sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Os gemidos da velha mídia e o sucesso dos blogueiros progressistas


A vida dura de um blogueiro de “vida fácil”

25 de dezembro de 2014 | 11:53 Autor: Fernando Brito
johnny
Louvor em boca própria, dizia o D. Quixote de Cervantes, é vitupério.
Como texto de blogueiro é pessoal e intransferível, sempre constrangido pela velha (e, parece, ultrapassada) máxima de que “jornalista não é notícia”, tento fugir desta maldição.
Hoje, porém, na solidão típica do dia de Natal (o Natal, festa, é a noite da véspera), não quero falar do que fiz, neste blog, mas no que vocês, leitores, fizeram por mim.
Um filme, dolorosamente lindo, Johnny vai à Guerra, de Dalton Trumbo (um dos hollywodianos perseguidos pelo macartismo) que conta a história de um soldado que, no último dia da Primeira Guerra, é atingido por um morteiro e perde pernas, braços, visão, audição e fala.
E que aprende a se comunicar apenas pela sensibilidade do que resta do seu corpo. Num delírio final, Johnny sonha em ser exibido nos circos de “aberrações” da época por uma razão prosaica e profunda: “eu quero ser útil para as pessoas”.
Sem melodramas, a história de uma geração de jornalistas e militantes políticos guarda certas semelhanças com a de Johnny.
O pragmatismo – necessário e detestável, a um só tempo – da política partidária e social de alguma forma nos amputou os membros. A “imprensa alternativa”, dos anos 70 e início dos anos 90, definhou e morreu.
E o “pensamento único” que se assenhoreou da comunicação acabou, na mídia tradicional, tirou-nos visão, audição e, sobretudo, a fala.
A sociedade pós-moderna, massificante, trouxe, porém, suas contradições benditas, como as que Neruda resumiu nos versos sobre a guerra civil espanhola: “de cada buraco de Espanha sai Espanha”.
E um punhado de loucos resolveu expor-se no circo de aberrações da Internet.
Incrivelmente, milhares de mãos, milhões de dedos nos tocaram e quiseram e puderam perceber o que sentimos e temos a dizer.
Nos fizeram úteis.
O título original do filme – Johnny got his gun – dá melhor ideia do que quero dizer.
Ele, afinal, pôde pegar sua arma.
Embora ditos “malditos” e “sujos”, mesmo ouvindo que vivemos das benesses de governo (mesmo quando não recebemos dele um tostão), mesmo quando somos tratados como leprosos no mercado publicitário, conseguimos sobreviver desta utilidade, como o Cego Aderaldo pôde viver angariando trocados com seus versos.
E por isso, neste dia, só o que tenho a dizer é obrigado, muito obrigado por me fazerem ver a que é que se destina a minha vida pequenina.

Fonte: O TIJOLAÇO
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Os blogueiros "sujos" são assim chamados porque produzem algo valioso.

Em meio a mediocridade geral da velha mídia, com seus colunistas limitados por uma ideologia ainda mais limitante, o discurso midiático se aproximou daquilo que Saramago definiu como sendo o twitter; um gemido.

A velha mídia geme, grita, esperneia, porém, não anda, não é ouvida e, ainda amarga uma decadência que parece se aprofundar mais e mais nos próximos anos.

Com uma infinidade de recursos tecnológicos disponíveis, a velha mídia , não é ouvida, não anda e assemelha-se a um gorila ao receber um radinho de pilha.

 O gorila certamente conseguirá ligar o rádio, porém a sintonia fina em uma emissora, somente se dará pelo acaso.

Assim é a velha mídia, um gorila descontrolado, que não anda, não é ouvido e mergulha , dia após dia, na mais profunda obscuridade , irrelevância.

A velha mídia tem um grande exército de colunistas, que gemem, gritam, diariamente dentro dos estreitos e limitantes limites do domínio ideológico permitido para que eles possam se expressar.

Não andam, não são ouvidos e estão em profunda decadência.

Alguns, atentos aos limites impostos e a ao mar de gemidos limitantes , revelam um espasmo de rebeldia e por vezes, libertam-se das amarras impostas pelos seus patrões, como tem sido o caso do ex-gordo, porém ainda gordinho, Jô Soares, que resolveu, não se sabe por quanto tempo, chutar o pau da barraca que o abriga.

A velha mídia tem a voz do rádio, as tintas dos jornais, as imagens das emissoras de TV, mas não anda, não é ouvida , ninguém lê.

A velha mídia tem automóveis potentes, modernos, poderosos, mas não tem pilotos, condutores hábeis.

A velha mídia passou, passa e passará em meio a mediocridade limitante em que está inserida, mesmo com pernas, braços, vozes, ouvidos e bocas, que não andam, não escrevem, não ouvem, não falam, ou seja, não cumprem o papel principal de informar e transformar a realidade, mesmo porque tem grande dificuldade de compreender a própria realidade.

De seus eternos gemidos, brotaram as bestas que neste ano saíram às ruas para....gemer.

Se seus colunistas amestrados saíram os mais obscuros textos da história do jornalismo brasileiro.

De suas vozes , nas emissoras de rádio, saíram os mais estranhos sons, vindos das entranhas da ignorância gemida.

Das telas de TV, caras , bocas ,olhos e gestos, afinados com a não notícia, notícia anão, produziram uma enxurrada gósmica de não informação que avidamente e desesperadamente foram consumidas por bestas disponíveis , prontas, sedentas de ...gemidos obtusos.

Tudo isso, esse circo de aberrações chamado velha mídia, com seus palhaços travestidos de jornalistas nos telejornais, com seus locutores de supermercados travestidos como vozes informativas no rádio sucumbiu diante da força das idéias dos blogueiros, sites e portais progressistas da internete.

Nós , blogueiros , sujos e leprosos, não temos tecnologia , porém assim como no filme Tommy, a ópera pop rock em que o competidor de pinbaal não enxerga, não ouve e não fala, porém, com sua capacidade, consegue ser vencedor em meio a uma competição onde os sentidos que não tem, são indispensáveis para qualquer competidor que queira vencer.

Assim sendo, posso afirmar, que este ano, foi o ano em que nós, os blogueiros sujos, dominamos a cena de produção de conteúdos informativos e opinativos no meio dito alternativo, e , com certeza, ocupamos espaços impensáveis na relevância dos temas apresentados e debatidos no cenário nacional e até mesmo internacional.

Ao que se revela no horizonte próximo, no marco gregoriano que se aproxima, teremos ainda mais relevância, mais espaço e certamente, seremos mais sujos.

É o sinal inequívoco que de chegamos, dissemos ao que viemos, e continuaremos, doe a quem doer, incomode a quem se sentir incomodado, produzindo conteúdos para todos aqueles que são a razão da nossa existência; os nossos leitores.

A consciência, anda, vê, fala, ouve, escreve e , mais ainda, é o antídoto à entropia que a velha mídia representa, produz e reproduz, através de ...gemidos.



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