sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O Copo está vazio ou cheio de ar ?

Sugiro ao caro leitor a leitura atenta da excelente postagem abaixo do CAFEZINHO

Caçando urubus

Hoje é um bom dia para caçar urubus. Temos duas notícias econômicas realmente boas, e um contraponto importante.
*
1) Pibinho pode ser Pibão
primeira notícia boa foi encontrada na página A14 da edição impressa do Valor. Por razões misteriosas, eles estão escondendo a matéria no site, e desconfio que o resto da imprensa tentará desesperadamente ocultar a notícia.
Vou copiar alguns trechos da matéria porque se eu disser com minhas palavras, meus adversários acharão que estou mentindo.
“Os dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA) de 2012, divulgados sem alarde pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 24 de julho, mostram que a trajetória da indústria brasileira desde 2009 pode ter sido mais benigna do que aquela até agora contabilizada pelo Produto Interno Bruto (PIB). Pela pesquisa, o valor da produção industrial do setor de transformação cresceu entre 36% e 40% no acumulado desde 2009 (…)”
(…)
“No final de julho, o IBGE liberou os dados das pesquisas anuais da indústria, construção e comércio de 2012. Com base nessas três pesquisas – falta divulgar a de serviços -, a LCA recalculou o PIB dos últimos anos e concluiu que o crescimento desde 2009 (último dado definitivo) pode estar subestimado. A maior diferença aparece em 2012 e no setor de transformação.
O estudo elaborado pela LCA Consultores utilizou o critério de VTI e mostra que, em 2012, de acordo com a Pesquisa Industrial Anual (PIA), o segmento de transformação produziu R$ 900 bilhões, crescimento de 6,8% sobre 2011, em valores correntes. De acordo com o PIB, o valor adicionado do setor foi de R$ 480 bilhões, queda de 6,4% sobre o resultado de 2011. “Desde 2007, se olharmos para o PIB, a indústria andou de lado. Se olharmos para a PIA, ela continuou crescendo”, pondera Borges. “Os dados, olhados ao longo do tempo, mostram uma diferença muito grande de tamanho de setor e de dinâmica”, diz o economista.”
arte07esp-102-ibge-a14

Agora vou tentar explicar com minhas palavras.
A fonte da notícia são números oficiais incontestáveis do IBGE, os quais são avalizados pela LCA, uma das consultoras mais respeitadas no mercado, inclusive pela mídia (seus consultores aparecem quase todo dia na Globonews e nas colunas da Miriam Leitão).
Em resumo, a notícia informa que PIB cresceu bem mais do que se tem divulgado.
Mas como assim, dirão os incautos?
Explico.
Calcular a riqueza de um país não é um processo simples. Há milhares de variáveis que precisam ser levadas em conta.
O IBGE está no meio de um processo de profunda modernização da metolodologia usada para o cálculo do PIB. A nova metodologia é muito mais detalhada, confiável, mas os pesquisadores ainda não concluíram o processo de conversão.
Somente a partir de meados de 2015, os PIBs desde 2010 serão divulgados com a nova metodologia.
Mas já é possível antecipar alguns resultados. E todos apontam para PIBs maiores do que os divulgados. E impulsionados principalmente pela indústria de transformação, que é onde os pesquisadores do IBGE e da LCA identificaram as maiores distorções.
Segundo o novo cálculo, a indústria brasileira de transformação cresceu, nominalmente, mais de 40% de 2009 a 2012. Pela a metodologia antiga, ainda usada, ela teria crescido somente 4%.
Em valor, a indústria de transformação produziu R$ 902 bilhões em 2012 conforme a metodologia nova, mas somente R$ 480 bilhões pela antiga, já defasada (embora seja a usada hoje).
*
2) Terceiro mês seguido de deflação
A segunda notícia boa também peguei no Valor, mas já deve estar publicada em toda parte. A inflação em julho, segundo o IGP-DI, fechou em queda.
Pelo terceiro mês seguido. E puxada sobretudo pelo setor de alimentos.
Vou reproduzir apenas um pedacinho, para não cansá-los.
SÃO PAULO – O Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) voltou a cair em julho, terceiro mês seguido em que registra deflação. O indicador recuou 0,55% no mês passado, após registrar declínio de 0,63% em junho e queda de 0,45% em maio, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). No ano, o IGP-DI acumulou alta de 1,54% e, em 12 meses, avançou 5,05%.
Dos componentes do indicador geral, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa 60% da formação dos IGPs, caiu 1,01% em julho, seguindo baixa de 1,21% um mês antes. Os produtos agropecuários cederam 2,81% e os industriais, 0,34%. Em julho, as taxas negativas tinham sido mais acentuadas, de 2,97% e 0,52%, respectivamente.
*
3) Setor de autopeças: copo meio vazio ou meio cheio?
O contraponto que eu gostaria de apresentar refere-se à manchete do Globo de hoje.
ScreenHunter_4476 Aug. 07 08.53


A manchete não está errada, mas é um terrorismo chinfrim. A produção de automóveis caiu 20% sobre o mesmo mês do ano passado, mas cresceu fortemente (17%) sobre o mês anterior, num sinal de recuperação.
A mentira se encontra, sobretudo, na falta de contextualização, o que leva o leitor a pensar que a indústria vive uma crise estrutural, ou mesmo terminal, o que não é verdade.
Eu fui no site da Anfavea, a associação que representa o setor, analisei inúmeras estatísticas, e baixei o Anuário de 2014.
Descobri que os últimos meses tem sido difíceis. Mas os números mostram um setor evoluindo de maneira intensa nos últimos anos, e um mercado consumidor ainda com um gigantesco potencial de crescimento. Eu separei alguns gráficos e tabelas. Faço comentários sob cada uma das tabelas.
ScreenHunter_4463 Aug. 07 08.32

faturamento

Observe que o faturamento do setor, em números já deflacionados, cresceu de US$ 46 bilhões em 1995 para US$ 94 bilhões em 2012. O ano de 2013, não presente no Anuário de 2014, também foi positivo. Talvez haja um declínio em 2014, mas sem afetar a tendência geral de aumento de produção e faturamento.
A participação do setor de autopeças no PIB industrial passou de 13% em 1995 para 19% nos últimos anos.
produ_veiculos

A produção em 2013 marcou um recorde histórico: 3,73 milhões de veículos, quase o triplo do volume registrado em 1993.
veiculos

A produção de veículos passou por uma descentralização profunda. Antes, tínhamos quase tudo concentrado em Minas e, sobretudo, São Paulo.  Em 1990, São Paulo concentrava 75% da produção nacional de veículos; em 2013, por 43%. Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Rio de Janeiro e Goiás passaram a ser players importantes.
maq_agric

A produção de máquinas agrícolas em 2013 triplicou desde o final dos anos 90.  O Brasil produziu 100 mil máquinas em 2013.
ScreenHunter_4467 Aug. 07 08.36

Desde 2004, o Brasil tem sido um dos países cuja produção de autopeças mais tem crescido. Observe que EUA e Japão produziam 12 e 10 milhões de veículos ano em 2004; no mesmo ano, a produção brasileira era de 2,3 milhões. Em 2013, o Brasil produziu 3,7 milhões, aumento de 61% em 10 anos. Não é pouca coisa! Em 10 anos, ultrapassamos  Canadá, Espanha e França.
ScreenHunter_4465 Aug. 07 08.35

A tabela acima mostra o potencial de consumo de automóveis do Brasil, e porque tantas empresas do setor continuam a investir por aqui. O número de habitantes por veículo na Argentina, para ficar num país de renda similar (e até mesmo inferior), é de 3,6 por carro. Aqui no Brasil está em 5,3. Nos países desenvolvidos, o índice fica entre 1 e 2 carros por habitante.
Naturalmente, temos que melhorar a infra-estrutura das nossas grandes cidades, principalmente introduzindo transporte ferroviário.
ScreenHunter_4464 Aug. 07 08.34

A frota de veículos no Brasil estava estimada, em 2012, em 37 milhões de veículos. Nos EUA, é de 251 milhões. No Japão, com população inferior à nossa, em 109,2 milhões. Isso mostra bem o potencial enorme de vendas para a indústria de autopeças.

Fonte: O CAFEZINHO
_________________________________________________________________________



Se você chegou até aqui deve ter percebido que esse Brasil, o Brasil real e verdadeiro, não aparece na velha mídia, não é notícia.
Já que  falamos de notícia, sugiro a leitura no OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA do artigo publicado hoje, 08.08.14 intitulado:

IMPRENSA EM DECADÊNCIA

A lanterna que ilumina a espuma

Por Luciano Martins Costa em 08/08/2014 na edição 810
Se você seguiu minhas sugestões, e acredito que tenha seguido pois são de seu interesse, você certamente deve estar pensando e lembrando do conteúdo diário de notícias dos veículos da velha mídia. 
Emissoras de rádio, de TV e os impressos, todos que em um bloco único e organizado apresentam para a população, diariamente, aquilo que julgam  e consideram como relevante para que você possa compreender a realidade.  
E é justo aí que você deve ter percebido que a realidade que você recebe pode ser um fragmento, um recorte, ou mesmo uma intenção de uma realidade desejada. 
Isso se aplica para a velha mídia não só do Brasil, como de todo o mundo que segue a lógica predominante dos discursos do modelo político e econômico liderado pelos EUA e União Européia. O copo está pela metade, o que se prioriza é a metade cheia ou a metade vazia ? 
Morrem 100 palestinos por dia no confronto Israel X Palestina e 1 israelense no mesmo período. 
O destaque fica por conta da morte de 100 pessoas ou de uma pessoa ? 
Você deve estar se lembrando que esse assunto já foi abordado pelo PAPIRO em inúmeras vezes - e está certo quanto a isso - e talvez esteja até mesmo se perguntando o motivo pelo qual este tema sempre apareça em destaque.
Se você tem essa percepção é sinal de que se preocupa e compreende a importância da imprensa na vida das pessoas e certamente já deve ter percebido, em algum momento, ou em várias ocasiões, os destaques negativos  da atuação da velha mídia na formatação das consciências. 
É o gelo do Ártico que está desaparecendo ou é o surgimento de uma nova rota pelo pólo norte  que irá reduzir os custos  para navegação marítima ? 
É a temperatura que está subindo ou é o frio que deixa de ser incômodo? 
É o aumento de gases poluentes na atmosfera terrestre, ou é o progresso do pacto civilizatório ? 
É o garoto que foi preso vendendo drogas ou são as elites e parcelas da classe média alta que não podem ficar sem o consumo de entorpecentes ? 
É o funcionário público que recebe propina ou é  o empresário que paga a propina ? 
Você deve estar respondendo as questões acima e, certamente, deve estar priorizando todos o lados, todas as possibilidades e, como interessado no conhecimento e no esclarecimento dos fatos, deseja uma abordagem jornalística que tenha  sempre o ponto de vista, amplo, e a vista do ponto, específico. 
Essa abordagem, tão desejada por você e pela maioria da população, não existe na velha mídia. 
O que existe,e você concorda de forma incontestável como o PAPIRO, é a existência de uma abordagem seletiva, conjuntural, doutrinária, política, econômica e, em muitas vezes a abordagem é uma peça de ficção, pois não tem nenhuma relação com uma realidade noticiada. 
Você pode, até mesmo, pensar que o ponto de vista e a vista do ponto é uma utopia, já que a velha imprensa e a mídia são partes , importantes, da engrenagem que movimenta e sustenta o modelo por ela reportado diariamente. 
Se você pensa assim você está corretíssimo e, pelo menos em relação a atuação da imprensa e dos meios de comunicação, sua compreensão da realidade é precisa e exata. 
Entretanto, você necessita justo desse segmento, a imprensa e a mídia, para que você possa efetuar suas escolhas, elaborar seus planos e projetos, cuidar do seu corpo e da sua saúde, e , até mesmo para os totalmente dependentes de informação, escolher a roupa que irá usar no dia, em função do clima da sua cidade. 
Você , a medida que avança na compreensão do significado profundo de imprensa e da mídia, e esse avanço não se dá apenas pela leitura atenta deste texto,  compreende que a simulação pode um dia ser verdade, que o néctar pode ser um veneno, que o incêndio pode ser verdadeiro. 
Alterar o quadro atual da velha mídia é algo difícil, porém, felizmente, não é impossível, principalmente se você estiver consciente dessa necessidade. 
Além disso você sabe, e já sabe há um bom tempo, que as mídias digitais, com seus blogues e portais de informação, proporcionam um leque bem interessante de informações e opiniões que funcionam como um contraponto a velha mídia, porém ainda não são suficientes para emperrar a a parte da engrenagem que a velha imprensa opera. 
O resultado que emerge, pelo menos no momento atual da população no tocante as informações e esclarecimentos necessários para a vida dos cidadãos, é de  uma pensamentosfera anárquica, contraditória, conflitante  e até mesmo violenta, tendo em vista as ações da velha mídia em tentar preservar um status quo ultrapassado, decadente e anacrônico, isso por um lado. 
Pelo outro lado  as mídias digitais, em um crescente, vem contribuindo de forma significativa e relevante para mitigar os estragos produzidos pela velha mídia e, também para fazer um contraponto e, em escala reduzida produzir o desejado jornalismo utópico. 
É uma entropia jornalística, deve estar você pensando, e pensando com razão já que você compreende a realidade como a realidade se apresenta. 
A entropia, e o caro leitor sabe, é um estado desordem. 
Nessa desordem a velha mídia brasileira vem se destacando com um pólo disseminador de conflitos, factóides, manipulações, omissões e mentiras, independente do tema  abordado, ou seja, pode ser política, economia, futebol, eleições, saúde, meio ambiente, tudo, isso mesmo, tudo, é apresentado de forma seletiva. 
Vivemos hoje no Brasil uma ditadura midiática - e o leitor concorda com o PAPIRO - onde o exercício do jornalismo pode muito bem ser comparado as gangues e milicias que operam no crime organizado, fazendo da velha mídia brasileira nada mais do que mais um comando criminoso em ação. 

 Abaixo alguns deploráveis exemplos produzidos pela velha mídia e desmascarados pela blogosfera :

Opinião abalizada


Parece ingenuidade, mas é apenas estupefação.

Como pode a maior emissora do País, os maiores jornais em circulação e a revista semanal mais vendida se unirem para vender aos seus leitores e espectadores a ideia de que houve um escândalo, um crime vergonhoso, na CPI da Petrobras, apenas por que alguns dos depoentes receberam algumas das perguntas que seriam feitas por alguns dos parlamentares?

O que há de ilegal, imoral ou ao menos ilógico nisso? Qual o problema se um diretor da empresa foi treinado por assessores ou técnicos sobre como responder às prováveis perguntas que lhe seriam feitas? O que se espera de um aliado além de apoio e aliança? Alguém impediu que alguma pergunta terrível fosse feita? Algum representante da oposição teve sua palavra cassada?......
Fonte:SQN







Nenhum comentário:

Postar um comentário