sábado, 21 de dezembro de 2013

Retrospectiva ornitorrínica

Wanderley Guilherme: Jornalismo, Judiciário e a herança maléfica de 2013

publicado em 20 de dezembro de 2013 às 16:59

O jornalismo ornitorrinco e a herança maléfica de 2013
por Wanderley Guilherme dos Santos.

O recorde mais espetacular do ano de 2013 foi o número de previsões fracassadas. Dia sim, outro também, os jornalões estamparam notícias recebidas com surpresa pelo famoso mercado, que as esperava o oposto.
De boca aberta também andaram seus renomados especialistas, a inventar explicações fora da curva para os furos especialmente enormes. Erros que, imediatamente, soterraram com pompa, circunstância e virgens anúncios de futuras tempestades. É intrigante a permanente charlatanice com que os periódicos, diários e semanais, afagam o ego dos conservadores sem que estes se sublevem contra a falcatrua. Ou, talvez, os conservadores desconfiem de que a realidade seja bastante diferente, mas aspiram, tal como os jornalistas e especialistas, a vê-la materializar-se conforme a aspiração.
Este parece o sonho derradeiro dos colunistas e pitonisas da oposição: obter o condão de pronunciar profecias que se auto-cumprem. Daquelas que, uma vez proclamadas, contribuem para a realização do desastre. Uma corrida a um banco disparada por falsa previsão de que vai quebrar pode, de fato, levar à bancarrota um estabelecimento sólido. Mas é impossível evitar uma estupenda safra agrícola escondendo-a sob pragas e tormentas apenas verborrágicas.
Criam, contudo, uma espécie ornitorrinco de jornalismo – aquele que retrata o que lhe apeteceria acontecesse efetivamente, não o que, com modesta realidade, ocorre. Daí a freqüente discrepância entre as manchetes e o conteúdo, ainda que este venha narrado como que sob tortura, tão tortuosa é a narrativa.
Diverso é o caso do jornalismo a soldo. Não há como perdoar àqueles que sabem o que fazem. Omitem informações relevantes, adulteram outras, inventam terceiras. Cada um dos desvios é serviço prestado. Digamos que eles fabricam um tipo especial de caixa dois, recursos contabilizados como salário, quando, contudo, resultam de um efetivo domínio do fato inventado ou distorcido.
Essa cumplicidade entre fiéis ingênuos e deliberados bandoleiros que assaltam a reputação alheia, maculam o estafante trabalho de legislar ou de executar tarefas de interesse geral, enriquecendo ao longo da labuta, dificulta identificar a composição da quadrilha que, diariamente, vende engodo à população. Estamos de acordo que as matérias impressas, tanto as assinadas quanto as editorializadas, constituem atos de ofício e aceitável evidência dos crimes assinalados, certo?
Sendo assim, uma legislação democrática, que proteja os cidadãos comuns contra os achaques e calúnias dessa quadrilha de mistificadores e inventores de escândalos, deve ser uma das preocupações de qualquer governo de origem popular. Os antigos gregos já puniam severamente os  propagadores de infâmias e em alguns casos de indução de outros a atos perversos, aplicavam a pena do ostracismo, da multa e, eventualmente, impunham até a pena de morte.
O Brasil nunca ultrapassou essa fase porque nunca esteve nela.  O jornalismo ornitorrinco e o jornalismo adversativo (o que acrescenta um mas, porém, todavia, contudo a toda notícia positiva) ainda são  os controladores do mercado de notícias. O mercado de notícias é o único que os conservadores não desejam livre.
Qualquer iniciativa de soltá-lo das garras oligárquicas é, ornitorrincamente, apresentada como seu oposto, o de invadir a liberdade da notícia. Ora, o que não existe no país é justamente uma imprensa livre, plural e competitiva o suficiente para que o cidadão possa optar.  O mercado de notícias está cativo de tiranetes sem escrúpulos, de colunistas a soldo, sem  mencionar o inacreditável nível de desinformação e de cultura da média das redações desses jornais.
O Judiciário, por sua vez, além da adoção do discurso de ódio, inaugurou uma etapa bastante peculiar em nosso constitucionalismo. Dizem seus arautos que o Supremo Tribunal Federal representa a vanguarda iluminada das sociedades contemporâneas. Ainda com mais fulgor no Brasil, entendem, em vista da podridão de que estariam acometidos os demais poderes da República. Entre suas atribuições abrigar-se-ia a de estabelecer prazos para que o Legislativo legisle sobre matérias que ele, Judiciário, considera inadiáveis. Isso, como todos sabem, inclusive os senhores ministros do STF, não está escrito na Constituição. Os únicos prazos legitimamente impostos ao Legislativo, salvo engano, são aqueles hospedados por seu Regimento Interno e pelos estatutos de urgência e medidas provisórias, ambas emanadas do Poder Executivo. De uma penada os atuais e transitórios ministros do STF ofendem o Executivo e o Legislativo.
É cautelar, em conclusão, que se observe como os conflitos por vir não deverão ser debitados à conta de um confronto direto entre  o capital e o trabalho, mas entre o jornalismo ornitorrinco e o Judiciário e os demais poderes. O ano de 2014 promete.
Fonte: CARTA MAIOR

Previsões fracassadas são uma constante no jornalismo da velha mídia.
Concordo que em 2013  a velha imprensa se superou em produzir erros e mancadas.
A lógica que predomina no jornalismo da velha mídia é que a realidade e as verdades factuais devem ser aquilo que  a velha imprensa deseja, independente se são ou não reais.
Essa lógica é amplamente utilizada pelo governo dos EUA.
Parte da premissa que a verdade e a realidade constiutem um poder em disputa e, aquele  que se  apropria desse poder define  o que é verdadeiro e real, de maneira que todos  os demais possam seguí-lo.
Tal prática remonta de tempos remotos e é uma forma de controle e aprisionamento social.
Esse é um aspecto de todas as grandes mídias ocidentais na atualidade, pós queda do muro de Berlim, , mas não é o único.
O controle e o  aprisionamento social estão, atualmente, intimamente ligados com o ideário capitalista que domina o mundo.
Logo , não se pode esperar da velha imprensa qualquer tipo de pensamento que venha a produzir um contraditório sobre o pensamento único  que diariamente é apresentado como infalível, insubstituível, modernizante e civilizatório.
Toda e qualquer iniciativa de governos e povos que trilhem caminhos diferentes do pensamento único é imediatamente e diariamente criticada e atacada pela velha mídia como sendo algo provisório, destinado ao fracasso e com data de validade para acabar.
A título de exemplo , nas empresas globo, logo após a morte de Hugo Chavez, era possível ouvir " analistas bem informados e de grande lastro cultural" dizerem que a primavera bolivariana na América do Sul tinha chegado ao fim , e que teria sido apenas um bom sonho, durante o tempo em que durou.
Porém, a realidade insiste em ser diferente do desejo da velha mídia e a primavera bolivariana da América do Sul emite claros e luminosos sinais, através de cenários bem elaborados, de que ultrapassará com folga  a segunda década.
O que se observa  de forma mais específica e escandalosa com a velha mídia brasileira é um cansaço de suas teses e teorias , que cada vez mais se revelam totalmente incompatíveis com a situação do país e do povo brasileiro e, mais, se revelam, também, inverídicas quanto as excelentes possibilidades futuras do país.
Muito se discute  nos meios de comunicação anacrõnicos o que teria de fato mudado no Brasil,na América do Sul e no mundo, após a emergência de ideías e governos de linhas de pensameno contrários , ou no mínimo pouco descolados, do pensamento único.
Talvez a simples discussão, em um ambiente de mudanças impossíveis sempre preconizado pela velha imprensa, já seja um revelador das mudanças que ocorreram e ainda acontecem no Brasil, na América do Sul e no mundo.
Em outras palavras, a velha imprensa discute atualmente a História, algo que há poucos anos atrás a mídia anacrõnica afirmava ter chegado ao fim.
Dito isto, ficam criadas as condiçoes necessárias para que as discussões sobre teses econômicas, científicas e socias  possam receber um tratamento profundo e específico.
Não é o objetivo deste artigo , analisar tais desdobramenos, já que em outras postagens  O PAPIRO vem disponibilizando excelentes conteúdos, de renomados autores, sobre os mais variados temas em todas as áreas do saber, tanto no enfoque acadêmico no campo da Prospectiva, como na abordagem da realidade do país e do povo.
Isto posto, todo e qualquer exercício de feitiçaria de linguagem produzido pelos "conceituadíssimos" analistas da velha e decadente imprensa , no tocante a tentativas de desmerecer as análises  corretas, exatas e precisas publicadas pela chamada imprensa alternativa e suja, não passa de um exercício corriqueiro, desprovido de densidade intelectual,  conforme citei neste texto.
Assim sendo, feitas tais considerações  quero abordar , de foram específica e original, as mancadas da velha e decadente imprensa no ano de 2013. Não no tocante as previsões fracassadas, já que isso não mais se constitui em novidade para a maioria dos mortais, e sim em comportamentos que acabaram por gerar  "notícas " na velha e decadente imprensa, que  ao meu entendimeno, cosntituiram-se em violentas agressões ao povo brasileiro. Vou iniciar a lista com alguns fatos e convido os caros e atentos leitores para incluir outros :

1 - a imprensa criou e incitou um clima de violência contra os médicos cubanos que chegaram ao Brasil para o programa 'Mais Médicos';

2 - logo apos os protestos de junho e com pesquisa que atestava a queda de popularidade da Presidenta Dilma, a revista época, das organizações globo,estampou uma matéria de capa agressiva e violenta  que fazia a seguinte pergunta " onde está a estadista ?"

3 - talvez o recorde de tempo disponibilizado para cobertura de um julgamento tenha sido batido com a cobertura da velha mídia sobre o chamado mensalão, onde quadros importantes do partido do governo estavam envolvidos;

4 - no julgamento do chamado mensalão a velha imprensa pressionou de forma violenta, agressiva e com contornos nítidos de intimidação quanto a  integridade física, o ministro do STF responsável pelo voto que produziria o desempate sobre a aceitação dos embargos infringentes;

5 - nos protestos de junho, inicialmente organizados e conduzidos por movimentos sociais de orientação de esquerda, a velha mídia se apropriou das manifestações de rua incluindo um tema difuso e oportunista de combate à corrupção e, com isso  incitou um clima de caos e violência pelas ruas das cidades brasileiras;

6 - no início de 2013, por conta de um pequeno , corriqueiro e normal atraso no período de chuvas  no país a velha imprensa espalhou o caos e o pânico no pais com a possibilidade de um apagão elétrico neste ano e no ano da copa, atribuindo ao governo toda e qualquer responsabilidade pelo que poderia acontecer.

7 - a revista época, das empresas globo, logo após as sentenças do julgamento do mensalão apresentou matéria de capa  "informando" que o país iniciava uma nova era de punição aos corruptos. Entretanto, os encândalos de corrupção  de políticos ligados ao PSDB em São Paulo recebem um tratamento bem diferente ao tratamento dado  aos políticos envolvidos com o caso do mensalão. Enquanto com o PT os políticos eram massacrados, com o PSDB pouco se fala, na velha mídia, sobre o envolvimento de políticos tucanos.

8 - o colar de tomates, nas manhãs de globo, e o protesto das atrizes de globo pelo resultado da votação dos embargos infringentes foram, com certeza, os maiores micos do ano de 2013 , já que estavam totalmente fora da realidade.

9 - "conceituadíssimo  e  importantíssimo " colunista de globo, de bigode grosso, analisando o escândalo de espionagem em que as práticas criminosas dos EUA foram desmascaradas , conduziu seus leitores, em artigo gorduroso e enviesado, para um entendimento de que o governo brasileiro seria o culpado por ter sido espionado e grampeado, inocentando e aprovando as práticas dos EUA.

10 - A folha de SP ,ao analisar a máfia dos fiscais da prefeitura da São Paulo disse , em manchete de letras garrafais que " o prefeito sabia de tudo" e era cúmplice na roubalheira. Ocorre que o prefeito citado por folha, é um ex-prefeito, e não o prefeito atual. Tal manchete tinha o objetivo de confundir o leitor e colocar o prefeito atual em crimes da gestão anterior.

11- por conta do falecimento de Mandela, a velha mídia produziu um pacotão de artigos e análises sobre o líder sulafricano. O sumo  que se extraiu de tais análises e reportagens induz o leitor e ouvinte ao entendimento de que Mandela era tucano, capitalista , branco e de olhos azuis, em uma manipulação grosseira sobre a história do líder.

12 - o portal UOL, do grupo folha, "noticiou" que a copa do mundo no Brasil será um problema, já que com o grande consumo de cerveja durante o evento o Brasil sofrerá um tsunami de xixi. o que acarretará em poluição ambiental.

13 - a imprensa esportiva brasileira, principalmente e majoritariamente a do estado de  São Paulo que sempre se vangloria do futebol paulistano no tocante a  organização e ao cumprimentos de regras e respeito as normas das competições, criou e incitou, neste mes de dezembro, um clima de extrema violência entre torcidas de times de futebol justo pelo fato de um time paulista ser punido na justiça desportiva por não cumprir as regras de uma competição nacional. Em uma atitude irracional e anti-democrática e de total desrespeito as regras da competição, a imprensa esportiva paulista, mas não a única,  inudou as mídias de ameaças de viradas de mesa e mudanças nas regras das competições previamente acordados entre os clubes participantes. Tudo isso aconteceu porque ao punir corretamente o time paulista, um time carioca se beneficiou na classificação da competição.  Ou seja, a lei somente para os outros. Qualquer semelhança  com o comportamento de setores endinheirados da sociedade brasileira não é coincidência.

14 - ao longo do ano, jornalistas das empresas globo afirmaram que asteroides e meteoritos não existem, logo , toda e qualquer especulação de choque entre astros e mesmo com a terra não passam de fantasias para assustar as pessoas.

15 - definitivamente o ano não foi  bom para a tv globo. Além de ter a entrada de suas instalações cobertas com estrume, a emissora sofreu ao longo do ano com uma série de denúncias que escancararam o lado criminoso da emissora. Pode-se dizer que foi o ano que a globo se estrepou.
Audiência em queda constante e credibilidade abaladísssima fizeram de 2013 o ano em que a globo mais se defendeu, do povo e de denúncias.
Seus repórteres inauguraram, no ano, a modalidade de cobertura nas alturas, tendo em vista a dificuldade de estar ao meio da população que sempre reagia com veemência à presença de repórteres da emissora. Dos fatos de grande repercussão , veio a tona a sonegação bilionária de impostos , remessa ilegal de divisas para o exterior e constiutição de empresas em paraísos fiscais. Acuada , a emissora se defendeu dizendo que pagou os impostos à receita federal, porém, no site da RF consta  a empresa como devedora. Surgiu, então, o que pode ser considerado como o bordão do ano, quando , nas redes sociais todos perguntavam:
CADÊ O DARF ?
A pergunta pedia para que globo apresentasse o comprovante de pagamento de impostos, algo que a emissora não se pronuncia.
 
Cabe ainda lembrar, que ao longo do ano de 2013, globo publicou uma nota humorísitica  onde se dizia arrependida por ter apoiado o golpe militar de 1964.  A comédia se consolida como o maior gênero nacional, isso quando a velha mídia fala sério.

16 - No natal deste ano , a velha mídia travou uma sangrenta batalha com os números. Enquanto todos os indicadores apontavam como o maior natal da história, a velha e já cômica imprensa dizia o contrário. O que era 8 virou 2, no delírio do jornalismo.

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