quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A gente não se liga nessa farsa

EUA no Afeganistão: os heróis da heroína

12 de novembro de 2014 | 09:55 Autor: Fernando Brito
afeganistao
O cultivo  de papoula no Afeganistão, matéria-prima para 80% produção mundial de heroína, no  atingiu novo recorde em 2014, segundo relatório das Nações Unidas divulgado hoje. 
São 224 mil hectares, 7% a mais que em 2013.
A produção de ópio potencial cresceu 17% em um ano.
Desde a ocupação militar norte-americana, em 2001 – considerando a área de 2002, pela falta de condições de medição naquele ano, a área plantada cresceu 200%.
Foi, como se vê, mais fácil achar Osama Bin Laden que fazer uma política de erradicação da papoula opiácea.
Para quem acha que uma  visão militar de “guerra às drogas” funciona, não há desmentido maior que o Afeganistão.
Mais de uma década de presença militar dos EUA não criaram condições para que os afegãos se livrassem desta dependência econômica.
Pior, criaram, mesmo, uma dependência química do ópio.
De quase zero, historicamente, há hoje  um milhão de viciados em heroína hoje, segundo os dados da ONU.
Ou um em cada trinta afegãos.
Seria, para que você possa comparar, haver pouco mais de 6 milhões de brasileiros viciados em heroína. Toda a cidade do Rio de Janeiro, por exemplo.
E a nossa direita belicista fala do Evo Morales por causa da coca, que é um cultivo que faz parte da cultura do povo boliviano.
Lá, com programas de controle e substituição de lavouras, a área plantada diminuiu 7% de 2012 sobre 2011, depois de ter caído outros 12% naquele ano sobre 2010.
Sem drones, sem mísseis, sem bombas.
E sem a montanha de dólares que o Afeganistão “ganha” dos EUA onde a guerra, segundo o site  National Priorities, custa aos norte-americanos US$10.17 millhões por hora…
Fonte: TIJOLAÇO
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O caro leitor sabe que em 2001 o Afeganistão era governado pelos talibãs.

O governo talibã do Afeganistão, longe de ser democrático ou referência de  cumprimento de direitos dos humanos, tinha um programa de erradicar o cultivo da papoula no país, e  a área de cultivo do opiáceo vinha caindo sistematicamente ao longo dos anos de governo.

Com o bombardeio e a invasão alucinada dos EUA no país em 2001, o talibã foi retirado do governo e os novos governos daquele país liberaram o cultivo  da papoula, que voltou a crescer e atingiu o pico, sem trocadilho, neste ano, conforme o gráfico acima.

Curiosamente os EUA gastam bilhões e bilhões de dólares em seus programas de "combate às drogas" , seja no Afeganistão ou na América do Sul, com o plano Colômbia , que também se revelou um grande fracasso.

O narcotráfico movimenta quantias estratosféricas com a comercialização de drogas ilícitas, sendo os EUA, o local de maior consumo dessas drogas.

Toda essa dinheirama do  tráfico e comercialização de drogas vai parar nas instituições financeiras, onde é lavada e volta a circular.

Esses programas de combate as drogas , tanto no Afeganistão quanto na Colômbia, já estão em prática por mais de uma década, sendo que na Colômbia quase por duas décadas.

No entanto, o consumo de drogas ilícitas continua crescendo em todo o mundo.

No México, a nova casa das drogas, dezenas de jovens contrários a criminalidade crescente no país são assassinados regularmente pelo narcotráfico, e tudo isso com o apoio de autoridades mexicanas.  Justo  o México, apresentado pela velha mídia brasileira com a vitrine do neoliberalismo civilizatório.

Diante dos fatos, o combate às drogas pode ser entendido como um programa de fachada, onde o objetivo principal é justamente o oposto, ou seja, facilitar o cultivo, fabricação e comercialização de drogas.

Os poucos países que resolveram enfrentar  a questão do narcotráfico com racionalidade, são apresentados na velha mídia ocidental até mesmo como exóticos ou excêntricos, não faltando um ar de deboche para seus governantes, como nos casos da Bolívia e Uruguai.

Isso acontece porque o jornalismo ocidental de mídias privadas, não realiza nenhum tipo de análise crítica sobre os grandes e inócuos programas de combate às drogas, preferindo apenas repetir, tal qual um ventríloquo, o discurso oficial das autoridades americanas sobre esses programas.

Isso se dá pois a mídia privada ocidental, as instituições financeiras e os governos dos EUA, são aliados ideológicos, e sabe-se lá quem mais faz parte dessa grande farsa.

No dia a dia das emissoras de TV privadas, o assunto de combate às drogas tem espaço cativo, seja no plano local de pequenos traficantes , o que acontece com mais frequência, ou no plano internacional de combate ao tráfico, o que é mais restrito.

Em ambos os casos, as notícias da velha mídia em pouco  ou quase nada contribuem para conscientizar a população sobre a realidade das drogas, lícitas ou ilícitas, já que o foco de todo o noticiário vai para denúncias sobre tráfico e consumo, e sobre ações policiais diárias.

Drogas novas sempre são apresentadas com grande estardalhaço pela velha mídia, com , inclusive, riqueza de detalhes sobre a maneira de consumi-las, e poucas informações sobre as alterações no meio químico do cérebro das pessoas , os efeitos produzidos e outros aspectos relevantes.

Na maioria das vezes, a velha mídia se refere às drogas e a maneira como se deve consumi-las , antes mesmo que a comunidade científica tenha todo o conhecimento sobre a droga, independente se são drogas sintéticas ou naturais.

A questão do principio ativo de cada droga - ou seja, a substância que provoca alterações na consciência das pessoas  - seja ela lícita ou ilícita, é praticamente ignorado pelos grandes meios de comunicação, ganhando destaque  apenas em  caso de utilização médica, como vem sendo o caso da cannabis.

Mesmo em se tratando de drogas legalizadas, a exceção do tabaco que sempre é apresentado como o causador de todos os males possíveis,  a velha mídia omite e não dá o devido destaque sobre  os princípios ativos e os efeitos das drogas nos organismos quando submetidos ao uso constante e excessivo.

Isso vale para o álcool  e uma infinidade de medicamentos que são utilizados como produtos de consumo , até mesmo para produzir efeitos alucinógenos.

Diante dos fatos, pode-se concluir que os grandes programas de combates às drogas  assim como todo o noticiário da maioria das mídias privadas, tem por objetivo justamente o consumo de drogas, apesar das aparências.

Aliás, em um passado recente ,o Grupo Globo foi flagrado traficando cocaína para a Europa  em malotes da TV globo .

Tudo a ver, ou a gente se liga em você.

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