quinta-feira, 26 de junho de 2014

Ocupe as mídias

MST ocupa rádio no Sertão de Sergipe e exige democratização da comunicação

26 de junho de 2014

Da Página do MST
Nesta quarta-feira (25/06), cerca de 500 militantes do MST ocuparam a emissora de rádio Xodó FM na cidade de Nossa Senhora da Glória (Alto Sertão de Sergipe).

Os trabalhadores rurais denunciaram a forma difamatória e insultante com a qual Anselmo Tavares, locutor do Jornal da Xodó, trata as ações dos movimentos sociais na região, cobrando o direito à resposta.

Segundo Gileno Damascena, da direção estadual do MST, o Jornal da Xodó vem tratando há tempo as questões das lutas pela terra e pela moradia de forma incorreta e preconceituosa, chegando a chamar de “corjas” os trabalhadores rurais do MST.

“Hoje, exercemos o nosso direito de dialogar com a sociedade”, disse Gileno. “A emissora de rádio beneficia de uma concessão pública. Ela deve ser aberta a toda a sociedade. Mas quando difama a ação dos movimentos sociais, a rádio Xodó descumpre sua função social. É isto que estamos denunciando”, explicou o dirigente.

Para José Borges Sobrinho, dirigente do MST em Glória, a discriminação sistemática dos movimentos sociais pelo Jornal da Xodó é mais uma consequência da concentração dos meios de comunicação nas mãos de poucas e ricas famílias e grupos políticos. “Este ato reforça a necessidade de lutar pela democratização dos meios de comunicação no Brasil”, ressaltou.

A mobilização contou com cerca de 500 militantes do MST, que se agruparam frente à sede da rádio Xodó FM. O Movimento reivindicava o direito de expor sua opinião ao vivo no Jornal da Xodó, apresentado pelo Anselmo Tavares.

Diante da recusa do locutor, os manifestantes resolveram entrar e ocupar a rádio. Após uma negociação dentro do estúdio, em presença da Polícia Militar do estado de Sergipe, os integrantes do MST conquistaram o direito à palavra ao vivo durante trinta minutos.

Vários militantes destacaram o papel positivo da ação do MST na região do Alto Sertão sergipano, tendo conseguido, em 30 anos de luta, dividir a terra outrora monopolizada por grandes latifundiários, gerando uma fonte de renda por milhares de famílias camponesas e desenvolvendo a economia da região.

Enquanto os líderes falavam ao vivo no programa Jornal da Xodó, fora do estúdio os manifestantes celebravam a cultura nordestina com forró pé de serra e canções populares.

Frases denunciando Anselmo Tavares como “pistoleiro da comunicação” e reivindicando a “democratização da mídia” foram pichadas nas paredes da rádio. Após o final do programa, os manifestantes se retiraram.

O ato também contou com a presença do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Urbanos (MOTU), Levante Popular da Juventude, Movimento Hip-Hop.
Fonte: MST
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Devido ao exacerbado anacronismo que é a comunicação no Brasil, com concentração de poucas emissoras dominando o setor, a ação do MST pode ser considerada como sensacional e inspiradora.
Em tempos  mundiais  de "ocupe" ocupar emissoras de rádio e de TV pode e deve ser de extrema importância para chamar a atenção da população sobre a necessidade urgente de rever as leis que regem as concessões de emissoras de rádio e de TV .
Aqui na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, a maioria esmagadora das emissoras de rádio e TV reproduzem um discurso retrógrado, conservador, anacrônico, que privilegia uma agenda incompatível com a realidade do país e com a agenda que o povo brasileiro escolheu desde a eleição de Lula em 2002.
Quanto aos temas mais sensíveis, como o protagonismo de movimentos sociais, como o MST, o discurso dominante nas mídias é sempre de criminalização dos movimentos, o que, em parte e no todo, reproduz a herança reacionária a antidemocrática que sempre permeou os meios de comunicação dominantes no  país.
Mesmo agora, em meio a uma copa do mundo, essa mesma mídia incentivou todo tipo de pessimismo em relação a capacidade do governo em realizar o evento e, ainda disseminou todo tipo de pânico quanto a a atividade turística, tão importante para o país e para o povo brasileiro. 
A realidade, entretanto, como sempre, falou mais alto e o sucesso do evento é indiscutível, porém os prejuízos causados por essa mídia não podem ser negligenciados já que sem tal criminosa campanha o país  arrecadaria bem mais com a copa,. Cabe então a pergunta;
Quem pagará o prejuízo causado pela velha mídia ao país ?
Desta forma, vejo a ação do MST em ocupar mídias como algo promissor e interessante e que deve ser incentivado, como forma de pressionar o governo, para rever as leis que regem o setor

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