quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

È vero . É Fato

 
Merval Pereira 25.2.2014 10h26m em o globo
 

Como definiu o político mineiro Gustavo Capanema, em política o que vale é a versão, não o fato. Pode-se dizer das críticas ao governo Dilma atribuídas ao ex-presidente Lula que “Se non è vero, è ben trovato." A análise, por exemplo de que a presidente está “bem na foto” com a população, mas divorciada dos políticos e dos empresários, é a mais pura verdade.

Tanto que ela continua sendo a preferida dos eleitores, que têm a idéia de que seu governo é melhor que o de Lula pelo menos em um ponto, a corrupção. Mas a situação econômica medíocre pode afetar o bolso do cidadão comum ainda antes de ele depositar o voto na urna.

É inegável que o ambiente político está em polvorosa, e a maioria dos aliados, incluindo aí o PT, preferia que Lula fosse o candidato. É corrente em Brasília que a base aliada prefereria vencer com o governador Eduardo Campos ou com o senador Aécio Neves do que com Dilma Rousseff. O que garante ao governo por enquanto o apoio político são as pesquisas eleitorais que anunciam a possibilidade de vitória no primeiro turno.

Poucos são, no entanto, os quer levam as pesquisas a sério nesse ponto, pois nem Lula que é Lula conseguiu vencer as eleições que ganhou no primeiro turno. Embora favorita, a presidente Dilma enfrentará dois candidatos fortes em suas respectivas regiões, que costumavam dar a vitória ao PT.

Em outras regiões do país onde a votação em Dilma foi notável – Maranhão, Amazonas, Bahia, Ceará, Rio de Janeiro -, hoje a situação já não é tão favorável, com a base aliada em convulsão e a oposição recuperando terreno.

Em 2010, quando Dilma foi apresentada aos brasileiros pelo então presidente Lula, o candidato do PSDB José Serra liderou as pesquisas com índices em torno de 40% até maio daquele ano. Lançados os candidatos oficialmente em junho e iniciada a propaganda eleitoral em julho, os papéis logo se inverteram.

Desta vez, os dois candidatos de oposição é que serão revelados ao eleitorado a partir do final da Copa do Mundo, e têm muito campo para crescer. É claro que sempre há o risco de, conhecendo-os melhor, o eleitorado se convencer de que Dilma é mesmo a melhor candidata, mas não tem sido essa a tendência do eleitorado.

Sempre que se instala o contraditório na televisão, mesmo que o governo tenha mais tempo de propaganda que cada candidato individualmente, como é o caso agora, a oposição cresce, pois terá, em conjunto, mais tempo para as críticas e para rebater os feitos governistas.

A preocupação atribuída a Lula tem razão de ser. Se não mudar a maneira de administrar a economia, e nada indica que o fará, não há notícia boa para a presidente Dilma até a abertura das urnas. E várias ameaças terão que ser superadas, algumas delas inadministráveis, como a questão da energia.

O governo está literalmente nas mãos de Deus, dependendo das águas de março, a mesma situação em que se encontrou o governo de Fernando Henrique Cardoso em 2001. Com o agravante de que hoje existem termoelétricas em funcionamento, o que não existia, pelo menos nessa quantidade, naquela época.

É certo que a presidente Dilma terá que lidar com a tensão dentro da base aliada até a convenção de junho, quando deve ser definida como a candidata à reeleição. A partir daí, embora seja legalmente possível, é pouco provável uma substituição de candidatura. Seria uma operação de guerra tão dramática que, mesmo com a volta de Lula, a derrota ficaria mais perto só com a necessidade de admissão de que sua invenção não deu certo.

Juntamente com o fracasso do prefeito de São Paulo Fernando Haddad, as duas escolhas são uma péssima referência para Lula. O sofrimento de Dilma é semelhante ao do governador Eduardo Campos, que vê Marina sempre à sua frente nas pesquisas. A diferença fundamental é que quem controla o PSB é Campos, e quem controla o PT é Lula.
Fonte: o globo
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Trombone alvorada weril
Crítica - O PAPIRO

No programa de TV do Observatório da Imprensa desta semana, Alberto Dines entrevistou o jornalista Franklin Martins.
Em uma passagem da entrevista, o entrevistado lembrou que a velha mídia nas eleições de 2002, 2006 e 2010 apoiou em bloco e de forma ostensiva o candidato do PSDB - oposição - à presidência da república. 
Disse ainda que apesar do amplo, total e irrestrito apoio, com direito a todo tipo de ataques aos candidatos do PT, o candidato da velha imprensa não venceu as eleições e que a população ignorou o apoio midiático e escolheu os candidatos do PT.
De fato, e sem versões fantasiosas, foi o que aconteceu.
Acrescento ao declarado por Franklin, que sem o apoio ostensivo da velha mídia ao candidato da oposição, os candidatos do PT venceriam tranquilamente  as eleições em primeiro turno. 
Isso significa que ainda uma pequena parcela da população acredita nas baboseiras da velha mídia.
E falando em baboseiras, o artigo acima do imortal, que carrega o título Fatos e Versões, é um exercício  de torcida organizada de times de futebol, já que os fatos e versões sequer existem no conteúdo
O imortal diz que Dilma é favorita apenas porque é a preferida somente dos eleitores.
Brilhante !
Os eleitores do presente, que não são os eleitores de um colégio eleitoral de um passado sombrio, podem tomar suas decisões e efetuar suas escolhas com relativa e substancial independência dos desejos de outros políticos, instituições e do dinheiro que comanda o espetáculo.
Assim sendo, ter somente o apoio dos eleitores, ou seja da maioria da população, não é pouco e tem garantido as vitórias para os candidatos do PT.
A título de lembrança, nas eleições para presidência em 1989, no segundo turno, o estado do Rio de janeiro conferiu 75 % dos votos do estado para o candidato Lula, até mesmo em locais onde o conservadorismo reinava, com exceção , talvez, da meca do conservadorismo , a cidade de Santo Antônio de Pádua.
Cabe lembrar, ainda, que Lula e o PT não tinham nenhuma representação política  em prefeituras e mesmo no governo do estado na época, que era governado pelo PMDB.
O povo fez o palanque para Lula.
Na arquibancada e em sua torcida, o imortal lembra a eleição de 2010 quando Serra liderava as pesquisas com quase 40% dos votos e Dilma sequer aparecia nas pesquisas, isso já no mês de maio. Depois afirma, que iniciada a propaganda eleitoral e com os candidatos definidos, a situação se inverteu e Dilma foi para o segundo turno e venceu as eleições. Afirma ainda, em um texto de imortal doido beleza, que neste ano os candidatos da oposição é que serão apresentados à população após a copa do mundo ( detalhe: colocou a copa como marco ) e que, instalado o contraditório com os debates os candidatos da oposição tem muito campo para crescer. Afirma também que o contrário pode acontecer.
Brilhante !
O texto do imortal doido beleza deixou de lado fatos e versões significativos.
Em 2010, Lula, que realizava seu segundo mandato não poderia se candidatar e, ainda ostentava uma aprovação popular com índices estratosféricos que tangenciavam, naquele momento, a casa de 80% de aprovação. 
Também, naquele momento da campanha, as pesquisas de opinião quando incluíam o nome de Lula, o apontavam com amplo favoritismo , principalmente na pesquisa espontânea, quando os nomes dos candidatos não são apresentados ao entrevistado.
Ainda, na época, a velha mídia, incitava uma possibilidade de uma mudança nas regras do jogo onde Lula poderia, assim, disputar um terceiro mandato. 
Tudo isso colocava o eleitor em stand by, embaralhava o quadro eleitoral, favorecia os índice altos do candidato Serra, e tinha como objetivo principal uma casca de banana para Lula, que se aceitasse  a proposta de um terceiro mandato seria taxado, pela mesmo velha mídia, de ditador e autoritário.
Lula driblou a armadilha, para frustração da torcida adversária, afirmando ser contrário as mudanças da regra do jogo e que valorizava, como sempre valorizou , a democracia. 
Depois do golaço do petista, Lula apresentou Dilma como candidata do PT e pediu ao povo o voto na candidata. 
A partir dali, o quadro eleitoral clareou e Dilma ocupou os espaços, com o meio de campo de Lula, não dando chance ao adversário.
Não venceu em primeiro turno , devido a bolinhas de papel e outras manipulações criminosas conduzidas pela velha mídia com o intuito claro de atacar a candidata do PT. 
Isso é fato, e a versão é definitiva.
Logo, a comparação feita pelo imortal doido beleza sobre o lançamento dos candidatos da oposição não procede, nem em fatos e menos em versões. 
Lula era o presidente da república, com ampla aprovação popular na casa de 80%, e ao definir seu candidato o fez com sucesso.
Hoje, Aécio e Campos, são apenas candidatos, de pouco apelo nacional.
Esparramando tintas, o imortal resolve atacar pelos flanco da energia, comparando  o período atual como ano de 2001.
Em 2001, no governo de Fernando Henrique  o país vivenciou um racionamento de energia elétrica, isso porque o governo da época não investiu corretamente  e adequadamente no setor elétrico, principalmente na construção de hidroelétricas. 
Isso foi proposital, para favorecer a iniciativa privada na constituição e construção de termelétricas que seriam operadas com o gás da Bolívia, que chegava ao Brasil quase de graça. 
As termelétricas da época, de lucro fácil para os investidores, foram constituídas seguindo  o padrão utilizado na petroquímica pelo general ditador Geisel. 
Cabe lembrar que o vice de Fernando Henrique trabalhou ativamente no governo Geisel.
Ocorre que um erro  grosseiro no cronograma de implantação das  termelétricas levou o país ao racionamento de energia.
A situação hoje, é totalmente diferente e não cabe nenhum tipo de comparação com o período da farra do gás boliviano. 
O país, atualmente, investe pesado na construção e  geração de energia elétrica. 
É sabido que a matriz energética brasileira tem na hidroeletricidade seu maior componente, e devido a isso, depende do ciclo de chuvas, e não das mãos de Deus, como afirma o imortal. 
Com um verão atípico as chuvas ainda não chegaram.
Ainda em seu campo de delírio, tal qual os sonhos de Kurosawa, o imortal doido beleza afirma que a escolha de Lula para a prefeitura de São Paulo foi um fracasso, isso com um ano de governo Haddad e resultados surpreendentes no campo da mobilidade urbana e criação de comitês populares para discutir as necessidades da cidade que os tucanos abandonaram em troca de empresas e amigos.
Já no artigo de hoje, o imortal torcedor alucinado, escala uma opção de terceira via para o país, referindo-se a candidatura Campos- Marina.  
No Brasil, como na América do Sul não existe terceira via. 
O que está em jogo são dois lados bem definidos, o da social democracia e os mercados. 
Talvez, Bolívia e Equador possam se situar em uma terceira via. 
No Brasil, menos ainda. 
O que existe é a social democracia do PT, com suas políticas e programas sociais de redução das desigualdades - que o imortal doidão chama de bolsas - aprovadas e citadas pela ONU. 
Do outro lado, um mercado faminto para retomar o poder e seguir nos esfacelamento do estado brasileiro que se iniciou com os governos dos anos de 1990 do PSDB. 
Do lado da social democracia está o PT e do outro lado o PSDB e o PSB de Campos-Marina.  
Isso é fato.
Cita ainda o PSOL, como uma candidatura interessante de extrema esquerda, tal qual o fez em 2006 incensando  a candidatura de Heloísa Helena, que na ocasião era citada como de terceira via e como o fator Heloísa nas eleições. 
Terceira via ou fator, a realidade é que ela foi pro saco e está lá até hoje.
Assim sendo , caro leitor, o texto do imortal não trata de fatos e nem de versões.
É um exercício de manipulação, mentira, torcida e desejo,  encoberto com um véu analítico que ainda seduz alguns eleitores, pois caso  contrário, Lula e Dilma teriam vencido suas eleições em primeiro turno.
Isso è vero, é fato.

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