sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O sequestro do futebol e prorrogação do metrô

Ampliação do horário do Metrô de SP só pelo futebol interessa à TV Globo

Divulgação
Para militante do Passe Livre e especialista em mobilidade urbana, medida do governo de Geraldo Alckmin ocorre paralelamente à elitização do futebol e atende a interesses privados
31/07/2014
Eduardo Maretti,
A ampliação do horário de funcionamento do Metrô de São Paulo, das 0h às 0h30 às quartas-feiras em que forem realizados jogos de futebol na capital paulista mostra que as medidas para melhoria dos serviços de transporte obedecem a critérios seletivos e elitizados e, neste caso, para favorecer interesses privados –em especial da TV Globo. A opinião é do Movimento Passe Livre (MPL). A medida foi anunciada na terça-feira (29), após reunião entre dirigentes do Corinthians e representantes do governo paulista, e vale para dias de partidas nos estádios Allianz Parque (o novo estádio do Palmeiras), Pacaembu, Morumbi e Canindé.
"A posição do movimento é de que essa medida do governo só reafirma que resolver os problemas do transporte público depende mais de vontade política do que de questões técnicas", diz Monique Félix, militante do MPL. "E fica claro que a vontade do governo do estado nesse caso está do lado dos poderosos, tanto da Rede Globo como da população rica que passa a frequentar os estádios com a elitização do futebol, como ficou bastante claro na Copa do Mundo".
Ela lembra que a demanda por expansão dos serviços de transporte não é recente. "Por muito tempo a população mais pobre da cidade colocou a demanda por mais transporte durante a madrugada, nos finais de semana, e ampliação dos serviços de transporte público, e isso é negado para a população periférica. Mas agora, pontualmente, é dado para outra parte da população".
A constatação é de que a ampliação em meia-hora do funcionamento do metrô paulistano é positiva, mas só se deu por pressão de setores mais abastados e para evitar mexer com os interesses da Rede Globo, que considera intocável o horário de sua novela das 21h, que termina pouco antes das partidas em dias de semana. "A medida (do governo Alckmin) em si não achamos ruim, mas fica claro que tipo de reivindicação e de que setor social o governo vai atender, que não é da população pobre e periférica", explica a militante do MPL. A TV Globo tem dois horários tradicionais de transmissão de futebol: quartas às 22h e domingos a partir das 16h ou 17h.
Na opinião de Monique, a elitização do futebol está em curso, embora o torcedor que hoje vai aos jogos do Corinthians na Arena Corinthians seja menos abastado que o torcedor da Copa. "O estádio do Corinthians tem ingressos caríssimos para qualquer competição. O público ainda não é tão elitizado, mas está num processo de elitização evidente, isso está bastante expresso", aponta.
O ingresso mais "popular" da Arena Corinthians é de R$ 50 (atrás do gol, similar à antiga geral, setor que ocupa apenas 15% do estádio), passando por arquibancadas a R$ 80 e setores "Leste Inferior" a R$ 180, "Oeste Inferior" a R$ 250 e vip a R$ 400.
"A medida do governo, feita para se fazer uma concessão ao capricho de uma emissora de TV, coloca o serviço público a mercê de um ente privado", afirma o jornalista Marcos Souza, editor do Mobilize Brasil, portal de conteúdo sobre mobilidade urbana sustentável que tem entre seus objetivos "pressionar governos para implantarem políticas públicas efetivas de mobilidade".
"A ampliação do horário é um misto das duas coisas: tanto do interesse da Rede Globo (por não querer fazer modificação do horário da novela em sua grade) quanto do governo estadual, que mostra que atende à população mais rica, que tem poder de barganha junto ao governo do estado para pressionar pela mudança", avalia Monique Félix.
Para o deputado Luiz Claudio Marcolino (PT), autor de um projeto de lei na Assembleia Legislativa que propõe a expansão gradual dos serviços do metrô em São Paulo, a medida do governo paulista é paliativa e, se houvesse de fato intenção de expandir o horário, o Palácio dos Bandeirantes apoiaria o Projeto de Lei 621/2011. "Podia-se aproveitar o PL que já tramita na Assembleia, previsto para ser votado agora em agosto, porque está trancando a pauta", lembra Marcolino.
Segundo ele, a proposta não é de que o metrô comece a funcionar 24 horas todos os dias de imediato, mas que haja uma transição para que as necessidades da cidade sejam cada vez mais atendidas, gradativamente. "Poderia começar a funcionar nos finais de semana 24 horas, quando não tem manutenção, já que a desculpa do governo é de que não pode funcionar 24 horas por causa da manutenção", propõe o parlamentar.
O controlador de tráfego e presidente da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro), Paulo Pasin, confirma em parte a informação sobre a manutenção do metrô nos fins de semana. "É feita manutenção de sexta para sábado e de domingo para segunda, mas não de sábado para domingo", diz.
Ele explica que durante essa madrugada do fim de semana a via fica inclusive energizada e há treinamento de operador de trem, treinamento de resgate para atropelamento e outros, e também testes com trens reformados, por exemplo. "Nada impede que o metrô funcione na madrugada de sábado para domingo. Mas teria que transferir os treinamentos para outros dias e horários e, além disso, seria preciso contratar mais funcionários", avalia Pasin.
RBA procurou a assessoria de Comunicação do Metrô, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.
Fonte: BRASIL DE FATO
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Trombone alvorada weril

O transporte público deve funcionar 24 horas por dia, obviamente com maior ou menor disponibilidade em função do horário.
O que não pode é ser interrompido por volta de 1 hora da madrugada e voltar somente próximo do amanhecer.
Infelizmente é assim em São Paulo e na maioria das grandes cidades.

O caso com o metrô de São Paulo e o  futebol da globo revelam o que é prioritário na gestão do PSDB.

Uma partida de futebol com início às 22 horas, as quartas-feiras, é algo indecente.
O pior de tudo é  que o futebol só começa depois de terminar a novela, isso mesmo, uma partida de futebol de um campeonato brasileiro às quartas-feiras só pode ter início depois de encerrado um capitulo de um novela da TV globo, a emissora que sequestrou a exclusividade de transmissão dos campeonatos nacionais , regionais e estaduais.

Em outros dias da semana, com exceção dos domingos às 16 horas, não existe transmissão de partidas de futebol em TV aberta, e olha que tem jogo, terça-feira, quarta-feira ( ás 19:30 . às 21 horas e ás 22 horas), quinta-feira, sexta-feira , sábado, domingo.
Caso as pessoas que gostam de futebol queiram assistir jogos, que não sejam na TV globo, são obrigados a pagar pelas partidas em tv's a cabo e por assinatura.
E aí cabem duas perguntinhas, ingênuas e inocentes:
O que é mais relevante para a cultura nacional  e preferência do brasileiro, o futebol, ou uma novela onde o que mais se vê são obscenidades , crueldades e  o pior repertório de valores agregados aos personagens das tramas?
O que deveria ser pago  e restrito e o que deveria ser gratuito e abundante ?

Acontece que a TV globo, já há décadas, incorporou o futebol, independente do campeonato, a sua grade de programação, de maneira que o " futebol na globo" seja um programa da grade da emissora que acontece sempre as quartas-feiras, às 22 horas , e aos domingos às 16 horas.

As novelas de tv globo não sofreram nenhuma alteração nos horários, já o futebol teve que se enquadrar para não prejudicar uma mesmice que muda apenas de título, com revezamento dos atores da emissora.

Uma partida de futebol numa quarta-feira às 22 horas, é algo praticamente inviável para um trabalhador que sempre acorda cedo. 
Até mesmo assistindo pela TV , em casa, esse trabalhador , em muitas vezes não vai até o final da partida por conta do horário avançado.

Enquanto isso, a imprensa esportiva, em sua maioria, se cala diante dessa aberração , mas reclama que os estádios de futebol andam vazios, o que prejudica os clubes.

Enquanto o futebol brasileiro estiver condicionado aos interesses de uma emissora de TV, prevalecerá a mediocridade das novelas como laboratório de divulgação e formação do que existe de pior no repertório de valores para uma sociedade.

Recentemente em jogo pela Copa Libertadores da América, no Engenhão , cidade do Rio de Janeiro, o horário previsto para o início da parida era de 22 horas.
Ao iniciar a partida  houve uma queda na energia, e o jogo só pode começar às 23 horas.
E se faltar luz, governador, como é que fica o transporte ? 
E se o jogo for para a prorrogação e penaltis, o metrô e trens também vão para a prorrogação ?

O futebol é ao vivo, já as novelas são gravadas , mas o que deve mudar e se adequar é o futebol.
Que tal fazer as partidas de futebol, em local fechado, sem público e sem nenhuma mídia, e depois apresentar a gravação do jogo após a cena de assassinato, roubo ou estupro da novela ?

Neste caso o governador não precisaria mudar o horário dos trens e do metrô.

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