terça-feira, 7 de outubro de 2014

Cadê a segunda via ?

Como todo brasileiro fala sobre política nos dias atuais, vou na contra corrente, sempre remando contra a maré já que se exercitar faz bem  a saúde.

O que tem de gente dando explicações sobre tudo  não está no gibi.

Todo mundo explica tudo e no frigir dos ovos ,ninguém sabe o que está acontecendo, logo, também vou dar meus palpites.

A melhor de todas veio dos institutos de pesquisa de opinião, que atribuíram ao eleitor a culpa pelos erros grotescos que os institutos cometeram nesta eleição.

A outra pérola veio do candidato Aécio, na excitação pela conquista de uma vaga no segundo turno:
" a soma dos votos de todos os eleitores que não votaram no PT, significa que a maioria do povo brasileiro não quer o PT no governo"

A declaração do candidato playboy das Minas Gerais, também poderia ser assim:
" a soma dos votos de todos os eleitores que não votaram no PSDB, significa que a maioria do povo brasileiro não quer o PSDB no governo"

A pérola do playboy foi amplamente reproduzida pela velha imprensa, em uma campanha clara e explícita de se criar um clima anti-PT no país.
Isso é desinformação e manipulação. 
Porém, como disse ao caro e atento leitor,não vou escrever , hoje, sobre eleições e política.
Vou relatar um acontecimento comum nas grandes cidades brasileiras:

"um carro  com pneus carecas que trafegava por uma avenida  importante do centro de uma grande cidade brasileira, teve um dos pneus furado repentinamente. O motorista perdeu a direção do veículo que parou ao bater em um poste . O motorista teve ferimentos  leves, porém a batida causou a interrupção do fornecimento de energia elétrica para grande parte de estabelecimentos  comercias do entorno do acidente. Na batida o carro ficou em uma posição que causou um gigantesco congestionamento por toda a cidade."

Certamente o leitor já teve conhecimento de casos  como esse, comuns no dia a dia das cidades.

Agora vejamos as notícias dos principais veículos da velha mídia:

" cidade vive mais um dia de grande  congestionamento"
" prefeito culpa acidente por mais um dia de transtorno para a população"
" comércio fica 12 horas  sem energia e tem grande prejuízo"

O leitor percebe que  as notícias dos principais veículos de mídia  colocam o foco no Prefeito, na defesa dos estabelecimentos comerciais,  e na interrupção do fluxo dos automóveis.
Verifica-se um viés político e econômico, quando de fato a realidade foi bem diferente.
O veículo  causou o acidente porque circulava com os pneus desgastados, o que não é permitido, porém acontece todos os dias. 
É de responsabilidade dos órgãos de fiscalização  do estado garantir que veículos não circulem em condições impróprias.

Ocorre que os principais veículos de mídia são aliados  políticos do governo do estado e adversários do Prefeito da cidade.
As três manchetes dos três principais  veículos de mídia são verdadeiras, no entanto tem seu viés político.
Até ai nada de errado, já que os veículos de mídia  também tem seu lado político, entretanto os três veículos se apresentam para a população como neutros politicamente, o que não é verdade e que  ainda  configura uma maneira de enganar e manipular a informação para a maioria  da população, já que as três mídias controlam a informação na maioria do território nacional.

Agora veja manchetes de mídias menores, de pouco alcance nacional:

" acidente que parou a cidade  tem como causa a ineficácia dos órgãos de fiscalização"
" veículo em péssimo estado de conservação causa acidente e para a cidade"
" mobilidade na cidade deve priorizar o transporte coletivo"
" excesso de automóveis na cidade prejudica o trânsito"
" prefeito vai investir na construção de ciclovias"

Nas mídia menores, as manchetes também tem seu viés político e também são verdadeiras.
Muitas dessas mídia informam aos seus leitores sua orientação política e , nem por causa disso, as manchetes deixam de ser verdadeiras.
Ocorre que as mídias menores não tem alcance nacional, como acontece com as três grande mídias que basicamente controlam a informação no país.
Ainda a título de exemplo, leia abaixo, um excerto de um artigo de hoje  publicado no OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA:


As sandálias da humildade
Neste momento de transição entre os dois turnos da eleição presidencial, por exemplo, os jornais tentam empurrar para a opinião do público a tese de que todos os votos destinados a Aécio Neves e Marina Silva retratam um desejo majoritário de mudança. Então, nos editoriais e nos artigos de seus colunistas mais engajados, dá-se uma nova definição para essa suposta manifestação dos eleitores, com o intuito de nominar o candidato que seria o depositário desse desejo.
Essa manipulação fica mais clara após a declaração explícita de apoio a Aécio Neves feita pelo jornal O Estado de S.Paulo. Para o leitor típico do tradicional diário paulista, não há estranheza: quem lê o Estado não apenas espera que ele se declare contra o governo do PT, mas se regozija com cada linha que reafirma essa orientação ideológica.
O jornal é conservador desde sempre, produz e realimenta uma visão de mundo típica da elite paulista, e não há mal nenhum nisso. O problema está em fingir-se uma expressão da vontade popular, coisa que nenhum dos grandes diários representa.
Isso transparece quando a imprensa alimenta preconceitos para obter certos efeitos eleitorais. Por exemplo, o debate sobre a redução da maioridade penal é impactado por um assalto ocorrido na Universidade de São Paulo, do qual participou um menino de nove anos de idade. Seria o caso de os jornais questionarem: “Então, a maioridade penal deve começar aos sete ou aos oito anos?” Não. Quando a realidade desmoraliza a tese reacionária, os jornais deixam o assunto de lado.
As pesquisas são importantes para esse processo de manipulação – porque sinalizam temores, desejos e aspirações difusas, que são interpretados segundo o viés ideológico da imprensa. Essa agenda é trabalhada nas redações e devolvida ao público alguns dias antes de cada nova rodada de pesquisa de intenção de voto, de modo que o material colhido pelos institutos dá novo impulso a esse círculo vicioso de manipulações.
Quando os institutos de pesquisa calçam as sandálias da humildade e admitem que não perscrutam o futuro, mas tentam explicar o passado, as distorções ficam escancaradas.

Diante da realidade transparente, e como é bom vivenciá-la, o caro leitor já percebeu a importância de uma comunicação plural e democrática, assim como a necessidade de novas regras no campo da política, , incluindo as pesquisas de opinião de votos.

As pesquisas de opinião não podem ser usadas, como tem ocorrido, para induzir e conduzir o eleitor ao voto, em um sistema agregado ao controle da informação exercido pelos meios de comunicação.

A questão das pesquisas pode ser incluída em uma reforma política,onde novas regras devem ser criadas para elaboração e divulgação de pesquisas de intenção de votos, além claro, da reforma de partidos e a participação popular.

O sistema político brasileiro está defasado e o crime de boca de urna, hoje com as redes sociais, soa ridículo, já que o  eleitor na fila de votação conectado com seu tablete a internete, pode estar recebendo informações e propagandas sobre as eleições, dentro do estabelecimento de votação.

A outra reforma diz respeito aos meios de comunicação, a mídia.

As três mídias que controlam a informação no país , depois da reforma da mídia, continuarão com seu viés político e produzindo as mesmas informações que produzem hoje.

A diferença será no alcance dessas mídias, já que a reforma abrirá espaço para  que outras mídias -  mesmo com outros viés políticos , ou mesmos neutras , caso existam - possam se manifestar em condições equilibradas e democráticas para o conjunto da população brasileira, incluindo aí  aspectos de produções locais e regionais, além de produções culturais.
Isso significa fatiar o domínio da informação hoje existente.

As reformas da política e da mídia só poderão acontecer com uma vitória da candidata Dilma, já que o candidato Aécio é aliado dos meios de comunicação e deseja manter o status  quo , claro, já que se beneficia dos conteúdos produzidos pela velha mídia.

Uma outra questão relativa as manipulações midiáticas e a necessidade das reformas citadas, vem de declarações recentes na velha mídia sobre uma possível divisão no país.
Os principais "analistas" da velha mídia falam de um país dividido, o que não é verdade.

Os programas  de PT e PSDB, estão inseridos em um modelo macroeconômico idêntico, o liberalismo, estando o PT na centro esquerda e o PSDB na centro direita.

A divisão , citada erroneamente pela velha mídia, se dá na discussão se a refeição será com feijão preto ou feijão manteiga , e ainda tenta criar um clima de confronto entre PT e anti-PT, algo como um referendo, como se fosse de fato desejo da população.

Isso é péssimo para o convívio social.

A divisão do país alardeada pela velha mídia ainda  não chegou , mas pode vir mais rápido do que se imagina, considerando que quase 30% dos eleitores ou se abstiveram de votar ou votaram branco ou nulo.

Isso não significa dizer que esse percentual seja homogêneo nas motivações que conduziram ao não voto, porém, de certa forma, todos rejeitam o modelo existente, seja pelos políticos, seja pelo modelo econômico, ou outros.

No entanto, a velha mídia manipula mais uma vez a discussão, colocando toda a insatisfação do eleitor nos políticos, o  que não é verdade.

A mídia age assim para preservar o modelo econômico que apoia, não o colocando em discussão.

Essa polarização  em torno de um mesmo modelo é desejada pela velha mídia ,pelo conservadorismo e mesmo pelos partidos de centro esquerda, o que é péssimo , pois novas alternativas fora do neoliberalismo não tem espaço e, quando comentadas, são imediatamente tratadas como ilusões ou atos oriundos daqueles que ainda não perderam a inocência, passando para o população a inevitabilidade de mudança de modelo.

Por outro lado, os partidos políticos que tentam se apresentar com terceira via, que na realidade é a segunda via , não tem propostas claras e acabam por se inserir no mesmo modelo , como é o caso da candidatura de Marina.

Essa polarização centro esquerda com centro direita, reúne a maioria dos partidos políticos existentes, aliados de um lado ou de outro, o que não é muito diferente de republicanos  e democratas nos EUA.

Isso é péssimo, e romper com essa polarização se faz necessário.

O PAPIRO  se alinha com o campo da esquerda e com o ecossocialismo, que infelizmente ainda não se manifestou  através de partidos políticos.

Confesso que já estou de saco cheio de ficar apoiando um opção de centro esquerda inserida em   um modelo decadente, predatório , em crise agonizante pelo mundo e gerador de crises em todos os países, sendo que a crise comum em todos os povos, é a de expectativa para  com o futuro.
Na maioria do países existem crises de desemprego, recessão e de expectativa.
No Brasil do PT, a crise é apenas, o que não é pouco, de expectativa, não por acaso a população brasileira é considerada um das mais felizes no mundo atual.

O modelo econômico neoliberal não permite  antever um futuro saudável e tranquilo para os povos, e não é por acaso que as crises proliferam pelo mundo ceifando vidas.

Pior ainda, é ouvir dos candidatos da centro direita, como o  candidato Aécio, que se faz necessária a redução do estado brasileiro, citando como referência a Meca das políticas neoliberais , os EUA. 
Justo os EUA, que ainda respira por causa do  estado, o complexo industrial militar.
As guerras sem fim é que movem a economia dos EUA, para o bem ou para o mal.

Em meio a realidade ocultada e manipulada, a campanha se dá com acusações de corrupção ,como se o modelo mundial neoliberal não fosse  o maior incentivador dessas práticas, além de outras como recessões e desemprego, já que privilegia o parasitismo através de práticas especulativas que apenas favorecem os endinheirados pelo mundo.

Aí reside outra pequena diferença entre PT e PSDB.  
Enquanto os governos do PT reduzem a possibilidade de ganhos astronômicos da turma endinheirada - mas que mesmo assim ganham muito e  querem ganhar mais - o PSDB defende o ganho e a acumulação  sem limites para a turma do dinheiro, omitindo da população que para isso , a maioria do povo sofrerá com desemprego, crédito restrito e recessão.
Não por acaso, também, é chamado de arrocho.

Como disse no início ao caro leitor, não iria falar sobre política e eleições, e assim fiz, escrevendo esse artigo sobre mídias , manipulações, pesquisas e reformas.


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