sexta-feira, 7 de março de 2014

Democratas de Fachada. Jornalismo Agonizante

Publicado em 06/03/2014

Miro: quem não mostra o DARF vai para a Papuda ?

“Empresários e os ricaços, os principais sonegadores, preferem criticar o “impostômetro” – até como forma de ocultar o criminoso “sonegômetro”



O Conversa Afiada republica artigo de Miro Borges, extraído do seu blog:

Os sonegadores irão para a Papuda?



Por Altamiro Borges

Estudo do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda (Sinprofaz) divulgado na semana passada revelou que a sonegação de impostos em 2013 atingiu a soma de R$ 415 bilhões. Ainda segundo a pesquisa, todos os tributos não pagos, inscritos na Dívida Ativa da União, ultrapassaram R$ 1 trilhão e 300 milhões. Como esta grana, o Brasil teria condições de enfrentar os graves problemas nas áreas da saúde, educação e mobilidade urbana, entre outros. Mas os empresários e os ricaços, os principais sonegadores, preferem criticar o “impostômetro” – até como forma de ocultar o criminoso “sonegômetro”. Eles sabem que nunca irão para o presídio da Papuda nem serão alvos da escandalização da mídia – até porque a Rede Globo ainda não mostrou o Darf do pagamento do seu calote.

A sonegação de R$ 415 bilhões somente no ano passado corresponde aproximadamente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas pelo país. O valor supera, com folga, os orçamentos federais de 2014 para as pastas da educação, saúde e desenvolvimento social – somados. Para uma simples comparação, o programa Bolsa Família investe R$ 24 bilhões ao ano para atender 14 milhões de famílias. O que foi sonegado somente em 2013 pelos ricaços equivale, portanto, a 17 anos deste programa do governo federal. Segundo Heráclio Mendes de Camargo Neto, presidente do Sinprofaz, os altos valores “são sonegados pelos muitos ricos e por pessoas jurídicas (empresas), com mecanismos sofisticados de lavagem de dinheiro e caixa dois”.

O estudo do sindicato poderia servir como base para enviar à cadeia centenas de sonegadores bilionários – alguns deles, provavelmente presentes no último ranking dos ricaços da Forbes. Ele também serve para alimentar o debate sobre a urgência da reforma tributária no Brasil. Como aponta o Sinprofaz, que paga impostos no país é o trabalhador. Os ricaços sonegam e ainda são beneficiados por um sistema injusto, baseado em impostos regressivos e indiretos. Quem ganha mais, paga menos; e vice-versa. “Mesmo que você seja isento do Imposto de Renda, vai gastar cerca de 49% do salário em tributos, mas quase tudo no supermercado ou na farmácia”, explica Camargo Neto à reportagem da Rede Brasil Atual.

Além disso, quanto mais o contribuinte tem a declarar, maiores são as chances de abater os valores. “Os mais ricos podem abater certos gastos no Imposto de Renda. Em saúde, por exemplo, se você tem um plano privado um pouco melhor, você pode declará-lo e vai ter abatimento no cálculo final do imposto. Esta é uma característica injusta do nosso sistema. Os mais pobres não conseguem ter esse favor”, completa o sindicalista. Já o trabalhador não tem como escapar da fúria do Leão. Quem tem salário a partir de R$ 2.400 é tributado automaticamente pelo Imposto de Renda Retido na Fonte. Apesar destas distorções, os empresários ainda tentam se apresentar como vítimas de uma carga tributária injusta. Sonegam e/ou pagam pouco e ainda se travestem de vítimas!

Em 2005, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário e a Associação Comercial de São Paulo criaram o “impostômetro” e instalaram um painel eletrônico no Pátio do Colégio, no centro da capital paulista. Segundo a Rede Brasil Atual, na semana passada o placar registrava R$ 313 bilhões em impostos pagos. “Se nós conseguirmos cobrar essas grandes empresas e pessoas físicas muito ricas, o governo poderia desonerar a classe média e os mais pobres. Seria o mais justo. Se todos pagassem o que devem, nós poderíamos corrigir a tabela do Imposto de Renda e reduzir alíquotas sobre alimentos e produtos de primeira necessidade, que todo mundo usa”, conclui Camargo Neto, desmascarando os ricaços sonegadores – verdadeiros impostores!




Há 65 brasileiros com fortuna de mais de US$ 1 bilhão, segundo o tradicional ranking das pessoas mais ricas do mundo publicado pela revista “Forbes”. São 19 a mais do que no ano passado. Eike Batista ficou de fora da lista.

O brasileiro mais cheio de dinheiro continua sendo Jorge Paulo Lemann. No ranking mundial da revista, ele ocupa a 34º posição, com fortuna estimada em US$ 19,7 bilhões

O segundo mais rico do país é Joseph Safra, no 55º lugar no ranking mundial, com riqueza estimada em US$ 16 bilhões.

Em seguida, aparece Marcel Herrmann Telles, sócio de Lemann. Ele é o 119º mais rico do mundo (US$ 10,2 bilhões).

Juntos em quarto, quinto e sexto lugares estão os irmãos Marinho, com US$ 9,1 bilhões.

Fonte: CONVERSA AFIADA
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Altamiro Borges: O Globo na liderança da guerra contra os mais pobres

publicado em 6 de março de 2014 às 13:44

O Globo prega arrocho dos salários

Por Altamiro Borges, em seu blog
Em pleno Carnaval, nesta terça-feira (4), o jornal O Globo publicou um editorial que mereceria a dura repulsa do sindicalismo brasileiro. Sem meias palavras, o diário patronal prega abertamente a volta política de arrocho praticada durante o triste reinado de FHC.
Com o título “Desindexação urgente”, ele critica o acordo firmado entre o ex-presidente Lula e as centrais sindicais de valorização do salário mínimo e afirma, na maior caradura, que esta política pode resultar na explosão da inflação no país.
E o velho fantasma inflacionário usado para atacar o rendimento dos trabalhadores, garantir os lucros exorbitantes dos empresários, facilitar o rentismo dos especuladores financeiros e – de quebra – ajudar o discurso oposicionista contra o governo Dilma Rousseff.
Segundo o jornal, a atual política de valorização do salário mínimo – que garante a reposição da inflação, mais ganho real equivalente à variação do PIB de dois anos antes – foi “fixada por decreto presidencial” e “é passível de injunções políticas”. Duas mentiras descaradas.
Esta política foi fruto de um acordo com as centrais sindicais, que representam muito mais a sociedade do que a bilionária famiglia Marinho, e tem regras bem definidas, sem qualquer risco de “injunções políticas”.
Com base nestas mentiras, O Globo até reconhece que a atual política “assegurou ganhos expressivos tanto para trabalhadores como para a grande maioria de aposentados e pensionistas da previdência social” e “tem impacto ainda sobre os salários que estão ligeiramente acima do piso”.
Mesmo assim, o jornal afirma que ela prejudica o Brasil. “Se por um lado tal regra de fato deu previsibilidade à política de valorização do mínimo, por outro instituiu um mecanismo de indexação que ignora a conjuntura. A variação do PIB de dois anos antes pode não ser compatível com a situação da economia no momento em que o ajuste é repassado ao salário mínimo”.
Para o jornalão patronal, a atual política de valorização do salário mínimo “ignora as condições da economia”, “não tem relação com a produtividade do trabalho” e “tira competitividade das cadeias produtivas (pela elevação dos custos)”.
Neste sentido, blefa O Globo, “em vez de se conseguir que haja um avanço da massa salarial, asfixia-se a galinha dos ovos de ouro”. O cinismo do diário é descomunal!
Com base nele, o jornal decreta: “Tal regra tem data para terminar: 2015. A indexação automática, e inflexível, não pode se perpetuar. Pela importância do salário mínimo no conjunto da economia brasileira, essa indexação se transformou em fonte de pressão sobre a inflação”.
O Globo nada diz sobre o impacto positivo da política de valorização do salário mínimo, que aqueceu o mercado interno e evitou que a crise capitalista mundial fosse ainda mais destrutiva no Brasil. Nada fala sobre os milhões de brasileiros que finalmente tiveram acesso ao consumo nem sobre os milhões de empregos criados como resultado desta política.
Se dependesse da famiglia Marinho, o Brasil não teria leis trabalhistas e nem assalariados – e voltaria à época da escravidão pura e simples!
PS do Viomundo: É por isso que eu, Azenha, tenho dito a meus amigos de esquerda, muitos dos quais criticam ferozmente o governo Dilma: o que quer que vocês façam, se houver segundo turno votem na Dilma. Há uma ofensiva mundial da direita e da extrema-direita para impor a austeridade neoliberal. Uma ofensiva para conquistar mão-de-obra barata, recursos naturais e novos mercados. Vide Ucrânia e Venezuela. A direita não se envergonha nem de se associar a neonazistas para obter seus objetivos imperiais. Na América Latina, “conquistar” o Brasil para o neoliberalismo puro sangue é o primeiro passo para desmontar a arquitetura de uma soberania regional ainda que limitada. Tempos bicudos, estes!
Fonte: VI O MUNDO
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Paulo Nogueira: O controle remoto com o qual a Globo influencia a Justiça. Em parceria com o governo federal

publicado em 7 de março de 2014 às 11:12

No Innovare, Ayres Britto continua ministro: só que, agora, é ministro da Globo sem intermediários. Em parceria com o governo federal

“Fico muito grato pela oportunidade de participar e apoiar o Instituto Innovare. As instituições evoluem através dos bons exemplos, da melhoria continua de suas práticas e da busca de um melhor padrão de qualidade. Não por acaso, esse é o mesmo princípio que adotamos na Globo. Uma sociedade com uma Justiça de melhor qualidade é uma sociedade mais digna e mais feliz.”


Roberto Irineu Marinho
 “O sonho de justiça ainda é um grande anseio da humanidade. O Prêmio Innovare revela que uma das grandes capacidades humanas é realizar os sonhos do povo.”


Luiz Fux
 O Prêmio Innovare, uma das mais bem conceituadas premiações da justiça brasileira, abrirá, no dia 10 de março, as inscrições para sua 11ª edição. Este ano, o tema para concorrer nas categorias Juiz, Tribunal, Ministério Público, Defensoria Pública e Advocacia será livre. Na categoria Prêmio Especial, o Innovare dará novamente oportunidade a profissionais graduados de qualquer área do conhecimento. Para concorrer, os interessados deverão encaminhar ao Instituto Innovare iniciativas que já estejam em prática. O tema nesta categoria será “Sistema Penitenciário Justo e Eficaz”. A data e o tema foram apresentados pela diretoria do Innovare aos membros do Conselho Superior do Instituto, em uma reunião na última terça-feira (18/02) no Rio de Janeiro. Participaram do encontro os membros da diretoria do Prêmio, Sérgio Renault, Pedro Freitas, Antonio Claudio Ferreira Netto, Carlos Araújo e a coordenadora Raquel Khichfy, além do presidente do Conselho, ministro Ayres Britto, de representantes das associações parceiras, como AMB, Conamp, Anadep, Ajufe, Conselho Federal da OAB, ANPR, Anamatra e o presidente das Organizações Globo, Dr. Roberto Irineu Marinho.

Do site do Instituto 
O controle remoto pelo qual a Globo comanda o Brasil

do Diário do Centro do Mundo, com adendo do Conversa Afiada
Roberto Marinho foi um gênio, há que reconhecer.
Mas um gênio do mal.
Sua maior obra foi montar um esquema inviolável de manipulação dos poderes no Brasil.
As emissoras afiliadas, entregues a políticos amigos, como Sarney e ACM, garantiram que no Congresso a Globo jamais seria questionada seriamente.
Já sem ele, a obra de controle foi estendida à Justiça pelo Instituto Innovare, do qual falei aqui outro dia.
Na fachada, o Innovare premia anualmente práticas inovadoras no judiciário em cerimônias às quais comparecem os juízes mais poderosos do país, notadamente os do Supremo.
A aproximação, neste processo, dos Marinhos com os juízes  é uma aberração do ponto de vista ético e uma agressão ao interesse público, dados os interesses econômicos da Globo.
Contar com juízes amigos é bom para a Globo e ruim para a sociedade.
Um dia Gilmar Mendes, por exemplo, terá que explicar por que concedeu habeas corpus a uma funcionária da Receita flagrada tentando fazer desaparecer os documentos da célebre sonegação – trapaça é a melhor palavra – da Globo na Copa de 2002.
Uma passagem anedótica do Innovare junta Roberto Irineu Marinho, presidente da Globo, e o juiz Cesar Asfor Rocha. Uma foto registra um abraço cordial entre ambos numa premiação. Rocha  presidia o STJ e era cotado para uma vaga no STF, na gestão Lula. Acontece que chegou a Lula uma história segundo a qual Rocha pegara uma propina para favorecer uma empresa  num julgamento.
O mais curioso é que Rocha acabou votando contra quem lhe deu “uma mala de dinheiro”, segundo gente próxima de Lula. Investigado ele não foi —  nem pela Globo, nem pela Polícia Federal, nem por ninguém. Mas, se manteve a alegada bolsa, perdeu a indicação. Rocha, sem problema nenhum com a Justiça depois da denúncia, acabaria decidindo voltar depois para a advocacia.
A melhor prática para a Justiça é absoluta distância da plutocracia para que possa decidir causas com isenção e honestidade. (Investigar juízes acusados de pegar uma mala de dinheiro também vai bem.)
O Innovare é a negação disso.
Que políticos frequentem barões da mídia é lamentável, mas comum mesmo em democracias avançadas como a Inglaterra.
Nos últimos 30 anos, na Inglaterra, Rupert Murdoch – o Roberto Marinho da mídia britânica — foi procurado e bajulado por líderes conservadores e trabalhistas, indistintamente. (Um deles, Tony Blair, acabou estendendo a proximidade para a jovem mulher chinesa de Murdoch, com a qual teve um caso que levaria ao divórcio de Murdoch.)
Mas se juízes frequentassem Murdoch uma fronteira seria transposta. Jamais aconteceu. O juiz Brian Leveson não poderia conduzir as discussões sobre novas regras para a mídia inglesa se privasse com Murdoch.
Isto é óbvio, mas o poder prolongado da Globo a deixou de guarda baixa quando se trata de preservar a própria reputação.
O Innovare é um escândalo em si. E uma inutilidade monumental em seu propósito de fachada: melhorar a Justiça brasileira.
São dez anos de atividade. Quem poderá dizer que a justiça brasileira melhorou alguma coisa com o Innovare?
A Globo tem nas mãos como que um controle remoto com o qual comanda as coisas que lhe são essenciais no Brasil.
Vale a pena ver este vídeo em que, no Senado, Roberto Requião mostra a busca frustrante que fez por informações a respeito da sonegação da Globo. A certa altura, ele pergunta se a Globo comanda o Senado, tais e tantas as dificuldades que encontrou. Requião fez uma pergunta retórica, porque ele sabe a resposta muito bem.
No futebol, um negócio de alguns bilhões por ano, a Globo teleguiou durante décadas os homens fortes da CBF, Havelange primeiro e depois Ricardo Teixeira.
‘Teleguiar” significou dar propinas, ou eufemisticamente, “comissões”. O Estadão mergulhou num caso que está na justiça suíça, relativo à Fifa. E escreveu numa reportagem: “Havelange recebeu propinas de uma empresa para garantir o contrato de transmissão do Mundial de 2002 para o mercado brasileiro.”
Quem transmitiu? E que jornal ou revista investigou o caso? A Veja não se gabava tanto de seu poder investigativo? Ou só vale para seus inimigos?
A mesma lógica de ocupação manipuladora a Globo promoveu em sua fonte de receita – a publicidade.
Nos últimos dez anos, a Globo perdeu um terço da audiência, em parte pela ruindade de sua programação, em parte pelo avanço da internet.
Mesmo assim, sua receita publicitária não parou de subir. Há uma aberração no Brasil: com 20% do bolo de audiência, medido pelo Ibope, a Globo tem 60% do dinheiro arrecadado com publicidade.
Ganhar mais publicidade com menos público é façanha para poucos.
O milagre, ou truque, se chama Bônus Por Volume, o infame BV. Basicamente, quanto mais uma agência veícula na Globo, mais recebe.
Meu amigo Jairo Leal, antigo presidente da Abril, me disse que muitas agências simplesmente quebrariam se não fosse o dinheiro do BV.
É claro que uma hora o anunciante vai se incomodar com o dinheiro excessivo posto numa emissora que perde, perde e ainda perde espectadores.
Mas até lá você – em boa parte graças ao BV – vai ver os Marinhos no topo dos bilionários do Brasil.
Fonte: VI O MUNDO
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Onde estão os ninjas, onde se enfiaram os ‘investigativos’?

Por Alberto Dines em 04/03/2014 na edição 788
Os do Globo estão oferecendo um show de investigação jornalística – na retomada do caso do Riocentro e na identificação dos responsáveis pelo assassinato do deputado Rubens Paiva nas dependências do DOI-Codi, no Rio de Janeiro.
Mas na apuração das responsabilidades pela morte do cinegrafista da Band Santiago Andrade atingido na cabeça, há três semanas, por um rojão durante violento protesto no Rio, algumas ausências e assiduidades chamaram a atenção.
A mídia ninja não deu o ar da sua graça tanto na identificação dos culpados pela tragédia como nos desdobramentos quando um dos responsáveis acusou partidos políticos de pagar diárias a manifestantes. A mídia ninja tem todos os atributos em matéria de agilidade, organização e compromissos públicos para antecipar-se à mídia tradicional. Não o fez, não se sentiu convocada, evaporou. Inclusive quando o Globo veiculou suspeições sobre o comportamento do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-Rio) o que gerou um tremendo e instrutivo debate público sobre o papel da imprensa (ver “Freixo outra vez”, “O dever de um jornal”, “A exaltação de um factoide”, “O dever de um jornal II”, “Jornalismo a serviço de quê?” e “Freixo e a violência”).
O que falta
Não foram os representantes do nobre segmento da reportagem investigativa que analisaram os vídeos realizados por cinegrafistas de diferentes emissoras, e com a ajuda do perito Nelson Massini identificaram prontamente os responsáveis pelo disparo do artefato. Os responsáveis pela façanha foram editores de imagem da TV Globo, profissionais que dispensam galardões, etiquetagem e categorias, empenhados apenas em fazer um bom trabalho.
Mas quem apareceu liderando as listas de votos de pesar e de protesto – sobrepondo-se mesmo à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e à secular Associação Brasilera de Imprensa (ABI) – foi a Abraji, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, entidade que merece aplausos pelo trabalho na esfera de treinamento e motivação.
Mas a Abraji não dispõe de um corpo de repórteres investigativos; em outras palavras: não investiga, não promove a investigação. Seus associados são os repórteres que se consideram investigativos – todo repórter é, em princípio, investigativo – e trabalham para jornais, revistas, emissoras de rádio, TV, blogs, sites e portais.
Nossa sociedade carece de veículos jornalísticos – de qualquer porte –, eles é que têm a legitimidade e a obrigação de esquadrinhar, inquirir, perquirir, devassar, vigiar e fiscalizar o desempenho do poder público e privado.
A violência nas manifestações que tirou a vida de Santiago Andrade é um caso em aberto, quase esquecido. Também a violência do debate sobre a violência. Falta é investigação.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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editorial - PAPIRO

Liderança é algo que nenhum líder afirma em ter, seja o líder um cidadão ou uma corporação.
Líderes são naturalmente reconhecidos como tal, não necessitam de discursos próprios para confirmar sua condição.
Globo delira, e agoniza na decadência em que se encontra.
Apesar da liderança, em números, do império dos Marinhos , é fato que que a capacidade de globo em influenciar pessoas caiu drasticamente com o advento da internete. 
Fato que leva os saudosistas à uma briga diária com a realidade.
A Mídia ninja parece ser a bola da vez para os melancólicos e saudosos de um tempo de jornalismo romântico. 
É cobrada a todo instante pelo que não faz, pelo que se omite e pelo que poderia fazer. 
Sinais de inconformismo com os novos tempos.
Relevante seria a cobrança por um jornalismo plural, menos partidarizado e que colocasse em cena os fatos com um mínimo de isenção. 
Não é que ocorre. 
Isso também é fato.
O  chamado jornalismo investigativo , hoje, se produz nas salas das redações e, mesmo assim deixa muito a desejar.
Os casos da ação penal 470, o chamado mensalão, e a roubalheira no sistema de transportes sobre trilhos no estado de São Paulo, são emblemáticos.
Seletividade nas investigações, arranjos de linguagem específicos para cada caso, além,  claro, de uma espetacularização midiática apropriada aos interesses partidários das mídias para cada assunto em questão.
O jornalismo passou longe das notícias, dos fatos , da realidade.
Isso também é fato.
Cabe lembrar que a internete mudou a maneira de divulgação de informações, principalmente no tocante a velocidade.
Qualquer arranjo ou manipulação é imediatamente bombardeada na internete. 
Tanto que é verdade que toda a velha mídia apoiou de forma ostensiva os candidatos do PSDB nas eleições de 2002, 06 e 10 e, mesmo assim, não obteve sucesso, ou seja, não alterou a percepção do eleitor. 
Seria a intenete a responsável  por blindar os efeitos nocivos do jornalismo  da velha mídia sobre a população ? 
Em parte sim, porém há muito mais para investigar. 
Cabe ainda ressaltar que a internete não substitui o jornalismo, ela agrega algo mais no debate sobre os temas de relevância e , em alguns casos, chega a pautar tais temas mesmo sem o "consentimento" dos "lideres" do mercado de notícias. 
Isso também é fato.
Proliferam na internete excelentes sites de debate, opinião e informação, e certamente, esse é a maior "problema" para aqueles que se imaginavam detentores do monopólio de opiniões. 
Tanto é assim, que com uma frequência até certo ponto espantosa, vozes de globo ecoam na defesa de um tempo de jornalismo que não mais existe.
A questão que se impõe não é sobre os blogues e portais da internete que fazem sucesso com seus conteúdos, mas sim sobre como o jornalismo tradicional convive com essa nova realidade. Avaliando as vozes de globo e do Observatório da Imprensa, percebe-se uma dificuldade clara com essa convivência, seja por incapacidade de conhecer o momento atual de mídias, seja por romantismo, seja por delírio autoritário, ou mesmo por esquecimento de tomar a medicação diária por parte de alguns analistas de mídias.
A clareza de opiniões é reveladora em si.
Essa é uma outra questão que se impõe no momento. 
O advento da internete trouxe a possibilidade de um amplo debate sobre os mais diferentes temas , o que, na visão do PAPIRO, tem produzido um efeito contrário no processo democrático. 
Em parte pela, aí sim, liderança, entenda-se poder econômico, dos principais grupos de mídia, que conduzem os debates para uma disputa, onde a razão é violentada e , com isso acarretando comportamentos violentos  e mesmo fascistas. 
Ao aprofundar diferentes temas de debates, se vê uma rejeição pelas opiniões contrárias quando se atinge um ponto de conceituação sólida sobre um tema.
Os democratas não são tão democratas assim.
O que emerge, é que a democracia para muitos, é apenas um discurso, o que de fato se verifica pelos caminhos que mundo vem tomando.
A liberdade de expressão e opinião provocada pela internete trouxe a tona a fragilidade do discurso democrático.
Um paradoxo assustador.
Nesse contexto O PAPIRO pergunta: 
Cadê o DARF, rede globo ? 
Pergunta fruto de investigação de blogues que apresentaram a farsa e os crimes de grupos de mídia. 
Isso não é notícia dos jornais. 
Jornais que quase ninguém mais lê.
O PAPIRO se alinha com blogues e portais  que com opiniões, análises e  informações relevantes ajudam a construir uma ponte para o horizonte.






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