terça-feira, 24 de setembro de 2013

Saudações em Grená, Verde e Branco

Paulo Nobre pode até ser um Bruce Wayne, mas não dá para ser o Batman…

por Benjamin Back em 23.set.2013 às 11:00h

Com a vitória em cima do Sport, o Palmeiras atingiu os 55 pontos e, por mais que alguns insistam com aquele blá blá blá, o Verdão está sim de volta a Série A do Brasileirão! E não há motivo para festa, afinal, esse foi o segundo rebaixamento num período de 10 anos, uma prova de que nem sempre aquela teoria de que é bom chegar ao fundo do poço para se reerguer depois é válida, vide o próprio Palmeiras e o Vasco.

Mas a pergunta é: o que o torcedor palmeirense pode esperar em 2014, ano do seu centenário? Não me recordo de um presidente ter recebido um clube em condições tão precárias, como no caso do Paulo Nobre! Pior até que Andrés Sanchez com o Corinthians em 2007.

O assunto categoria de base no Palmeiras é algo semelhante como falar do saci Pererê, ou seja, ninguém acredita que exista. As fortunas gastas em contratações como Valdívia e Wesley ainda não foram pagas.

O clube também não conseguiu vender o patrocínio da camisa. As receitas da Adidas já foram praticamente todas adiantadas e pasmem, ao invés desse contrato ter sido feito até dezembro de 2013, já que 2014 é o ano do centenário do clube e teoricamente poderia ser arrecadado um valor bem superior, ninguém parece ter lembrado disso lá no Verdão. Por fim, o maior de todos os problemas, o péssimo contrato feito para a reforma do estádio Palestra Itália, onde nem os dirigentes sabem mais o que pertence ao Palmeiras ou não, inclusive, a briga entre a construtora e o clube promete esquentar ainda mais nos próximos meses!
Fonte: LANCE
 
O texto acima foi publicado, ontem, 22.09,13, no diário esportivo LANCE.
O autor é o mesmo que escreveu, recentemente, sobre as " maravilhas" de Tóquio, por ocasião da escolha da cidade como sede dos jogos olímpicos de 2020. O  artigo mereceu um comentário do PAPIRO ( Os Vira-latas) em 13.09.13
Na versão impressa de LANCE, de ontem, além do texto acima do autor, outros pequenos textos ilustravam a coluna. Em um dos textos, que de certa forma segue o mesmo  tema do texto acima, o autor se refere ao futebol do Rio de Janeiro como algo que parou no tempo e ainda afirma que as conquistas dos campeonatos brasileiro de Flamengo e Fluminense nos últimos quatro anos foram obras do acaso. 
Em se tratando de opinião de torcedor leifertizado tudo é aceitável, mas vindo de um jornalista  do maior diário esportivo do país é lamentável e preocupante.
Nos últimos quatro anos, incluindo o ano de 2009, o futebol do Rio de janeiro obteve quatro conquistas nacionais , isso em oito disputadas ( Flamengo brasileiro 2009, Fluminense brasileiro 2010 e 2012 e Vasco copa do Brasil 2011).  Isso representa 50% das conquistas nacionais possíveis no período considerando o brasileiro da série A e a copa do Brasil, em torneios com alto grau de dificuldade, como o campeonato brasileiro que pela forma de disputa por pontos corridos , com 20 equipes, em dois turnos, elimina qualquer possibilidade do acaso, e isso qualquer analfabeto em estatística e probabilidade aceita de bom grado. Já a copa do Brasil, pelo tipo de disputa, permite que o acaso se manifeste e até mesmo equipes de pouco investimento podem vencer a competição, como já ocorreu em várias edições do torneio ( Santo André, Paulista, Juventude, Criciúma, Sport Recife ).
A motivação para a declaração do autor, certamente é o mau momento que as equipes do Rio passam no campeonato brasileiro ( ou seriam as equipes de SP ? ), onde apenas o Botafogo ocupa as primeiras posições, ao lado de Cruzeiro, ( MG), Atletico Paranaense ( PR ) e Grêmio ( RS). O mesmo não se pode afirmar da Copa do Brasil, já que das oito equipes finalistas , três são do Rio de janeiro, duas do Rio Grande do Sul,  uma de São Paulo, uma do Paraná e outra de Goiás.
Já no cenário sulamericano e mundial, o futebol de São Paulo se destacou nos últimos quatro anos com duas libertadores conquistadas, duas recopas sulamericanas, uma copa sulamaericana e um mundial de clubes. Teve a companhia  do RS e MG nas conquistas do continente sulamericano. Esses são números, e ao que parece,  nesses últimos quatro anos ( já incluindo o Atlético -MG no quinto ano) ninguém chegou onde chegou por acaso, seja no cenário nacional, continental ou mundial.
Isso , porém, não elimina os graves problemas estruturais dos grandes clubes brasileiros que, com raras exceções, estão mergulhados em dívidas e mesmo alguns sem a devida estrutura profissional para treinamentos, recuperação de atletas e formação das categorias de base.
No tocante ao Rio de Janeiro, motivo da fúria do jornalista, as equipes principais estão empenhadas em solucionar ou reformatar suas dívidas, na construção de centros de treinamentos e gestão de novas arenas, tendo em vista o retorno do Maraca. Uns um pouco mais avançados em algum ponto , outros menos, mas ninguém parado na estrada.
Em se tratando de categoria de base, o Fluminense tem se revelado como um dos grandes clubes brasileiros formadores de talentos, tendo em vista a boa estrutura, que ainda não é a ideal, do Centro de treinamento Vale das Laranjeiras, no distrito de Xerém, município de Duque de Caxias, na baixada fluminense. Assim como a maioria dos clubes brasileiros que tem formação de jogadores, o Fluminense, hoje, é formador e vendedor de talentos, o que é lamentável, pois talento é cérebro e arte, e não deveria ser apenas produto de exportação.
Atualmente jogando nas séries A e B dos campeonatos brasileiros, o Fluminense tem , nos outros times, praticamente um time de atletas formados em Xerém. Vejamos:
Fernando Henrique ( Ceará),  Junior Cesar ( Atletico MG), Arouca ( Santos) Toró ( ?), Carlos Alberto ( Vasco ), Matheus Carvalho ( Joinville), Tartá ( ?) e outros mais.
No futebol internacional:
Wellington Nem ( Shaktar- Ucrânia), Allan ( Red Bull-Austria) , Maikon ( Locomotiv - Rússia ),Wallace ( Chelsea ), Rafael ( Manchester United), Marcelo ( Real Madrid )
Além desses , treinadores do futebol que foram formados no clube:
Carlos Alberto Torres, Abel Braga, Cristovão, Ricardo Gomes.
E ainda, comentartistas de tv :
Edinho e Roger
Também na política, ex jogadores que se formaram no clube: Deley
Tradicionalmente o Fluminense é um formador de talentos, para a vida. Infelizmente a estrutura do futebol brasileiro tem , nos talentos da base a salvação para fechar as contas do ano. Estamos ainda, isso em alguns clubes mais avançados, na fase de formadores e vendedores de talentos.
O Fluminense trabalha, através de sua diretoria, para que até o final desta década, o clube seja formador e mantenedor de talentos, isso em uma estrutura já equilibrada financeiramente e adequada a realidade do futebol brasileiro e mundial. Pensa , ainda, em futuro , ser um clube formador, mantenedor e comprador de talentos.
Como disse Nelson Rodrigues:
" O Fluminense não é um clube grande. Grandes são os outros. O Fluminense é enorme "
Depois dessa breve aula sobre a realidade, volto ao tema do jornalismo.
O futebol brasileiro tem muitos problemas conjunturais e estruturais  para resolver, e  espera-se que a imprensa esportiva contribua para isso e que não seja mais um problema no esporte, tendo em vista o péssimo conteúdo jornalístico  disponibilizado pela maioria  das emissoras de rádio, tv e jornais. O próprio diário LANCE, com frequência, apresenta excelentes matérias sobre a realidade dos clubes brasileiros , sobre a organização de competições e outros assuntos inerentes a realidade do futebol brasileiro em comparação com o futebol mundial. Também organiza fóruns de debates  sobre o assunto, procurando estimular a produção de idéias que visem sempre o melhor para o esporte. Infelizmente , ainda é pouco. Com a proximidade dos jogos olímpicos de 2016 seria interessante, se for viável para o diário, uma publicação, mesmo que semanal, ao estilo suplemento ou caderno B, com uma ampla cobertura de todos os esportes olímpicos.  É verdade que saindo o futebol, nossa alegre imprensa esportiva produz muito pouco ou quase nada sobre os esportes de uma maneira geral, o que é lamentável. Com exceção da obsessiva e estranha insistência da  fórmula-1 do Galvão Bueno e globo, o futebol reina nas telas de tv leifertizadas.
Quanto ao caro colunista do LANCE, problemas em SP, sejam de ordem econômica, de segurança pública, política, ou mesmo do futebol, devem ser tratados na esfera paulista, sem que o Rio de Janeiro seja acusado dos mesmos problemas, mesmo que os tenha.
Esse comportamento que ainda existe em grande parte da imprensa paulista, carrega consigo uma insegurança histórica, com raízes profundas, que vez por outra em muitas vezes, aflora das margens do Tietê para o Brasil, revelando toda sua fragância.
 
 

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