quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Os Black Blocs de Gravata

Nabil Bonduki: Mídia faz até isentos ficarem “enfurecidos” com IPTU de Haddad

publicado em 6 de novembro de 2013 às 0:14


por Luiz Carlos Azenha

Sete e meia da manhã. Saguão de um hotel em Vitória, no Espírito Santo. TV sintonizada na Band News. O apresentador destaca uma das manchetes: um promotor entrou com ação na Justiça para suspender o aumento no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) aprovado pela Câmara Municipal de São Paulo.
O promotor fala. Só ele. O texto destaca o aumento “de até 80%” no IPTU de prédios comerciais paulistanos. Aumento “do prefeito Haddad”.  O fato de que isso é até 2016 fica perdido no meio do caminho. Assim como todas as outras nuances: os isentos, o desconto para aposentados, a situação fiscal da cidade, etc. etc.
Dias antes, conversando com o vereador petista Nabil Bonduki por telefone, ele havia afirmado: a mídia, notadamente emissoras de rádio e TV — nesta, especialmente programas popularescos como um vespertino da TV Bandeirantes — “inflou” o sentimento popular, de tal forma que mesmo os que não pagam IPTU — ou os que pagam muito pouco — ficaram, na palavra do vereador, “enfurecidos”...............
Fonte: VIOMUNDO

Os neobandeirantes continuam sua caminhada.
Avançam pelas casas e residências do país em sua campanha para não pagar nenhum tipo de imposto. 
Armados de uma verborragia indignada, associada a uma teatralidade desafiadora ,clamam por apoio incondicional em suas colunas ,justo para  aqueles que serão os maiores beneficiários do aumento do IPTU , o povo, que diariamente assiste essa barbaridade conhecida  como programas de televisão.
Os neobandeirantes, que vivem na cidade de São Paulo acreditando que vivem em Milão mas que desejam ruas como as da cidade  de Paris, tentam cooptar o povo benficiário do aumento, justo o povo que eles, os neobandeirantes, odeiam e desejam vê-los espalhados, tal qual animais  em decomposição ,em valas e campos baldios da pereferia paulistana.
Os zumbis, pobres e  encurralados, subprodutos do mundo capitalista civilizado, próspero e democrático, na conjuntura atual de um estado onde decisões do governo estadual são tomadas dentro de celas de penitenciárias, esses zumbis que tem a ousadia de insistir em viver, são agora, justo agora, o alvo da verborragia de programas vespertinos de tv e também dos higiênicos, estéreis e histéricos telejornais das emissoras paulistanas.
Os neobandeirantes, defensores do capitalismo anárquico, desregulado, livre , sem tutelas, uma anomia niilista também conhecida como mercado, esses neobandeirantes são os black blocs do espectro eletromagnético, sempre prontos e disponíveis, diariamente em suas passeatas verborragicas na defesa de seus interesses, que se manifestam sutilmente em forma de telejornais, programas humorísticos e de entretenimento para o povo.
 

LEITURAS DE ‘ÉPOCA’

A imprensa Black Bloc

Por Luciano Martins Costa em 11/11/2013 na edição 771
Comentário para o programa radiofônico do Observatório da Imprensa de, 11/11/2013
A revista Época que circula nesta semana traz na capa a fotografia de uma mulher, de olhos verdes amendoados, vestindo casaco preto de couro e usando um capuz também preto na cabeça. É a versão fashion dos Black Blocs, numa patética aventura jornalística que cobria de ridículo a publicação semanal da editora Globo apenas algumas horas depois de chegar às bancas.
“Exclusivo: Os Black Blocs sem máscara - Época testemunhou o treinamento de ativistas que promovem protestos violentos - e revela quem são, como se organizam e quem os financia” - diz a manchete da revista.
A jovem, identificada como Daniela Ferraz, de 31 anos, faz pose de vilã, com maquilagem cuidadosamente delineada para destacar o olhar direto para a câmera. Na legenda, afirma-se que ela é “conhecida como a Pantera dos Black Blocs”. Uma sucessão de clichês como havia muito não se via numa peça da imprensa completa o arremedo de reportagem.
Já no sábado (9/11), quando a revista começou a circular, as páginas do grupo de ativistas no Facebook desmascaravam a farsa. Leonardo Morelli, controverso dirigente de uma ONG e apresentado como fonte principal da reportagem, é chamado por ativistas de “fanfarrão, irresponsável e gozador”. “Chega a ser cômico”, afirma outro comentário.
As circunstâncias do suposto treinamento que foi testemunhado pelo repórter provocam reações hilárias. A pretensa “musa” do movimento foi anunciada por militantes como futura “pin-up” de revista masculina e candidata a uma vaga no reality show Big Brother Brasil.
Leonardo Morelli, apresentado pela revista como líder dos Black Blocs e principal fonte da reportagem, é personagem conhecido no mundo anarquista desde o fim dos anos 1980, quando foi acusado de haver traído o coletivo de ativistas e infiltrado grupos punks no movimento em Campinas. Citado na reportagem como coordenador da ONG Defensoria Social, apresentava-se há dez anos como militante do ambientalismo, no papel de dirigente da ONG Grito das Águas e secretário-geral de uma entidade chamada Defensoria das Águas. A suposta liderança dos Black Blocs é a mais recente de suas múltiplas caracterizações.

Militantes de aluguel

Dani, a “Pantera dos Black Blocs”, surgiu do nada. Apresentada pela revista como uma ex-presidiária de 31 anos, condenada por dois assaltos e ainda em liberdade condicional, corre o risco de voltar para a cadeia ainda nesta semana, porque a reportagem de Época afirma que ela “armou-se de paus e pedras para atacar agências bancárias”.
A cuidadosa produção fotográfica da moça, sob o vão livre do Museu de Arte de São Paulo, arrancando a máscara negra com a mão direita, completa a receita kitsch do trabalho jornalístico.
Qual seria o propósito da revista ao correr o risco de ser ridicularizada por tentar “desvendar” um mistério que não existe?
O coletivo chamado Black Bloc é a manifestação anárquica de variados descontentamentos, muitos dos quais não têm relação com economia, política ou cultura. Pesquisadores que acompanham as ações e discursos de seus integrantes, tanto nas ruas como nas redes sociais, entendem que se trata de uma típica manifestação da velha doença infantil do libertarismo voluntarista, que pode se apresentar como radicalmente esquerdista ou com tinturas do mais ranheta reacionarismo.
Ao especular sobre supostas fontes do movimento, a revista apenas repete informações sobre financiadores da carreira de Leonardo Morelli, que esteve ligado a entidades católicas, foi militante do Partido dos Trabalhadores e aparece entre punks e anarco-sindicalistas. Aos 53 anos, é apresentado como integrante do grupo que originou a Comissão Pastoral Operária, que foi fundada entre 1970 e 1975, quando o personagem em questão tinha entre 10 e 15 anos de idade.
O grupo observado pelo repórter de Época, num sítio abandonado perto de São Paulo, enfileira reivindicações dignas daquele samba famoso: ergue bandeiras ambientais, denuncia os lixões e a contaminação de áreas da periferia, defende a desmilitarização das polícias, a liberação de biografias não autorizadas, o controle social das pesquisas científicas, combate o Marco Civil da Internet e exige as renúncias dos governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do Rio, Sérgio Cabral.
A libertação dos anões de jardim ainda não entrou na pauta.
Enquanto isso, o Globo denunciava, no domingo (10/11) e na segunda-feira (11), a infiltração de militantes pagos pelo PR, partido do deputado Anthony Garotinho, em manifestações do Rio.
Os Black Blocs são uma parte dessa complexidade que sai às ruas. Apenas a mais ruidosa. A reportagem de Época é uma ação típica dos Black Bocs: equivale a depredar o jornalismo.

Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA

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