segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O Duo SS

Um único Brasil e dois projetos em disputa

Com a decisão de Marina de unir-se ao PSB, as eleições de 2014 terão três candidaturas com potencial de disputa [além de outras periféricas]: Dilma, Aécio Neves e Eduardo Campos. Embora sejam três candidaturas principais, a disputa se dará, porém, somente em torno a dois projetos e a duas perspectivas antagônicas para o Brasil.

Com o fim da peregrinação esotérica e “sonhática” de Marina Silva, fica provisoriamente desanuviado o cenário eleitoral de 2014.

Como vem acontecendo em todas as eleições presidenciais desde o fim da ditadura militar, em 2014 o povo brasileiro novamente elegerá uma opção entre dois projetos e duas visões de país inteiramente distintas entre si. Será outra vez uma polarização sem matizes, sem relativismos, sem “terceiras-vias” e sem subterfúgios. Uma confrontação, enfim, de duas perspectivas frontalmente diferentes para o Brasil.

Como em todas as seis eleições passadas, o PT constituirá um dos dois polos em disputa. Em 1989, Lula disputou palmo a palmo com Collor, somente sendo derrotado por um golpe sujo da Rede Globo. Nas eleições seguintes, o PT polarizou a disputa da Presidência com Lula [em 1994, 1998, 2002 e 2006] e com Dilma, em 2010. Venceu em três ocasiões e perdeu em duas.

Do outro lado da polarização, o PSDB e o condomínio reacionário por ele dirigido. Esse partido, com uma plumagem falsamente moderna e socialdemocrata, capitaneou o conservadorismo neoliberal com forte tom reacionário, racista e baseado nas oligarquias regionais daquele Brasil da Casa Grande e da Senzala. Venceu duas e perdeu três.

Com a decisão de Marina de unir-se ao PSB, as eleições de 2014 terão três candidaturas com potencial de disputa [além de outras periféricas]: Dilma, Aécio Neves e Eduardo Campos. Embora sejam três candidaturas principais, a disputa se dará, porém, somente em torno a dois projetos e a duas perspectivas antagônicas para o Brasil.

A pantomima de ingresso de Marina e outros “sonháticos” no PSB [com hino cantado e bandeira nacional ao fundo do palco] não deixa dúvidas sobre o objetivo da decisão: “acabar com a hegemonia e o chavismo do PT no governo” [Jornal O Globo de 06/10/2013].

Nos discursos dela e do Eduardo Campos, abundaram referências contra o que consideram “a velha política”, a “velha República” e outras baboseiras do gênero. Na pantomima, Marina e Eduardo destacaram a importância de conhecidos personagens: Gilmar Mendes, o líder do PSDB no TSF, e Pedro Simon, o “grande brasileiro”, aquele seletivo cobrador de pênaltis sem goleiro, que se notabiliza por escolher a corrupção que pretende combater – normalmente a dos inimigos.

Soa como ironia a manifestação moralista e religiosa de Marina, que ganhou projeção nacional e mundial como petista e Ministra da “velha república” de Lula até 2009. E é irônico para o PSB, partido que consolidou sua construção no governo do PT da “velha política” até poucos dias, e que hoje conta nos seus quadros com oligarcas do que passaram a considerar a “Nova República”, como a família Bornhausen [os racistas que propugnaram o fim da “raça dos petistas”] e o “moderno” Heráclito Fortes. A lista de “novos”, “puros” e “superiores”, em nome do pragmatismo, seguramente deve ser ainda maior e não deverá surpreender.

No instante imediato, o gesto de Marina poderá fortalecer Eduardo Campos - a mídia já está produzindo uma narrativa conveniente. Mas, ao mesmo tempo, complica a vida de Aécio, que corre o risco da estagnação.

Até agora, a principal beneficiária desse jogo é Dilma, por uma razão muito simples. Em 2010 Marina foi creditada com 19 milhões de votos, teoricamente de oposição ao PT, mesmo que se considere aquela votação como produto de uma tremenda maquinação da mídia para assegurar o segundo turno eleitoral entre Dilma e Serra.

Com a retirada de Marina das eleições, os 19 milhões de votos, se existissem, ficariam “órfãos”, por outra simples razão: somente tem voto o candidato a Presidente. Candidato a Vice-Presidente não tem voto, ainda que possa oferecer base parlamentar e tempo de televisão para uma aliança eleitoral, o que também não é o caso de Marina, que não tem partido constituído.

As dificuldades se assomam do lado das candidaturas conservadoras de Eduardo Campos/Marina e de Aécio Neves/DEM.

Para se credenciar ao segundo turno contra Dilma, Eduardo será obrigado a flertar ainda mais à direita para tirar votos de Aécio. Terá de fazer mais que simplesmente atrair a famiglia Bornhausen, Heráclito Fortes e se coligar com Ana Amélia no RS e com outros 20 tucanos nos estados. Ele terá de recitar o receituário neoliberal da ortodoxia econômica para saciar os desejos do capital financeiro. E parece estar disposto a isso, ainda que não saiba se isso será remédio ou veneno.

Aécio, por outra parte, tem de demonstrar ser maior que sua sombra Serra, o que passará a ser uma contingência complexa nos próximos meses.

A situação é de dificuldades maiores para a oposição de direita. Nos próximos meses saberemos se Eduardo será Marina ou se Aécio será José Serra. Os atuais titulares da disputa pela oposição, se não demonstrarem viabilidade, poderão ser substituídos por seus suplentes. Tudo em nome do anti-petismo.

Por enquanto, Dilma sai na frente, com perspectiva real de vitória no primeiro turno.
Fonte: CARTA MAIOR

Nas eleições de 2010 Marina teve 19 milhões de votos, mas não conseguiu, atualmente, 450 mil assinaturas para legalizar seu partido, a Rede de Sustentabilidade. 
Legalizar um partido é bem diferente de uma eleição. 
Não existe clima de campanha, pressão. 
Competência para tal se faz necessário. 
O falecido Doutor Enéas Carneiro, quando totalmente desconhecido do povo brasileiro, organizou o PRONA, hoje já extinto, em todo o território nacional e estreou na campanha presidencial de 1989.
Marina, conhecida e com o cacife de 19 milhões de votos na última eleição, não teve competência para sequer organizar seu partido, que curiosamente propõe uma rede, e mais, sustentável.
Tal qual um bambu que se curva mas não quebra, como ela mesma gosta de se definir, deixou de lado a rede insustentável e partiu com o seu cacife virtual em busca de uma sustentabilidade para participar da campanha para a presidência em 2014.

Afinal ela teve, em 2010, pelo partido verde neoliberal, 19 milhões de votos. 
Na eleição para presidente em 2010  os temas que dominaram a campanha incluiam aborto, camisinha, igreja, criancinhas sendo devoradas por comunistas, bispos descontrolados, pastores em transe,  imagem de Nossa Senhora de Aparecida e outras coisas que nada tinham de relevante para uma disputa presidencial.
A conservadora Marinha se beneficiou do debate com votos de jovens conservadores. 
Acreditou que o cacife de 19 milhões de votos é algo imutável. 
Não é bem assim. 
Eleição é momento. 
Em 2006 o candidato Alckmin, teve menos votos no segundo turno do que os obtidos no primeiro turno. 
Em apenas 20 dias Alkmin perdeu parte de seu cacife eleitoral.
Mas Marina está decidida, assim com fizera outra dissidente do PT hoje no ostracismo político, a ser presidenta da República, contra o PT, porém mais discreta que a outra candidata no tocante as mágoas, frustrações  e ódio.
Em 2006 o "fenômeno" Heloisa Helena contribuiu para um segundo turno entre Lula e Alckmin, PT e PSDB
Em 2010 o "fenômeno" Marina contribuiu para um segundo turno entre Dilma e Serra, PT e PSDB.
Para 2014, o grupo ultra conservador aposta todas as fichas  que o "fenômeno" que se repete nas últimas eleições possa chegar ao segundo turno, não com o PSDB, mas sim contra o PT, líder nas pesquisas de intenção de votos e virtual vencedor em primeiro turno.
O "novo" fenômeno para 2014 se apresenta com o duo Campos- Marina, sem que saiba necessáriamente a ordem correta dos nomes. 
Curiosamente ambos cresceram e ganharam visibilidade com o PT e como partido aliado do PT no governo, no caso do PSB, partido de Campos.
O duo SS  (socialista -sustentável) tem grande apoio dos setores fascistas e ultraconservadores do país, assim como ocorreu na eleição de 1994 quando  o conservadorismo se aliou  ao sociólogo progressista e de esquerda para derrotar Lula e o PT.
O caro leitor sabe que naquela ocasião, Lula liderava as pesquisas de opinião e a chegada de chapa SDD ( social democracia - ditadura) seduziu boa parte do eleitorado de esquerda, de Lula e do PT, fazendo com que o SDD  vencesse em primeiro turno.
O cabeça da chapa, hoje imortalizado na Academia Brasileira de Letras, foi o puxador , na ocasião , dos votos para a vitória do conservadorismo com um discurso progressista, moderno, civilizatório, que com o passar dos anos de seu governo se revelou exatamente o oposto.
Uma outra coincidência daquele ano de 1994 com o momento atual, além da presença de Parreira na seleção brasileira, foi o fato de tão logo ter sido consolidada a a chapa SDD, um dos principais quadros do PSDB se desligou do partido, acusando que aquilo tudo era uma traição como povo e uma grande farsa , como de fato o tempo revelou.
Curiosamente esse mesmo quadro, hoje no PSB de Campos , se desliga do partido para ingressar no recém criado PROS, aliado do Governo, certamente por já ter visto, anos atrás,  o filme em que Campos protagoniza atualmente como ator.
No calor das novidades, um aliado de longa data é desprezado pelo ultraconservadorismo e não se sabe qual será a reação de uma ave traída. 
Quanto ao duo SS, o ultraconservadorismo unido  espera que faça o mesmo papel que fez a SDD em 1994, ou seja, se apresentar como vanguarda e retirar os votos de uma parcela do eleitorado do PT, algo que a agonizante coalizão TD tucana democrática - não  conseguiu nas últimas eleições. 
Acrescente-se ao cenário a enxurrada de denúncias, com provas , sobre propinas, corrupção, privataria, trensalão, que desaba sobre o consórcio liderado pelos tucanos.
Isto posto , o novo que se apresenta para a eleições de 2014 não tem nada de novo. 
Trata-se de uma repaginada do conservadorismo, com elementos discursivos de tonalidade messiânica, um fazer mais  que apenas confirma o sucesso daqueles que fazem o pais crescer, e uma coloração verde para atrair incautos da classe média.
Para o PSB, um partido que acredita que seu crescimento esteja isolado de sua aliança dos últimos anos com o governo, é uma aposta de alto risco que pode inclusive levar a derrotas em disputas estaduais onde o partido nas últimas eleições saiu vencedor.
Para Marina, que cresceu no PT, passou para o PV, tentou criar sem sucesso seu partido, e agora está no PSB, o pragmatismo e o desejo do poder saltam aos olhos de todos. 
Entrou no jogo, fazendo com que sua corência se diluisse nas águas dos rios da floresta.
Mais uma vez, como tem ocorrido nas últimas eleições teremos dois projetos em disputa, como bem cita o autor do artigo de CARTA MAIOR.
De um lado o governo popular, democrático e bem sucedido do PT . 
Do outro lado todos contra o PT, tendo a frente as estridentes cornetas midiáticas do ultraconservadorismo , retrógrado e ultrapassado.

Ainda no fervor das novidades sobre os movimentos de políticos para as eleições de 2014, é bem provável que os sempre disponíveis e ágeis institutos de pesquisa de opinião aliados do conservadorinsmo, tragam resultados de pesquisas de intenção de votos para presidente, aproveitando a grande visibilidade na mídia que o duo SS tem recebido nestes dias.
É provável, inclusive, que Marina, mesmo a princípio ter sido cogitada como vice de Campos, apareça bem cotada nas pesquisas, já que sua imagem tem dominado a cena midática.
No processo natural de desinformação e ansiedade que a velha mídia produz, um suposto candidato a vice de uma chapa pode aparecer bem cotado nas pesquisas como cabeça de chave.
Afinal, vale tudo.
Em se revelando uma "subida sensacional " de Marina, estaríamos diante de um fenômeno, onde o suposto vice é o mais falado. 
Isso em um país, onde certamente grande parcela da população não sabe o nome do atual vice-presidente da república.
Aliás, na terra do cruzeiro vice presidente da república só é conhecido quando o presidente morre, ou é deposto por golpe ou renuncia.
Exceções acontecem  e já tivemos impeachement e mesmo vice presidentes que faziam barulho, com Aureliano  Chaves apoiando as Diretas Já, para desespero do presidente general Figueiredo e José  Alencar, que no primeiro governo de Lula, não ficava um dia calado sem reclamar das altas taxas de juros, também para desespero de Lula.

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