segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Um filme que não pode se repetir

Um Filme que se repete

Foi assim com Jânio Quadros e com Fernando Collor

O"novo" da vez , agora , é Marina Silva. 

 

 

   

 

 

 

 

                                40 anos para atrás em 4

                  












  Adivinhe quem trouxe Jânio Quadros para votar?

Por Paulo Moreira Leite 


Existe coisa mais antiga do que "socialista" que não acredita em "socialismo" e não sai de perto de banqueiro?
Não vamos nos enganar: a mesma elite econômica que fez o possível para sustentar Aécio Neves até aqui prepara seu embarque na campanha de Marina Silva. É uma questão que se resolve na próxima pesquisa.
É constrangedor mas é verdade.
Os editoriais de jornal, o tom de crítica leve, as advertências e conselhos dirigidos a Marina traduzem um movimento de quem prepara o terreno para fazer uma virada mudança em suas opções políticas e negocia cada passo.
O esvaziamento notório de Aécio, quinze dias depois da morte de Eduardo Campos, ajuda a revelar o caráter superficial dos compromissos políticos de seus aliados de véspera. Sua campanha nunca se apoiou num pacto político em profundidade mas numa aliança puramente instrumental, de quem contrata um serviço e define uma tarefa.
A prioridade, vamos deixar claro, é vencer Dilma. Sem isso, o candidato do PSDB não tem serventia. Não estamos falando de ideias, de um projeto de país, de luta ideológica e tantas palavras nobres que se costuma citar para maldizer a política brasileira. É poder e poder.
Depois de passar os últimos anos tratando Marina Silva como uma concorrente despreparada, dogmática, candidata a transformar o exercício da presidência num desastre permanente, aquilo que nossos sociólogos chamam de elite porque o termo “burguesia” ou “ classe dominante” fica pesado demais num discurso liberal, é obrigada a engolir o que disse. A pergunta que interessa é saber quem está melhor preparado para interromper 12 anos de governos Lula-Dilma.
A vantagem comparativa de Marina sobre Aécio é a falta absoluta de compromissos reais. Cabe tudo em sua caravana.
Através dela, a política brasileira regride em direção a Jânio Quadros. É a candidata que condena a “velha política” mas não consegue explicar-se sobre um simples avião de campanha. Mantém com o PSB relações típicas de um partido de aluguel – que usará enquanto lhe for conveniente — mas agora mostra-se como o “novo.”
Existe coisa mais antiga do que “socialista” que não acredita em “socialismo” e não sai de perto de banqueiro?
Lembram-se de Fernando Collor, o caçador de marajás que promoveu um furacão sem partido, apoiado pela turma dos negócios & do poder porque era o melhor para vencer o Brizola?
Para empregar uma linguagem típica de seus aliados, o universo de Marina é o populismo que não tem referências claras, cresce nas emoções e na confusão política. Por isso se fala em governar com FHC e Lula.
Isso sempre acontece quando o conservadorismo disputa uma eleição na qual não pode mostrar a própria face.
Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília. É também autor do livro "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA, IstoÉ e Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa".

UDN e Taliban evangélico podem se unir para levar o Brasil à Idade das Trevas

Marina e a UDN, 60 anos depois

A UDN – que levou Vargas ao suicídio, que derrubou Jango em 64 e que há 12 anos tenta encurralar Lula e o PT – é capaz de embarcar em qualquer aventura. A pergunta é: a democracia brasileira, pela terceira vez, fará esse mergulho no desconhecido em 2014?


A velha UDN tinha uma estranha fixação por militares. Os candidatos presidenciais udenistas - derrotados por Dutra (1945), Vargas (1950) e Juscelino (1955) – eram sujeitos que vestiam farda: Juarez Távora e Brigadeiro Eduardo Gomes.
 
A UDN era ruim de voto. Mas boa na agitação golpista: no dia 24 de agosto de 1954, há exatos 60 anos, Carlos Lacerda (principal agitador udenista) e seus aliados militares encurralaram o trabalhismo – levando Vargas ao suicídio.
 
A UDN seguiu perdendo eleição, até que em 1960 resolveu buscar um candidato “de fora”. Janio Quadros - líder hstriônico, que passava a imagem de não se render aos “conchavos” políticos - finalmente levou a UDN ao poder. ”O jeito é Janio”: foi o slogan de campanha. Mas Janio não era um autêntico udenista. O governo dele foi uma crise só. Janio renunciou antes de completar um ano no poder.
 
Em 1989, para impedir a vitória do monstro “Brizula” (Brizola e Lula eram favoritos, diante da crise do governo Sarney), a Globo fez o papel de UDN e escolheu Collor. Caçador de marajás, inimigo de “tudo que está aí”, Collor ganhou. Mas caiu 3 anos depois. 
 
Em 2014, os conservadores parecem dispostos a embarcar em nova aventura. Depois de 3 derrotas consecutivas, o bloco demo-tucano está dividido. Os setores mais orgânicos insistem com Aécio Neves. Mas parte da mídia, dos bancos e da classe média aceita qualquer nome que seja capaz de derrotar o PT.
 
Aliada ao PSDB e ao DEM, a velha mídia resiste em embarcar no marinismo. Mas em uma ou duas semanas, o jogo estará jogado. Se Aécio minguar para 15%, e Marina passar dos 25%, a velha UDN dará mais um salto no desconhecido.
 
Por enquanto, as revistas semanais trazem o nome de Marina Silva associado a um ponto de interrogação. Nos bastidores, inicia-se um balé de cobranças e concessões. Marina precisa mostrar-se confiável para o mercadismo (que desconfia da “estatista” Dilma). Em duas semanas, o ponto de interrogação pode virar exclamação: Marina é o jeito, contra “tudo que está aí”!
 
Sem partido, avessa aos “conchavos”, Marina Silva é uma política profissional que finge detestar a política. Igualzinho a Janio e Collor -  ilusionistas do voto.
 
Pesquisas internas mostram que Aécio se esfacela. O mineiro tenta reagir: conta com os aliados midiáticos, para desconstruir Marina. Dossiês e denúncias saem das gavetas. Mas Abril e Globo talvez não queiram queimar Marina - único Plano B, para derrotar Dilma.
 
Marina tem uma avenida livre pela frente: PSDB em crise, Aécio perdido entre um discurso oposicionista e as promessas de manter o Bolsa Família (uai, a turma que vota nos tucanos não diz que aquilo é ”bolsa esmola”?), mídia desesperada por derrotar o lulismo.
 
Se eu pudesse arriscar um palpite, diria que a  máquina midiática aliada do tucanato não vai ajudar o candidato do PSDB. Aécio vai minguar, e pode perder até o governo de Minas para o PT.
 
Misto de líder messiânica da “nova política” e parceira confiável dos bancos, Marina vira favorita. Só Lula será capaz de barrá-la. E talvez nem ele.
 
Lula talvez precise se guardar para construir alternativas mais à frente. Um eventual governo Marina, não tenho dúvidas, terá o mesmo padrão de instabilidade que marcou Janio e Collor.
 
A UDN - que levou Vargas ao suicídio, que derrubou Jango em 64 e que há 12 anos tenta encurralar Lula e o PT – é capaz de embarcar em qualquer aventura. Isso já sabemos. Mas a pergunta é: a democracia brasileira, pela terceira vez, fará esse mergulho no desconhecido em 2014?
Fonte: SQN
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