terça-feira, 12 de agosto de 2014

Fatos & Fatos

Beckenbauer, sobre 7 a 1:


'Parecia que Alemanha jogava contra crianças'


Ex-jogador criticou preparação do Brasil e condenou a defesa 'perdida' pela goleada nas semifinais. Craque também elogiou equipes como a Costa Rica na 'Copa do coletivo'

Franz Beckenbauer (Foto: Hazir Reka/Reuters)
Craque eterno da seleção alemã, Franz Beckenbauer fez críticas duras à preparação brasileira para a Copa do Mundo, e, principalmente, à Seleção contra os alemães, na goleada histórica por 7 a 1, no Mineirão. O ex-jogador falou a "O Estado de S. Paulo" e também revelou surpresa com o resultado.
- Foi um dia muito trágico. Aquilo jamais voltará a acontecer numa semifinal de Copa do Mundo. Parecia que a Alemanha estava jogando contra uma equipe de crianças. Mesmo como alemão, foi difícil assistir ao que estava ocorrendo - disse
O ex-atleta falou ainda sobre o desequilíbrio emocional dos brasileiros, além de condenar os defensores da equipe de Felipão.
- O que é certo é que a defesa brasileira falhou muito. David Luiz, Dante e Marcelo não se encontravam, eles são grandes jogadores em seus clubes. Em alguns dos gols, via-se sete ou oito brasileiros dentro da área ou defendendo, contra três alemães e, mesmo assim, esses jogadores alemães apareciam totalmente livres na área.
Ao contrário do que defende o comandante da Seleção na Copa, Beckenbauer não tratou o vexame como ocasional, e sim criticou o trabalho da comissão técnica brasileira e a formação da equipe, segundo ele dependente de Neymar e Thiago Silva.
- A realidade é que o Brasil não formou uma equipe de fato. O que o Brasil tinha em campo eram alguns astros isolados e, num Mundial, isso não é suficiente. Dependiam de Neymar e Thiago Silva e, quando esses jogadores saíram, os que estavam em campo não sabiam para quem tocar - finalizou o astro alemão, que tratou esta como a "Copa do coletivo".

Fonte: LANCE
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Logo após o 7 x 1, Beckenbauer fez a seguinte declaração à imprensa :

" isso não significa o fim do futebol brasileiro"

E alguém em sã consciência poderia imaginar o Brasil sem o futebol ?

Agora, passado um mês , ele volta ao tema e declara que os jogadores brasileiros se pareciam como crianças naquele jogo.

Deve-se analisar com cuidado as declarações  de Beckenbauer.

Ao afirmar que o 7 x 1 não seria o fim do futebol brasileiro, o alemão estava dizendo exatamente o contrário, ou seja, que o futebol brasileiro já teria encerrado seu ciclo de conquistas. 
Aliás esse tipo de pensamento é recorrente na imprensa européia, principalmente quando oriundo de ex-jogadores do velho continente.

Recentemente um ex-jogador alemão, Breitner, esteve no Brasil e disse que o país tinha acabado com a conquista da copa de 2002.

Beckenbauer foi um  gigante dentro de um campo de futebol com os pés, mas é um anão quando expõe suas idéias.

Há um desejo europeu obsessivo em ver o Brasil fora das grandes conquistas, mesmo que a realidade demonstre o oposto.
Depois de 2002, o pentacampeonato mundial conquistado na Ásia, o Brasil que é tetra campeão da Copa das Confederações, o maior vencedor da competição assim como na copa do mundo,  venceu a competição em 2005 na Alemanha,  em 2009  na África do Sul e em 2013 no Brasil .
A Copa das Confederações não é uma Copa do Mundo, porém quem participa da competição não o faz por brincadeira e sem o interesse de vencer.

Diante dos fatos o Brasil continua sua série de conquistas, o que não elimina os profundos problemas organizacionais e estruturais por que passa o futebol no Brasil.

Beckenbauer misturou o jogo dentro do campo com o jogo fora do campo, e foi parar em lugar nenhum.
Falou da vitória do futebol coletivo, como se até então só vencia o individualismo. 
Errou na avaliação
O futebol alemão de 2014, o futebol espanhol de 2010, o futebol italiano de 2006, o futebol brasileiro de 2002, o futebol francês de 1998, o futebol brasileiro de 1994 e o futebol alemão de 1990, tinham um forte apelo coletivo e participativo em suas equipes.

A diferença que emerge nos últimos quatro anos não é o coletivo ,mas sim o coletivo e o participativo  de alta intensidade associado ao talento e a técnica do jogador de futebol, ou seja, herança do futebol brasileiro e sul americano.

O Barcelona de Pepe Guardiola foi inspirado no bom e velho futebol brasileiro, de toque de bola, participação e talento, isso segundo palavras do próprio treinador espanhol, hoje reproduzindo seus conceitos no Bayern de Munique.

O jogador de futebol alemão, e europeu de uma maneira geral,  evoluiu nos aspectos técnicos, uma fragilidade histórica dos europeus em geral, o que não invalida no passado o surgimento de algumas exceções no bom  trato com a bola, como Overart, Zidane, Laudrup, Stoitchov e outros.

Essa evolução técnica , fruto de muito trabalho e organização, certamente vem rendendo frutos a Alemanha e a conquista da copa no Brasil pode ser visto como o resultado de um trabalho bem planejado.

Quanto ao futebol brasileiro, fora do campo, Beckenbauer pouco sabe.

Dentro do campo,o Brasil, de fato, não teve um time a altura para disputar a copa de 14, o que não significa que não possa ter em pouco tempo. 
Aliás o pior que poderia ter acontecido para todos aqueles que desejam o fim do futebol brasileiro, foi a derrota do Brasil  de 7 x 1 para Alemanha. 
Já vi esse filme em outras ocasiões como em 1966 e 1990.

No tocante ao fato de que os jogadores brasileiros terem se comportado como crianças , é uma afirmação totalmente desprovida de conteúdo e, em parte, nos remete a visão dos colonizadores europeus quando aqui  chegaram na América.
Esse ranço de uma suposta superioridade ainda é muito presente nos europeus em relação aos sulamaericanos e mais ainda nos alemães em relação ao mundo.
A História cria significantes profundos que por vezes se manifestam.

Tais declarações estão somente focadas na vitória da Alemanha sobre o Brasil por um placar elástico, que não foi condizente com o que a equipe germânica jogou na copa contra outros adversários.

Se valoriza muio mais a vitória  contra o Brasil que o próprio título conquistado pela Alemanha, o que pode ser visto e entendido como um sentimento  de inferioridade em relação ao futebol brasileiro, mesmo com todos os problemas estruturais que o futebol no Brasil atravessa.

Isso também me parece um fato.



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