sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Anarquistas ? Sim.

O protesto de manifestantes contra a capa de O Globo

publicado em 18 de outubro de 2013 às 5:02

                                       
“É inaceitável o tipo de cobertura que faz o jornal O Globo sobre os protestos por melhorias na educação pública. Ao invés de discutir com mais profundidade a questão colocada pelo SEPE, dá mais espaço à violência gerada nos confrontos entre civis e PMs, gerando medo na população e esvaziando o debate sobre uma questão importantíssima que é a melhoria de condições de trabalho do professor público.
A capa deste jornal na quinta-feira, 17 de outubro de 2013, em que chama de “vândalo” quem foi preso arbitrariamente pela PM nas escadarias da Câmara Municipal e expõe três personagens com infames trocadilhos (Sininho do barulho, defende anarquistas), brincando com estereótipos (Baiano volta à cadeia, músico, maconhão), e chegando ao cúmulo de ironizar o envolvimento político com “engajado e baleado”.
Há poucas semanas O Globo apresentou uma tímida “mea culpa” sobre o apoio à ditadura militar. Não pensem que os olhos de quem sabe ler, interpretar e refletir vão passar desatentos por suas manchetes e artigos. A história é tão clara que vocês mesmos tiveram que reconhecer quem sempre apoiaram, e essas pessoas estão aí, vivas e atuantes.
Quem esteve no protesto do dia 15/10, quem compartilha material nas redes sociais, sabe o quanto a cobertura de vocês está deturpada.
Pedimos que vocês se retratem desta capa absurda e que apurem verdadeiramente pelo que foram presas as 70 pessoas levadas a presídios de segurança máxima.”
Segue uma transcrição da capa com alguns comentários. Alguém consegue uma imagem da capa?
” CRIME E CASTIGO - LEI MAIS DURA LEVA 70 VÂNDALOS PARA PRESÍDIOS. PRESOS EM PROTESTO SÃO ENQUADRADOS POR CRIME ORGANIZADO, QUE É INAFIANÇÁVEL”
Eles seguem com os perfis de alguns personagens:
“SEM MÁSCARAS
JAIR SEIXAS – BAIANO VOLTA À CADEIA – Músico conhecido como Baiano ou Maconhão é figura fácil em atos violentos. Em julho, foi preso por danificar carro da polícia no Leblon.
ELISA DE QUADROS – SININHO DO BARULHO – De aparência frágil, produtora de cinema conhecida como Sininho lidera o acampamento Ocupa Câmara, há dois meses na Cinelândia, e defende anarquistas.
RODRIGO AZOUBEL – ENGAJADO E BALEADO – Jovem baleado nos braços durante a manifestação de terça-feira coleciona participações em protestos e defende ações de vândalos.”
Não é possível que, à essa altura do campeonato, século XXI, quase trinta anos depois da volta da democracia, nego ainda sustente e consuma esse discurso!!!!!!!!
“CRIME E CASTIGO”? Quais foram os crimes dos “vândalos” presos? Estarem na escada da Câmara quando os PMs juntaram?
SEM MÁSCARAS? A própria foto do jornal do momento em que a polícia cerca os manifestantes, na página 10, não mostra NINGUÉM de máscara! NINGUÉM! Esses presos daí das fotos NÃO estavam mascarados quando foram presos!!!
E os estereótipos? O primeiro é clássico né! Nordestino reincidente, músico e maconheiro! A outra é mulher e, PASMEM!, DEFENDE ANARQUISTAS!”ÓÓÓÓÓÓÓ”, desmaios pela redação do Grobo!!!
E no terceiro o recado tá dado:
ENGAJADO E BALEADO
É isso mesmo? Se eu me engajar, tenho que tomar cuidado pra não ser baleado? É condição “sine qua non”? Quem diria que a porra do Globo, que se diz imparcial e se auto-define como jornalismo de primeira, faria trocadilhos tão desprezíveis em sua primeira página!
Fonte: VIOMUNDO

O que esperar de um grupo empresarial, como as Organização Globo, que apoiou a ditadura militar , e ainda  são racistas e anti democráticos ?
A  manchete de primeira página em questão, poderia ser de um desses tablóides que fazem piada com as notícias e , devido a isso, tem em suas manchetes de capa seu principal conteúdo.
O Jornal o globo, provavelmente por estar sofrendo com a concorrência da internete e com isso vai se tornando mais difícil produzir mentiras, está caminhando para uma grande transformação, onde cada vez mais se assemelha a um perfil de usuário do feicibuqui.
Em outras palavras, reconhece a força da internete e das redes sociais e, enquanto um jornal diário impresso, regride aos esteriótipos tão comuns nas redes sociais, de maneira que ao fazê-lo se situa em um espectro da informação onde não é rede social e deixa de ser jornal, realizando uma proeza fantástica em não ser coisa alguma em um ambiente de papel impresso que deseja ser outra coisa. 
Neste contexto, globo em muito se parece com os partidos de oposição ao governo federal, campo político onde globo se situa. 
Como o caro e atento leitor pode perceber, nada acontece por acaso e a rede que exibe sua face diante dos fatos até aqui analisados, configura-se com um polo disseminador de aflições esbaforidas, diante do sucesso da realidade que governa o país.
Um outro e não menos relevante aspecto relacionado a manchete do diário esbaforido e ansioso, diz respeito as duras críticas que a velha imprensa e a segurança pública do Rio de janeiro, mas não apenas da cidade maravilha, vem sofrendo nas redes sociais e em mídas alternativas. 
Desde os primeiros dias deste mês de outubro que a polícia do Rio de Janeiro vem sendo alvo de muitas críticas por conta da atuação perante as manifestações de rua. Em momentos se apresenta com extrema violência, em  outros se omite, assim tem sido ao longo dos últimos quatro meses revelando algo estranho no comportamento das forças de segurança pública. 
Incapacidade em se situar diante de protestos em um ambiente democrático?  
Talvez, já que essa polícia é herdeira legítima e inconteste das piores pŕáticas de repressão, violência e torturta oriundas do período da ditadura militar e , como é de conhecimento de todos, não sabe conviver em um processo democrático.
Representante e braço de apoio dos setores de oposição e outros retrógrados que desejam impedir o avanço do processo democrático ?
Talvez sim, já que a omissão policial salta aos olhos de todos e as práticas criminosas de policiais durante os protestos proliferam.
Ou seja, a própria polícia iniciava o tumulto e forjava falsos flagrantes  em manifestantes para justificar sua atuação em nome da ordem pública. Como esses eventos foram em grande número, o acaso e o ponto fora da curva ( o policial desprepaprado ) não poderiam ser apresentados como justificativa para a ação de policiais.
Diante dos fatos, inevitavelmente proliferaram questões, principalmente nas mídias alternativas,  indagando sobre quem ,ou que grupos, estariam lucrando ou apostando em uma escalada do caos e da violência, como vem acontecendo nos protestos. 
Inevitavelmente, também, a associação com a proximidade das eleições de 2014 e o fato dos protestos de junho último terem sido terríves para políticos e governantes no que diz respeito aos indices de popularidade e aceitação de seus governos ou propostas, não poderia ser descartada, tendo em vista que ,  setores da oposição provaram, pela primeira vez depois de várias tentativas ao longo de praticamente 11 anos, uma possibilidade concreta para mudar o ânimo do eleitor e com isso alterar o quadro eleitoral.
Cabe lembrar ao caro e atento leitor, que durante a explosão do chamado mensalão, lá pelos idos de maio de 2005,quando o governo Lula teve seus piores índices de popularidade ( mais precisamente em dezembro de 2005 ) os setores de oposição com o amplo apoio da velha mídia esticaram ao máximo o tema até coincidir com as eleições de 2006, na tentativa de alterar o quadro das eleições. e com isso derrotar Lula. 
Assim sendo não seria absurdo a hipótese desses mesmos setores, onde a velha mídia se esparrama, estarem apostando no caos para ter benefícios alí na frente, nas eleições pŕoximas, mesmo que para isso aliados  políticos locais,  sejam prejudicados ou sacrificados.  Complexo de Sansão ? Pode ser, afinal para essa oposição deseperada vale tudo para tentar derrotar os bem sucedidos governos do PT. 
Por outro lado, esses mesmos setores são coniventes com a violência nos protestos, para tempos depois, com a crescente insatisfação popular, pedir leis mais duras e até mesmo criar mecanismos legais para proibir as manifestações de rua, tendo em vista que o somatório das bandeiras levantadas pelos manifestantes aponta para uma aprofundamento do processo democrático, uma maior presença do estado na economia e na vida do cidadão, serviços públicos de qualidade e outros temas  que em conjunto não interessam aos setores de oposição. Isso é fato.
Neste cenário, a polícia, a oposição e a velha mídia se sentiram acuadas e pressionadas diante das críticas e análises que proliferam nos meios digitais. 
Imediatamente, talvez de forma ansiosa e esbaforida, tentaram mostrar serviço. Justo um serviço que pudesse contradizer as críticas que vinham sofrendo e, assim sendo, várias pessoas foram detidas como sendo criminosos depredando os patrimônios público e privado durante as manifestações. Ainda todos os detidos teriam ligações com grupos de esquerda ou anarquistas, mais precisamente a tática black bloc que chegou, inclusive, a ser apresentada pela chefe da polícia civil do Rio de janeiro, como um grupo criminoso organizado, tendo em vista os flagrantes de objetos junto aos pertences dos detidos que faziam  alusão a tática black bloc.
Agiu rápido a polícia, entretanto, por quê não agiu antes, já que a violência nos protestos  se arrasta por quatro meses ?
Na surfada da ação policial que resultou em vários detidos e foi motivo da manchete delirante de o globo, a chefe de polícia civil do Rio de Janeiro saiu de sua trincheira e veio a público pedir  reflexão aqueles que apoiam a tática black bloc, em uma estratégia de marqueting bem planejada , porém apenas útil nos vulgares folhetins da velha mídia que deu amplo destaque a ação, daí a manchete de o globo. 
O que a população do Rio de Janeiro espera é que os verdadeiros criminosos sejam de fato detidos  e que  os verdadeiros interesses que existem para desvirtuar manifestações legítimas sejam claramente esclarecidos.
Espera-se , também, que a chefe da polícia civil do Rio de Janeiro  faça uma reflexão sobre a péssima polícia que existe, que olhe em primeiro para sua casa e providencie uma faxina, para então disponibilizar para o carioca uma polícia em apoio  ao cidadão e não um antro de criminosos e bandidos a serviço de interesse  estranhos e obscuros. Ainda mais, que criminoos sejam detidos e julgados não importando se são criminosos de rua ou grandes empresas que cometem crimes financeiros. 
No seu braço de apoio, a velha mídia, espera-se que o avanço do processo democrático, como se vê pelas bandeiras dos movimentos sociais nas ruas,  produza de fato uma democratização dos meios de comunicação de maneira que a produção  e veiculação de informação e de entretenimento não estejam apenas restritos a um pequeno grupo de vândalos.

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