quarta-feira, 26 de março de 2014

O Velho e O Novo

Em comercial, Metrô-SP incentiva o assédio sexual

Rede Brasil Atual
Propaganda da companhia veiculada no rádio diz que superlotação  é bom para ‘xavecar mulherada’
25/03/2014

Do SpressoSP
Comercial do Metrô de São Paulo veiculado no rádio justifica a superlotação dos trens nos horários de pico e tem conteúdo machista. Por esse motivo, os deputados estaduais do PT Alencar Santana e Luiz Cláudio Marcolino protocolaram  nesta terça-feira (25), na Promotoria de Justiça de Direitos Humanos de São Paulo, representação contra o secretário da Casa Civil do governo do Estado, Edson Aparecido; o diretor-presidente da CPTM, Mário Bandeira, e o diretor-presidente do Metrô, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, pela veiculação da peça.
Na propaganda, depois de ressaltar os investimentos do governo do Estado de São Paulo no transporte sobre trilhos, o ator da peça, identificado como “Gavião”, diz que “é normal, nos horários de pico, trem e metrô ficarem lotados”. Em seguida, fala que é até boa a superlotação, pela oportunidade de “xavecar a mulherada”.
“Nos horário de pico é normal trem e metrô ficá lotado. É assim nas grande metrópole espalhada pelo mundo. Pá falá a verdade eu até gosto do trem lotado é bom pra chavecá a mulherada né mano! Foi assim que eu conheci a Giscreusa. Muito já foi feito e o governo sabe que ainda tem muito pra fazê (sic)”, diz a propaganda do governo do Estado veiculada em uma rádio da capital paulista.
Na representação, os deputados lembram dos casos de assédio sexual contra mulheres que vêm acontecendo nos trens do Metrô e da CPTM na capital (23 ocorrências registradas neste ano na Delegacia do Metropolitano – Delpom), e, observam que, “além da omissão em razão de não assegurar um transporte público digno que garanta a tranquilidade e preservação do direito básico da mulher de não ter seu corpo usado como instrumento da satisfação da lascívia masculina, ao contrário, o governo do Estado de São Paulo promove uma campanha publicitária que em nada contribui para a mudança desse estado de coisas e reforça a cultura machista”.
Para os parlamentares, com essa “propaganda sexista e estigmatizante dos usuários e das usuárias do transporte coletivo, o governo do Estado de São Paulo: 1) reforça a cultura machista da cantada e da abordagem agressiva das mulheres; 2) banaliza a violência sofrida cotidianamente pelas mulheres; 3) contribui para a legitimação da violência contra mulheres e 4) reforça a visão da mulher como objeto passivo do desejo do homem e de que seu corpo é público por isso pode ser alvo de cantada e de ‘xaveco’”.
A representação à Promotoria pede que sejam adotadas providências para a instauração de inquérito civil, para apuração das responsabilidades  civis e administrativas; que oficie à Promotoria Criminal competente para apuração da prática de crime pela veiculação da propaganda institucional; que sejam adotadas providências para a imediata suspensão da propaganda, caso ainda esteja sendo veiculada; sejam adotadas providências para compelir o governo do Estado a promover propaganda educativa de promoção dos direitos das mulheres.
Pelo Twitter, a Rede Transamérica informou que a peça publicitária não está mais sendo veiculada.

Fonte: BRASIL DE FATO
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A piada sem graça do metrô lotado

Por Luciano Martins Costa em 26/03/2014 na edição 791
Comentário para o programa radiofônico do Observatório da Imprensa, 26/3/2014
O acontecimento foi produzido em tom de blague e poderia ser arquivado no anedotário nacional, entre as muitas bobagens destes tempos em que tudo tem que se transformar em espetáculo. No entanto, acaba se configurando como mais uma demonstração de falta de sensibilidade de comunicadores e autoridades, num episódio típico do contexto cultural em que vivemos, no qual certos protagonistas da mídia acham que tudo pode ser transformado em piada.
O episódio de que tratamos nasceu de uma tentativa da Companhia do Metrô de São Paulo de melhorar sua imagem pública, desgastada pela sequência de panes e incidentes, pela superlotação dos trens na maior parte da rede e soterrada pelas denúncias de um esquema de corrupção que dura quase duas décadas. Sobre esse monte de entulho, a direção do Metrô achou por bem patrocinar uma série de anúncios para convencer o usuário de que vagões lotados são uma condição natural desse sistema de transporte em todas as metrópoles.
O plano era inserir o texto produzido pela agência de propaganda em programas populares de rádio, colocando locutores e comentaristas para reforçar a mensagem – modelo que os publicitários chama de “testemunhal”.
O problema aconteceu quando entrou em cena o personagem conhecido como “Gavião”, que atua na Rádio Transamérica com intervenções supostamente cômicas durante um programa de esportes. Ao se referir às ocasiões em que ocorre excesso de passageiros, o suposto comediante afirmou: “Pra falar a verdade, até gosto do trem lotado, é bom pra xavecar a mulherada, né, mano?”
O comentário poderia cair no vazio de sua própria bizarrice machista, não fosse o contexto social a que se refere: desde janeiro, o Metrô de São Paulo já registrou pelo menos 23 incidentes de abuso sexual em seus vagões lotados, com alguns casos graves de ataques contra mulheres.
Existem sites na internet que estimulam a prática, como uma competição entre tarados, e as autoridades não têm ideia do número total de ocorrências, porque a grande maioria das vítimas tem vergonha de prestar queixa e sabe que seria impossível identificar os autores da violência.
Corrupção sem corruptos
Voltamos, então, ao patético senso de humor e de oportunidade do comunicador que se faz chamar de “Gavião” e, por extensão, da direção da emissora e dos responsáveis pela estratégia de comunicação do Metrô.
A emissora divulgou nota dizendo que “toda propaganda que a rádio veicula é aprovada pelo contratante”. A Companhia do Metrô informa que “a produção desse infeliz comercial” é de inteira responsabilidade da Rádio Transamérica. Segundo a empresa, a encomenda era para “mostrar a modernidade do Metrô de São Paulo” e explicar que a lotação nos horários de pico “acontece em todas as grandes cidades do mundo”.
Acontece que não há como dizer para as mulheres que são assediadas, tocadas e agarradas por sujeitos desequilibrados que isso é modernidade, que no mundo inteiro os metrôs são lotados pela manhã e no começo da noite, e tudo bem.
Não há redator de publicidade capaz de transformar em mensagem positiva o fato de o sistema de transporte urbano sobre trilhos ter se tornado um pesadelo para os usuários mais vulneráveis. Não há criatividade capaz de encobrir o fato de que as linhas são precárias e insuficientes porque, durante muitos anos, a corrupção desviou boa parte da verba que deveria ser usada para expandir e melhorar o sistema.
Na quarta-feira (26/3) em que os principais jornais do país abrem espaço para a desastrada campanha publicitária do metrô paulistano, a imprensa noticia que o Ministério Público denunciou à Justiça trinta executivos de doze empresas acusadas de fraudar licitações para a compra e manutenção de equipamentos do sistema de transporte sobre trilhos em São Paulo. O pacote de denúncias se refere ao período de 1998 a 2008 e, como se tornou praxe nesse escândalo, aponta apenas os supostos corruptores.
Os jornais não parecem estranhar o fato de que alguém pagou propinas milionárias, mas curiosamente ninguém apareceu para receber o dinheiro. Nesse contexto, uma campanha tentando convencer o cidadão de que metrô é assim mesmo em todo mundo, com ou sem piadas de gosto duvidoso, equivale a chamar o usuário de estúpido.

Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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                                                    opinião - PAPIRO
                                                          o novo

Se não bastasse o SECÃO de SP, os tucanos, agora, incentivam o assédio sexual nos vagões de trens e metrôs .
Trens e metrôs paulistas envolvidos em escândalos de corrupção, que como bem cita o texto do  Observatório da Imprensa, são noticiados na velha mídia como ações de corruptores sem que nenhum orgão público e políticos  dos governos de SP sejam citados como beneficiários das propinas.
Se existe corrupção com o PT os políticos do partido são citados ad eternnun , já se a corrupção envolve o PSDB, a velha mídia cita apenas os corruptores, como a empresa Siemens , por exemplo.
A velha mídia inverte a lógica da civilidade e caminha de  braços dados com o violento processo de negação em curso no mundo.
É o machismo com a negação dos direitos da mulher, é o racismo com a idéia de apenas uma raça hegemônica, é o catolicismo como única religião aceitável.
A piada , que não pode ser entendida como piada pois é parte da maneira como se expressam a maioria das emissoras de rádio, de TV e jornais do país , está inserida na lógica de formação de consciências fascistas.
Piadas semelhantes, ou até mesmo mais agressivas, podem ser vistas e ouvidas diariamente na maioria dos programas de  rádio e TV, sejam os programas voltados ou não para o humor.
Não seria estranho se as 'xavecadas' no transporte público, propostas no comercial do governo de SP, venham a se tornar um produto de alta rentabilidade se transmitidas ao vivo, como reality shows,  nas grades de emissoras de TV.
O sucesso dos governos populares e democráticos do PT,  tem despertado o que existe de pior em setores da velha mídia, das elites e de parcela da classe média brasileira.
O esgotamento do debate civilizado de idéias tem levado esses setores reacionários citados acima a um comportamento onde se tenta prevalecer e se demostrar superioridade, apenas exaltando as condições financeiras, como tentativa de realçar uma suposta inferioridade do povo no poder, mesmo que este último seja bem sucedido e assim reconhecido pela maioria da população e mesmo pelo mundo.
Assim foi, e ainda o é, também na Venezuela com a mídia daquele país que chamava diariamente o presidente Chávez de macaco.
Esse comportamento da velha mídia brasileira, das elites e de parcela da classe média, talvez não prevalecesse por tanto tempo se o mundo não estivesse em um caminho similar de valorização do fascismo e mesmo do nazismo.
Quero crer, porém, que este retrocesso civilizacional é apenas fruto das dores que fazem agonizar o doente terminal, exalando todo tipo de frustração e ódio pela consciência da inexorabilidade do avanço evolutivo , quando o velho naturalmente cede lugar ao novo que emerge.
Mais do que um down load de consciências, o novo também permite a instalação de uma intersetorialidade e uma interdependência de saberes e aptidões, tal qual a ficção do filme Matrix, sendo que neste caso o caminho do novo é suave  e sem tecnologias agressivas.
A ficção já é realidade, em parte,  e o velho naturalmente sairá de cena.
Entretanto, por algum tempo ainda devemos conviver com todo tipo de violência em uma curva crescente, tendo em vista o processo mundial em sintonia com o reacionarismo existente no país.
Mesmo que os governos democráticos, populares e civilizados do Brasil e da América latina, e mesmo de outros lugares, incentivem e divulguem campanhas que valorizem o processo civilizatório, as mídias corporativas e elites de todo o mundo trabalharão, como já o  fazem, para prevalecer seus interesses sempre associados ao político, econômico e hegemônico.
Assim sendo as campanhas contra as drogas, mesmo que bem intencionadas, levam ao aumento do consumo de narcóticos e ao agravamento da violência do narcotráfico. 
O mesmo se verifica no que diz respeito as campanhas contra o racismo, o machismo.
A violência, com a negação do processo democrático e civilizatório, como dito anteriormente, é o pilar de sustentação do velho que agoniza e, assim sendo, é alimentada diariamente em todas as esferas da vida, dando ao mundo atual - e não ao  Brasil especificamente como apresentado em algumas mídias estrangeiras empenhadas na criação de um  processo reacionário brasileiro - as cores e formas de uma barbárie ainda  em estado líquido.

                                                                o  velho










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