quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Erros do Passado e do Presente

Acerto de contas com a História

Por Alberto Dines em 11/09/2013 na edição 763
Editorial do Observatório da Imprensa na TV nº 700, exibido em 10/9/2013

Credibilidade não se compra pronta, é uma obra em construção, tecida com erros, acertos e, principalmente, com transparência.
A verdade também não existe, o que existe é a busca da verdade e esta busca constitui um exercício constante de humildade e paciência, restrito apenas àqueles que levam a sério suas responsabilidades e agem de acordo com suas consciências.
Penoso admitir enganos e aceitar culpas, a arrogância é sempre mais cômoda, muito menos arriscada. Por isso, quando um jornal como O Globo – carro-chefe de uma das mais poderosas organizações jornalísticas do país e do mundo – admite com todas as letras, sem dubiedades, que equivocou-se ao apoiar o golpe militar de 1964 e a ditadura que se seguiu, abdica da aura de infalibilidade. Ao mesmo tempo ganha o respeito, não apenas do seu público, ganha também a confiança dos pósteros.
Volta ao pluralismo
O Globo não apoiou sozinho o golpe militar, toda a grande imprensa, com a exceção da Última Hora, de Samuel Wainer, aderiu com entusiasmo ao movimento que derrubou o presidente Jango Goulart. O Correio da Manhã, já desaparecido, foi escolhido para dar o sinal do início do levante militar com os três editoriais na primeira página, porém um mês depois se arrependeu e passou a opor-se ao governo e ao regime de exceção. Foi um gesto de grandeza. Na ocasião insuficientemente valorizado porque toda a imprensa persistiu no erro.
A surpreendente atitude do Globo tem condições de iniciar um degelo em nossa vida jornalística; pode transformar-se numa primavera, desde que seja acompanhada pelos demais veículos.
Não se trata de exigir que os jornais sobreviventes repitam o mea-culpa do Globo com relação ao passado. Trata-se, sim, de cobrar uma revisão dos atuais procedimentos. Em 1964 a nossa imprensa abriu mão do pluralismo, entregou-se ao pensamento único. Agora, quase cinquenta anos depois, espera-se um retorno ao pluralismo e uma busca determinada e incansável da verdade.
______________________________________________________________________________

Pesquisa CNT: para além dos dados eleitorais, a opinião sobre as instituições

11/09/2013 | Publicado por dennisoliveira em Sem categoria

A última pesquisa da CNT traz alguns dados interessantes, além dos que foram amplamente divulgados pela mídia sobre as eleições presidenciais. Ative-me na leitura da íntegra do relatório sobre a opinião dos entrevistados sobre algumas instituições.
Em 2007, a Universidade Harvard fez um estudo parecido com a população dos EUA sobre as instituições daquele país. Havia um descontentamento grande com os rumos do governo Bush, os desdobramentos da invasão do Iraque e do Afeganistão e a crise econômica. Isto motivou uma crítica dura dos norte-americanos a praticamente todas as instituições-chave do sistema democrático, principalmente aquelas mais marcadamente de espírito liberal: o poder executivo, o legislativo, a imprensa. Em compensação, instituições de inspiração não liberal ou conservadora eram melhor avaliadas, como as Forças Armadas.
A imprensa foi uma das piores avaliadas, perdendo apenas para o Congresso. A maioria esmagadora dizia que ela manipulava a informação, que defendia determinados candidatos e não informava corretamente o público, além de estar articulada com grupos de poder.
A pesquisa feita pela CNT em setembro tem resultados semelhantes a alguns da norte-americana. Com um detalhe: enquanto a pesquisa de Harvard captou um sentimento de descontentamento crescente da opinião pública norte-americana com o governo, a da CNT ocorre em um momento diverso, a de uma recuperação da confiança da população brasileira nos rumos do atual governo. A pesquisa de Harvard indicava já a preferência dos norte-americanos por um candidato da oposição e uma avaliação bastante negativa do então presidente dos EUA. Por aqui, a pesquisa da CNT demonstra uma recuperação das intenções de voto na atual presidenta da República, uma estagnação dos candidatos de oposição e uma leve recuperação na confiança nos rumos da economia do país. A avaliação da imagem da atual presidenta também melhora e o seu partido continua tendo a preferência dos eleitores segundo esta mesma pesquisa.
Agora, há uma coincidência nas críticas a instituições. Exceto no caso do Judiciário, no qual os norte-americanos depositavam grande confiança (enquanto por aqui, apenas 28% dos brasileiros confiam sempre ou muito na Justiça); a pesquisa CNT captou que apenas 34,8% confia na mídia; 14,3% no Congresso Nacional; 27% no serviço público, 30,2% na polícia. Em compensação, 62,6% confia na igreja; 53,5% nas Forças Armadas. Apesar disto, a percepção de religião e política não se devem misturar é majoritária: 57,8% é contra a candidatura de líderes políticos e 66,2% afirmaram que não votariam em um candidato indicado pela igreja.
Algumas inferências: a crítica a instituições pode ser produto da desconfiança em pactos normatizados existente na cultura brasileira, conforme afirma Sérgio Buarque de Holanda. Assim, percebe-se que as críticas se dirigem mais a instituições que são fiscalizadas e monitoradas publicamente e/ou utilizadas pela população (governo, congresso, polícia, serviço público). As Forças Armadas são uma instituição pouco fiscalizada e as igrejas também (além delas serem produtos de opções religiosas voluntárias).
Sobra a mídia. Por que ela é mal avaliada, se ela própria pouco se avalia e, mais que isto, rejeita qualquer tipo de avaliação tachando-a de “limitação da liberdade de expressão”? Além disto, ela se apresenta como o “representante” do cidadão no monitoramento dos demais poderes públicos, em alguns momentos chegando até a patética posição de que as manifestações das ruas foram pautadas por reportagens de um certo jornal (clique aqui para ler).
O interessante é que estes dados sobre a avaliação da imprensa não foram divulgados pela mídia hegemônica, quase todos ficaram apenas e tão somente nos dados sobre as eleições e a avaliação do programa Mais Médicos do governo federal. O amadurecimento democrático da sociedade brasileira vai cada vez mais na direção contrária ao papel que a mídia hegemônica vem desempenhando na sociedade e isto vem sendo percebido pela sociedade – apenas os barões das empresas de comunicação querem tampar os olhos para isto.
Fonte: REVISTA FORUM

______________________________________________________________________________


Globo levou 49 anos para admitir que apoiou o golpe militar de 1964 e a ditadura que se seguiu. 
Esqueceu-se de dizer que com seu apoio ao regime militar, indiretamente ou diretamente, caso sejam comprovadas as acusações de ter financiado órgãos de tortura , apoiou a tortura contra opositores do regime onde centenas de pessoas foram brutalmente torturadas e mortas.
Apoiar um golpe militar e depois de um tempo admitir que foi um erro, pode-se entender e aceitar, pois erros e equívocos só existem no reino de pessoas e instituições vivas. Porém, apoiar, e quem sabe até mesmo financiar a tortura contra pessoas presas e indefesas, extrapola os limites de uma ideologia que poderia ter contribuído para a tomada de uma posição equivocada.
O apoio a tortura é inaceitável em qualquer situação, injustificável,e a adesão a tais pŕaticas, como fez globo, revela o caráter das pessoas e organizações  envolvidas.
Não existe desculpa ou arrependimento para quem comete tais crimes. Existe , apenas, a punição, que deve ser exemplar para que esse passado jamais volte.
Aliás, em se tratando de assumir erros e equívocos, cabe lembrar que o Vaticano  assumiu seus erros em relação a Galileu, trezentos anos depois da insana perseguição ao cientista. E assim o fez porque nas fronteiras da ciência outros caminhos e descobertas traziam inquietações às crenças e dogmas da  Igreja, motivo pelo qual reconhecer a ciência de Galileu naquele momento , início dos anos da década de 1990, era algo útil para o Vaticano.
Globo esperou  quase meio século para admitir um erro e assim como a Igreja o fez não como arrependimento, mas sim proque o momento atual não lhe è favorável.  Aliás, Igreja e Globo tem muito em comum.
Não vejo na atitude de globo nenhum resquício de retorno a um pluralismo ou de uma primavera, e sim um oportunismo barato e cínico, em função da conjuntura atual  dos meios de comunicação e também da péssima imagem que globo tem hoje na sociedade.
Mesmo depois do apoio ao golpe de 1964, globo continua, até os dias atuais, tentanto manipular resultados de eleições, omitindo informações , manipulando fatos, perseguindo partidos e políticos que se opoẽm a sua ideologia e até mesmo ensaiando golpes de estado.
A popularidade da Presidenta Dilma está na casa dos 60% de aprovação, a economia não vai mal e globo insiste em dizer, como fez hoje através de seus colunistas adestrados, que as manifestações de  7 de setembro fracassaram porque  a população tem medo dos grupos violentos que protestam nas ruas.
Arrogância e mentira.
Grupos violentos envergonham o país agredindo verbalmente médicos cubanos, grupos de branco que deveriam cuidar da saúde do povo. 
Cabe lembrar que globo incentivou o protesto violento contra os médicos cubanos, como sempre não de forma direta , clara e transparente, mas indiretamente apoiando e repercutindo a exaustão os delírios de médicos ligados a associações e conselhos regionais  e mesmo do conselho federal de medicina. 
De acordo com pesquisas recentes, 73,9 % da população apoia a vinda de médicos cubanos e o programa 'mais médicos.
Em um exercício de avaliação por ordem de grandeza das posições  de globo e do conjunto da sociedade, em diferentes temas de interesse nacional, globo está sempre na casa de 20 a 25 %  , percentual  onde historicamente se situa o conservadorismo mais retrógrado e violento. 
Isso não seria nada de relevante se globo não fosse um veículo de comunicação com obrigações e deveres bem definidos no tocante ao fornecimento e esclarecimento de fatos de interesse da sociedade. 
Mesmo estando localizado em um percentual que representa apenas 1/5 da sociedade, globo se apresenta , e apresenta seus conteúdos através de seu filtro ideológico, ignorando o pluralismo,  a verdade e , de forma ridícula, tentanto alterar a realidade através de retóricas.
Os erros, se é que se pode chamar de erros, prefiro orientação política e social, persistem, em perfeita harmonia com o passado, através de crenças, valores e mitos que são bem definidos nas organizações globo,  e assim sendo, por ser empresa privada, refletem as mesmas crenças, valores, ideologia e mitos de seus proprietários.

Nenhum comentário:

Postar um comentário