sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Mensalão dos Protestos


Michel Zaidan Filho: AI-5 padrão Fifa

publicado em 14 de fevereiro de 2014 às 12:44

AI-5 padrão Fifa
por Michel Ziadan Filho*, via José Luiz Gomes da Silva, por e-mail
Quando Hitler quis dissolver o Parlamento e implantar o 3. Reich, inventou um incêndio no Reichstag.
Quando Vargas quis dar o Golpe que instaurou a ditadura do Estado Novo, no Brasil, providenciou a fraude do Plano Coehn.
Agora, pelo visto, estão atrás de um pretexto para criminalizar os movimentos sociais, proibir qualquer manifestação de protesto social (a não ser as autorizadas pela polícia, com prévia consulta) e votar uma clara lei de exceção no país.
O que mais incomoda é que esse estupro das liberdades democráticas no Brasil está sendo perpetrado com o apoio e a aquiescência da imprensa “livre” e “democrática”.
Acham os jornalistas, e as entidades que os representam (como as que representam os donos dos veículos de comunicação) que os ditadores fornecem salvo-conduto ou beneplácitos para os profissionais da imprensa, enquanto amordaçam os demais setores da oposição ao governo e ao capitalismo.
Não sabem eles que uma vez perpetrado o atentado contra o direito de livre manifestação, os próximos serão eles, quando começarem a denunciar a violência, o arbítrio da polícia contra os próprios profissionais da imprensa.
Como, aliás, já aconteceu entre nós.
Não ha regime de meia liberdade, como não há meia-virgindade, meia-gravidez. Há, é verdade, hímen complacente.
E complacência é o que está havendo da parte da imprensa (os inocentes úteis) na preparação de pequeno golpe contra o direito ao dissenso, o direito à crítica, o direito à oposição.
Não há (e nunca houve no Brasil) o menor indício de ações terroristas contra minorias étnicas, religiosas ou raciais.
Há homofobia e preconceito racial. Mas isso é crime, perfeitamente tipificado no código penal brasileiro.
Outra coisa muito distinta é contratar indivíduos ou grupos para, infiltrados nas manifestações, provocarem ações que amedrontem a opinião pública e venham justificar leis de exceção ou leis que coíbam, contrariem o legitimo direito de protestar.
Os movimentos sociais não são criminosos, amorais, genocidas ou contra os direitos humanos.
Mas há muitos “pescadores de águas turvas” (localizados em vários aparelhos) que desejam plantar provas ou indícios de que as manifestações de rua são ilegais e criminosas.
Esta tese é muito conveniente a um governo e um país que convive com uma guerra civil surda, provocada pela crise das instituições de controle social, o despreparo de sua polícia e a desigualdade social.
As elites governantes e proprietárias desse país têm que decidir o que é prioritário na agenda das políticas públicas: transferir bilhões de reais para empreiteiras, empresas privadas, hotéis, shopping centers etc. Ou cuidar do bem-estar da população brasileira.
Se optarem por usar o fundo público para o enriquecimento de uma minoria, não se surpreendam com a reação da parte sã, republicana da sociedade brasileira.
Violência só gera violência.
Protesto social só se responde com políticas públicas redistributivas, que melhorem a qualidade de vida da população e criem mais oportunidades para os mais pobres.
Combater o protesto com mais violência e arbítrio, só vai alimentar as “vinhas da ira” e provocar mais derramamento de sangue no Brasil.
*Michel Zaidan Filho, professor da Universidade Federal de Pernambuco

PS do Viomundo: O mais espantoso é ver gente de esquerda pregando o “pogrom” a intelectuais que seriam os “manipuladores” da violência nas ruas durante protestos; essa é a esquerda que não acha que as pessoas sejam capazes de ações autônomas — ainda que desastradas e eventualmente criminosas — e endossa a caça as bruxas baseada em supostos crimes “por associação”. Curiosamente, inclui gente que condenou o uso, pelo STF, da teoria do domínio do fato para condenar José Dirceu e outros petistas, mas agora quer usar a mesma teoria para perseguir adversários políticos em sindicatos, universidades e partidos políticos, como pede o jornal O Globo. Quem quebra, vandaliza, agride e mata deve responder pelos crimes que cometeu, para os quais já existem leis. Como escrevi em outro lugar, o Brasil está inventando o macartismo de esquerda.
Fonte: VI O MUNDO
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A nova era da violência

Autores intelectuais dos assassinatos já acontecidos e por vir são os whiteblocs. Devem ser combatidos com a mesma virulência com que combatem a democracia


Wanderley Guilherme dos Santos Arquivo

Professores universitários do Rio de Janeiro, de São Paulo e outras universidades falam do governo dos trabalhadores como se fosse o governo do ditador Médici, embora durante aquele período não abrissem o bico. Vetustos blogueiros, artistas sagrados como marqueteiros crônicos, jovens colunistas em busca da fama que o talento não assegura, políticos periféricos ao circuito essencial da democracia, teóricos sem obra conhecida e de gogó mafioso, estes são os mentores da violência pela violência, anárquica, mas não acéfala. Quem abençoa um suposto legítimo ódio visceral contra as instituições, expresso em lamentável, mas compreensível linguagem da violência, segundo estimam, busca seduzir literariamente os desavisados: a violência é a negação radical da linguagem. Mentores whiteblocks, igualmente infames.

A era da violência produziu a proliferação dos algozes e a democratização das vítimas. Antes, a era das máquinas trouxe a direta confrontação entre o capital e o trabalho, as manifestações de protesto dirigiam-se claramente aos capitalistas em demanda por segurança no serviço, salário, férias, descanso remunerado, regulamentação do trabalho de mulheres e crianças. Reclamos precisos e realizáveis. Politicamente exigiam o fim do voto censitário, o direito de voto das mulheres, o direito de organização, expressão e manifestação. Exigiam, em suma, inclusão econômica, social e política.

Os mentores dos algozes possuíam nome e residência conhecida. Os executores eram igualmente identificáveis: as forças da repressão, fonte da violência acobertada pela legislação que tornava ilegais as associações sindicais, as passeatas, os boicotes e as greves. As vítimas estavam à vista de todos: operários, operárias, desempregados, além de cidadãos, escritores e jornalistas solidários com a causa dos miseráveis.

Não há por que falsificar a história e negar que, ao longo do tempo, sindicatos mais fortes e oligarquizados também exerceram repressão sobre organizações rivais, bem como convocatórias grevistas impostas pela coação de operários sobre seus iguais. A era das máquinas não distribuía a violência igualitariamente, mas algozes e vítimas possuíam identidade social clara.

A atual era da violência, patrocinada por ideólogos, jornalistas, blogueiros, ativistas (nova profissão a necessitar de emprego permanente), professores, artistas, em acréscimo aos descontentes hepáticos, testemunha a agregação de múltiplos grupelhos, partidos sem futuro e fascistas genéticos aos tradicionais estimuladores da violência, os proprietários do capital. São algozes anônimos, encapuzados, escondidos nos codinomes das redes sociais, na covardia das palavras de ordem transmitidas a meia boca, no farisaísmo das negaças melífluas.
Os whiteblocs disfarçam o salário e a segurança pessoal nas pregações ao amparo do direito de expressão e de organização. Intimidam com a difamação de que os críticos desejam a criminalização dos movimentos sociais. Para que não haja dúvida: sou a favor da criminalização e da repressão às manifestações criminosas, a saber, as que agridam pessoas, depredem propriedade, especialmente públicas, e convoquem a violência para a desmoralização das instituições democráticas representativas.

As vítimas foram, por assim dizer, democratizadas. Lojas são saqueadas, vidros de bancos estilhaçados, passantes, operários, classes médias, e mesmo empregados e subempregados que a má sorte disponha no caminho da turba são ameaçados e agredidos. A benevolência do respeito à voz das ruas é conivência. Essas ruas não falam, explodem rojões. Não há diálogo possível de qualquer secretaria para os movimentos sociais com tais agrupamentos porque estes não o desejam. E, quando um quer, dois brigam.

A era da violência é obscura. Não me convencem as teorias do trabalho precário porque não cobrem todo o fenômeno, também é pobre a hipótese de uma classe ascendente economicamente com aspirações em espiral (já sustentei esta hipótese), e, sobretudo, não dou um centavo pela teoria de que almejam inclusão social. Eles dizem e repetem à exaustão que não reclamam por inclusão alguma, denunciada por seus professores como rendição à cooptação corrupta.

Os autores intelectuais dos assassinatos já acontecidos e por acontecer são os whiteblocs. Têm que ser combatidos com a mesma virulência com que combatem a democracia. Não podem levar no grito.
Fonte: CARTA MAIOR
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O jogo perigoso da desinformação

O fundo do poço

Por Luciano Martins Costa em 14/02/2014 no programa nº 2257 

O jogo perigoso da desinformação

Os três principais jornais de circulação nacional, que ainda definem a agenda institucional no País, fecham a semana com uma proeza digna de figurar na longa lista de trapalhadas da imprensa, cujo troféu mais lustroso é o caso da Escola Base.
Por uma dessas ironias da história, no dia 22 do mês que vem completam-se vinte anos do noticiário que inventou um caso de pedofilia numa escola infantil de São Paulo, e o roteiro se repete perversamente.
A morte do cinegrafista Santiago Andrade, atingido na cabeça por um rojão de alta potência durante manifestação no Rio de Janeiro, tem todos os ingredientes para se tornar uma versão revista e ampliada desse que foi o marco do jornalismo espetaculoso e irresponsável no Brasil.
Os ingredientes para uma grande farsa estão reunidos: os dois jovens que foram identificados como autores do homicídio são compulsoriamente representados por um advogado que ganhou dinheiro com a defesa de milicianos e - colocados no grande liquidificador da mídia -, produzem uma sucessão de declarações que, a rigor, não poderiam ser incluídas num inquérito.
E tudo que dizem - ou alguém diz que disseram - vira manchete.
Nesta sexta-feira(14/2) , o alvo do noticiário é uma lista de doadores que contribuíram para a realização de uma festa, no dia 23 de dezembro do ano passado, intitulada "Celebração da Rua - Mais Amor, Menos Capital".
O evento foi realizado na Cinelândia, no centro do Rio, com coleta de doações em benefício de moradores de rua e vítimas das enchentes (ver aqui), juntando militantes de todos os tipos, inclusive professores e ativistas contra a Copa do Mundo.
Os jornais citam vereadores, um delegado de polícia e até um juiz do Tribunal de Justiça, insinuando que eles estavam apoiando o movimento chamado Black Bloc.
Nessa corrente de declarações, suposições e especulações, a imprensa já afirmou que os atos de vandalismo que acompanham a onda de protestos no Rio de Janeiro tem o dedo do deputado Marcelo Freixo, do PSOL; depois, o Globo citou uma investigação que acusa o deputado e ex-governador do Rio Anthony Garotinho, do PR, de incentivar a violência.
Um exemplo desse jornalismo de fancaria: o título publicado no dia 9/2 pelo portal G1, do grupo Globo (ver aqui): "Estagiário de advogado diz que ativista afirmou que homem que acendeu rojão era ligado ao deputado Marcelo Freixo".
 
O fundo do poço

Nesta sexta-feira, os jornais fazem malabarismos para concentrar a denúncia no PSOL, PSTU e numa organização pouco conhecida chamada Frente Independente Popular.
A citação dessas organizações foi tirada de uma frase do auxiliar de limpeza Caio Silva de Souza, acusado de haver acendido o petardo que matou o cinegrafista.
Segundo os jornais, o jovem disse acreditar que os partidos que levam bandeiras às manifestações são os mesmos que pagam a ativistas que se dedicam a depredações e a enfrentamentos com a polícia.
Nenhuma referência às investigações sobre a participação de militantes ligados a Anthony Garotinho, ainda que tais informações tenham como fonte um inquérito oficial em vez de declarações fora de contexto.
Exatamente como no caso da Escola Base, o julgamento apressado produz desinformação: pinta-se um perfil bipolar dos dois jovens, ora como se fossem perigosos terroristas, ora como se se tratasse de duas criaturas desamparadas que foram aliciadas por forças políticas interessadas em uma espécie de "revolução bolivariana", para usar a expressão irônica da colunista Barbara Gancia, na Folha de S. Paulo (aqui).
Nas duas versões, o enredo vai compondo um painel cujo resultado parece a cada dia mais claro: a demonização da política partidária, com foco muito claro em agremiações de pouca expressão eleitoral, todas coincidentemente alinhadas à esquerda do espectro político.
Pode-se discordar de objetivos e estratégias de partidos, indivíduos e organizações que se consideram artífices de uma revolução, pode-se acusá-los de tentar compensar a falta de correligionários com bumbos e palavras de ordem, mas o jogo torna-se muito perigoso quando a imprensa, hegemonicamente, atua no sentido de criminalizar o direito à manifestação pública de opiniões sobre o que quer que seja.
Nas redes sociais, esse noticiário tendencioso e irresponsável alimenta o extremismo reacionário ao ponto de inspirar chamamentos ao crime.
Se não é o fundo do poço para a imprensa, estamos quase lá.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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Parece que o efeito "dominó" novamente entrou em cena.
Mesmo que por motivos diferentes, ou mesmo iguais, as manifestações voltaram em janeiro pelo mundo.
Atualmente  Brasil, Venezuela, Bósnia e Ucrânia tem conflitos nas ruas de suas principais cidades.
No Brasil e Venezuela, mascarados que supostamente teriam recebido dinheiro para participar das manifestações, protestam contra... contra o quê mesmo ? 
Também no Brasil e na Venezuela a grande imprensa dos dois países apóia todo e qualquer ato que venha a desestabilizar os governos desses países. 
Não é um apoio explícito, direto, porém o noticiário explora  e extrai das manifestações aquilo que for útil para encurralar os governos desses países, mesmo que o útil seja apenas a declaração de um transeunte que passava pelo local do protesto e manifestou sua insatisfação contra o governo federal.
Janeiro de 2014 escolheu Brasil e Venezuela para os protestos, que se bem sucedidos acabariam por enterrar a Argentina. Bolívia e Equador, seriam , depois, alvos fáceis.
A confusão que a velha imprensa tem criado com notícias sobre os manifestantes e os supostos culpados, assim como a rapidez em apontar culpados, merece um olhar mais atento.
Ontem, na rádio band news, do grupo Bandeirantes, foi dito por um apresentador que a revista Veja, teria recebido da polícia uma lista com nomes de 100 pessoas e partidos políticos que teriam envolvimento direto com as manifestações, inclusive com o pagamento à manifestantes para participação nos "protestos".
Disse ainda que a lista ainda é fruto de investigação pela polícia.
Como é que é ?????
A polícia está investigando pessoas e partidos e fornece, talvez por amor, a lista para um revista publicar o conteúdo ?
Claro , que essa pergunta , ou esclarecimento sobre a lista, não foi comentado na emissora.
Continuando no noticiário da emissora que muda tudo de vinte em vinte minutos, o apresentador citou o nome de um  juiz de direito, de um advogado e de dois parlamentares do PSOL.
Empolgado , ainda citou o nome de um advogado que  trabalha para o Instituto de Direitos Humanos, e que tem um longa  e reconhecida história de sucesso na defesa de consumidores contra o abuso das empresas.
Claramente o alvo das acusações, em forma de notícia, eram profissionais e partidos de esquerda.
Interessante que a lista , conforme o apresentador , tem 100 nomes e somente cinco nomes foram citados.
Não se sabe, até agora, pelo menos, o critério utilizado pela emissora para apresentar os cinco nomes.
Ou se sabe ?
Ainda  na farra das notícias conflitantes, os apresentadores das emissoras de rádio estavam, ontem a noite, insuperáveis.
Na rádio globo, o apresentador que entrevistava um sambista, ouviu do mesmo um comentário sobre a morte do cinegrafista,o que levou o intrépido apresentador a afirmar que tinha suas "fontes" na polícia e estava bem bem a par do caso.
Fontes também recebem alguns reais, assim como manifestantes ?
Na rádio Tupi, o apresentador, em um programa de debates com advogados insistia na necessidade de se criar uma lei anti-terror, sem que houvesse qualquer tipo de debate para definir o que venha a ser o terror.
Na rádio CBN, a rádio que toca e troca notícias, a apresentadora, de voz suave e sedutora , informava que manifestação no centro do Rio de Janeiro, naquele momento, era contra as remoções de famílias para obras da copa do mundo.
Minutos depois na rádio Tupi, durante intervalo do debate em que o apresentador tal qual um cuco de relógio antigo repetia a todo instante a necessidade de uma lei anti-terror, entra no ar o informativo geral e os ouvintes são informados que a manifestação que acontecia naquele momento no Rio de Janeiro era contra o aumento das passagens de ônibus. Disse ainda, que os manifestantes portavam uma faixa com o dizeres:
" Imprensa terrorista"
Voltando ao debate, em que o apresentador cuco voltou a pedir a lei anti-terror, um dos debatedores colocou em cena a manifestante conhecida pelo codinome de sininho. No entendimento do debatedor Sininho também deveria ser indiciada, pois é parte integrante da , agora quadrilha que no protesto contribuiu para a morte do cinegrafista.
Sobre Sininho, sabe-se que durante uma festa  ela aparece em meio as gravações onde pode-se ouvir a música ..."hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa, é de quem vier"...
Seguindo a lógica da imprensa em seus noticiários recentes, onde pessoas e parlamentares foram citados por "envolvimento" com os acusados do crime contra o cinegrafista, pode-se afirmar que Sininho teria algum envolvimento com a tv globo ?
Em meio ao cuco, ao sambista e sininho, o barulho da velha mídia é ensurdecedor, e em nada esclarece a população sobre o que está  acontecendo, ao contrário, parece que  tem o intuito de confundir.
A população deve se mobilizar e exigir uma apuração correta dos fatos com punição para todos os envolvidos , doa a quem doer.
A propósito, de onde vem o dinheiro do mensalão dos protestos?

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