sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Os vira-latas

Superfaturamento? Atraso nas obras? Falta de infraestrutura? Nem em sonho…

por Benjamin Back em 13.set.2013 às 8:20h
TOKYO 2020 O aviso foi feito com praticamente sete anos de antecedência, ou seja, tivemos muito tempo para nos preparar, apesar de que não foi necessário fazer muita coisa, já que em termos de infraestrutura nosso país nunca deixou a desejar! Aeroportos modernos e confortáveis, transporte público extremamente eficiente, um povo exageradamente educado e prestativo, enfim, podemos nos dar ao luxo de sediar uma Olimpíada e até mesmo uma Copa do Mundo, a propósito, quando a realizamos da primeira vez foi um grande sucesso.


Nossos turistas serão recebidos de braços abertos e sem qualquer receio de andar pelas ruas a pé de madrugada, afinal, aqui não há assaltos, assassinatos, balas pedidas entre tantas outras coisas já suficientes para que uma cidade com esses “atributos” sequer pudesse participar de uma concorrência para sediar um evento desse porte.


Outro fator que nos deixa absolutamente tranquilos é que vivemos num país com índices muito baixos ou praticamente nulos no que diz respeito à corrupção. Sim, nossas obras não terão superfaturamentos e muito menos deixarão de ser entregues na data estabelecida. E esse velho hábito de deixar tudo para última hora para que assim mais verbas sejam liberadas com a desculpa de que apenas dessa forma tudo será entregue dentro do cronograma definido há pelo menos três anos atrás, aqui não existe! O povo também não nos questiona por querer sediar um evento dessa grandeza, pelo contrário, por sermos uma cidade com toda a estrutura necessária e com total capacidade de receber uma grande quantidade de turistas, estamos mais do que preparados para receber uma Olimpíada. Sim, podemos nos dar ao luxo de construir belos ginásios poliesportivos, um parque aquático moderno, uma vila olímpica de primeiro mundo, inclusive, no caso de qualquer emergência ou fatalidade, temos totais condições de receber hoje mesmo uma Copa do Mundo ou uma Olimpíada.


Bem, estamos absolutamente tranquilos em relação à escolha da nossa cidade para realização desses Jogos Olímpicos, afinal, para quem viu um país ser reconstruído de forma brilhante em pouco mais de um ano, após ser alvo de uma das maiores tragédias da história ocasionado pelo quinto maior terremoto já registrado e, que deu origem a um mega tsunami e 30 outros tremores que levaram a morte cerca de 16 mil pessoas, realizar uma Olimpíada é lição de casa do pré-primário! Em compensação, tem país por aí que não teve nada disso, mas que nem assim consegue se reconstruir de forma alguma… Pois é, Tóquio 2020 é realmente logo ali!
Fonte: LANCE

De fato Tokyo não terá muitas dificuldades para organizar os jogos olímpicos de 2020. Pela segunda vez a cidade será sede da competição.
Uma cultura milenar e um povo muito educado, apesar da mulher ainda exercer um papel secundário na cultura japonesa, além de uma excelente infraestrutura hoteleira e de transportes contribuirão em muito para o sucesso do evento.
Em um país alvo de constantes terremotos e tsunamis, o Japão ensina a todos nós como se reorganizar após sucessivas tragédias. A capacidade de organização do povo japonês é algo inspirador e o tempo não é um inimigo , mas um aliado. Abro aqui um parênteses para exemplificar a relação  com o tempo do oriental e do ocidental. Como é do conhecimento do caro leitor a filosofia zen budista proporciona uma infinidade de vantagens, saudáveis , para o ser humano. Com um rígida disciplina, monástica por vezes, pode-se alcançar estágios elevados de evolução, em condições modificadas de consciência que proporcionam feitos fantásticos para seus praticantes. Para isso são fundamentais a disciplina, o  comprometimento e o respeito ao tempo, que com o passar será como um revelador do sucesso alcançado. Algo um tanto quanto incompatível para cultura ocidental, cutura essa que hoje também é muito presente na cultura  tradicional japonesa. O ocidente quando tomou conhecimento, em uma passado próximo, das possibilidades proporcionadas pelo zen budismo, não perdeu tempo, bem ao seu estilo, e tratou de criar equipamentos  e maquinetas , que quando usadas proporcionam o mesmo estágio elevado de consciência  às pessoas.  Atropelou o tempo, e focou no resultado final, desconhecendo que para o oriental o importante é o caminho. Por aqui o tempo é sempre um inimigo, motivo pelo qual sempre se briga com prazos, de forma mais ou menos escandalosa , dependendo dos países envolvidos. Fechando o parênteses e voltando aos jogos.
Fruto de uma cultura que cultua a disciplina, Tokyo certamente realizará um dos mais belos jogos da história, apesar de ter as águas do oceano pacífico , nas proximidades do país, com altos índices de radioatividade devido ao acidente na central nuclear de Fukushina, que a transparência japonesa, como cita o autor do artigo, não informou corretamente a população japonesa nem ao mundo sobre os reais desdobramentos do acidente nuclear. Hoje já sabemos que nas proximidades da central crescem vegetais com mutações, devido aos índices de radiação. Mas nem isso certamente não irá manchar, ou contaminar, o sucesso dos jogos, pois até 2020, o Japão estará pronto, como disse o autor, ou mesmo antes caso seja necessário. Até lá irão aprender um pouco mais sobre a nossa bossa nova, o chorinho e o samba, que tanto sucesso fazem por aquelas terras.
Enquanto isso, por aqui abaixo da linha do Equador, no calor ensolarado e de paissagens deslumbrantes onde as pessoas andam com pouca roupa , vamos , por vezes aos trancos e barrancos, que não são de terremotos ou  de tsunamis, mas que nem por isso não deixam de causar tremores e estragos, organizando nossos jogos de 2014, que coerente com a nossa cultura, sofrerão alguns, ou muitos , atrasos, denúncias de superfaturamento, disputas na justiça, protestos da população, discussões e debates com autoridades e outras batalhas não menos importantes. Mas é assim , pois ainda é assim que nos expressamos, debatemos e no momento de ligar as luzes para o evento, entregamos a última obra concluída, que certamente necessitará de ainda alguns pequenos ajustes, mas que funcionará a contento e agradará a todos os presentes no evento, pois a beleza da cidade acaba por ofuscar certos detalhes organizacionais. Ao nosso estilo, pelo menos aqui na cidade maravilha, organizamos , todos os anos, uma festa de passagem de ano nas areias da praia de Copacabana, onde mais de 1 milhão de pessoas se reunem para saudar a chegada de mais um dia, que no caso é o primeiro dia de um novo ano. Sempre é um sucesso, de crítica e de público, mas claro, também sempre tem uns probleminhas com transporte, metrô, ônibus, uns asslatos aqui e alí, como em todo grande centro urbano de qualquer país desse planeta azul onde mais de um milhão de pessoas estão reunidas. Também organizamos, aqui na cidade maravilha, todos os anos, a maior festa popular a céu aberto do planeta azul, que é o carnaval , mais precisamente o desfile das escolas de samba. Uma aula de organização, logística, arte e cultura popular que as agremiações de samba, junto com o poder público, proporcionam ao carioca, ao brasileiro e a todo cidadão do mundo. O autor do artigo, certamente , não tem a mínima idéia do que representa colocar uma escola de samba pronta para um desfile da magnitude dos desfiles  que acontecem na passarela do samba Darcy Ribeiro. Para tal são necessários competência, discipina e organização, em todos os níveis, das escolas de samba, e do poder público. Na nossa cidade maravilha sangue bom e quente, já organizamos , também, os jogos panamericanos de 2007, que pelo menos durante o evento foi sucesso de crítica e público, apesar dos famosos probleminhas que surgiram depois dos jogos, como o Engenhão  com problemas e outras coisas mais. Mas isso aconteceu  bem depois dos jogos, que não deixaram ninguém dormindo na rua ou sem acomodação para os turistas, pois temos aqui a opção de credenciar residências que podem funcionar como hospedagens durante grandes eventos, ou até mesmo ancorar navios no pier da praça mauá, que servirão como hotéis. Tokyo não tem esses "problemas de hospedagem', mas muitos hotéis por lá, inseridos na lista de  quartos disponíveis,  dispõem de pequenos quartos, com pé direito de 1, 70 metro, e um espaço interno semelhante a uma caixa, com sanitário e cama. Cada um na sua cultura, não é caro leitor ? Ainda organizamos aqui na cidade, este ano, a Jornada Mundial da Juventude, que reuniu uma garotada de alto astral na cidade, deixando a cidade lotada , mas nem por isso mais ou menos saudavelmente caótica , como ela é.
Assim sendo , caro autor do LANCE, jamais seremos japoneses e os japoneses jamais serão brasileiros, mas como povos amigos temos muito a prender um com o outro.
Comparações como a do artigo, tangenciam, quando não revelam, o famoso complexo de vira-latas.

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