terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Um rolezinho na velha mídia


Em Nova York, depois de longas décadas, um prefeito de esquerda é eleito e a presidente da câmara dos vereadores é uma mulher de origem portorriquenha.

O Papa Francisco, através de declarações , vem atacando sistematicamente o capitalismo. Até mesmo ao se referir ao aborto, tema altamente sensível para a Igreja, disse que a lógica do descarte que predomina no mundo não pode valer para vidas.

Em pesquisa com 68 países os EUA foram apontados como a maior ameaça à paz mundial.

Já por aqui, os rolezinhos colocaram frente a frente a sociedade fantasiosa do consumo com a sociedade real. O mundo dos 20% com  mundo dos 80%.

Diante da realidade dos fatos, o que sustenta  ainda  o decadente mundo neoliberal é a força, com todos os desdobramentos de violência nas sociedades. Não por acaso, a maioria do mundo vê os EUA, o centro da cultura neoliberal , como a maior ameaça à paz mundial.

Enquanto isso, o globo, de hoje, 14.01.14, apresenta em primeira página chamada de matéria em que afirma que as pessoas devem esquecer conceitos como altruísmo, solidariedade e livre arbítrio. Ou seja, o globo sempre na contra mão e ainda afirma que as pessoas não são livres e não tem escolhas, ao melhor estilo do determinismo da idade média. Nesse aspecto  a cultura neoliberal se assemelha a astrologia, ou seja, não há saída , está tudo determinado pelas forças do ....mercado. O delírio de globo, mais um em meio a tantos outros , ainda tenta envolver a ciência para dar credibilidade as bobagens que a velha mídia publica diariamente.

Nesse tempo do não tempo, onde o velho insiste em não morrer e o novo ainda não nasceu, as teses de globo e da velha mídia contribuem para estimular nas pessoas o que existe de pior no comportamento social, incitando toda forma de violência  e valorizando uma cultura fascista de extrema violência. 
Os conceitos de globo se assemelham a um anarquismo onde apenas 20% da população tem direito a vida e o estado deve servir também somente aos interesses dos 20%.
Com o choque de realidades promovido pelos rolezinhos, globo e a velha mídia que abram o olho.

Vale a leitura dos textos  a seguir.

 http://nyopoliticker.files.wordpress.com/2013/10/bill-de-blasio-park-slope-getty.jpgConstrangimento capital: o incômodo prefeito de NY
As declarações do Prefeito eleito de Nova York, Bill Blasio, afirmando que vai combater as desigualdades sociais da cidade cobrando impostos mais elevados dos muito ricos para custear os gastos decorrentes do seu programa de governo, tem causado muita angústia na crônica neoliberal do nosso país. NY conta com 400 mil milionários, mas 21,2% pr cento da população está abaixo da linha da pobreza. Por Tarso Genro.
Fonte: CARTA MAIOR
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Os shopping-centers, utopia neoliberal

Quase já se pode nascer e morrer num shopping. Só faltam a maternidade e o cemitério, porque hotéis já existem.

por Emir Sader em 13/01/2014 às 14:12
Emir Sader

Na sua fase neoliberal, o capitalismo implementa, como nunca na sua história, a mercantilização de todos os espaços sociais. Se disseminam os chamados não-lugares – como os aeroportos, os hotéis, os shopping-centers -, homogeneizados pela globalização, sem espaço nem tempo, similares por todo o mundo.

Os shopping-centers representam a centralidade da esfera mercantil em detrimento da esfera pública, nos espaços urbanos. Para a esfera mercantil, o fundamental é o consumidor e o mercado. Para a esfera pública, é o cidadão e os direitos.

Os shoppings-centers representam a ofensiva avassaladora contra os espaços públicos nas cidades, são o contraponto das praças públicas. São cápsulas espaciais condicionadas pela estética do mercado, segundo a definição de Beatriz Sarlo. Um processo que igualiza a todos os shopping-centers, de São Paulo a Dubai, de Los Angeles a Buenos Aires, da Cidade do México à Cidade do Cabo.
   
A instalação de um shopping redesenha o território urbano, redefinindo, do ponto de vista de classe, as zonas onde se concentra cada classe social. O centro – onde todas as classes circulavam – se deteriora, enquanto cada classe social se atrincheira nos seus bairros, com claras distinções de classe

Os shopping, como exemplos de não-lugares, são espaços que buscam fazer com que desapareçam o tempo e o espaço – sem relógio e sem janelas - , em que desaparecem a cidade em que estão inseridos, o pais, o povo. A conexão é com as marcas globalizadas que povoam os shopping-centers de outros lugares do mundo. Desaparecem os produtos locais – gastronomia, artesanato -, substituídos pelas marcas globais, as mesmas em todos os shoppings, liquidando as diferenças, as particularidades de cada pais e de cada povo, achatando as formas de consumo e de vida.

O shopping pretende substituir à própria cidade. Termina levando ao fechamento dos cinemas tradicionais das praças publicas, substituídos pelas dezenas de salas dos shoppings, que promovem a programação homogênea das grandes cadeias de distribuição.

O shopping não pode controlar a entrada das pessoas, mas como que por milagre, só estão aí os que tem poder aquisitivo, os mendigos, os pobres, estão ausentes. Há um filtro, muitas vezes invisível, constrangedor, outras vezes explicito, para que só entrem os  consumidores.

Nos anos 1980 foi organizado um passeio de moradores de favelas no Rio de Janeiro a um shopping da zona sul da cidade. Saíram vários ônibus, com gente que nunca tinham entrado num shopping.

As senhoras, com seus filhos, sentavam-se nas lojas de sapatos e se punham a experimentar vários modelos, vários tamanhos, para ela e para todos os seus filhos, diante do olhar constrangido dos empregados, que sabiam que eles não comprariam aqueles sapatos, até pelos seus preços. Mas não podiam impedir que eles entrassem e experimentassem as mercadoras oferecidas.

Criou-se um pânico no shopping, os gerentes não sabiam o que fazer, não podiam impedir o ingresso daquelas pessoas, porque o shopping teoricamente é um espaço público, aberto, nem podiam botá-los pra fora. Tocava-se ali no nervo central do shopping – espaço público privatizado, porque mercantilizado.

O shopping-center é a utopia do neoliberalismo, um espaço em que tudo é mercadoria, tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra. Interessa aos shoppings os consumidores, desaparecem, junto com os espaços púbicos, os cidadãos. Os outros só interessam enquanto produtores de mercadorias. Ao shopping interessam os consumidores.

Em um shopping chique da zona sul do Rio, uma vez, uns seguranças viram um menino negro. Correram abordá-lo, sem dúvida com a disposição de botá-lo pra fora daquele templo do consumo. Quando a babá disse que ela era filho adotivo do Caetano Veloso, diante do constrangimento geral dos seguranças.

A insegurança nas cidades, o mau tempo, a contaminação, o trânsito,  encontra refúgio nessa cápsula, que nos abriga de todos os riscos. Quase já se pode nascer e morrer num shopping – só faltam a maternidade e o cemitério, porque hotéis já existem. A utopia – sem pobres, sem ruídos, sem calçadas esburacadas, sem meninos pobres vendendo chicletes nas esquinas ou pedindo esmolas, sem trombadinhas, sem flanelinhas.  O mundo do consumo, reservado para poucos, é o reino absoluto do mercado, que determina tudo, não apenas quem tem direito de acesso, mas a distribuição das lojas, os espaços obrigatórios para que se possa circular, tudo comandado pelo consumo.

Como toda utopia capitalista, reservada para poucos, porque basta o consumo de 20% da população para dar vazão às mercadorias e os serviços disponíveis e alimentar a reprodução do capital.

Mas para que essas cápsulas ideais existam, é necessário a super exploração dos trabalhadores – crianças, adultos, idosos – nas oficinas clandestinas com trabalhadores paraguaios e bolivianos em São Paulo e em Buenos Aires, em Bangladesh e na Indonésia, que produzem para que as grandes marcas exibam as roupas e os tênis luxuosos em suas esplendorosas lojas dos shoppings.

O choque entre os mundo dos shoppings e o dos espaços públicos remanescentes – praças, espaços culturais, os CEUS de São Paulo, os clubes esportivos públicos – é a luta entre a esfera mercantil e a esfera pública, entre  o mundo dos consumidores e o mundo dos cidadãos, entre o reino do mercado e a esfera da cidadania, entre o poder de consumo e o direito de todos.


É um enfrentamento que está no centro do enfrentamento entre o neoliberalismo e o posneoliberalismo, entre a forma extrema que assume o capitalismo contemporâneo e a formas de sociabilidade solidaria das sociedades que assumem a responsabilidade de construir um mundo menos desigual, mais humano.
Fonte: CARTA MAIOR
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Liberais enxergam guinada à esquerda com “vitória do PT” em Nova York

publicado em 14 de janeiro de 2014 às 1:36

Melissa entre os colegas eleitos (foto William Alatriste, NYCC)
por Luiz Carlos Azenha, em Nova York
Melissa Mark-Viverito foi eleita na semana passada a presidente da Câmara dos Vereadores de Nova York.
É a primeira vez que uma mulher de origem portorriquenha, do East Harlem, vai comandar a câmara.
Diante da penúria dos resultados da esquerda nos Estados Unidos, nas últimas duas décadas, a vitória de Melissa foi interpretada como sinal de que o prefeito recém-empossado, Bill de Blasio, fará um governo liberal puro sangue. Blasio é o primeiro democrata eleito prefeito da cidade em 20 anos.
Melissa só conquistou o cargo porque o Working Families Party, o Partido das Famílias Trabalhadoras, aliado dos democratas, colocou o peso da bancada que apoiou para trabalhar por ela.
Em Nova York, apenas 3 dos 51 vereadores recém-eleitos são republicanos.
Mas o Partido Democrata é um verdadeiro saco de gatos, onde cabe tudo.
Entra o WFP.
Nas eleições gerais, o partido tira proveito do que é chamado de “fusion vote”, uma figura da legislação eleitoral novaiorquina que permite a mais de um partido apoiar o mesmo candidato. Os votos são contados separadamente para cada partido, mas podem ser “fundidos” depois.
O WFP treina novas lideranças e eventualmente as apoia para disputar cargos públicos.
O partido conta com apoio de militantes de poderosos sindicatos de funcionários públicos de Nova York.
Ele se define como um partido social democrata clássico, na linha do Partido dos Trabalhadores brasileiro.
Prega financiamento público de campanhas, fim do resgate aos bancos de Wall Street, investimentos maciços em transporte público e o fechamento de uma brecha na lei que permite a proprietários de imóveis escapar da lei que estabiliza o valor do aluguel na cidade, dentre outras coisas.
O pessoal do WFP é bem pragmático: na campanha de Bill de Blasio, endossou uma plataforma curta, grossa, rápida e objetiva.
Sim, sim, há muitas outras promessas, mas o candidato disse que vai taxar os mais ricos e obter o dinheiro necessário para colocar todas as crianças de Nova York na escola pública a partir dos 4 anos de idade, o chamado Pre K. É uma das grandes preocupações das mães trabalhadoras da cidade.
A plataforma foi vendida como forma de combater a desigualdade: tira dos ricos para financiar a educação dos pobres.
De olho nas eleições parlamentares de 2014, os democratas já começaram a organizar a campanha em torno do mesmo tema, o combate à desigualdade, certos de que podem repetir em escala nacional o sucesso de Nova York (de Blasio se elegeu com 73% dos votos).
Enquanto isso, já se fala no impeachment do tucano Chris Christie, o falastrão que governa o estado vizinho, de New Jersey.
Até recentemente ele era visto como fortíssimo candidato à Casa Branca pelo Partido Republicano em 2016.
De procurador-geral durão, que colocou muita gente na cadeia, Christie ‘amoleceu’. Passou a propor ações bipartidárias para enfrentar os problemas do estado. Disse que este seria o modelo ideal também para o país. Puro marketing para tirar proveito da ideia disseminada entre os eleitores de que os problemas da política norte-americana derivam da falta de entendimento entre republicanos e democratas. Na verdade, os dois partidos hoje são reféns do dinheiro gordo, assim como o próprio Christie.
Mas o Demóstenes Torres de New Jersey — sem ofensa a Christie — é uma farsa.
Corre risco de se tornar vítima do Pontegate.
É um episódio tão bizarro quanto revelador do baixo nível da política dos Estados Unidos. No ano passado, assessores do governador mandaram fechar várias faixas da ponte mais movimentada do mundo, a George Washington Bridge, com o objetivo de punir um prefeito democrata de uma cidade onde se origina boa parte do tráfego do lado de New Jersey.
O prefeito havia se negado a apoiar a campanha de reeleição de Christie, o que o grupo político dele considerava essencial justamente para fazer o marketing do apoio bipartidário ao governador.
Durante três dias, milhares de pessoas passaram três, quatro horas presas no trânsito da GWB, que é infernal mesmo em condições normais.
Com esse tipo de oposição tucana, não é pouco provável que Hillary Clinton se eleja presidente em 2016.
Até lá, o minúsculo WFP não terá tempo de ter impacto em escala nacional.
Mas, num país em que a política vem guinando à direita, de forma ininterrupta, desde 1982 — ou seja, por mais de trinta anos — há no ar um pequeno sinal de que o pêndulo pode ter começado a se mover para o outro lado.
Fonte: VI O MUNDO
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A ameaça do Papa “vermelho” à lógica da globalização

publicado em 12 de janeiro de 2014 às 21:25

Habemus Papam subversivo
Polêmica: No dia de Natal, o Financial Times ataca Francisco por suas críticas à desigualdade do mundo
Fonte: VI O MUNDO
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EUA: pesquisa em 68 países aponta o país como a maior ameaça à paz no mundo
No entanto, uma visão enraizada na população norte-americana acredita que o país é uma força do bem no planeta e que qualquer ação destrutiva em outros países torna-se tolerável

Por Paul Street, em ZNet | Tradução: Vinicius Gomes
De acordo com uma pesquisa mundial publicada no final de 2013, com 66 mil pessoas em 68 países, conduzida pela Worldwide Independent Network of Market Research (WINMR) e Gallup International, a população mundial enxerga os EUA como a mais significante ameaça no planeta. Os EUA foram eleitos com uma larga margem (24%), enquanto em segundo lugar ficou o Paquistão (8%), seguido da China (6%). Afeganistão, Irã, Israel e Coreia do Norte empataram no quarto lugar (4%) 
 “Um cheque em branco em seu ‘McMundo’”

Fonte: REVISTA FÓRUM
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