quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Mundo Irracional - 1

Naomi Klein: ‘O hiperconsumismo do capitalismo global está nos matando’

Sem apontar falsas esperanças, Klein valoriza o trabalho de muitos grupos ambientalistas, especialmente na Europa, os quais convocam os Estados Unidos a que não tratem de “ajeitar” seu sistema falido de emissões de carbono, “mas que de fato o abandone e comece a pensar em deter as emissões no país".


Além de ser uma autora e analista de renomado prestígio, Naomi Klein é, sobretudo, uma repórter. Em uma entrevista concedida a Alternet, a autora se referiu às investigações que realizou durante os últimos anos a respeito dos Big Green, as organizações ecologistas que formam parte do problema que desejam evitar e cujo relatório será dado a conhecer (em forma de filme e de livro) em 2014.

Para Klein, se tratou de uma “progressão natural” o passar de escrever sobre a capitalização do desastre em ‘The Shock Doctrine’ a escrever sobre a mudança climática: “Globalizamos completamente um insustentável modelo econômico de hiperconsumismo. Agora se dissemina exitosamente pelo mundo e está nos matando.”

Acontece que, segundo Klein, os grupos que deveriam servir como um contrapeso ao abuso corporativo e à cegueira governamental em assuntos sobre o meio ambiente estão reproduzindo as mesmas práticas elitistas dos grupos de poder. Além disso, não parece ser que, depois de uma década de vigiar muito de perto a mudança climática, tais grupos tenham conseguido fazer alguma diferença:

“Não só as emissões [de contaminantes] aumentaram, mas temos um montão de estafas para apontar… Acho que é uma questão importante o porquê os ‘grupos verdes’ decidiram desestimar a ciência em suas conclusões lógicas”, pois analistas como Kevin Anderson e Alice Bows “andaram dizendo, ao menos durante uma década, que chegar à redução de emissões que necessitamos no mundo desenvolvido não é compatível com o crescimento econômico.”

As verdadeiras causas da contaminação não se resolvem fazendo que as pessoas comprem somente coisas orgânicas ou “verdes”, mas atendendo ao modelo ao qual o capitalismo global nos marginalizou e a como podemos detê-lo. Parte da solução para Klein é que “se o movimento ambientalista decidiu lutar, deveriam deixar de lado seu status de elite”, coisa que não se permitiram. “Acho que isso é grande parte da razão pela qual as emissões estão como estão.”

Mas nem tudo está perdido. Sem apontar falsas esperanças, Klein valoriza o trabalho de muitos grupos ambientalistas, especialmente na Europa, os quais convocam os Estados Unidos a que não tratem de “ajeitar” seu sistema falido de emissões de carbono, “mas que de fato o abandone e comece a pensar em deter as emissões no país, em lugar de continuar com esta fraude. Penso que é o momento em que nos encontramos agora. Não temos mais tempo a perder com estas fraudes que são muito astutas, mas que não funcionam.” (20.09.13)
Fonte: CARTA MAIOR


De fato as grandes ong's que trabalham pela ecologia assim como os partidos verdes tradicionais estão inseridos no sistema que antes combatiam.
Verdes neoliberais que priorizam a ecologia cinza, a maquiagem de grandes centros urbanos , e grandes ong's com suas ações espetaculares de grande impacto midiático mas com poucos resultados práticos parece que já esgotaram seus repertórios.
A autora se refere a esses grupos como elitistas.
De fato os partidos verdes tradicionais e as grandes ong's, pelo menos por aqui ao sul do Equador, estão bem distantes do povo. 
Tendo em seus quadros  pessoas de classe média alta e média, um discurso elitista com ares de superioridade intelectual e de orientação neoliberal, essas agremiações representam os rebeldes que o sistema deseja e incentiva. 
É preciso ir além deles, tanto no cenário local quanto no global.
Na questão local, e individual, me parece que a opção por produtos verdes e orgânicos é bem interessante. 
Qualquer pessoa que tome a decisão por uma nutrição orgância, certamente desenvolveu pelo menos um tipo de consciência ecológica, no caso a ecologia individual, com impacto na construção da saúde e da qualidade de vida. 
Quem prioriza os orgânicos, os verdes e produtos não manufaturados,  procura alimentos isentos de substâncias químicas nocivas a saúde, comuns nos manufaturados, e isentos de agrotóxicos  que são usados de forma indiscriminada na agricultura. 
Ao tomar essa decisão, é inevitável que outras práticas venham a seguir, como a inclusão de atividade física , por exemplo. 
A simples opção pela saúde e pela qualidade de vida, gera um impacto nos custos da saúde pública. 
Para cada dólar investido em qualidade de vida,no contexto de práticas de atividade física, economiza-se quatro dólares na saúde pública. 
O hiperconsumismo , de fato, está matando as pessoas e a morte começa pela boca, com um número cada vez maior de pessoas no mundo sofrendo de obesidade e sobrepeso, fruto de uma dieta altamente calórica, de baixo valor nutricional, com produtos industrializados e repletos de substâncias químicas nocivas a ecologia humana. 
Já os produtos orgânicos, a maioria de produção local ou próxima do local de consumo, pelo menos aqui no Rio de Janeiro, crescem em aceitação com o surgimento de feiras livres nas ruas da cidade, Do campo para o consumidor. Tudo isso tem um impacto gigantesco na redução do consumo de agrotóxicos químicos, na redução da poluição atmosférica do transporte de cargas, nos custos com a saúde pública, na redução do descarte do lixo excessivo por conta das embalagens atratentes e com a valorização da agricultura familiar e orgância, apenas para citar algumas vantagens. 
Isso não significa que a opção pelos orgânicos seja vegetariana, ao contrário, muitos produtos de origem animal também trazem o conceito orgâncio  ao serem livres de antibióticos, hormônios e serem produzidos através de criações não intensivas de escala industrial.  
Um dos grandes impactos ( e são muitos os impactos) dos produtos industrializados ao meio ambiente se refere ao transporte. Com a introdução de técnicas de gestão industrial voltadas para a produtividade máxima, isso a partir do anos 70 e 80, a maioria das corporações trabalha com estoque mínimo, em acordo com a técnica de just in time. A técnica consiste em receber as matérias primas e produtos necessários para a produção, pouco tempo antes de utilizá-los, evitando assim os custos de armazenamento da matérias primas. Vale para o transporte intracidade, entre cidades e mesmo entre países.
Tudo isso requer uma logística apurada e uma relação de confiabilidade com os fornecedores, principalmente no tocante aos prazos de entrega. Por outro lado, gera um aumento excessivo no transporte ( terrestre, marítmos, ferroviário e aéreo) de cargas, contribuindo ainda mais para a poluição do ar. Um exemplo de just in time e de otimização dos custos de fabricação, foi apresentado no livro Capitalismo Natural e se refere a fabricação das latas ( embalagens) de coca-cola. Reproduzo-o a seguir:

Fabricação de lata de coca-cola inglesa.

A fabricação de uma lata de coca-cola inglesa resulta mais custosa e complicada que a da própria bebida. A bauxita ( minério de alumínio) é extraída na Austrália e transportada para um separador, que, em meia hora purifica uma tonelada de minério, reduzindo-o a meia tonelada de óxido de alumínio. Quando acumulada em quantidade suficiente, o estoque é embarcado em um gigantesco cargueiro que o leva à Suécia ou à Noruega, onde as usinas hidroelétricas fornecem energia barata. Depois de um mês de travessia de dois oceanos, ele passa outros dois meses na fundição. Alí, um processo de duas horas transforma cada meia tonelada de óxido de alumínio em lingotes de dez metros de comprimento. Estes são tratados durante quinze dias antes de embarcar para as laminadoras da Suécia ou da Alemanha. Lá, cada lingote é aquecido a quase 500°C e prensado até atingir a espessura de 0, 30 cm. As folhas resultantes são embaladas em rolos de 10 toneladas e transportadas a um armazem e, depois, a uma laminadora a frio do mesmo país ou de outro, onde voltam a ser prensados até ficar dez vezes mais finas e prontas para a fabricação. O alumínio é então, enviado à Inglaterra, onde se moldam as folhas em forma de latas que, a seguir, são lavadas, secadas, esmaltadas e pintadas com a informação específica do produto. Depois de laqueadas, rebordadas ( ainda não tem tampa), recebem uma camada protetora interna, que evita que o refrigerante as corroa, e passam pela inspeção.  Colocados em paletes, são erguidas pelas empilhadeiras . No momento do uso, são transportadas até a engarrafadora, onde as lavam e limpam uma vez mais e as enchem de água misturada com xarope aromatizado, fósforo, cafeína e gás de dióxido de carbono. O açúcar vem das plantações de beterraba da França depois de passar pelo transporte, a usina, a refinação e o embarque. O fósforo originário de Idaho, nos EUA, é extraído em minas profundas - processo esse que também desenterra o cádmio e o tório radioativo. As empresas de mineração consomem permanentemente a mesma quantidade de eletricidade que uma cidade de 100 mil habitantes a fim de dar qualidade alimentar ao fosfato. A cafeína  vai da indústria química para o fabricante do xarope na Inglaterra. As latas cheias depois de vedadas com uma tampa pop-top de alumínio em um ritmo de 1.500 por minuto, são embaladas em caixas de papelão com as mesmas cores e esquemas promocionais. Estas foram feitas com polpa de madeira oriunda de qualquer lugar, da Suécia à Sibéria e às antigas florestas virgens da Colúmbia Britânica, que são o habitat dos ursos pardos, dos cachorros- do-mato, das lontras e das águias. Uma vez mais empilhadas em paletes, as latas são transportadas ao armazém de distribuição regional, e pouco depois, ao supermercado, onde normalmente as compram em três dias. O consumidor adquire 350 ml de água com açúcar colorida com fosfato, impregnada de cafeína e aromatizada com caramelo. Beber a coca-cola é questão de alguns minutos; jogar a lata fora, de um segundo. Na Inglaterra, os consumidores jogam no lixo 84% das latas, o que significa que a taxa geral de alumínio que jogam fora ( desperdiçada), sem contar as perdas de produção é de 88%. Os EUA ainda obtêm do minério virgem três quintos do alumínio que consomem, gastando vinte vezes mais a energia do metal reciclado sendo a quantidade de alumínio  que jogam fora suficiente para renovar toda a frota de aviões comerciais do país de três em três meses.


E então ? 
Impressiona, não é ? 
A questão é se impressiona pela otimização dos custos, pela racionalidade ou pela irracionalidade. 
Estaria de fato otimizando os custos  sem contabilizar o estrago no capital natural ( água, solo, ar) ?
E tudo isso para fabricar uma embalagem que irá acondiconar um produto desnecessário a nutrição humana e nocivo à saúde, mas que se situa no mundo como um ícone de consumo.
Certamente aquele que optou por produtos orgâncios não consome refrigerantes prefere as frutas naturais ou o concentrado de fruta, mesmo que industrializado. Não alimenta o transporte marítimo de um gigantesco cargueiro por dois oceanos durante 30 dias.
Assim entendo que a opção individual por produtos verdes, orgânicos, e não manufaturados (ou mesmo que sejam são pouco manipulados e pouco processados ) é uma opção inteligente e revolucionária, e depende apenas de uma opção pessoal.
Considere que os amantes dos refrigerantes, tem o hábito mundial de associá-lo ao consumo de fast food , sanduíches de pouco valor nutricional e principais responsáveis pela epidemia de obesidade que assola o mundo. Quase sempre compostos com proteínas animais, carne, frango ou peixe, essa nutrição em massa contribui para a degradação ambiental com desastrosos impactos no capital natural. Veja o texto a seguir: 

Você já parou para pensar no impacto ambiental que um bife causa?

Certamente esse é um assunto muito esquecido pela maioria dos ecologistas e da população, talvez por ser escondido pelas grandes empresas produtoras de carne e pelo interesse econômico do governo.
Em 7 anos, dobrou a produção mundial de carne: são 2500 milhões de toneladas anuais. Na Amazônia, há 35 bilhões de cabeças de gado contra 22 milhões de habitantes, ou seja, muito mais gado do que pessoas. Temos hoje inúmeros dados que provam os grandes impactos, muitas vezes irreversíveis, que o consumo de carne implica. A pecuária foi o principal fator responsável pelo desmatamento da mata atlântica, da caatinga, do cerrado e agora da Amazônia. O desmatamento da Amazônia por queimadas gera 2 milhões de toneladas anuais de CO2, o que corresponde a 2/3 das emissões brasileiras de gases poluentes. Mesmo assim, no Brasil, vê-se aumento na exportação de carne. Isso ocorre por ser mais barato produzi-la aqui, justamente pelos danos ambientais não serem interiorizados no preço da carne exportada. Ou seja: com a pecuária, retiram-se muito mais recursos do país do que se recompõe (fonte: João M. Filho – Instituto Peabiru, Belém).

Para se ter uma idéia, a indústria de carne é uma das maiores responsáveis pela poluição da água, pois, apenas para se ater a um exemplo, um porco excreta de 7 a 8 vezes mais que um ser humano por dia. Uma criação de porcos média produz tantos excrementos quanto uma cidade com 12 mil habitantes. Esses excrementos vão parar em açudes ou em alguns esterqueiros muito mal planejados. Além disso, a pecuária é uma das maiores consumidoras de água. São necessários 35 litros de água por dia para sustentar um boi e de 90 litros por dia para sustentar uma vaca leiteira (dados da FAO – Food and Agriculture Organization). Para se produzir 1 kg de carne, precisa-se de 15 mil litros de água; no entanto, para se produzir 1 kg de cereal, precisa-se de 1,3 mil litros de água. É uma diferença gritante para um mundo que está sofrendo com vários problemas relacionados à falta de água. A produção de um único hambúrguer consome uma quantidade de água suficiente para 17 banhos de chuveiro. Além disso, a produção industrial de animais é responsável pela infiltração de medicamentos e hormônios nos lençóis freáticos (fonte: Natürlich Vegetarisch e EarthSave Magazine - Primavera 2000).

      
Na questão da terra, temos cerca de 80% das áreas cultiváveis usadas para a criação de animais. Em um hectare de terra podem ser plantados 22.500 kg de batatas, mas, na mesma área, só podem ser produzidos 185 kg de carne bovina (dados da FAO). Num país onde a maior parte da população é miserável e passa fome, a maior parte dos alimentos produzidos é destinada para sustentar o luxo da carne, sendo que a carne alimenta somente uma pequena parcela da população, essa que, certamente, se deixasse de comer carne, não iria passar fome, pois tem acesso a variedades de fontes alternativas. Além disso, com os cereais produzidos para a demanda da pecuária, poderíamos alimentar 1/3 da população mundial, que é a que passa fome. Estudos patrocinados por entidades ecológicas norte-americanas concluem que mais de 1 bilhão de pessoas poderiam alimentar-se com os grãos, sobretudo soja, destinados à alimentação do rebanho bovino norte-americano. E mais: a economia em grãos conseguida se os americanos reduzissem em apenas 10% o consumo de carne seria suficiente para alimentar o mesmo número de pessoas que, segundo os estudiosos, morre de fome no mundo a cada ano (fonte: Como Defender a Ecologia, ed Nova Cultura).

O peixe não escapa dessa. Só a indústria de atum enlatado é responsável pela morte de mais de 150 mil golfinhos por ano no Oceano Pacífico (algumas fontes alegam que são 250 mil). A compra, seja de uma lata de atum ou de qualquer outro peixe, está estimulando a matança indiscriminada de golfinhos – animais tidos como os mais inteligentes depois do homem. O problema ocorre porque os atuns e outros peixes se concentram freqüentemente sob cardumes de golfinhos, que acabam sendo apanhados pelas redes e arrastados para o fundo, onde morrem afogados. Lamentavelmente, às vezes morrem mais de cem golfinhos para que se possa pescar uma dúzia de atuns (fonte: Como Defender a Ecologia, ed Nova Cultura).
 

Podemos ver claramente, com esses dados, que o bife de cada dia tem um impacto ambiental assustador. As catástrofes da seca na Amazônia, o clima descontrolado no sul e do sudeste do país e a perda da biodiversidade são apenas alguns exemplos do que os grandes rebanhos causam no mundo. Você pode mudar isso. Seja vegetariano e divulgue a idéia.

Pode-se concluir que junto com a carne o Brasil exporta água, e gratuita.
A questão  do consumo dos orgânicos é fundamental, imprescindível e um grande passo para mudanças . Infelizmente nas grandes mídias privadas que dominam a audiência no mundo o assunto não é abordado com seriedade, isso quando é abordado, já que a pressão dos anunciantes não permite qualquer incentivo à saúde e à qualidade vida.
Hoje, 26.09.13, poucos dias antes da divulgação do 5°relatório do IPCC da ONU sobre alterações climáticas, já se sabe que o relatório reafirma que as alterações climáticas e o crescimento da temperatura mundial são fruto da ação humana na terra. Afirma , também, que até 2050 a calota de gelo do Ártico desaparecerá totalmente. 
Tal notícia gerou grande alegria no sistema, pois as rotas de navegação marítma poderão utilizar as águas do Ártico, reduzindo os custos de transporte.
Racional ou Irracional ?
Uma grande alegria tomou conta das corporações de petróleo já que poderão explorar a região do Ártico.
A autora se refere ao EUA que tenta ajeitar suas emissões de carbono.
Não acredito que os EUA estejam "ajeitando" alguma coisa no tocante as emissões de carbono. Aliás pouco se preocupam com isso.
A recente declaração do governo americano sobre as reservas de xisto do país, com possibilidade de explorar o gás do xisto com autonomia de 100 anos de gás , mostra que as emissões vão aumentar ,além, claro , dos efeitos devastadores no meio ambiente causados pela exploração do xisto.
Entramos na esfera da ação global e não será com atividades de impacto midiático que a realidade pode mudar.
No contexto global, de forma a reverter um sistema falido, são necessárias ações globais, diretas e que produzam dores, muitas dores, naquele local que governos e corporações acusam o golpe: o bolso.
Não se pode esperar nada da grande maioria dos governantes atuais nem dos organismos internacionais em se tratando de mudanças do sistema. É preciso reinventar a indústria, a nutrição, a agricultura, as  fontes de energia, os transportes,  e até mesmo as mídias, garantindo uma internete livre e democrática, como muito bem citou a Presidenta Dilma Roussef no brilhante discurso de abertura  da reunião da ONU, esta semana.
A autora cita ecologistas doutrinados, que repetem o discurso do sistema dizendo que chegar ao nível de redução das emissões de carbono afetaria o crescimento econômico.
Para eles deixo uma máxima de Einstein:
" não se pode resolver um problema inserido na mesma lógica em que ele foi criado"
É necessário , também, reaprender a aprender e a pensar. 
 









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