segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O papel das redes sociais

O destino dos grupos da “nova direita”

Por Marcelo Hailer, na revista Fórum:

Assim que a eleição presidencial terminou, um debate ganhou as redes e as rodas de conversa: a suposta “venezualização” da disputa política brasileira. A tese ganhou força por conta dos argumentos polarizados entre “comunistas” e “liberais”. Ainda que se questione a validade histórica dos dois adjetivos dos grupos antagônicos, o fato é que o Brasil, de fato, vê surgir coletivos de oposição aos partidos de esquerda. Não que eles fossem inexistentes, porém, hoje contam com força mobilizadora para colocar cerca de 15 mil pessoas nas ruas, algo inédito desde a redemocratização do Brasil.

Circulou pelas redes reportagem produzida pelo El Pais Brasil onde se retratou os “hipsters de direita”. Com tom irônico, a matéria realizada pela jornalista Maria Martin, alertava: “Não é uma banda de rock, é a vanguarda anti-Dilma”. Na referida reportagem, o líder é identificado na pessoa de Kim Kataguiri, 18, que, segudno a matéria é defensor do sistema liberal (capitalismo). “Nós nunca vamos deixar que nosso país fique sob uma ditadura totalitária, o que é o objetivo do PT!”.

O que chama atenção na reportagem é a questão estética. O grupo representado por Kim é da classe média, gosta de arte e se veste como um personagem da rua Augusta. E nada é por acaso, como deixa claro o líder do grupo: “A esquerda se apropriou da cultura, da arte, da música, daquilo que é considerado cool ou moderno. Hipster. Nossos amigos artistas não podem revelar sua ideologia porque sofrem uma repressão cultural se não forem de esquerda”.

Ainda que a roupagem seja moderna, estes grupos (Vem pra Rua, Revoltados Online, Movimento Brasil Livre) ainda estão calcados em velhos valores da direita: Estado mínimo, família reprodutiva (leia-se heterossexual), Estado proibicionista (anti-legalização das drogas, por exemplo), políticas punitivas e de cárcere, individualismo etc. O que muda de fato são os personagens e a forma de organização.

Nova dinâmica

A questão é que podemos estar de frente para um novo momento da política brasileira. Coletivos que se organizam e vão às ruas independente da vontade e da agenda dos partidos. Pode ser que a coisa de fato se inverta: os partidos tenham que se adequar a agenda dos movimentos. Os motivos? Vários, porém, ainda é cedo para afirmar, mas uma coisa é certa: se até o fim dos anos 1990 e começo dos anos 2000, os partidos hegemonizavam as ferramentas para mobilizar pessoas e grupos, hoje os novos coletivos, à direita e à esquerda, possuem ferramentas – a internet, por exemplo – capaz de mobilizar e colocar milhares de pessoas nas ruas.

Questiona-se a coesão destes novos grupos, porém, isso deve ocorrer com as experiências, com os êxitos e fracassos, e isso tanto à direita quanto à esquerda. O que não dá é resumir estes novos grupos em duas categorias: de um lado os “malucos intervencionistas” e do outro, “esquerdopatas que desejam a revolução comunista”. Pois, é tudo muito embrionário, mas o que não se pode negar, é que a geografia do mapa político do Brasil passa por uma transformação, pelo menos, externa aos partidos políticos e do Congresso Nacional.

Fonte: Blog do Miro
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Tudo começou com a queda dos regimes comunistas, no início da década de 1990, e não tem data para terminar.

Seguindo a máxima de Margareth  Tatcher , naqueles anos se referindo ao triunfo do capitalismo neoliberal  - Não há outra alternativa - os meios de comunicação privados, em todo o mundo ocidental e além dele, entraram em campo e fizeram o seu papel.

Assim teve início o radicalismo que se observa hoje nas redes sociais, seja na política, na religião, e até mesmo nos esportes.

Toda e qualquer opinião, tese, debate, proposta de opinião ou qualquer atitude mesmo que embrionária que desafiasse o modelo neoliberal, era imediatamente descartada, desqualificada pelos grandes veículos de jornalismo ocidental.

A internete  engatinhava no mundo e a produção de conteúdos informativos e opinativos  era de exclusividade dos cães de guarda do neoliberalismo, a imprensa mundial.

Idéias de esquerda eram tratadas como delirantes, isso quando conseguiam um mínimo de visibilidade através de movimentos sociais, como foi com o MST que recebeu algumas capas de Veja desqualificando o movimento, e também com Leonel Brizola, que foi chamado de senil pelo jornal nacional da TV globo.

A velha mídia não se permitia e não permitia qualquer tipo de conceito , idéia , proposta, que fugisse dos limites estreitos do neoliberalismo e do conjunto  de valores que se construiu através desse modelo econômico, da globalização neoliberal.

Tal estreiteza, descambou para preservação proposital de todos os valores mais conservadores do lado ocidental, o que contribuiu para aumentar as tensões nos sempre existentes conflitos religiosos.

Inicialmente se rejeitava qualquer idéia diferente do neoliberalismo, em seguida ampliou-se para aceitação única do cristianismo.

O totalitarismo neoliberal estava sendo construído, enquanto o tchan de Carla Perez abundava nas telas de TV do Brasil e do mundo, como modelo de entretenimento.

Metáfora perfeita para aquela década.

Os EUA eram a referência, como ainda o são, para toda a imprensa brasileira, fosse na cultura, na política nas artes e até nas marcas de charutos.

O final do século XX se transformava em marasmo , um deserto cultural, um abismo de idéias, que vez por outra eram sacudidas com apagões de energia elétrica e escândalos de corrupção que logo eram varridos  para baixo de tapetes palacianos.

Os movimentos sociais eram sufocados, massacrados e a população não tinha como reverberar sua voz.

Com a virada do século, a internete já ganhava mais e mais adeptos, em todo o mundo e novas formas de organização social foram  surgindo, assim como protestos que assombraram  executivos obesos reunidos em locais distantes e sempre bem protegidos, onde discutiam novas maldades que seriam implementadas pelo mundo.
A partir de então, já com boa parte do mundo ocidental limitada e acorrentada pela globalização neoliberal - porém feliz pelo tênis nike, a coca-cola , o big Mac, a world music  e pelo tchan ( por que não ?) - a velha mídia e seu jornalismo começaram a vivenciar o efeito das redes sociais, onde novas mídias com jornalismo independente passavam  a produzir um jornalismo crítico descolado do totalitarismo da globalização neoliberal.

Começaram a surgir novos atores no campo político, novas vozes, que logo seriam perseguidas pelo sistema midiático dominante, já que traziam matéria -prima de primeira qualidade para a reflexão, conhecimento e esclarecimentos sobre a situação geopolítica daqueles anos, pós  11 de setembro.

O marco terrorista,no entanto, aprofundou ainda mais os limites estreitos da globalização neoliberal e, de alguma forma, revelou a verdadeira face totalitária e anti-democrática do regime mundial.

Na metade da primeira década do século, os blogues se consolidavam no Brasil, no momento em que se discutia as implicações do chamado mensalão, que acabara de estourar, fazendo com que alguns blogueiros tivessem papel importante nos temas que se discutiam naquele momento, a ponto de o prefeito da cidade  do Rio de Janeiro naquele ano, ter sido repreendido pela população , já que deixou de trabalhar para ficar discutindo as implicações do escândalo através de um blogue  que fora recém criado para tal finalidade.

Os blogues foram as estrelas do escândalo do mensalão, em 2005.

Já se sabia que a internete, naquela ocasião com blogues, teria mais e mais protagonismo nas discussões de diferentes temas de interesse da sociedade.

E de fato assim aconteceu, com o surgimento das redes sociais e de mais e mais portais , sites e blogues de jornalismo.

O bloqueio que a velha mídia exercia na população , começou a perder sua eficácia, e o protagonismo das redes sociais e  de blogues, passou a ser citado nos meios políticos e de jornalismo, a ponto de serem chamados de sujos, os blogues que mantinham uma postura à esquerda do discurso alienante e estreito da globalização neoliberal.

Já estamos  próximos da década atual, e o debate nas redes sociais está cada vez mais acirrado,no entanto, a velha mídia ocidental continua seu papel de cão de guarda do neoliberalismo, ignorando até mesmo a realidade dos fatos, como aconteceu com a comentarista da TV globo, Míriam Leitão, que atribuiu de forma simplória   a um CEO tresloucado, a grave crise econômica que se iniciava em 2008.

Mesmo em crise declarada  e agonizante, deve-se  manter a máxima de Tatcher, ou seja, Não há outra alternativa, o neoliberlismo não pode ser questionado, já que será eterno.

O pouco de espaço disponibilizado pela velha mídia para idéias alternativas ao neoliberalismo, se deu justo nos dias seguintes a explosão da crise, quando algumas emissoras de TV privadas fizeram um tímida cobertura do Fórum Social Mundial - que aconteceu na cidade de Belém, no Pará -  que por anos vinha alertando para a crise que poderia estourar.

Nada disso, no entanto, mudou o comportamento da velha mídia, ou seja, o jornalismo não evoluiu para a honestidade no relato dos fatos e nem abriu espaço para idéias alternativas.

Naturalmente, nas redes sociais, já nesta década, os grupos de opinião começavam a se formar, sendo que no espectro à esquerda do campo da política proliferam os   sites de informação, jornais e blogues e à direita grupos de indivíduos, já que o conteúdo da direita tem origem na velha mídia, cada vez mais radical e intolerante, afinal, não há outra alternativa..

Países trilham outros caminhos, blocos se formam em um pós neoliberalismo, os eixos econômico e político no mundo se deslocam, no entanto a velha mídia brasileira insiste que não há outra alternativa.
Lembra os músicos do  filme Titanic que continuavam a tocar as músicas mesmo com a água pelas canelas e o navio afundando.

Nos dias atuais, a radicalização que existe nas redes sociais não é fruto do acaso, e tem como principais responsáveis os veículos de jornalismo,e entretenimento da velha mídia, que como foi dito no início deste artigo, não se permitem e ainda  acreditam que não permitem opiniões que contrariem o ideário neoliberal.

Dito isto, as lamentações de Willian  Bonner, no programa do Faustão, de que nas redes sociais proliferam a intolerância e a violência, soam como uma conversa com o espelho, já que a intolerância e uma marca forte dos valores decorrentes da globalização neoliberal ferozmente defendidos pelas empresas do grupo globo, não apenas no Brasil, como em todo o mundo.

Todo e qualquer debate de idéias  civilizado é extremamente saudável, pois permite-se avançar no conhecimento e nas formas de organização da sociedade, no entanto, , os intolerantes acreditam que não há outra alternativa.

No caso específico das redes sociais, a radicalização tende a crescer, assim com casos de violência e mesmo crimes . 
Nestes casos se faz imprescindível uma participação mais afetiva dos órgãos de segurança e de policia, para punir os  responsáveis por crimes nas redes. 

O debate não pode parar, e não vai parar, no entanto é preciso civilizá-lo.

Neste cenário, em que os veículos da velha mídia ainda estão distantes de um amadurecimento que desemboque em um jornalismo honesto - apesar de Willian Bonner dizer que amadureceu - os grupos das redes sociais serão em breve, como bem alertou o autor do artigo acima, os novos protagonistas da política, fazendo com que os políticos se aproximem de tais grupos.

Estamos assistindo novas formas de organização social, e isso é fantástico, apesar de o programa de TV homônimo detestar e ignorar a realidade que emerge.

Como bem escreveu meu xará em um artigo que coloquei em uma postagem anterior a esta, é importante que todos se manifestem e que ninguém tem o monopólio da verdade e, ainda mais, as opiniões podem contribuir para consolidar robustas teorias.

A propósito, meu blogue não permite opiniões pois sofre violência da TV globo, que pensa que pode me censurar.

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