quinta-feira, 3 de abril de 2014

Nuclear ? Não

Oficiais da marinha dos EUA revelam doenças provocadas por radiação em Fukushima

Mais de cem marinheiros e infantes da marinha norte-americana acusam a Tepco de mentir sobre a gravidade do desastre.


Amy Goodman e Denis Moynihan wikicommons
Passaram-se três anos desde o terremoto e o tsunami que provocaram o desastre nuclear da usina Fukushima Daiichi, no Japão. O número de vítimas fatais imediatas do tsunami superou os 15 mil, e cerca de 3 mil pessoas continuam desaparecidas. No entanto, o número de mortos segue aumentando tanto no Japão como nos outros países. Os efeitos do desastre nuclear de Fukushima para a saúde e o meio ambiente são graves, e continuam se agravando diariamente à medida que a usina nuclear, da empresa Tokio Electric Power Company (Tepco), continua liberando contaminação radioativa.

Como parte de uma iniciativa pouco comum, mais de cem marinheiros e infantes da Marinha norte-americana entraram com uma ação judicial coletiva na qual acusam a Tepco de mentir sobre a gravidade do desastre. Isso ocorreu quando, naquela época, foram ao local dos acontecimentos para oferecer ajuda humanitária. Eles foram a bordo do porta-aviões USS Ronald Reagan, que funciona com energia nuclear, e de outros navios que viajaram com o porta-aviões e que participaram da ajuda humanitária ao desastre – chamada "Operação Tomodachi", que em japonês significa "Operação Amizade".

O tenente Steve Simmons é um dos signatários da ação. Antes de Fukushima, Simmons tinha uma saúde de ferro. Oito meses mais tarde, começou a ter problemas inexplicáveis de saúde. Disse em uma entrevista ao programa "Democracy Now!": "[Enquanto dirigia para o trabalho] perdi o controle em uma curva. Depois disso, comecei a ter sintomas do que pensei ser uma gripe e minha febre começou a subir persistentemente. Perdi entre 9 e 11 kg rapidamente. Comecei a ter suores noturnos e dificuldades para dormir, e fui ao médico várias vezes para que fizessem análises e outros estudos a fim de determinar o que estava acontecendo. E, de janeiro a março de 2012, fui internado três vezes. Na primeira vez, não puderam detectar nada. A única coisa que supostamente encontraram foi uma sinusite e descartaram a possibilidade de que estivesse ligada à radiação. De fato, o médico residente me disse que, se fosse provocado pela radiação, os sintomas deveriam ter se manifestado muito antes. Três dias mais tarde, depois que me deram alta, voltei ao hospital porque meus nódulos linfáticos começaram a inchar e a febre não baixava, eu estava com 39 ºC".

Em abril de 2012, enquanto estava internado, suas pernas ficaram imóveis. Desde então, está na cadeira de rodas e poderá solicitar baixa por "motivos médicos" em abril.

Essa é a segunda vez que os marinheiros e infantes da Marinha entram com uma ação contra a Tepco. O primeiro julgamento, no qual havia oito demandantes, foi rejeitado por motivos técnicos baseados na falta de jurisdição do tribunal. Charles Bonner, o principal advogado de defesa dos marinheiros, afirmou: "Em junho de 2013, 51 marinheiros e infantes da Marinha nos contactaram porque padeciam de diversas doenças. [Algumas das doenças] incluíam câncer de tiroide, câncer de próstata, câncer no cérebro, problemas uterinos pouco usuais, sangramento uterino excessivo, todo tipo de problemas ginecológicos, problemas que não são habituais em pessoas de 20, 22, 23, ou inclusive 35 anos de idade, como o Tenente Simmons, que tem essa idade. Por isso, agora entramos com uma ação coletiva em nome de cerca de 100 infantes da Marinha, e todos os dias recebemos ligações de oficiais que padecem de diversos problemas". Havia ao menos 5.500 pessoas abordo do USS Reagan quando ele navegou pela costa do Japão.

Caberia também perguntar por que o grupo não aciona também o seu empregador, as Forças Armadas dos Estados Unidos. Sobre essa decisão, o advogado Charles Bonner disse: "A parte responsável pelo dano a esses jovens marinheiros é a Tokyo Electric Power Company, quarta maior empresa de energia do mundo. A Tokyo Electric Power Company não disse nem à população nem às Forças Armadas que havia ocorrido um grande acidente nuclear. Os núcleos de três dos reatores se fundiram após o terremoto e o tsunami. Não tinham geradores, não tinham um suporte de eletricidade. Não havia nenhum tipo de abastecimento auxiliar de água no qual colocar os reatores".

Entrevistamos Naoto Kan em janeiro deste ano em seu escritório em Tóquio. Kan era o primeiro-ministro do Japão no momento do acidente. De imediato, ele instalou um centro de controle para gerenciar a crise nuclear. Uma das pessoas que ajudava a equipe a gerenciar a crise era um importante executivo da Tepco. Kan me disse: "Pelo que estavam me informando desde a sede da Tepco e, em particular, o sr. Takeguro, que era o vice-presidente da empresa, eles não estavam dando informações precisas sobre a situação real no lugar". Frustrado diante do bloqueio de informações, Kan viajou à usina para falar sobre a situação com os trabalhadores que estavam ali. O ex-primeiro-ministro, que antes era um firme defensor da energia nuclear, agora defende que ela deixe de ser utilizada no Japão.

O desastre nuclear de Fukushima, cujas consequências ainda persistem, deveria servir de alerta para o mundo. Em vez de aprender com a experiência de Naoto Kan, o presidente Barack Obama está comprometendo fundos públicos para construir novas usinas nucleares nos Estados Unidos pela primeira vez em mais de trinta anos. Após o ocorrido em Fukushima, a Comissão Reguladora Nuclear do governo Obama evitou falar de certos temas a fim de diminuir a crescente preocupação pública em relação à segurança das usinas de energia nuclear nos Estados Unidos.

A NBC News teve acesso a e-mails internos da Comissão nos quais se instruía o pessoal a menosprezar os riscos de segurança, apesar de as usinas nucleares dos Estados Unidos não serem seguras. Os infantes da Marinha da Operação Tomodachi merecem ser ouvidos pela justiça e a população norte-americana merece ter a oportunidade de fazer uma avaliação sobre os graves riscos da energia nuclear.

Fonte: CARTA MAIOR
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Definitivamente as centrais nucleares para geração de energia elétrica não fazem o menor sentido.
O custo da energia é elevado e em caso de acidentes, as consequências podem ser catastróficas.
Chernobyl e Fukushima estão aí para comprovar.
O domínio da tecnologia nuclear sempre teve objetivos militares estratégicos, e as centrais para geração de energia elétrica são utilizadas como justificativa para esconder os reais objetivos.
Isso é fato, independente se países  com a França, por exemplo, tenham uma dependência de algo em torno de 70% com a geração de eletricidade por centrais nucleares.
Um outro aspecto da energia nuclear é a falta de informação e de transparência sobre acidentes.
Via de regra os acidentes são sempre minimizados quando vem a público, mesmo que a realidade demonstre o contrário.
O acidente com a central de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, continua produzindo vítimas até hoje, isso sem falar nas pessoas que sobreviveram e carregam sequelas .
Fukushima vem se revelando uma tragédia , como mais e mais relatos de contaminação, em pessoas, animais, alimentos, mares.
Nenhuma central nuclear, em qualquer lugar do mundo,  é 100% segura.
O risco de acidentes de grandes proporções existe, mesmo com probabilidades pequenas.
Considerando o tempo de surgimento de centrais nucleares no mundo( algo em torno de 70 anos), o número de centrais existentes ( mesmo as desativadas), o número de acidentes conhecidos, o números de pessoas que morreram devido aos acidentes ( em torno de milhares de pessoas), o número de pessoas que sofrem com doenças derivadas da radiação e os prejuízos causados ao meio ambiente, pode -se afirmar , diante das evidências, que as reduzidas probabilidades não são assim tão baixas.
Aqui no Brasil, o complexo nuclear de Angra dos Reis, situado na cidade de mesmo nome carrega um histórico de problemas desde o início da primeira central, Angra 1.
A central de Angra 1 teve início de sua construção na década de 1960, em um contrato com a empresa norte americana Westinghouse, sem transferência de tecnologia para o governo brasileiro. 
Um pacote fechado para construção de uma central com capacidade para gerar algo em torno de 600 MW.
Angra 1, durante um bom tempo, foi motivo de piada no meio tecnológico, devido aos inúmeros problemas apresentados antes, durante e depois de construída.
Inicialmente conhecida como chaleira -pois servia mais para aquecer água do que para produzir energia elétrica- e posteriormente como vagalume - funcionava e parava - a central  consumiu uma quantidade absurda de recursos para poder entrar em operação naturalmente.
Suas irmãs similares pelo mundo apresentaram vários problemas e muitas, talvez a maioria, já tenham sido desativadas
Considerando que toda central nuclear tem um tempo de vida útil e depois é descomissionada, , fechada e  a parte nuclear da central é lacrada e armazenada como rejeito radioativo por milhares de anos, Angra 1 já deve estar bem próxima da aposentadoria.
Quanto a Angra 2, é fruto do acordo nuclear Brasil-Alemanha firmado em meados da década de 1970 com a empresa alemã  KWU, hoje incorporada pela SIEMENS, isso mesmo, a empresa envolvida com escândalos no governo de SP e parceira da Eletronuclear na construção de Angra 3.
O acordo com a Alemanha previa a transferência de tecnologia para Brasil, com o domínio de  quase todo ciclo do átomo ( prospecção do minério de urânio, extração, beneficiamento, enriquecimento, fabricação do elemento combustível, construção e operação de central nuclear ).
O grande problema na transferência de tecnologia ficou por conta da tecnologia de enriquecimento do urânio, já que a Alemanha detinha essa fase do ciclo do átomo em conjunto com outros países, que se recusaram a ceder a tecnologia para o Brasil.
Assim sendo, a tecnologia de enriquecimento adquirida pelo Brasil no pacote do acordo alemão foi uma tecnologia experimental, ainda sem a eficácia comprovada.
Quanto ao desenvolvimento da tecnologia de enriquecimento pelo Brasil, isso é uma outra história, com outros personagens.
A construção de Angra 2, assim como de Angra 1, teve um repertório de grandes problemas.
O estudo para a escolha do local das usinas, concluiu que a região de Angra dos Reis era o local ideal, pela proximidade, ou quase equidistância, entre as cidade do Rio de Janeiro e São Paulo.
A local escolhido foi a praia de Itaorna, que no idioma dos índios que habitaram a região, significa pedra mole.
De fato, durante os trabalhos iniciais de construção várias fundações cederam, o que acarretou custos e atrasos na obra , pois foram necessários reforços nas estruturas.
Angra 2 consumiu várias usinas em recursos financeiros para ficar pronta e operando, com uma capacidade de 1290 MW.
O local das usinas é sujeito a constantes deslizamentos de terra , assim como em toda a região da costa verde. 
É sabido que Angra 2 foi concebida para suportar abalos sísmicos 30% acima dos abalos existentes no Brasil e o prédio do reator pode suportar o impacto de uma pequena aeronave.
Entretanto, a grande preocupação reside nos grandes deslizamentos de terra que podem , até mesmo, soterrar toda  a área, como o que aconteceu nas cidades de Petrópolis e Teresópolis, recentemente, devido as fortes chuvas.
A região de Angra dos Reis é propicia aos grandes  deslizamentos de terra, e uma avalanche no local teria desdobramentos catastróficos e inimagináveis, considerando que a região é precária no tocante as rotas alternativas de fuga, em caso de grandes acidentes.
Um aspecto importante na tecnologia nuclear é a necessidade democratização e transparência dos órgãos reguladores da atividade, nacionais e internacionais,  principalmente a IAEA - International Atomic Energy Agency.
Como se discute atualmente os prós e contras de várias modalidades de geração de energia elétrica, principalmente por conta do aquecimento global e  alterações climáticas que vem afetando o clima e o regime de chuvas - prejudicando a hidroeletricidade- o lobbye pelo  nuclear se apresenta com força, com o apoio da velha mídia.

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