sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A Construção do Caos

O PAPIRO selecionou, hoje, sexta-feira, 27.12.13, os artigos abaixo.

Oriundos de diferentes sites, portais e blogues, porém todos publicados no mesmo dia.

A leitura em conjunto desses artigos revela um sentimento, uma percepção, um sentido comum sobre algo que ainda está em estado líquido e que se pretende se solidificar no próximo ano, ano de eleições.

Não, eu não estou vendo fantasmas.

Alguns, apesar do engajamento total revelam um desânimo quanto ao sucesso que desejam, e já se imaginam na luta em 2018 para tentar capturar o poder. Um ato falho, falou mais alto.

Entretanto não se pode desprezar o que essa gente está planejando. Seja por aqui ou pelo oriente médio o importante é saber exatamente com quem o caro e atento leitor samba. Se com os endinheirados que não suportam o povo  e a democracia, ou com os trabalhadores que trabalham o ano inteiro e vivem de seus salários.

Se justo aqueles que detestam o povo e a democracia convocam o povo para às ruas é um sinal de que somente um caos social pode alterar a percepção do  eleitor e, quem sabe, mudar um quadro que se desenha com mais uma vitória do povo, com Dilma ou Lula.

A copa do mundo de futebol, em 2014, evento que o endinheirados , como globo, irão se encher ainda mais de dinheiro, pode ser o estopim tão desejado por setores que historicamente não tem capacidade para colocar o povo nas ruas. Esperam ansiosamente pela copa, de forma que consigam o caos.

Repetir, repetir, repetir as mentiras sem parar, tal qual seus ídolos do nazismo, de maneira que , pelo menos, alguma coisa fique para que alguns incautos possam acreditar.

Políticos, escritores com data de validade, artistas decadentes, humoristas, jornalistas, todos empenhados e afinados em uma só voz , como o caro e atento leitor verá ao final da leitura dos artigos abaixo.

Por outro lado, sites, portais , blogues e internautas, atentos aos movimentos de retrocesso em marcha trazem a tona suas legítimas preocupações como o ano que se inicia.

Aproveite o feriado de final de ano e tenha uma boa leitura.
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Ato falho do Globo
mostra desânimo da direita

Pessimismo já tomou conta da oposição e do PiG (*).
O Conversa Afiada reproduz post do Blog do Saraiva, que flagrou o pessimismo de um dos integrantes do PiG (*):

Ato falho de O Globo mostra desânimo da direita



2014 já era para os Marinho

Em tempo: este não é o primeiro ato falho vindo da Globo Overseas.

Antes, o próprio Noblat chamou Gilmar Mendes de Gilmar Dantas. Veja aqui, em vídeo, e aqui, em um texto.

Depois foi a vez do Ataulfo Merval (**).

O imortal colonista (***) chamou o mesmo ministro de Gilmar Mentes.

E sobrou até para o Fux, que passou a ser conhecido como Luis Fucks.

Fonte: CONVERSA AFIADA

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Em novela, Globo deturpa informações sobre conflito na Palestina

Minha ressaca pós-Natal foi interrompida pelo orientalismo. Pois bem, agora toma... Dançando o dabkeh na cara da Globo!


Por Moça, você é orientalista*


Eu não tinha a menor ideia de que houvesse uma judia e um palestino na novela das 9 (e ainda não entendi o que eles foram fazer no Rio, se o resto dos brimos estão em SP), mas graças a eles, a Moçx, você é orientalista dedica à Rede Globo o prêmio Orientalista 2013.

O pouco que consegui ler sobre as personagens e a revelação bombástica (trocadilhos infames) de que o palestino havia sido um terrorista (?) me levou a identificar três graves e recorrentes problemas:

1) Reforçar estereótipos: todo árabe é ou já foi um terrorista (e as causas para tal decisão são ignoradas, dando a entender que a violência faz parte desse povo)

2) Equiparar a violência do opressor com a resistência do oprimido: a violência só é admitida para “manter a ordem”, ou seja, para preservar a atual estrutura da sociedade e o privilégio dos poderosos.

3) Impedir o acesso à informação: mostrar a questão da Palestina como um conflito sem causa e sem fim, fruto das mais completa falta de civilidade de um povo atrasado.

A ideia da Globo não é esclarecer a questão: parecem, inclusive, desconhecerem o assunto. Mencionam várias vezes sobre a guerra da Palestina, enquanto na verdade o país se vê oprimido por um duro sistema de colonização, ocupação e apartheid. Logo, se ninguém sabe nada sobre o assunto, vamos fazer o que sabemos fazer de melhor: um romance proibido água com açúcar.

Para a Globo, a questão da Palestina baseia-se em uma confusão étnico-religiosa entre judeus e palestinos, generalizando e descaracterizando esse povo, ignorando, inclusive, que palestinos possam ser judeus, como o mano Jesus. Ou seja, a melhor forma de solucionar o conflito é através do amor e da não-violência (lindo sqn). Cometem o descalabro de dizer que judeus e palestinos podem se casar em Israel, o que é proibido pela Lei da Cidadania, que pune o cônjuge judeu com a perda de sua cidadania israelense. Pérsio diz ter lutado na guerra da Palestina: mas que guerra? Primeira ou Segunda Intifada? Setembro Negro? Yom Kippur? Revoltas de 36? De que cazzo você está falando, manolo? Também diz ter participado de uma célula terrorista, mas não menciona o grupo e nem quais eram suas atividades, o que faz com que qualquer ato de resistência possa ser enquadrado enquanto terrorista. Afinal, o que é e quem decide o que é terrorismo?

A definição oficial de terrorismo é: uso da violência física ou psicológica, através de ataques localizados, com o intuito de incutir o medo na população. Esse método já foi aplicado tanto por grupos de esquerda quanto de direita. Porém, na prática, qualquer atitude que desagrada a ideologia dominante costuma ser enquadrada enquanto uma prática terrorista, fazendo que atirar pedras em um tanque seja igual a um ataque suicida. Não se trata de uma ode à violência ou achar que toda forma de resistência é válida, mas quem decide e reavalia os meios de luta são os oprimidos. Outro fator oportuno é o silêncio a respeito do terrorismo de Estado, sobre a mão de ferro com que governos reprimem seus dissidentes para garantir a tal da governabilidade. Logo, se não sabemos o ataque cotidiano que um povo sofre na mira de um governo ou regime, não seremos solidários quando esses se levantarem com as ferramentas que tem nas mãos, sejam elas pedra, paus, câmeras ou kalashnikova.

É um crime negar à população o direito à informação. Pior, estimular a banalização de preconceitos como a arabofobia e islamofobia. O medo todo é que, uma exposição sincera dos fatos poderia trazer simpatia ao povo palestino e nenhum grande meio de comunicação quer isso, afinal, eles são bancados pela classe dominante para espalharem suas ilusões na classe trabalhadora. É verdade que a internet democratizou a disseminação de conteúdo, mas ainda é pouco e muito marginal.

Considerando que as televisões no Brasil funcionam a base de concessão pública, a tv pertence ao povo e não às empresas que se apropriam dos canais. Num primeiro momento a vontade que dá é de tocar fogo na Globo, mas isso é ingênuo. O que seria bonito mesmo era que a classe trabalhadora e os oprimidos pudessem se ver na tv, que o alvo das piadas fossem os banqueiros e os barões, não as mulheres, os negros e os homossexuais. Taí, certo mesmo era a Globo na mão dos trabalhadores!

A página Moçx, você é orientalista deseja a todos muita serenidade e vontade de romper com preconceitos, para conquistarmos em 2014 tudo que ainda ficou entalado na garganta. Para muito além de línguas, religião ou posição geográfica, a divisão mais profunda e irreconciliável que existe é a da burguesia e a classe trabalhadora. E você? De que lado você samba?

Fonte: VERMELHO
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Lassance: Enquete mostra que vem chumbo grosso em 2014

publicado em 26 de dezembro de 2013 às 22:21

Merval Pereira no Instituto Millenium: preparando a artilharia
24/12/2013 – Copyleft


Velha mídia quer a Presidência de presente de Natal

Enquete feita entre colunistas do mais tradicional veículo da velha mídia mostra o que eles pretendem em 2014: mandar na política e ditar a opinião pública
por Antonio Lassance, na Carta Maior 

O jornalista Ancelmo Góis fez uma enquete junto a outros colunistas do jornal O Globo para saber o que eles esperam de 2014. Merval Pereira espera que as coisas continuem ruins no ano que vem, mas acha que vão piorar. Carlos Alberto Sardenberg, Míriam Leitão e Zuenir Ventura torcem por mais protestos – “protestos vigorosos”, quer Sardenberg. Ricardo Noblat pediu a Papai Noel que dê discernimento aos brasileiros para escolher o próximo presidente da República. Se é para dar, supõe-se que é porque ainda não temos.
A enquete deixa claro o que o mais tradicional veículo da velha mídia está preparado para fazer em 2014. É o mesmo que fez em 2013: pegar carona na insatisfação popular para tentar influir decisivamente no mundo da política. Desgastar aqueles de quem não gosta para dar uma força àqueles que são seus prediletos.
A mídia que foi escorraçada das ruas e teve que mascarar as logomarcas de seus microfones quer repetir o que sempre fez em eleições presidenciais: entrar em campo e desempenhar o papel de partido de oposição.
As corporações midiáticas se organizam para, mais uma vez, interferir no resultado das eleições porque disso depende o seu negócio. De novo, entram em campo para medir forças. Já estão acostumadas a partir para o tudo ou nada. Vão testar, pela enésima vez, a quantas anda seu poder sobre a política. Disso fazem notícia e assim agem para deixar os políticos e os partidos de joelhos, estigmatizados, envergonhados e obsequiosos.
Como nos ensinou Venício Lima, uma Presidência, um Congresso e partidos achincalhados são incapazes de propor uma regulação decente da mídia, nem mesmo para garantir a liberdade de expressão, a diversidade de fontes de informação, a pluralidade de opiniões e um mercado da comunicação não cartelizado.
Em 2013, as corporações midiáticas, mais uma vez, anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar. E não é que o tal do mundo não se acabou? Quando os protestos de junho tomaram as ruas, o preço do tomate tinha ido às alturas. O PIB de 2012 se tornou conhecido e seu crescimento havia sido próximo de zero. Os reservatórios estavam bem abaixo do normal e “especialistas” recomendavam rezar para que não houvesse apagão. O caso Amarildo fez derreter a quase unanimidade que havia em defesa do projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (as UPPs).
Parecia que o país ia mal das pernas e que um modelo de governança estava esgotado e ruindo. Tudo levava a crer que a presidência Dilma havia entrado em um beco sem saída. Mas saiu. Ela recuperou sua popularidade, enquanto seus adversários potenciais caíram em preferência de voto e aumentaram sua rejeição.
O ano terminou melhor do que começou, para o governo e para o País. A inflação vai fechar dentro da meta. Assim deve permanecer no ano que vem, por mais que alguns analistas queiram, usando razões que a própria razão desconhece, nos fazer crer que o limite da meta é algo fora da meta (quem sabe os dicionários, no ano que vem, tragam um novo sentido para a palavra “limite”). Não houve apagão e as térmicas foram desligadas mais cedo do que se imaginava.
O crescimento do PIB, em 2014, deve ser maior do que o deste ano. Educação e saúde terão mais recursos e têm saído melhor na percepção aferida em pesquisas. O Brasil, no ano que vem, continuará com um dos maiores superávits primários do mundo, ainda mais com a entrada de novos recursos vindos da exploração do pré-sal e das concessões de infraestrutura.
Mas os pepinos continuam sendo muitos. Alguns serão particularmente difíceis de se descascar no ano que vem. Um é a ameaça de as agências de avaliação de risco rebaixarem a nota do Brasil. Outro é o descrédito das políticas de segurança pública, em todos os estados, mas respingando no Governo Federal.
O terceiro e, possivelmente, o mais explosivo, seria o mesmo de 2013: uma nova onda de aumento das tarifas de ônibus, o que tradicionalmente acontece no primeiro semestre de cada ano. A derrota do aumento do IPTU em São Paulo, na Justiça, tirou do mapa a única situação que se imaginava sob controle. O eixo Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte é o que mais preocupa o Planalto. Se algo der errado, no ano que vem, terá como epicentro provável essas três capitais, podendo alastrar-se para as demais.
Os protestos de 2013 foram uma tempestade perfeita. Várias questões mal resolvidas e acumuladas no estresse diário dos cidadãos se transformaram em revolta nas ruas, juntando alhos e bugalhos. Imprevisíveis, tempestades perfeitas, como foram as jornadas de junho, são também difíceis de se repetirem. Difíceis, mas não impossíveis.
Basta um pequeno risco para se ter uma grande preocupação. Os três problemas mais sensíveis do momento (a percepção internacional sobre a economia do país, a segurança pública e as tarifas de ônibus) conformam a agenda prioritária do primeiro trimestre de 2014 a ser toureada diretamente pelo Palácio do Planalto. Os meses de janeiro a março de 2014 serão mais agitados do que o normal, pelo menos, na Esplanada dos Ministérios.
O trimestre seguinte, de abril a junho, será o período mais crítico. Ali se concentram as datas-base da negociação trabalhista de várias categorias; a briga de foice de muitos interesses para entrarem na pauta do esforço concentrado do Congresso; o período final do acerto das candidaturas presidenciais e estaduais; finalmente, claro, a Copa do Mundo de Futebol.
Que venha 2014. Que venha mais ousadia de todos os governos e partidos. Que venham mobilizações em favor dos mais pobres e com os mais pobres nas ruas, com suas organizações sociais, populares e seus partidos — até para que os partidos possam abrir menos a boca e mais os ouvidos. Que os brasileiros mostrem que a voz das ruas não é aquela fabricada pelas manchetes das corporações midiáticas. Que a opinião pública mostre, ao vivo e em cores, que a sua verdadeira opinião é normalmente o avesso da opinião publicada. Que venham surpresas, pois são delas que surgem as mudanças.
(*) Antonio Lassance é cientista político.

Fonte: CARTA MAIOR
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Hildegard Angel: “Não estou vendo fantasmas; o Projeto do Mal de 64 ganha corpo”

publicado em 26 de dezembro de 2013 às 23:27

Stuart e Zuzu Angel, irmão e mãe de Hildegard assassinados pela ditadura civil-militar

A GENTE NUNCA PERDE POR SER LEGÍTIMO, MAS QUEM CONTA A HISTÓRIA SÃO OS VENCEDORES, NÃO ESQUEÇAM!

por Hildegard Angel, em seu blog, sugerido por Messias Franca de Macedo

O fascismo se expande hoje nas mídias sociais, forte e feioso como um espinheiro contorcido, que vai se estendendo, engrossando o tronco, ampliando os ramos, envolvendo incautos, os jovens principalmente, e sufocando os argumentos que surgem, com seu modo truculento de ser.
Para isso, utiliza-se de falsas informações, distorções de fatos, episódios, números e estatísticas, da História recente e da remota, sem o menor pudor ou comprometimento com a verdade, a não ser com seu compromisso de dar conta de um Projeto.
Sim, um Projeto moldado na mesma forma que produziu 1964, que, os minimamente informados sabem, foi fruto de um bem urdido plano, levando uma fatia da população brasileira, a crédula classe média, a um processo de coletiva histeria, de programado pânico, no receio de que o país fosse invadido por malvados de um fictício Exército Vermelho, que lhes tomaria os bens e as casas, mataria suas criancinhas, lhes tiraria a liberdade de ir, vir e até a de escolher.
Assim, a chamada elite, que na época formava opinião sobre a classe média mais baixa e mantinha um “cabresto de opinião” sobre seus assalariados, foi às ruas com as marchas católicas engrossadas pelos seus serviçais ao lado das bem intencionadas madames.
Elas mais tarde muito se arrependeram, ao constatar o quanto contribuíram para mergulhar o país nos horrores de maldades medievais.
Agora, os mesmos coroados, arquitetos de tudo aquilo, voltam a agir da mesma forma e reescrevem aquele conto de horror, fazendo do mocinho bandido e do bandido mocinho, de seu jeito, pois a História, meus amores, é contada pelos vencedores. E eles venceram. Eles sempre vencem.
Sim, leitores, compreendo quando me chamam de “esquerdista retardatária” ou coisa parecida. Esse meu impulso, certamente tardio, eu até diria sabiamente tardio, preservou-me a vida para hoje falar, quando tantos agora se calam; para agir e atuar pela campanha de Dilma, nos primórdios do primeiro turno, quando todos se escondiam, desviavam os olhos, eram reticentes, não declaravam votos, não atendiam aos telefonemas, não aceitavam convites.
Essa minha coragem, como alguns denominam, de apoiar José Dirceu, que de fato sequer meu amigo era, e de me aprofundar nos meandros da AP 470, a ponto de concluir que não se trata de “mensalão”, conforme a mídia a rotula, mas de “mentirão – royalties para mim, em pronunciamento na ABI – eu, a tímida, medrosa, reticente “Hildezinha”, ousando pronunciamentos na ABI! O que terá dado nela? O que terá se operado em mim?
Esse extemporâneo destemor teve uma irrefreável motivação: o medo maior do que o meu medo. Medo da Sombra de 64. Pânico superior àquele que me congelou durante uma década ou mais, que paralisou meu pensamento, bloqueou minha percepção, a inteligência até, cegou qualquer possibilidade de reação, em nome talvez de não deixar sequer uma fresta, passagem mínima de oxigênio que fosse à minha consciência, pois me custaria tal dor na alma, tal desespero, tamanha infelicidade, noção de impotência absoluta e desesperança, perceber a face verdadeira da Humanidade, o rosto real daqueles que aprendi a amar, a confiar…
Não, eu não suportaria respirar o mesmo ar, este ar não poderia invadir os meus pulmões, bombear o meu coração, chegar ao meu cérebro. Eu sucumbiria à dor de constatar que não era nada daquilo que sempre me foi dito pelos meus, minha família, que desde sempre me foi ensinado. O princípio e mandamento de que a gente pode neutralizar o mal com o bem. Eu acreditava tão intensamente e ingenuamente no encanto da bondade, que seguia como se flutuasse sobre a nojeira, sem percebê-la, sem pisar nela, como se pisasse em flores.
E aí, passadas as tragédias, vividas e sentidas todas elas em nossas carnes, histórias e mentes, porém não esquecidas, viradas as páginas, amenizado o tempo, quando testemunhei o início daquela operação midiática monumental, desproporcional, como se tanques de guerra, uma infantaria inteira, bateria de canhões, frotas aérea e marítima combatessem um único mortal, José Dirceu, tentando destrui-lo, eu percebi esgueirar-se sobre a nossa tão suada democracia a Sombra de 64!
Era o início do Projeto tramado para desqualificar a luta heroica daqueles jovens martirizados, trucidados e mortos por Eles, o establishment sem nomes e sem rostos, que lastreou a Ditadura, cuja conta os militares pagaram sozinhos. Mas eles não estiveram sozinhos.
Isso não podia ser, não fazia sentido assistir a esse massacre impassível. Decidi apoiar José Dirceu. Fiz um jantar de apoio a ele em casa, Chamei pessoas importantes, algumas que pouco conhecia. Cientistas políticos, jornalistas de Brasília, homens da esquerda, do centro, petistas, companheiros de Stuart do MR8, religiosos, artistas engajados. Muitos vieram, muitos declinaram. Foi uma reunião importante. A primeira em torno dele, uma das raras. Porém não a única. E disso muito me orgulho.
Um colunista amigo, muito importante, estupefato talvez com minha “audácia” (ou, quem sabe, penalizado), teve o cuidado de me telefonar na véspera, perguntando-me gentilmente se eu não me incomodava de ele publicar no jornal que eu faria o jantar. “Ao contrário – eu disse – faço questão”.
Ele sabia que, a partir daquele momento, eu estaria atravessando o meu Rubicão. Teria um preço a pagar por isso.
Lembrei-me de uma frase de minha mãe: “A gente nunca perde por ser legítima”. Ela se referia à moda que praticava. Adaptei-a à minha vida.
No início da campanha eleitoral Serra x Dilma, ao ler aqueles sórdidos emails baixaria que invadiam minha caixa, percebi com maior intensidade a Sombra de 64 se adensando sobre nosso país.
Rapidamente a Sombra ganhou corpo, se alastrou e, com eficiência, ampliou-se nestes anos, alcançando seu auge neste 2013, instaurando no país o clima inquisitorial daquela época passada, com jovens e velhos fundamentalistas assombrando o Facebook e o Twitter. Revivals da TFP, inspirando Ku Klux Klan, macartismo e todas as variações de fanatismo de direita.
É o Projeto do Mal de 64, de novo, ganhando corpo. O mesmo espinheiro das florestas de rainhas más, que enclausuram príncipes, princesas, duendes, robin hoods, elfos e anõezinhos.
Para alguns, imagens toscas de contos de fadas. Para mim, que vi meu pai americano sustentar orfanato de crianças brasileiras produzindo anõezinhos de Branca de Neve de jardim, e depois uma Bruxa Má, a Ditadura, vir e levar para sempre o nosso príncipe encantado, torturando-o em espinheiros e jamais devolvendo seu corpo esfolado, abandonado em paradeiro não sabido, trata-se de um conto trágico, eternamente real.
Como disse minha mãe, e escreveu a lápis em carta que entregou a Chico Buarque às vésperas de ser assassinada: “Estejam certos de que não estou vendo fantasmas”.
Feliz Ano Novo.
Inclusive para aqueles injustamente enclausurados e cujas penas não estão sendo cumpridas de acordo com as sentenças.
É o que desejo do fundo de meu coração.

Fonte: VI O MUNDO

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        sex, 27/12/2013 - 1:26

  1. LTI – A Linguagem do Terceiro Reich (excertos)
    Por William Mendes, no Refeitório Cultural
    (http://blog-do-william-mendes.blogspot.com.br/search/label/Victor%20Klemperer)

    “Não, o efeito mais forte não foi provocado por discursos isolados, nem por artigos ou panfletos, cartazes ou bandeiras.
    O efeito não foi obtido por meio de nada que se tenha sido forçado a registrar com o pensamento ou a percepção conscientes.
    O nazismo se embrenhou na carne e no sangue das massas por meio de palavras, expressões e frases impostas pela repetição, milhares de vezes, e aceitas inconsciente e mecanicamente.”
    “O domínio absoluto que esse pequeno grupo… exerceu na normatização da linguagem se estendia por todo o âmbito da língua alemã, levando-se em conta que a LTI não fazia distinção entre linguagem oral e escrita.
    Para ela, tudo era discurso, arenga, alocução, invocação, incitamento.”
    “A LTI pretende privar cada pessoa da sua individualidade, anestesiando as personalidades, fazendo do indivíduo peça de um rebanho conduzido em determinada direção, sem vontade e sem ideias próprias, tornando-o um átomo de uma enorme pedra rolante.
    A LTI é a linguagem do fanatismo de massas.
    Dirige-se ao indivíduo – não somente à sua vontade, mas também ao seu pensamento -, é doutrina, ensina os meios de fanatizar e as técnicas de sugestionar as massas.”

 
Fonte: FRANCO ATIRADOR
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27/12/2013 - 

A vez dos amigos do povo

Quando os amigos do povo convocam as ruas é porque as instituições já não bastam para assegurar o poder do conservadorismo.

por: Saul Leblon

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 A hora dos amigos do povo


O  conservadorismo brasileiro percorreu todo um alfabeto de alternativas ao longo de 2013 até se convencer de que, isoladamente, nenhuma das vogais ou consoantes lhe daria o que procura.

O caminho da volta ao poder.

A rua emerge como a derradeira aposta de quem, sucessivamente, ancorou o seu futuro no julgamento da AP 470, na explosão da inflação, no apagão  das hidrelétricas, no abismo fiscal e, ainda há pouco, na hecatombe decorrente da redução da liquidez nos EUA.

Cada uma dessas alternativas, mesmo sem deixar de impor constrangimentos objetivos ao país e ao governo,  mostrou-se incapaz de destruir  o contrapeso  de acertos e conquistas acumulados ao longo dos últimos 12 anos.

A irrupção de protestos em plena Copa do mundo tornou-se assim a nova bala de prata acalentada por aqueles que, corretamente, ressentem-se de um amalgama capaz de injetar torque e dinamismo  ao acerto de contas que buscam com a agenda progressista brasileira.

Não se espere  passividade a partir dessa avaliação.

Está em curso o vale tudo  para mobilizar uma classe média eterna aspirante a elite, ademais de segmentos que consideram indiferente ter na chefia da nação  Dilma,  Aécio  ou Campos. 

Juntos eles compõem o novo rosto da velha agenda banqueira.

Importa reter desse mutirão  aquilo que ele informa sobre a singularidade da campanha eleitoral de 2014.

Junho de 2013 encerra lições nesse sentido.

Delas,  o conservadorismo tem a pretensão de  ser o aprendiz mais aplicado na prova de fogo que se avizinha.

Apostar a reeleição de Dilma em uma estratégia essencialmente publicitária, como tem objetado Carta Maior, pode reduzir  a campanha progressista  a um sino de veludo, diante dos decibéis convocados, manipulados  e magnificados pela estridência  do carrilhão  midiático.

O que se desenha para 2014 está mais próximo de um  2002 radicalizado, do que  daquilo  que se assistiu nas disputas de 2006 e 2010.

Mobilizações de massa  não são a primeira escolha de elites mais afeitas a golpes e arranjos de  cúpula.

Seu medo atávico às ruas remonta às revoluções burguesas do século XVIII, sendo a contrarrevolução  francesa um exemplo clássico do empenho em resgatar o poder  para a segurança de um diretório armado, se preciso.

As reticências empalidecem, no entanto, em momentos  da história  em que a rua é o que de mais palpável  se apresenta à regeneração de um domínio  conservador espremido em uma correlação de forças que ameaça escapar ao seu controle.

Hoje, não por acaso, o chão firme  desses interesses no país se equilibra  em duas hipertrofias insustentáveis: a do judiciário e a da mídia.

A campanha do PT  em 2014 não pode hesitar diante dessa mistura de esgotamento  e desespero.

Se o conservadorismo  se inclina  às ruas , a resposta progressista  não pode ser a defesa retrógada de instituições ultrapassadas pelo avanço da sociedade.

Instituições não são neutras.

Elas cristalizam  uma correlação de forças de um dado momento  histórico.

A representação da  sociedade  no atual sistema político  --a exemplo de seu ordenamento de mídia,  já não expressa o aggiornamento ecumênico  verificado na correlação de forças nos últimos anos.

É justamente a urgência dessas atualizações institucionais  que a agenda petista deveria incorporar à campanha eleitoral de 2014.

Não como recurso ornamental de um cuore publicitário.

Mas como diretrizes efetivas de mobilização e engajamento político de amplos setores  em torno da candidatura Dilma.

Não se trata de criar uma antídoto  às ruas.

Mas de levar às ruas uma referência efetiva de renovação histórica, em resposta  a expectativas sistematicamente fraudadas pela cepa dos que hoje se fantasiam de amigos do povo.

Se eles convocam as ruas é porque o extraordinário bate à porta.

E quando o extraordinário acontece  não bastam as receitas da rotina.


Fonte: CARTA MAIOR - Editorial
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Bláblá sem voto
incita o caos

A Globo e Gaspari também trocam voto pela “rebelião das massas”.
Saiu na Folha (*) colona (**) da Bláblárina:

Personalidade do ano



É comum, ao final de cada ano, que os veículos de comunicação façam enquetes e consultas para escolher –e, às vezes, premiar– as personalidades que se destacaram e influenciaram o rumo dos acontecimentos no país. Exponho aqui o meu voto e o justifico.

Em 2013, o Brasil se encontrou nas ruas. Este não é apenas o fato mais significativo do ano, mas se estende ao futuro e influencia todas as expectativas para o próximo ano.

(…)

Por essa emergência que surpreendeu aos desatentos e, principalmente, por essa permanência que se anuncia para o futuro, pela ruptura com os velhos falsos consensos estabelecidos, pelo reencontro de uma utopia de justiça que parecia esquecida, voto nessa bela multidão que foi às ruas como personalidade do ano de 2013 e desejo-lhe mais força e criatividade para renovar a democracia no Brasil em 2014.



A Bláblá não é a primeira a pregar a rebelião das massas em 2014.

O colonista (**) de múltiplos chapéus já havia sido proclamado o guru dos coxinhas, após colona (*) publicada nesta semana:

“Em 2014 a turma que paga as contas irá às urnas. Elas poderão ser um bom corretivo, mas a experiência deste ano que está acabando mostra que surgiu outra forma de expressão, mais direta: ‘Vem pra rua você também’.”
, escreveu Elio Gaspari.

Vale lembrar que os protestos no mês de junho começaram com o Movimento Passe Livre, que foi capturado pela Globo.

É o que sobrou para a Bláblárina, que não tem voto e destila fel por não ter sido a escolhida de Lula para sucedê-lo.



Fonte: CONVERSA AFIADA

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