quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Gol de Placa





Em rodada de protestos, Rogério Ceni questiona Globo por tabela


A rodada desta quarta-feira do Brasileirão contou com protestos do Bom Senso F.C. por parte de atletas de diferentes clubes em todas as partidas. O jogo entre São Paulo e Flamengo no Novelli Júnior, mais marcante, contou com a ameaça do árbitro Alício Pena Júnior de distribuir cartões amarelos a todos os 22 jogadores se estes parassem a partida por um minuto após o apito inicial. Passada a ameaça – driblada por Ceni e outros atletas – e acabado o jogo, com vitória tricolor por 2 a 0, o goleiro e capitão são-paulino falou sobre o tema e direcionou críticas à Rede Globo.

"Por que a Globo não pode ter jogo de segunda-feira? Futebol para o país, dá audiência todo dia. Os atletas se predispõem a ajudar, a jogar. Só não pode jogar quarta, domingo, quarta, domingo. Podemos desmembrar uma rodada no fim de semana. Campeonato Paulista não pode ter 23 rodadas. Isso não é encrenca, chama-se bom senso, que dá nome ao movimento. E não é nada político. Se tiver algo político nesse movimento um dia, eu sou o primeiro a ir embora", falou Ceni, após a partida, sobre a emissora que detém os direitos de transmissão dos principais torneios do Brasil.

No jogo, Ceni discutiu com Alício Pena Júnior antes mesmo do apito final, ao saber que o árbitro poderia distribuir amarelos por conta do protesto – nenhum outro árbitro puniu a manifestação. Ceni, então, organizou os atletas para que tocassem a bola durante o primeiro minuto, de um campo para o outro, e só a partir de um minuto de jogo "liberou" a partida.

"Mais importante é que isso aqui tem uma conotação muito maior do que imaginam. Significado é muito grande. Acho que o que a gente defende é algo muito importante para todo mundo. É para vocês [jornalistas], para mídia, imprensa, Rede Globo de televisão, que paga os direitos", acrescentou.

Ainda referindo-se à imprensa e à emissora detentora dos direitos, Ceni suplicou para que os apelos do Bom Senso F.C. sejam atendidos. O movimento pede mudanças no calendário para evitar desgaste excessivo dos atletas e criar empregos a divisões menores do futebol, que ficam paradas após os estaduais.

"Nós queremos ser atendidos, pelo amor de Deus. Por que vamos deixar chegar a esse ponto? O Brasil para pelo futebol. Não é possível que vocês vão comprar uma briga que não se faz necessária. Não há necessidade desse conflito", disse Ceni.

"Se tiver mais jogos de times menores, que ficam parados durante sete meses, vai ter mais jogadores, mais arbitragem. O que a gente defende é mais partidas, mais mão de obra para todos, para vocês da imprensa também. A gente não está aqui para brigar. Não queremos chegar ao ponto de fazer greve. Queremos que se possa fazer um campeonato estadual para 80 times paulistas. Por que não, no meio do ano, para times menores? Estado de São Paulo tem mais de 100 equipes de futebol, com jogadores que ganham dois ou três salários mínimos. Isso é como injetar dinheiro na economia", completou.

Após a ameaça de cartão amarelo coletivo por parte do árbitro Alício Pena Júnior, o meia Elias e o zagueiro Chicão, do Flamengo, classificaram a atitude como "ditadura", ao deixar o gramado no intervalo de jogo.
Fonte: BOL

Uma mudança na estrutura do futebol brasileiro só pode acontecer se a iniciativa de mudança partir dos jogadores.
Em uma estrutura viciada, onde CBF, federações ,emissoras de tv e patrocinadores, agem em benefício próprio, a mudança deve partir dos responsáveis pelo espetáculo.
Em um setor que movimenta quantias gigantescas em um universo de centenas de clubes , poucos se benefeciam dos lucros.
As principais estrelas do espetáculo, os jogadores, vivem em estado desolador.
São poucos, proporcionalmente ao número de atletas, os que desfrutam do estrelato e grandes salários e, mesmo as estrelas, são sugados de todas as formas pelos meios de comunicação e empresas que sempre querem mais e mais. 
Assim sendo, jogadores como Neymar, indiscutivelmente um grande talento, são inflados de forma desproporcional pelos meios de comunicação sempre famintos por mais audiência e lucros fáceis advindos da imagem  ( talento e inteligência) do atleta. 
Outros ,por vezes, fazem pontas em novelas ou reality shows que certamente terão um ganho a mais na audiência.
É uma ilusão achar que o sucesso no futebol é um caminho fácil. 
Isso só acontece para poucos, bem poucos.
O talento de um jogador de futebol necessariamente passa por um dom, uma habilidade especial, uma inteligência privilegiada, uma capacidade criativa , que combinados adequadamente tem como resultante uma grande inteligência.
E é lamentável, e pouco inteligente, que a estrutura do futebol brasileiro viabilize a exportação de inteligência sem nenhum valor agregado, em sua forma bruta de matéria - prima, que é o jogador de futebol.
O computador é importante, mas a inteligência maior está nos softwares.
O jogador de futebol é um misto de atleta e artista, e sua arte se manifesta nos campos, nas partidas, nos espetáculos. 
Imagine, caro leitor, os EUA exportando atores e atrizes no lugar de exportar os filmes e shows.
A realidade de futebol brasileiro prioriza a exportação de matéria-prima, talento, cérebro, sem nehum valor agregado, o que é lamentável.
O futebol com maior número de títulos mundias ainda não se libertou de estruturas ultrapassadas e retrógradas, além de pouco, ou nada, democráticas.
Deveríamos estar, hoje, exportanto nossos campeonatos nacionais para todo o mundo, como um grande espetáculo, com os nossos talentos desfilando inteligência e arte em nossos campos. 
Infelizmente a realidade é bem diferente.
Isto posto, a iniciativa do Bom Senso F.C. , caso privilegie um senso de  pulso firme, pode ser o início de uma grande reforma na estrutura de nosso futebol, onde todos os clubes, grandes e pequenos, tenham condições de evoluir sistematicamente.
No tocante as transmissões por TV, não se pode mais tratar o futebol como um produto de uma única emissora de TV, onde o horário das partidas segue uma lógica inserida na grade da emissora como sendo mais um programa, sempre em poucos e determinados dias e nos mesmos horários.
Na TV globo, os comentaristas de partidas de futebol são proibidos de fazer qualquer tipo de comentário sobre os horários das partidas, pois na lógica da emissora, os horários são assuntos da esfera comercial e não técnica. 
O caro e bem informado leitor deve se lembrar da Copa do Mundo de Futebol realizada nos EUA, em 1994.
Motivada apenas por interesses comercias da FIFA, as partidas de futebol foram jogadas em horário próximo do meio dia, em pleno verão, com um calor infernal, o que contribuiu para a queda de nível técnico da competição.
Por aqui partidas tem início as 22 horas, depois da novela.
Muitos torcedores, trabalhadores,  sequer podem assistir as partidas pela TV  devido ao horário avançado, já que no dia seguinte necessitam acordar por volta das cinco horas da manhã para o trabalho. 
Ir aos estádios, nem pensar.
O comparecimento aos estádios, na estrutura atual do futebol, tem sido cada vez mais de pessoas ao estilo rei dos camarotes, o  idiota herói da revista Veja. 
O futebol é um patrimônio do povo brasileiro e, mais do que isso, uma forma de diversão e de entretenimento que vem sendo elitizada , vorazmente, em benefício de poucos.
Espero que o Bom Senso F.C., que ao que parece tem o apoio da população, siga firme em suas idéias, propostas e ações  em benefício de uma profunda transformação nas estruturas do futebol brasileiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário