse Tadeu embora dali

Foi o que fiz.

Puxei Tadeu e fomos caminhado pelas ruas do bairro até sua casa.

Durante o caminho ainda tentamos trocar algumas palavras, mas não foi possível.

Não conseguíamos parar de rir.

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