quinta-feira, 29 de agosto de 2013

As Farsas Sinceras do Sistema

No mundo das farsas sinceras, onde um pensamento fascista predomina mas é ocultado como em mágica, mas uma armação está em curso e, sempre, com o apoio irrestrito da velha imprensa.
A Síria pode ser invadida a  qualquer momento sob a alegação de ter usado armas químicas contra os opositores do governo.
Já vimos esse filme.
Armas de destruição em massa voltam a ocupar em massa  as manchetes de uma imprensa com a credibilidade em massa, marrom.
Não pode se descartar a hipótese de o governo sírio ter de fato usado armas químicas contra a população daquele país, porém , antes de qualquer espetáculo bélico pirotécnico midiático, se faz necessária a atuação de órgãos de inspeção independente que possam verificar e atestar, ou não, a denúncia.
Independente do suposto crime cometido pelo governo sírio, cabe lembrar que Israel utiliza com frequência em suas incursões terroristas no oriente médio, armamento bélico com fósforo branco, que atinge grandes áreas após a explosão e causa danos  graves nas pessoas, como queimaduras que podem levar a  morte. A maioria das vítimas são cidadãos das áreas atingidas, não envolvidos diretamente em combates, isso no caso quando existem combates , pois muitos ataques são feitos de forma unilateral.
Ainda não foi dito em nenhum veículo da grande imprensa mundial que o fósforo é uma substância química, usada em conjunto com artefato bélico. 
Ainda em terras ricas de um subsolo repleto de substâncias químicas, recentemente os EUA, por ocasião da invasão do Iraque, lançou naquele país bombas com urânio empobrecido, o que além de causar contaminação do solo produz uma série de doenças na população exposta aos compostos radioativos de urânio, que , mesmo que a falsa sinceridade ignorante da imprensa admita desconhecer, também são substâncias químicas e radioativas.  Poderia voltar no tempo, um pouco, e lembrar das bombas de napalm que os EUA jogaram sobre o Vietnam e mataram um grande número de civis. Ou ainda na primeira guerra mundial, quando o gás cloro, era usado como arma naquela guerra.
Cloro, fósforo, urânio  e as substâncias químicas presentes no napalm e que ao explodirem retiram o oxigênio do ar matando as pessoas por asfixia, são todas substâncias químicas, que mesmo proibidas  a partir da convenção de 1980, continuam sendo utilizadas, principalmente pelos estados terroristas dos EUA e Israel contra alvos civis. A legislação internacional permite o uso de algumas armas químicas contra alvos militares, daí, a abertura para as farsas sinceras que norteiam o mundo atual. 
Em guerras declaradas, segundo a convenção internacional vigente sobre conflitos, um alvo abatido, um fragata por exemplo, deve receber a ajuda do adversário que o abateu, com o envio de botes e outras iniciativas para resgatar os prisioneiros.
Bonito, não é caro leitor ? 
Isso é verdade e faz parte das convenções de guerras , porém o que se vê com mais frequência é a barbárie em uma escalada sem precedentes , a ponto de um grupo de militares das forças armadas dos EUA fuzilar , sem qualquer tipo de resistência por parte das vítimas, pessoas civis, incluindo um jornalista, como demonstrou o vídeo entregue pelo soldado Bradley Manning ao Wikileaks sobre as guerras no Afeganistão e Iraque. Isso é crime de guerra, assim como o suposto uso de armas químicas pelo governo sírio.  E o que dizer do tratamento dado aos prisioneiros de guerra no Iraque na prisão de Abu Grhai e mesmo em Guantánamo. Ahhhh! desculpe caro, leitor. Em Guantánamo os prisioneiros de lá são terroristas e não prisioneiros de guerra, logo as convenções de guerra não se aplicam  .Opa !!!! Os governos dos EUA não vem declarando há décadas que estão em guerra contra o terrorismo ? A guerra é contra o terrorismo, os prisioneiros acontecem nessa guerra mas segundo os EUA não são prisioneiros de guerra, mas sim prisioneiros da guerra ao terror. Sensacional !!! Nem nossa velha imprensa consegue malabarismo tão fantástico. As farsas são de uma sinceridade mágica. Para fugir de uma declaração de guerra formal, as forças envolvidas, principalmente a agressora diz estar ainda apenas na fase de hostilidades, onde em um teatro de operações acontecem as  batalhas, não configurando uma guerra.
O uso de drones para atingir alvos seletivos , que por tabela matam centenas de civis, não se configuram em guerra ou hostilidades e sim em atos terroristas  que não são considerados desta forma já que são justificados para atacar supostos terroristas na "guerra contra o terror". Em nome de uma guerra contra o terrorismo, como afirmam os presidentes dos EUA, a guerra legalmente não pode ser declarada, o inimigo, no caso os terroristas não configuram uma nação ou país específico, e também não tem exércitos. O teatro de operações militares é indefinido e a barbárie predomina, aos olhos, tintas e decibéis de uma imprensa corrupta e conivente com as farsas sinceras.
Agora, o alvo da vez é a Síria, que teria lançado armas químicas contra civis. Os países "aliados" na operação contra o demônio sírio, estão dispostos, em nome da civilização a passar por cima da própria ONU , caso a organização não encontre provas concretas de uso e armas químicas . 
Tudo se justifica pela civilização, não é caro leitor ?

Saindo do oriente médio, mas continuando nas farsas sinceras, desembarcamos no Brasil, em meio aos protestos de rua que continuam , pelo menos, fazendo barulho e produzindo muitas reflexões no meio acadêmico e até mesmo, pasme caro leitor, na velha imprensa. Após as grandes manifestações de junho próximo passado, uma parcela de grupos de manifestantes continua ativa nas ruas e, pelas reivindicações da maioria desses grupos se observa a cobrança para o atendimento daquilo que a maioria externou em junho. A grande polêmica orbita em torno de grupos mascarados que optaram pela ação direta, em confronto com a polícia e também uma série de ataques contra os alvos da propriedade privada, que segundo os manifestantes, são responsáveis diretos pela opressão e violência contra grande parte da sociedade. Nesses alvos encontram-se agências bancárias, concessionárias de automóveis, empresas de transporte coletivo e empresas de comunicação e imprensa, dentre outros. Observando os principais alvos dos manifestantes e  a pauta que emergiu das manifestações de junho, pode-se visualizar a necessidade de um transporte público de qualidade e gratuito, democratização dos meios de comunicação, e restrições a voracidade do capital com saúde e educação públicas de qualidade e gratuitas. Entretanto caro leitor, como os principais grupos de protesto que usam a tática de ação direta tem uma opção, mesmo que apenas nas reivindicações, de esquerda, tem sido acusados de fascistas e vândalos, não só pela direita e pela imprensa, mas também por segmentos da academia e da esquerda. Um ponto nevrálgico do debate se prende aos ataques ao patrimônio privado, que na visão daqueles  contrários a ação dos manifestantes, significa um sacrossanto direito que não pode ser violado. De fato, a propriedade privada deve ser garantida quanto ao seu direito, assim como o direito aos serviços essenciais de qualidade e aos bens públicos , também deve ser garantido. Um conflito natural do Direito.
Tudo isso me trouxe a lembrança de uma caso que ocorreu  no final do século passado, ou ainda no início deste século (deixo a precisão da data para os cartesianos de plantão ) em uma cidade da Bolívia, país hoje tão presente no noticiário. Os habitantes da cidade, não tenho certeza se Cochabamba, tinham garantido durante séculos o direito de acesso e uso gratuito da água, que usavam para consumo próprio e para irrigação de lavouras, que significava o sustento da maioria das famílias. O governo da Bolívia na época, eleito de forma democrática e transparente como acontece na  maioria dos países democráticos, autorizou a privatização da gestão e comercialização dos recursos hídricos daquela cidade, fato que inviabilizou economicamente a vida da maioria dos agricultores do lugar. Protestos surgiram contra a decisão do governo, que não recuou. Os manifestantes, então, optaram pela ação direta expulsando a empresa privada que recebeu a concessão para explorar os serviços  e devolvendo um bem essencial e de uso público para a população. O direito a propriedade e o direito aos bens e serviços públicos essenciais entram em schoque, na medida em que um se sobrepôs ao outro, em um caso onde a sobreposição não poderia existir. Os poderes constituídos, executivo, legislativo e judiciário, deram respaldo a ação do governo federal na privatização dos recursos hídricos, tudo de forma legal, democrática, porém com a mão forte e inimiga do capital conduzindo nas sombras as decisões do país.  No combate venceu o mais forte, o povo unido que garantiu seu sacrossanto direito a vida e expulsou a farsa sincera da civilidade. Onde está o fascismo, caro leitor ? Na ação direta do povo para preservar a vida ou na voracidade violenta do capital amparado pelo Sistema ?
Além desse caso na Bolívia poderia citar outros tantos que se caracterizam como formas de violência extrema contra populações, como o monopólio de sementes por parte de grandes corporações que inviabilizam a vida de milhares de pessoas do campo, e isso em relação a um bem natural de propriedade da humanidade.
Tanto no caso boliviano como na luta contra as transnacionais de alimentos e outras corporações, certamente não será oferecendo flores que o povo poderá sair vitorioso.
O exemplo boliviano  certamente guarda relação com os acontecimentos que acontecem nas ruas das grandes cidades brasileiras. As grandes manifestações de junho assustaram os poderes , não apenas na quantidade de pessoas nas passeatas mas também pelas reivindicações dos manifestantes, todas ligadas aos poderes. Transporte público gratuito e de qualidade, educação e saúde gratuitas públicas e de qualidade, democratização dos meios de comunicação, participação direta da população nas decisões em todas as esferas de governo, democracia participativa com total transparência na aplicação dos recursos públicos, combate transparente e ostensivo contra corruptos e corruptores. Estes podem ser definidos como os temas principais exigidos pelos manifestantes. O caro leitor sabe ,se as manifestações de junho fossem pequenas em números de pessoas, os poderes não dariam  ouvidos aos manifestantes. Mesmo se os manifestantes insistissem, por dias, até semanas, nas manifestações, os poderes não dariam ouvidos às ruas. Mesmo as pessoas residentes nas cidades não iriam se incomodar tanto com os transtornos naturais dos protestos e, no final, nada mudaria e os protestos seriam algo como um grande desfile, enaltecido  pela velha imprensa que não  comunga das necessidades de mudança pedidas pelo povo como um ato democrático e pacífico que enaltece a democracia do país. Entretanto isso não acontece com os protestos de ação direta. A população não tolera, por muito tempo, o combate urbano, diário, entre grupos de manifestantes e a polícia, exigindo uma solução. No momento, os grupos de protesto, em sua maioria, defendem que os poderes implementem as reivindicações de  junho último, motivo pelo qual corretamente estão nas ruas. O governo federal viu, ouviu e entendeu as reivindicações da população de junho e apresentou propostas concretas para atender os pedidos da população. De imediato apresentou uma proposta de uma constituinte para elaborar uma reforma política que caminhasse no sentido das necessidades da população quanto ao combate ostensivo a corrupção e por uma democracia direta e participativa. O caro leitor lembra, que a proposta do governo foi atacada pelos setores reacionários da sociedade que não desejam as mudanças, incluindo aí toda a velha imprensa e os partidos de oposição e até mesmo partidos da base do governo. Apresentou também, em forma de urgência para as áreas carentes do país o programa Mais Médicos, que visa suprir com médicos cubanos a ausência de médicos brasileiros em várias cidades do país. O caro leitor tem acompanhado como os setores reacionários e ultrapassados da sociedade, como a velha imprensa e a oposição ( ambos perderam o bonde da história), tem bombardeado as ações do governo. Vale lembrar que são ações que vão de encontro ao que o povo manifestou nas ruas em junho. E agora, nestes dias desta semana, miraram suas baterias de intelectuais farsas sinceras, em análises distorcidas da realidade, sobre os grupos de manifestantes , principalmente o black bloc, e sua tática de ação direta que visa consolidar aquilo que o povo pediu em junho.
O sistema político e econômico mundial, onde o Brasil está inserido em maior ou menor grau em relação a outros países, talvez seja um dos mais fascistas, autoritários e violentos de toda a história tendo em vista que o verdadeiro poder opera nas sombras , nos subterrâneos, deixando a superfície com uma aparência , higienizada, civilizada e democrática. Um grande número de pessoas, uma multidão em todo o mundo, vem tomando consciência do verdadeiro poder e agindo de forma a alterar as estruturas. Cabe ainda lembrar que os conceitos de anarquismo e socialismo com a  atual expressão violenta, autoritária, predatória e criminosa do capitalismo devem ser entendidos em um contexto da atualidade, caso contrário ficam restritos a teses acadêmicas.. 

 

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