quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Médicos & Monstros

Pobre estudar medicina é afronta para a elite”, diz médico formado em Cuba

Formados em Cuba, médicos falam da elitização dos cursos e criticam os métodos de avaliação brasileiros dos profissionais formados do exterior
31/07/2013
José Coutinho Junior
da Página do MST
A elitização do ensino de medicina no Brasil é um obstáculo para jovens de baixa renda entrarem nas universidade e se formarem. Já os problemas nas provas de revalidação do diploma dificultam o exercício da profissão em território nacional pelos brasileiros que conseguiram se formar no exterior.
“Quem estuda medicina no nosso país são os filhos das elites, em sua maioria. É uma afronta para a elite um negro, um pobre, um trabalhador rual, filho de Sem Terra estudar medicina na faculdade, principalmente pelo status conferidos por essa profissão”, afirma Augusto César, médico brasileiro formado em Cuba e militante do MST.
Estudo do Ministério da Educação (MEC) aponta que 88% dos matriculados em universidades públicas de medicina estudaram em escolas particulares no ensino fundamental e médio. Os programas do governo de acesso à universidade, como o Programa Universidade para Todos (ProUni), ampliaram o acesso, mas ainda não conseguiram universalizar e democratizar a educação.
“A maioria das pessoas quem entra na universidade pública para fazer medicina tem dinheiro para fazer um bom cursinho ou estudou o tempo todo numa escola particular. Claro que há exceções, mas o ensino de medicina do nosso país é altamente elitizado”, acredita.
“A maioria das pessoas que tem acesso às escolas de medicina são de classe média e classe média-alta. Um pobre numa universidade particular não consegue se sustentar pelo alto preço das mensalidades. Sem contar que hoje temos mais universidades privadas do que públicas na área da saúde, dificultando ainda mais o acesso”, diz a médica formada em Cuba Andreia Campigotto, que também é militante do MST.
Revalidação
A necessidade dos médicos brasileiros formados no exterior e estrangeiros passarem por uma prova para verificar se estão capacitados a exercer a profissão é um tema frequentemente pautado pela comunidade médica brasileira.
Independentemente do curso, todos os estudantes brasileiros que realizam um curso fora do país precisam passar por uma revalidação do diploma. No entanto, há falhas nesse processo no caso da medicina.
Um dos principais problemas é que não existe um padrão para o conteúdo dessas provas. Cada universidade federal pode abrir sua prova de reconhecimento de títulos no exterior. Com isso, o conteúdo não é uniforme.
Além disso, o custo dessas avaliações é alto. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) cobra uma  taxa de inscrição de R$1.172,20. Outras universidades pelo país têm preços similares.
Preconceito
“As provas são injustas, porque têm um nível de médicos especialistas, preterindo os 'generalistas', que é o nosso caso após nos graduar. Isso causa uma desaprovação considerável dos estudantes que vem de fora”, acredita Andréia.
“O que a categoria médica não divulga é que 50% dos estudantes da USP reprovaram na prova feita pelo Conselho de Medicina de São Paulo. Foi uma prova para médico generalista, muito mais fácil, que a de revalidação”, revela.
Para Andréia, há um “grande preconceito” por parte dos profissionais brasileiros em relação aos médicos formados em outros países, o que cria um entrave para a revalidação dos diplomas.
“Seria justo se os profissionais que se formam no Brasil fizessem as mesmas provas que nós, para ver se realmente se comprova uma suposta má formação de nossa parte, bem como discursa a categoria médica brasileira”, observa.
Os dois médicos defendem a realização de uma avaliação dos conhecimentos dos profissionais graduados no exterior, mas destacam que as provas atuais não cumprem esse papel, porque não são aplicados testes adequados para auferir o conhecimento.
“As provas teóricas e práticas atuais não levam em conta as complexidades. Seria muito melhor colocar esse médico para trabalhar sob um tutor e, a partir daí, se instaurar uma avaliação rigorosa e permanente. Mas isso não tem sido pensado”, pontua Augusto.
Formação
A concepção de medicina ensinada nas universidades impede também que os estudantes vejam a luta pela saúde além do tratamento de doenças.
“Nas universidades de medicina, só se vê doença. Não se fala em saúde. Como você pode lutar pela saúde se só vê doenças? Também é saúde lutar por um sistema público de saúde de qualidade”, destaca Augusto.
De acordo com o militante, a concepção de saúde deve ultrapassar uma formação técnica. “O médico deve exercer a medicina a favor da construção de um país mais saudável, sem esperar que as pessoas ou uma comunidade adoeça para depois intervir sobre ela, pois é o modo de vida que vivemos que gera as doenças do país”, defende.
Andreia quer se tornar professora de medicina para colaborar para a mudança da forma de ensinar das universidades. Ela se classificou na primeira fase do concurso para lecionar na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
Segundo ela, o campo da educação deve ser ocupado por aqueles que querem democratizar a educação. “Precisamos formar profissionais com um novo perfil, realmente voltados para atender o povo, para se fixar nos locais de difícil acesso, não só nos grandes centros como hoje. É um campo interessante de atuação”.

A medicina no Brasil se ocupa de drogas medicamentosas e intervenções cirúrgicas.
Os médicos brasileiros se ocupam de doenças dos pacientes.
Os laboratórios farmacêuticos lucram muito com a prescrição de drogas.
Os médicos ganham comissões  dos Laboratórios pela prescrição de determinados medicamentos.
Os planos de saúde privados são na realidade planos para cuidar de doenças de pessoas.
Os médicos avaliam doenças ao invés de pessoas.
As máfias de branco matam pacientes  em conjunto com funerárias e  com as quadrilhas de comércio de órgãos humanos .
A especialização precariza a formação médica , mas no modelo atual contribuiu para mais lucros entre todos os envolvidos.
Doenças simples em que o próprio organismo combate com eficácia tem sido reclassificadas como algo grave que necessite de medicamentos ou intervenções cirúrgicas.
As clínicas e hospitais particulares, visando maiores lucros,  não valorizam o trabalho do engenheiro biomédico na manutenção dos equipamentos hospitalares, o que coloca em risco a qualidade de diagnósticos e exames.
A transdiciplinaridade das formas de saber, importantísssimo para um médico, é ignorada na maioria dos cursos.
A excessiva especialização é um retrocesso para o conhecimento.
A maioria dos médicos vê na profissão um caminho de enriquecimento e  acumulação.
A medicina social é rejeitada pela maioria dos estudantes e médicos por conta da visão elitizada e mercadológica da medicina.
Os profissionais de medicina que trabalham em órgãos governamentais o fazem , apenas, como um investimento para aposentadoria, se utilizando de vantagens de cursos de especialização , pós graduação e doutorado, financiados ou facilitados por órgãos governamentais que irão proporcionar substancial aumento nos valores de aposentadoria.
O atendimento que os profissionais de medicina proporcionam às pessoas, em órgãos públicos, é sofrível, desumano e até mesmo violento.
O descaso e a negligência com os pacientes são uma regra.
Os erros médicos, em diagnósticos e em intervenções cirúrgicas, crescem de forma assustadora.
Uma medicina socializada, no Brasil, sofre e sofrerá enorme e violenta resistência por parte de médicos, empresas de plano de saúde, laboratórios farmacêuticos e claro, a velha imprensa.
A medicina é tratada quase que diariamente na velha imprensa, com o enfoque de novas e perigosas doenças, doenças de uma maneira geral, novas drogas lançadas por laboratórios farmacêuticos, riscos e mais riscos de se contrair doenças, novos e assustadores microorganismos letais e uma série de outras "informações" que em nada contribuem para a formação da saúde das pessoas. Chega-se ao ridículo de sugerir às pessoas que deem a descarga do vaso sanitário com a tampa do vaso fechado, pois inúmeros microorganismos podem voar pelos ares causando doenças gravísssimas. Alertam, também, para o perigo de contrair doenças em transportes coletivos com o uso das mãos em apoios onde todos se apoiam. Um noticiário de higienização, medo e desinformação que gera o oposto da saúde e que visa afastar as pessoas uma das outras.
Não é por acaso que jornais, emissoras de rádio e de tv, tem dado amplo destaque favorável as manifestações que os médicos tem feito pelas ruas de cidades brasileiras, mesmo que a população não os apoie totalmente.
Assim sendo não é de se estranhar que o eterno candidato Serra, que já foi ministro da saúde e disse que o contágio da gripe suína se dá pelos espirros dos porquinhos ( que pérola !!) apoie a manifestação dos médicos que não gostam de gente.
O governo Dilma  deu um grande passo a frente ao propor a contratação de médicos estrangeiros para atuar em áreas carentes do Brasil assim como o lançamento do programa mais médicos e mais ainda com a exigência de residência médica no SUS , na complementação dos cursos de medicina.
Enquanto médicos estão na contramão da vida, o Rio de Janeio, e agora ao que parece todo o Brasil, se perguntam onde está o pedreiro Amarildo, detido para averiguação pela polícia militar do Rio de Janeiro e desparescido desde então, ou seja 14 de julho.
Assim como a classe médica, a polícia militar tem várias conexões com práticas criminosoas, e pelo repertório de hipóteses possíveis do que teria acontecido com Amarildo, não seria inverossímel se o  seu coração ( o de Amarildo, não o seu, caro leitor ), agora, estiver batendo em outro corpo.

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