sexta-feira, 11 de julho de 2014

Os jornalistas do momento

E a autocritica do jornalismo esportivo ?

O mundo em torno da bola mostrou-se, igualmente, guardadas honrosas exceções, cúmplice da derrota. O jornalismo esportivo é um caso.


Da Redação
Arquivo

Não foi apenas nos gramados que a fragilidade  do futebol brasileiro ficou evidente nesta Copa do Mundo.

O mundo em torno da bola mostrou-se, igualmente, guardadas honrosas exceções,  cúmplice da derrota.

O jornalismo esportivo é um caso.

A crônica do futebol, que já teve talentos de um Nelson Rodrigues, Mário Rodrigues Filho (*), Oldemário Toguinhó etc, rendeu-se  nos últimos anos a uma cobertura preguiçosa, feita  de tardes esportivas bocejantes e noites de mesas redondas tolas,  incapazes de ir além da reiteração descritiva melhor desempenhada pelo vídeo-tape.

Abarrotada de recursos tecnológicos, mas de uma pobreza intelectual asfixiante, foi incapaz de oferecer  ao torcedor  uma reflexão qualificada sobre o quadro clínico de uma estrutura esportiva  que  agonizava  na frente do seu nariz.

Se agora se reconhece que o futebol pentacampeão  precisa de uma revolução e que ela deve incluir forte prioridade à categoria de base, a pergunta é: quando foi que esse tema recebeu um tratamento  regular e consistente nas pautas, espaços e reportagens das longas e modorrentas jornadas esportivas?

Mesmo do ponto de vista da estético, apesar das ’14 câmeras exclusivas da Globo’, não há nada que se aproxime, nem remotamente, da beleza plástica e da sofisticação reunidas pelo cine jornalismo do Canal 100, há mais de meio século.

O que evoluiu ostensivamente foi o compadrio. Um certo  jornalismo áulico entrelaçou-se a dirigentes, jogadores e empresários de futebol. Tudo lubrificado pela subordinação do esporte à conveniência  das grades das emissoras  e das suas milionárias carteiras de anunciantes.

Foi preciso uma Copa do Mundo para que o país descobrisse, por exemplo, a precariedade de sua rede de estádios –que o governo assumiu reestruturar e o fez--  assunto do qual o jornalismo esportivo nunca cuidou seriamente.

Ao contrário do que fazia o Canal 100, cujas lentes  tinham um interesse quase antropológico pelo estádio e pelo torcedor, na Globo, por exemplo, a arquibancada  só conta quando cartazes bajulam  Galvão Bueno e sua trupe, num pacto pavloviano algo constrangedor.

Infelizmente, a superioridade alemã se evidenciou nesta Copa também aqui, na qualidade informativa .

Em maio deste ano, dois meses antes do torneio, a Deutsche Welle, uma espécie de BBC alemã (o serviço público germânico de radiofonia é o 10º maior do mundo com emissões em 30 idiomas), já produzia material analítico sobre o futebol brasileiro com riqueza de detalhe e reflexão não disponíveis por essas bandas.

Enquanto o jornalismo esportivo brasileiro se espojava em piadinhas do ‘Imagina na Copa’ou discutia  filigranas em listas de convocados,  um minucioso retrospecto sobre a evolução tática do nosso futebol era providenciado pelos  jornalistas da  ‘DW”.

 O texto parece  alertar para a saturação de um percurso, cujo desfecho seria confirmado justamente no jogo contra a equipe do seu país.

Com riqueza de detalhes, o jornalismo esportivo alemão descreve os antecedentes de um esgotamento criativo estrutural; coisa que a crônica  esportiva brasileira só passaria a enxergar melhor –e não se sabe ainda por quanto tempo--   depois que o placar do Mineirão enveredou para grandezas poucas vezes requisitadas em seu sistema luminoso.

O conjunto ilustra o quão amplo terá que ser o freio de arrumação para que a camisa canarinho volte a brilhar.

O fato de que algumas das melhores análises jornalísticas sobre nosso futebol tenham sido produzidas,  antes, por quem nos derrotaria depois da forma como se deu, encerra um alerta.

Não será suficiente trocar apenas os protagonistas  diretos do desastre; será preciso, também,  sacudir a mesmice preguiçosa dos cronistas e analistas do espetáculo.

A equipe da Deutsche Welle fez um balanço da trajetória tática do futebol brasileiro. 

Traz, por exemplo, uma premonitória reportagem  –quase um conselho antecipado para uma derrota que ocorreria meses depois--  sobre a virada no futebol alemão, com investimento maciço em categorias de base, a partir de 2004.

A guinada ocorreu, sugestivamente, depois da humilhante desclassificação do país na Eurocopa em 2000 e da perda da Copa do Mundo para o Brasil, em 2002.
Desde então, todos os times da 1ª e da 2ª divisão do país foram obrigados a ter centros de treinamento para jovens com certificação da federação.

Todos os integrantes da atual seleção alemã, repita-se, todos, exceto Klose,  passaram por esses centros de formação e revelação de talentos.

Por fim, a Deutsche Welle no Brasil  faz um  balanço do legado de Felipão e dos desafios que a derrota na semifinal deixa para o futuro do futebol brasileiro.
Fonte: CARTA MAIOR
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Juca Kfouri diz que Aécio “não está nem aí para os que reduziram o futebol a pó”
12 de julho de 2014 | 12:23 Autor: Fernando Brito
cbf
Em seu blog, Juca Kfouri, o comentarista esportivo que já havia trazido a público o constrangedor episódio em que o senador Aécio Neves teria agredido uma mulher  numa festa da Calvin Klein, no Hotel Fasano, no Rio , acusou ontem à noite, em sua coluna, o candidato tucano de combater a ideia de uma ação de Estado para moralizar o futebol brasileiro, tema do qual tratei aqui.
Eis o texto:
“Aécio Neves é amigo de José Maria Marin e o homenageou, escondido, no Mineirão.
Deu-se mal porque o que escondeu em sua página na internet, Marin mandou publicar na da CBF.
Aécio também é velho amigo de baladas de Ricardo Teixeira e acaba de dizer que o país não precisa de uma “Futebras”, coisa que ninguém propôs e que passa ao largo, por exemplo, das propostas do Bom Senso FC.
Uma agência reguladora do Esporte seria bem-vinda e é uma das questões que devem surgir neste momento em que se impõe um amplo debate sobre o futuro de nosso humilhado, depauperado e corrompido futebol.
Mas Aécio é amigo de quem o mantém do jeito que está.
Não está nem aí para os que reduziram nosso futebol a pó.”
Caneladas à parte, é fato que Aécio cultiva relações intensas com a cartolagem do futebol brasileiro, ao ponto de a Folha publicar, em 2010, a satisfação de Ricardo Teixeira, ex (ex?) presidente da CBF com a eleição do mineiro para o Senado:
“O cartola viu aumentar sua influência nas articulações políticas em Brasília após a eleição de dois de seus principais aliados e a reeleição de outros três para o Senado. Teixeira assistiu a seu amigo pessoal e ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB-MG) chegar ao Senado, ao lado de outro antigo aliado, o deputado federal Ciro Nogueira (PP-PI). ”
Teixeira não ficaria triste, com certeza, com a chegada de seu “amigo pessoal” à presidência.
Ou será que o nosso acadêmico Merval Pereira – tão sisudo ontem ao apoiar a posição de Aécio e dizer que é preciso “reduzir a interferência política na gestão dos clubes e da CBF” – acha que “interferência política” a favor da cartolagem pode?
Até porque ficou famosa a “bancada da bola” e bola, aqui, no Rio, tem duplo sentido.
E rola solta no futebol.

Fonte: TIJOLAÇO
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Esperar autocrítica da imprensa esportiva brasileira é algo impensável.

Ultrapassada em tudo, a imprensa esportiva brasileira é um apêndice da velha imprensa e as análises e opiniões esportivas seguem a linha editorial dos grupos de mídia que desde 2003, com a chegada dos governos populares e democráticos do PT, manipulam as informações com o intuito de atacar o governo.
São raros, na velha mídia privada, os jornalistas esportivos que tem opinião própria.

No momento em que ainda se fala sobre o jogo que eliminou a seleção brasileira da copa, os grandes grupos de mídia privada concentram as "análises e opiniões" sobre o treinador da seleção brasileira e, como isso minimizando e mesmo ocultando assuntos relevantes como uma maior participação do governo federal  na estruturação e  organização do futebol brasileiro.

Preferem, os jornalistas esportivos da mídia privada, discutir de forma histérica e estéril se o treinador escalou A ou B, se não convocou D ou C, ou outras discussões totalmente inúteis que nada agregam ao que de fato se faz necessário para um avanço do futebol no país.
Chega-se ao ponto, como na rádio globo, de um jornalista reclamar da presença de argentinos na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente no bairro em que reside, Copacabana.
O jornalista anta, tomado de ignorância crônica, desconhece, ou se recusar a aceitar, que o Rio de Janeiro é uma cidade turística que durante todo o ano recebe turistas e que Copacabana é reconhecida mundialmente.
Desconhece também que os argentinos, como se referiu aos visitantes, também são turistas, de momento, de copa  e que seria impossível fazer com sucesso um evento dessa magnitude impedindo a entrada de visitantes no país.
O referido jornalista, na rádio globo, tem uma vinheta que o apresenta como ' jornalista do momento'.
Emblemático, já que o momento da imprensa esportiva brasileira, e da velha imprensa em geral, tem tudo a ver com o jornalista da rádio globo.

Depois da derrota para a Alemanha só se fala e escreve sobre a "revolução do futebol alemão".
Futebol, que a bem da verdade, nesta copa, empatou com Gana, sofreu para vencer os EUA, venceu a Argélia na prorrogação e venceu a França levando sufoco, já que segundo a crítica o melhor jogador em campo no jogo contra a França foi o goleiro alemão.
Venceu Portugal com folga e o Brasil por conta de um apagão.
O teste de fogo é a final contra a Argentina.

Nada disso é percebido pela imprensa, que chega ao ridículo de tecer longos elogios a superioridade alemã, elogiando o volume de seu repolho. a riqueza de nutrientes de sua salsicha e até mesmo o frugal yogurte, tão apreciado na Alemanha, é retratado como especial , já que é obtido de leite de  vacas em que a dignidade e altivez dos animais são preservadas. 
Um festival de asneiras e bobagens sem precedentes.

Dentro do campo de jogo, alguns times brasileiros jogam como a Alemanha, sem que isso possa ser entendido como uma revolução tática.

A famosa "revolução" germânica é repetida ad nauseun nos calorosos debates de nossa cômica imprensa.
De fato o futebol alemão passou por mudanças significativas, dentro e fora do campo de jogo, entretanto penso que o mais importante foram as modificações fora do campo, na estrutura e organização do futebol.
E é justo aí, que o Brasil necessita de uma vassourada, de uma revolução. Discutir essa vassourada implica em colocar em cena interesses dos próprios grupos de mídia, que se beneficiam e muito com a estrutura atual do nosso futebol, como é o caso das organizações globo que tem ligações íntimas e promíscuas com a CBF, auferindo lucros gigantescos com um monopólio indecente que contribui para o atraso do nosso futebol fora de campo.
                                                                                                                                             Na tv globo, os jornalistas, como o Deby e o Loyd abaixo
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh1dFqxV378D3g4NNnYJi70MDoTkTKDMwq1gJkEdrj74bYa4-a7Igi0NlBE1PuROo_JSgcNeF7c8CYlyl5YFMPMuWP-5l8tknsp-dOiSGz2M-ZjjQeQ235K8vw5e53FgsVn7v4B2SZ9ECP/s1600/galvao+x+ronaldo+deby+e+loyd.jpgsão proibidos pela direção da empresa em criticar os horários dos jogos nos campeonatos nacionais e regionais do Brasil, já que para a direção de globo, horário é assunto comercial e não esportivo.
Aliás não é apenas o horário dos jogos que é assunto comercial para globo, tudo é tratado como negócio  que na lógica comercial de globo deve proporcionar lucro máximo para a empresa, independente dos estragos que os arranjos necessários para obtenção desses lucros , possam vir a causar na estrutura do nosso futebol.
Esse debate não acontece na velha mídia, por censura dos grupos de mídia, por rabo preso da maioria dos jornalistas e também por incapacidade de entender a realidade.

No início do artigo acima, de CARTA MAIOR,  há uma citação sobre a cobertura esportiva, principalmente de mesas redondas de TV, que não conseguem ir além da reiteração descritiva melhor desempenhada pelo vídeo tape, e justo o vídeo tape, que quando de seu surgimento na TV foi chamado de burro em um momento genial de Nelson Rodrigues.
A burrice, esse poder devastador, contaminou toda a crônica esportiva.











 
 
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