segunda-feira, 26 de maio de 2014

A Matilha Midiática


Ronaldo, Ellus, Ney Matogrosso, Veja e Época. 
Entre vergonha, atraso, caos, susto e futuro distante, respectivamente, existe muita coisa em comum , principalmente a realidade do país, que se bem interpretada revela que em 2030, data de Época, se concretizará um projeto vitorioso.
O PT, com Lula, chegou a presidência da república em janeiro de 2003, sabendo que teria, como ainda tem, uma oportunidade única de transformar positivamente um país mergulhado em uma visão atrasada e elitista que conferiu ao Brasil o título de campeão mundial em desigualdade, e o último país a abolir a escravidão. 
Não é pouca coisa. É um projeto  para transformar e formar uma nova geração e um novo país.
Assim sendo, não é de se estranhar que ainda hoje, mesmo com os avanços e conquistas com os governos do PT, matilhas de vira-latas ainda tenham algum protagonismo, e até mesmo visibilidade, na cena nacional política e social do país.
O tempo para uma transformação profunda  e revolucionária que o país necessita, é algo entre 20 e 30 anos. 
Isto posto, os governos populares e democráticos do PT se aproximam da metade do tempo necessário e esse marco já revela mudanças significativas na sociedade brasileira.
E são justamente tais mudanças positivas que motivam as críticas e desabafos estapafúrdios dos vira-latas, ao exigirem dos governos do PT nada menos que a perfeição nos avanços até aqui conseguidos. Avanços que governos das elites jamais priorizaram. 
É algo mais ou menos assim , caro leitor:
Se o país consegue uma vitória significativa em alguma área específica, os vira-latas ignoram a vitória e, em uníssono, assim latem:
" quero ver conseguir mais"
" essa ganhou, quero ver ganhar a outra"
Lula e o PT sabiam que seria assim.
O momento atual com praticamente 12 anos de governo do PT, mais ou menos a metade do tempo para a transformação total e positiva que o país percorre, é também o momento em que as elites do atraso acusam de várias maneiras o sucesso dessas transformações. 
Faz parte do processo revolucionário democrático, tanto pelo lado do governo, como pela ofensiva atabalhoada da oposição elitista, o momento que estamos vivendo. 
As críticas de vira-latas, as omissões da velha mídia sobre os avanços do país, a censura interna dos grandes veículos de mídia para esconder o Brasil verdadeiro da população e as sucessivas campanhas para minar a auto estima da população,  são indicadores  claros, e também paradoxais, do sucesso dos governos do PT. 
Em se tratando de ano de eleições, existe também, obviamente, um componente político eleitoral em tais latidos elitistas.
Ronaldo se envergonha de um país que ele viveu em sua infância.
Ellus lança uma camiseta que revela o atraso de nossas elites.
Ney Matogrosso fala de um caos que vem sendo combatido e minimizado.
Veja se assusta com o sucesso do país , que junto com outros BRICs , costura uma nova ordem mundial.
Época apresenta o país  em 2030, quando o processo de transformação com os governos do PT estará concluído.
E assim se manifesta toda a raiva destilada pelas mídias e redes sociais.
Essa onda de raiva nada mais é que um atestado da impossibilidade em negar os avanços que o país produziu, tanto por aqui como também em grande parte da imprensa estrangeira.
Dos surtos de raiva, com ataques e mordidas,em seguida vem o silêncio.
Os cães são assim.
Por outro lado , essa raiva revela muito sobre a educação, ou a falta dela, nas pessoas, como também seu estágio de maturidade.
Mais uma vez, paradoxalmente, as elites e a velha mídia aplaudem o sucesso dos governos do PT.
Maneira estranha de reconhecer o talento e o sucesso, não é ,caro leitor ?
Tudo isso acontece nas franjas de uma copa do mundo.
Como brasileiro, para mim é inadmissível que a seleção brasileira não ganhe o hexa campeonato, ainda mais sendo a competição realizada aqui no Brasil.
Espero que vença com lisura, com futebol de qualidade e sem violência dentro e fora dos gramados.
Já tivemos copa do mundo em que o protagonismo artístico e talentoso das seleções sulamericanas, principalmente  na época o Brasil, foi vencido pela selvageria e pela  violência européia, na época oportunisticamente denominada de futebol força. 
Foi na copa de 1966, com a conivência das arbitragens, e que ainda conferiu ao vencedor da competição um título duvidoso.
Quem se enriqueceu com a pirataria, não se esquece de suas origens.
Isso é história, é passado, mas deve ser lembrado.
A copa está aí assim como um grande número de turistas estrangeiros.
Aqui no Rio estamos acostumados a conviver com turistas. É o ano inteiro.
De minha parte ignoro todos eles.
Ignoro não no sentido de desprezo, mas sim no sentido de deixá-los a vontade, sem que se sintam invadidos em suas particularidades, valores culturais, vestimentas e principalmente a expressão de deslumbramento que ostentam quando estão pela primeira vez aqui na cidade.
Em outras cidades com jogos da copa, não tão acostumadas com a presença dos turistas, é provável que haja um assédio por parte da população local com os visitantes.
Um assédio saudável, onde os nativos terão prazer em mostrar o melhor de suas cidades.
Cabe lembrar, também, que é cultura do brasileiro dar uma corridinha para pegar o ônibus, trem ou metrô sem o risco que seja confundido com terrorista e com isso  levar um tiro pelas costas desferido por policial.
Nossa polícia tem outras paranóias, não menos perigosas.
Por fim, sem a menor intenção de esgotar o assunto, os turistas estrangeiros devem se preocupar com o terrorismo da velha mídia brasileira, e parte da imprensa estrangeira, desejosos em criar um clima de caos e violência no país durante a copa, com o objetivo de atacar o governo democrático e popular do PT  e com isso tentar obter vantagens nas eleições de outubro próximo.

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De Brizola, para Lula e Dilma, via Rodrigo Vianna

25 de maio de 2014 | 16:50 Autor: Fernando Brito
brizola
Nem toda inveja é ruim.
Há inveja das boas, como a que senti lendo este artigo de Rodrigo Vianna, publicado ontem à noite no seu Escrevinhador , que não apenas trata de questões que tenho levantado aqui: de como falham e falharam os governos Lula e Dilma em politizar e ideologizar, no melhor sentido , o processo de ascensão social.
“Dilma e Lula não travaram o combate simbólico, não mostraram de forma didática que 30 milhões de brasileiros saíram da miséria graças a políticas públicas. Esse salto gigantesco não veio (apenas) do esforço individual. É fruto da política. A mesma “política” esculhambada nas rodas de bar, nas ruas, nas telas e nos comentários-padrão de leitores de grandes portais da internet.”
Vianna também percebe o que eu tinha registrado aqui: o povão percebeu o altíssimo coeficiente eleitoral de denúncias, protestos e críticas ao governo, embora várias delas possam ter seus motivos.
E, para eu me roer desta inveja boa dele, Rodrigo, trazer o que era minha obrigação:  as lições que ouvi dúzias de vezes do velho Brizola, tal como as disse no encerramento de sua segunda campanha ao Governo do Rio:
“As pessoas sozinhas, apenas com seus valores originais de ser humano, no uso da razão e do bom senso, sozinhas, se defendem, constroem uma espécie de uma carapaça, de uma proteção entorno da sua mente, de seus valores culturais, daquilo que é original na nossa gente, esse povo assimila o que lhe interessa e se defende da pressão contra sua cultura, contra seus valores, contra seu pensamento autêntico.”
E de ele poder, com mais liberdade que eu, suspeitíssimo, se aventurar numa recomendação:
“O Brasil precisa de uma liderança que aponte caminhos. Dilma precisa ser a Dilma do Primeiro de Maio, e não a Dilma do omelete com Ana Maria Braga.
Dilma e Lula precisam ser mais Brizola… “
Leia (que maravilha!) o pensamento em crônica de Rodrigo Vianna:

Crônica de um povo que resiste ao “caos”

Rodrigo Vianna
Começo da noite numa quinta-feira friorenta em São Paulo. O barbeiro que cuida do que restou de meu cabelo recebe-me preocupado: “Rodrigo, o que tá acontecendo no Brasil?” E ele mesmo responde: “acho que estão querendo derrubar o PT”.
O barbeiro está ressabiado com a onda de violência e pessimismo. Além da barbearia, mantem um pequeno sítio no interior paulista – onde produz mel. Comprou, com financiamento do PRONAF, caminhonete nova para transportar o produto… Longe de ser petista, ele se tornou fã de Lula. E observa tudo, inclusive a onda midiática antiBrasil, como um apicultor observa suas abelhas: há muito zumbido, risco de picadas; mas é preciso produzir o mel.
Corte para 24 horas antes. A moça que faz a limpeza em casa pede pra ir embora mais cedo. “Está uma bagunça na zona sul, Seu Rodrigo. O terminal de ônibus está fechado. Esse povo não tá contente com nada?”. Ela faz planos de abrir um pequeno comércio com o marido. Não leva uma vida maravilhosa. Longe disso. Mas sabe avaliar o que era o Brasil há 10 anos. E o que é hoje.
Conto isso tudo para meu filho, de 18 anos. E ele diz que o garçom – que o atendia dia desses num boteco em São Paulo -  também mostrava desconfiança diante do “caos” que emana das telas e das ruas: “isso aí é jogada política, pra mudar de governo na eleição.”
Sim, o povão está começando a fazer sua leitura dos fatos… Como dizia Brizola (clique aqui, para relembrar o discurso memorável do velho Leonel, durante campanha no Rio, em que ele dizia como enfrentar a Globo e seus aliados): 
“As pessoas sozinhas, apenas com seus valores originais de ser humano, no uso da razão e do bom senso, sozinhas, se defendem, constroem uma espécie de uma carapaça, de uma proteção entorno da sua mente, de seus valores culturais, daquilo que é original na nossa gente, esse povo assimila o que lhe interessa e se defende da pressão [midiática] contra sua cultura, contra seus valores, contra seu pensamento autêntico.”
 Novo corte. Recolho umas camisas sociais, e sigo até a lavanderia perto de casa. A placa salta da vitrine: ”precisa-se de ajudante”. Lá dentro, fila de clientes. O atendimento é gentil e eficiente: típico do povo brasileiro (entre numa lavanderia em Paris ou Londres, e compare).
Mal-humorada é a elite que compra as camisetas da Ellus… A marca – acusada de usar trabalho escravo – estampa em suas camisetas: “abaixo este Brasil atrasado”.
Penso na taxa de desemprego no Brasil (abaixo de 5%), enquanto sigo para outro bairro. Tento parar o carro num estacionamento lotado. Nova placa: “precisa-se de manobrista”. Converso com o rapaz que me atende: “tá faltando gente pra trabalhar?” E ele: “o patrão subiu até o salário inicial, acho que agora vai conseguir um pra me ajudar aqui com os carros”.
Volto a minhas conjecturas. Quem só convive em círculos de classe média deve acreditar que o Brasil está à beira do caos. A classe média está com raiva, muita raiva. E a cobertura midiática reflete essa raiva. Insufla a raiva, dissemina a raiva.
Parte do povão acaba contaminada pelo clima de “caos”. Mas outra parte, enorme, observa tudo com muita inteligência – feito o garçom, a moça da limpeza ou o meu barbeiro. Matreiro, ele encerrou a conversa na quinta-feira com uma piscadela: ”eles querem derrubar a mulher do Lula [assim ele chama a Dilma], mas a gente está entendendo bem o que tá acontecendo…”
Essa desconfiança com o que se vê nas telas da TV, e essa impressionante resistência ao bombardeio midiático são a explicação para que Dilma siga com 40% dos votos em meio ao clima de “pega, esfola e mata”.
Dilma e Lula não travaram o combate simbólico, não mostraram de forma didática que 30 milhões de brasileiros saíram da miséria graças a políticas públicas. Esse salto gigantesco não veio (apenas) do esforço individual. É fruto da política. A mesma “política” esculhambada nas rodas de bar, nas ruas, nas telas e nos comentários-padrão de leitores de grandes portais da internet.
Fiz essa pergunta a Lula, na entrevista aos blogueiros há pouco mais de um mês. “Por que o PT abriu mão do combate simbólico?” E ele: “combate simbólico? mas minha eleição e a de Dilma já são o símbolo”.
O operário-presidente. A mulher-presidente. Símbolos poderosos, de fato… Talvez isso também explique porque uma parte gigantesca da população brasileira permaneça   impermeável à onda de ódio e pessimismo.
Mas é um erro contar apenas com a resistência e a capacidade de análise do povão brasileiro. Ele parece ter compreendido que não há (ainda) um outro projeto para o país. E que a turma sem projeto quer botar fogo no que conseguimos construir a duras penas…
O povão resiste. Mas é preciso oferecer novo projeto: com mais mudança, mais democracia, mais justiça.
O Brasil precisa mudar mais. E não voltar a ser o paraíso dos mervais, jabores, aécios, armínios e dos patéticos que amam a Ellus e detestam o povo brasileiro.
O Brasil precisa de uma liderança que aponte caminhos. Dilma precisa ser a Dilma do Primeiro de Maio, e não a Dilma do omelete com Ana Maria Braga.
Dilma e Lula precisam ser mais Brizola… Aliás, no mesmo discurso citado acima, o líder trabalhista explicava didaticamente:
“A causa deles é tão ruim, é tão miserável, é tao infeliz, que com tudo isso [o aparato midiático] na mão, eles não conseguem pressionar praticamente a ninguém.”



Obrigado, Rodrigo, por ter me dado esta bendita inveja.

Fonte: TIJOLAÇO
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Nelson Rodrigues: "A Copa do apito"
Amigos, eis uma verdade inapelável: — só os subdesenvolvidos ainda se ruborizam. Ao passo que o grande povo é, antes de tudo, um cínico. Para fundar um império, um país precisa de um impudor sem nenhuma folha de parreira. Vejam a presente Jules Rimet. Nas barbas indignadas do mundo, a Inglaterra se prepara para ganhar no apito o caneco de ouro.

Vocês pensam que há algum disfarce, ou escrúpulo, ou mistério? Absolutamente. Tudo se fez e se faz com uma premeditação deslavada e na cara das vítimas. A serviço da Inglaterra, a FIFA escalou oito juízes ingleses para os jogos do Brasil. A arbitragem foi manipulada para liquidar primeiro os bicampeões e, em seguida, os outros países sul-americanos. O jogo Inglaterra x Argentina (2) foi um roubo. Uruguai x Alemanha, outro escândalo.

E nem se pense que a Inglaterra baixou a vista, escarlate de vergonha. Nada disso. Por que rubor, se ela é um grande povo e se tem, ou teve, um grande império? Vejam o sincronismo da coisa: — um juiz alemão deu a vitória à Inglaterra contra a Argentina, um juiz inglês deu a vitória à Alemanha contra o Uruguai. No jogo Argentina x Alemanha, foi expulso um jogador argentino. Terminado o jogo, cinco jogadores sul-americanos tiveram que sair quase de maca.

Valeu tudo contra o Brasil e, sobretudo, contra Pelé. O crioulo foi caçado contra a Bulgária. Não pôde jogar contra a Hungria e só voltou contra Portugal. Nova caçada. Sofreu um tiro de meta no joelho. Verdadeira tentativa de homicídio. O juiz inglês nem piou. Silva levou um bico nas costelas. Jairzinho foi outra vítima e assim Paraná. O árbitro a tudo assistia com lívido descaro.

E nós? Que fizemos nós? Nada. No último jogo, o Brasil apanhou sem revidar. Amigos, eu sei que os nossos jogadores tiveram um preparo físico quase homicida. Antes da primeira botinada, já o craque brasileiro estava estourado. Sei também que o Brasil não teve, jamais, um time. A nossa equipe era o caos. Por outro lado, faltou-nos qualquer organização de jogo, qualquer projeto tático.

Além disso, porém, a seleção brasileira acusou um defeito indesculpável e suicida. Como se sabe, esta Copa é uma selva de pé na cara. E, no entanto, vejam vocês: — o brasileiro lá apareceu com um jogo leve, afetuoso, reverente, cerimonioso. E havia um abismo entre os dois comportamentos: nós, fazendo um futebol diáfano, incorpóreo, de sílfides; os europeus, como centauros truculentos, escouceando em todas as direções.

Ainda ontem, o sr. Barbosa Lima Sobrinho escrevia um lúcido artigo sobre a suavidade do nosso escrete. Note-se que se trata de um acadêmico, que deve ter compromissos com as boas maneiras, a polidez, o trato fino etc. etc. Mas ele enxergou o óbvio ululante, ou seja: — o futebol vive de sombrias e facinorosas paixões. Durante os noventa minutos, são onze bárbaros contra onze bárbaros.

Claro que as palavras do sr. Barbosa Lima Sobrinho são outras. Mas o sentido, se bem o entendi, é este. Portanto, não tem sentido que o Brasil vá jogar contra os bárbaros europeus com manto de arminho, sapatos de fivela ou peruca de marquês de Luís XV. Eis a verdade: — o que dá charme, apelo, dramatismo aos clássicos e às peladas é o foul. A poesia do futebol está no foul. E os jogos que fascinam o povo são os mais truculentos.

O Brasil naufragou num mar de contusões por isso mesmo: — porque sabia apanhar e não sabia reagir. O ilustre acadêmico está rigorosamente certo. Hoje, depois do pau que levamos, aprendemos que o craque brasileiro tem de ser reeducado. Digo “reeducado” no sentido de virilizar o seu jogo. Amigos, o Mário Pedrosa está fazendo um ensaio sobre o futebol. É um pensador político, um crítico de artes plásticas, homem de uma lucidez tremenda. Ora, o intelectual brasileiro que ignora o futebol é um alienado de babar na gravata. E o nosso Mário Pedrosa sabe disso e foi um dos sujeitos que sofreram na carne e na alma o fracasso da seleção. Pois espero que, no seu ensaio, inclua todo um capítulo assim titulado: — “Da necessidade de baixar o pau.”

Dito isto, vamos escolher o meu personagem da semana. Podia ser o Paraná. Eu sei que, tecnicamente, ele deixa muito a desejar. Sei. Mas, contra os portugueses, Paraná deu um pau firme e épico. Mas eu prefiro Rildo. Que grande, solitária e inexpugnável figura. No meio do jogo, era tal o seu brio que dava a sensação, por vezes, de que ia comer e beber a bola. Foi um bárbaro jogando contra bárbaros. Amigos, o argentino que deu no juiz alemão lavou a alma de todo um povo. Pois o nosso Rildo, com suas rútilas botinadas, promoveu e reabilitou o homem brasileiro.
Fonte: A JUSTICEIRA DE ESQUERDA
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