segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

São Paulo. A Vanguarda do atraso.

Bonner se emociona em premiação e fala sobre 

intolerância política na web
21/12/2014


  • Bonner se emociona em premiação e fala sobre intolerância política na web
    Bonner se emociona em premiação e fala sobre intolerância política na web
  • O âncora do "Jornal Nacional" William Bonner se emocionou ao receber homenagem de amigos e da mulher Fátima Bernardes durante a entrega de um prêmio no "Domingão do Faustão", neste domingo (21). O jornalista fez também um desabafo sobre a intolerância política em redes sociais.
Reprodução/TV Globo
Imagem de William Bonner antes de entrar para a TV
Ao receber o troféu Mário Lago, Bonner assistiu a um VT --no qual mostra o início de sua carreira, pela Rádio USP, e o tempo em que trabalhou pela TV Bandeirantes--, foi aplaudido por jornalistas da Globo e ouviu uma homenagem feita por amigos que conhecem o outro lado do âncora.
"William é super brincalhão em alguns momentos; sério em outros. Mas é uma pessoa que está sempre disponível para os filhos, que gosta de conversar, trabalha muito, tem pouco tempo, mas o pouco tempo que tem, ele reserva para as crianças e para mim", disse Fátima sobre o marido.
Os dois completarão 25 anos de casamento no ano que vem. "Em nenhum momento, a gente pensou 'será que esse casamento vai durar muito tempo, pouco tempo'. Acho que a gente nunca teve dúvidas que seria assim", contou a apresentadora.
Bonner também falou sobre o chefe Ali Kamel, diretor de Jornalismo e Esportes da Globo, e disse que os dois mantêm uma "relação esquizofrênica". "A minha relação profissional com Ali Kamel é uma relação absolutamente esquizofrênica. Imagina: ele é o diretor, o diretor está convencido de alguma coisa e eu chegou lá e digo 'não, não é assim, não'. Ele brinca e me chama de 'grilo falante'. Eu sei ser chato, eu sei que sou chato. Às vezes, eu estou numa chateação tão grande e vou ao banheiro, olho para o espelho e falo para eu mesmo 'cara, como você consegue ser tão chato assim'?", entregou.
Ao lado de Fernanda Montenegro, o âncora do "Jornal Nacional" fez ainda um desabafo sobre a cobertura das Eleições e reclamou da intolerância política e ideológica em redes sociais. "O jornalismo da Globo amadureceu muito com a própria democracia brasileira. Desde a campanha eleitoral de 2002, que nós realizamos essas entrevistas. É curioso, porque desde 2002 todos os candidatos foram tratados, assim, de uma forma rigorosa. O que eu posso observar aqui é que, com as redes sociais, também embutem outro problema em si: os partidos políticos instrumentalizaram com robôs que estão ali para insultar outros partidos e insultar a imprensa, que faz apenas o seu trabalho. A intolerância política e ideológica que nós experimentamos neste ano foi muito ruim e ela esteve muito presente em redes sociais", afirmou Bonner.
Fonte: BOL
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A orgulhosa vanguarda do atraso

Perfil reacionário

Por Luciano Martins Costa em 22/12/2014 no programa nº 2507 
A orgulhosa vanguarda do atraso
Os dois jornais paulistas que dominam a cena da imprensa escrita no Brasil voltam a atenção para o território onde têm suas bases.
Estado de S. Paulo publica, nesta segunda-feira (22), um novo painel sobre o aumento da criminalidade na capital e no interior.
Folha de S. Paulo, por sua vez, traz resultado de pesquisa Datafolha segundo a qual os paulistanos são vistos por um número crescente de brasileiros como invejosos, egoístas e orgulhosos.
As duas reportagens se cruzam em alguns pontos, mas os textos e gráficos publicados reduzem a perspectiva do leitor a aspectos formais dos temas abordados, evitando um olhar para questões mais profundas, tanto do aumento da violência como da deterioração da imagem dos paulistas.
Embora a Folha cite, de passagem, que a polarização das últimas eleições possa ter afetado a visão que o resto do País tem dos habitantes de São Paulo, faltou penetrar um pouco mais fundo nas causas dessa polarização.
No que se refere ao problema da criminalidade e da violência, mais uma vez a imprensa é conduzida por estatísticas oficiais, sem investir em dados paralelos que permitiriam mensurar o fenômeno num campo mais amplo do que aquele determinado pela ação de delinquentes ou pelos confrontos entre os criminosos e agentes públicos.
Ficam parcialmente fora das análises os atos violentos praticados por  cidadãos sem histórico de delitos, o que seria importante para o estudo da violência na rotina da sociedade.
Visto das estatísticas que apenas levam em conta boletins de ocorrência de assaltos, furtos, homicídios e latrocínios, o quadro se limita a contabilizar a atividade do crime contumaz ou organizado, que tem sempre um importante fator de sazonalidade.
Por exemplo, em determinadas épocas aumenta o roubo de carga, em  outros períodos cresce o furto de telefones celulares, e o assalto a bancos pode aumentar quando se intensifica a repressão ao tráfico de drogas.
Sem essa abordagem complexa, o noticiário apenas reproduz os gráficos da polícia que, como admitem as próprias autoridades, são distorcidos por fatores banais, como a isenção de taxa para a emissão de documentos em caso de roubo ou furto: supõe-se que muita gente registra boletins falsos para não ter que pagar pela emissão de uma nova carteira de identidade.
Perfil reacionário
No caso da pesquisa Datafolha, segundo a qual a imagem dos paulistas piorou, nos últimos onze anos, do ponto de vista dos outros brasileiros, a análise se concentra no fato de que o estado de São Paulo tem perdido importância relativa com o processo de redução das desigualdades regionais.
A capital paulista cresce num ritmo menor do que o Nordeste, por exemplo, e isso a torna menos atraente, enquanto a melhoria das condições de vida em outras regiões reduz a necessidade de migrar em busca de bem-estar.
Folha de S. Paulo se refere ao perfil político que foi diferenciando os paulistas dos outros brasileiros nos últimos anos, mas não faz uma relação entre a questão das escolhas eleitorais e a realidade criada pelas políticas nacionais de redução da pobreza.
"Pelo menos desde 2006, o comportamento eleitoral dos paulistas - e mais fortemente, dos paulistanos - destoa do comportamento dos eleitores do Nordeste. Enquanto São Paulo consolidou-se como maior reduto do PSDB, os Estados nordestinos firmaram-se como celeiro de votos do PT", diz o jornal.
O que não está dito é que uma parcela importante do eleitorado paulista, e, como reflexo disso, da própria sociedade paulista, vem se tornando mais conservadora, e essa característica define um comportamento que é visto, de outras regiões, como sinal de egoísmo e arrogância.
À medida que se comprovam os resultados econômicos de políticas sociais  que reduzem as diferenças regionais pela diminuição da pobreza, quebra-se a histórica hegemonia de São Paulo sobre o resto do País e surgem os dois sentimentos presentes na percepção dos brasileiros: os paulistas se tornam ressentidos e reagem com manifestações de desprezo e preconceito.
O estudo do Datafolha mostra com clareza que os demais brasileiros notam o recrudescimento de um sentimento de superioridade dos paulistas, que foi bastante manifestado após a eleição presidencial.
Mas a pesquisa passa ao largo de um ponto importante: ao omitir, durante anos, os benefícios da política econômica de interesse social, e ao se comportar como um partido político conservador, a mídia tradicional tem  contribuído para forjar esse perfil justamente na região onde tem mais influência.
Não estranha que milhões de reacionários com elevado grau de educação formal e alta renda se mostrem tão orgulhosos de compor a vanguarda do atraso.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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domingo, 21 de dezembro de 2014 
mídia livre contra a velha mídia
Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

"O Brasil vive não somente uma crise moral, mas também a da razão. Talvez prepare o caminho para outra, maior e fatal. Algo é certo: o Brasil não está maduro para o jornalismo honesto".

(Assim termina a coluna de Mino Carta, na Carta Capital desta semana, publicada sob o título "Gigolette em Estocolomo", que vale a pena ler)


Algo de revolucionário anda acontecendo na relação entre produtores e consumidores de informações em nosso país. Esta semana, por exemplo, destaquei uma contradição entre o bombardeio sem tréguas desfechado pela velha mídia familiar contra Dilma Rousseff e o PT, ao mesmo tempo em que a aprovação e a popularidade da presidente subiam no Ibope.

Chamo de velha mídia familiar os grandes grupos de comunicação comandados pelos herdeiros de meia dúzia de barões, em contraposição à nova mídia livre que se tornou possível, e não para de crescer, desde o advento da internet, que permitiu a todo mundo se tornar, ao mesmo tempo, emissor e receptor de informações e opiniões.

Trata-se, enfim, da democratização da mídia, com a multiplicação de plataformas e agentes, acabando com o poder dos donos da verdade e seus porta-vozes, os antigos "formadores de opinião", hoje hospedados no Instituto Millenium.

A primeira vez em que notei esta clara oposição entre a nova e a velha mídia foi na campanha presidencial de 2010, quando o então candidato tucano José Serra batizou todos os que se opunham a ele de "blogs sujos", certamente para diferenciá-los dos "blogs limpinhos" e seus donos, que o apoiavam.

Desta forma, os jornalistas não alinhados ao tucanato estariam condenados ao opróbio, blogueiros sem ccredibilidade, mas, com bom humor, muitos deles até adotaram a classificação nos encontros que passaram a promover para unir forças.

A divisão das mídias voltou a ser feita esta semana pelo jornal Folha de S. Paulo, ao divulgar os gastos com publicidade feitos pelo governo federal e as empresas estatais, no período entre 2000 e 2013.

Na divisão do bolo, segundo o próprio jornal, os grandes grupos da velha mídia ficaram com R$ 8,66 bilhões, restando cerca de 0,5% deste valor para o que a Folha definiu como "mídia alinhada ao governo", ou seja, chapa-branca.

Diante desta disparidade colossal, Mino Carta, com a agudez de costume, comentou em sua coluna:

"Dirá o desavisado: alinhados e mal pagos (...). Ao listar os pretensos alinhados e não qualificar os demais, a Folha nos atribui o papel de jornalistas de partido e com isso fornece outra prova: como sempre, obedece aos seus naturais pendores e, no caso, manipula a informação e omite a qualidade dos demais, alinhados de um lado só, guiados pelo pensamento único enquanto, hipócritas inveterados, declaram sua isenção, equidistância, pluralidade. Ou seja, inventam e mentem".

Por mais que estejam perdendo audiência e circulação, estes veículos da velha mídia mantêm poder e faturamento, graças a uma sólida aliança construída nos últimos tempos com alguns representantes das mais altas instâncias do Judiciário a serviço do tucanato, como vimos no episódio do mensalão e se repete agora com o que chamam de petrolão.

Na verdade, esta tabelinha entre os nobres da mídia e da Justiça ocupa o espaço deixado pela oposição partidária, agora mais destrambelhada e perdida do que nunca no combate ao governo petista, como já admitiu a própria Associação Nacional dos Jornais (ANJ).

Já não dá para saber se é a mídia que pauta o Judiciário, ou vice-versa, na mesma data. Nem é preciso citar nomes, para não fulanizar a questão, tão descarada é a atuação de alguns dos líderes desta aliança, que se autonomeou defensora da ética, do bem e dos "brasileiros decentes" (em alguns casos, parece até brincadeira...).

Ou alguém pode acreditar que eles estão mesmo preocupados em combater os fichas sujas da política (até o nosso eterno Paulo Maluf voltou a ficar com a ficha limpa, graças à Justiça) e os desmandos na Petrobras, já que o único objetivo é privatizar nossa maior empresa, de preferência nas mãos de empresas estrangeiras?

Como escrevi aqui na sexta-feira, não faço nenhuma questão de ter razão. Basta-me escrever o que penso sem pedir licença a ninguém.

Agora, abro este espaço para que os caros leitores do Balaio ocupem meu lugar e também digam o que pensam sobre o assunto. Não precisam concordar comigo. Mídia livre é isso: cada um pensa e diz o que quer. Manifestem-se!

Fonte: Blog do Miro
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O editor do jornal nacional da TV globo reclama da intolerância política, na web, claro, já que a televisão privada brasileira " é bem democrática e abre  espaço igualmente para todas as correntes políticas do país"

Em seguida, no texto de Luciano Martins, do Observatório da Imprensa, há o relato de uma pesquisa do Datafolha, em que os paulistas cada vez mais são vistos pelos brasileiros, como deslocados do pais e também se sentindo superiores aos demais.
O jornal Pasquim, na década de 1970, e mais recentemente o humorista falecido, Bussunda, se referiam aos paulistas como algo estranho e até mesmo cômico.
Em um pinga fogo ao final de uma entrevista e quando questionado sobre o lugar mais estranho em que teria feito amor, Bussunda respondeu São Paulo.

Por fim um texto do Balaio sobre o protagonismo da nova mídia e a insistência  da velha mídia em ainda respirar.

O que os três artigos tem em comum ?
Tudo.

São Paulo, desde a primeira eleição de Lula , em 2002, não se conforma em ser governado  pelo povo e, como o passar dos anos, a maioria da população entrou em surto contínuo com o sucesso dos governos do PT, que priorizou a descentralização do investimentos para o crescimento do país, com destaque para os investimentos nas regiões nordeste, centro oeste  e norte. Montadoras de automóveis na região nordeste era algo impensável nos anos de PSDB no governo, por exemplo.

O paulista quatrocentão, ainda em sua maioria, pensa que é o Brasil, no entanto tem uma visão interiorana e provinciana e , atualmente, totalmente desfocada da realidade nacional. 
Seu profundo complexo de inferioridade o leva, constantemente, a querer se comparar com outros estados da federação, principalmente com o Rio de Janeiro.  
Ora, o carioca  é , em essência,   republicano, logo qualquer comparação acaba sempre em deboche .

Outro aspecto para a vanguarda do atraso que é São Paulo, como bem definiu o artigo acima, tem sido os governos sucessivos do PSDB, que levaram o estado a maior crise hídrica de sua história, e ficaram para trás nos investimentos necessários para melhoria da qualidade de vida da população, como por exemplo, o crescimento do metrô que avança a passos de cágados, comparados com outros estados.

Dias atrás ouvi uma entrevista do Presidente do Sport Clube Recife na rádio CBN, do grupo globo, aquela que toca notícia. 
O dirigente do clube pernambucano, se expressava com tranquilidade e segurança  sobre responsabilidade fiscal no clube, investimento em arena multi uso no centro  do Recife, parcerias com a iniciativa privada, integração das categorias da base com os atletas profissionais em centro de treinamento exclusivo para todo o futebol  do clube e pagamento das dívidas. 
O jornalista da rádio CBN, um paulista de sotaque carregado que atende pelo nome de Paulo Massin, perguntou ao presidente do Sport se ele era de outro planeta, já que suas idéias e propostas eram avançadas . 
O presidente ignorou a pergunta do atrasado e continuou sua explanação .

Aquilo , para mim, foi um bom exemplo de quem vive no atraso, desfocado da realidade, já que alguns clubes, em vários estados do Brasil, trilham esses caminhos, como o Goiás, o Fluminense, por exemplo.

Mais significativo ainda foi o fato de o clube ser do nordeste do país, região que os paulistas desprezam como reduto do atraso e local de  "benesses" de políticas sociais do governo federal.

Contribuiu para esse quadro de ignorância o papel da velha mídia, com sua indecente seletividade do noticiário, preservando políticos do PSDB e demonizando até a morte se necessário for, os políticos do PT.

A intolerância  a que Bonner se refere no artigo acima de fato existe na web, porém não surgiu com advento da web e das redes sociais.

Na internete essa intolerância ganha as caracteristicas da rede, se potencializa, porém, desde os  tempos das fardas verde oliva que a velha mídia é seletiva e intolerante no que concerne a diversidade e pluralidade de opiniões, preceito básico para uma comunicação livre e democrática.

O advento e crescimento da internete abriram portas e janelas para inúmeras mídias, de todos o formatos, de todas as correntes ideológicas, onde informação e opinião são produzidas diariamente e em grande quantidade.
Naturalmente, se faz necessário um garimpo, um filtro, para se desfrutar de informações fidedignas e opiniões relevantes.
No entanto a intolerância existe, com todo tipo de agressões e violências, que transcendem o papel informativo opinativo e deveriam ser alvo sistemático e enérgico dos órgãos de segurança.

Como bem escreveu Luciano no artigo do Observatório da Imprensa, São Paulo hoje se consolida como a vanguarda do conservadorismo reacionário e do atraso.

Uma decadência que abandonou até mesmo todos os resquícios de elegância.


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