segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Civilização x Barbárie

ELES REPETEM BUSH EM NOVA ORLEANS

Há oito anos, no dia 26 de agosto de 2005, o furacão Katrina chegou aos EUA. No dia 29 atingiria Nova Orleans. Desencadearia uma espiral de devastação que associou desabamentos, inundações, afogamento, fome, sede e saques. Pretos, pobres, velhos e crianças foram as principais vítimas do desastre que custou 1.800 vidas. O governo Bush demorou quatro dias para reagir. Uma semana após o ciclone, áreas continuavam isoladas; populações desassistidas. A popularidade do republicano  vergou sob o peso dos mortos. Não era uma guerra, não cabiam desculpas patrióticas. Novas Orleans deixou patente a inadequação social de um governo que se evocava um anexo dos mercados. Em meio ao desespero, Fidel Castro  ofereceu ajuda.  Cuba se propôs  a colocar 1.600 médicos experimentados em catástrofes para atuar em Nova Orleans. ‘Em 48 horas', prontificou-se o governo cubano. Bush ignorou. Fidel insistiu. Cuba providenciaria  todo o equipamento necessário e 36 toneladas de medicamentos. Silêncio. Há um ciclone de abandono e isolamento médico cujo vórtice atinge cerca de 3500 municípios brasileiros. A  exemplo de Bush, o conservadorismo local prefere ver a pobreza morrer doente a ter um médico cubano prestando assistência emergencial nas áreas mais  carentes do país. Se dependesse dos gásparis, elianes, tucanos e assemelhados o Katrina da carência médica continuaria a devastar o Brasil miserável, enquanto eles pontificam elevadas razões humanistas para recusar a ajuda emergencial de Cuba.

Fonte: CARTA MAIOR 

Com a chegada dos primeiros médicos de Cuba, inevitávelmente o debate irá aprofundar as diferenças, revelando aspectos de civilidade  e a total ausência de civilidade.
A velha imprensa brasileira e a oposição, aliados dos laboratórios farmacêuticos, sentem arrepios na possibilidade de se discutir um modelo de medicina preventiva, voltado para 
a saúde das pessoas. Não é o caso em questão, já que os médicos cubanos, como mesmo afirmaram na chegada, aqui estão em ajuda humanitária. Nas primeiras declarações, em função das perguntas de ansiosos e mandados jornalistas, os cubanos falaram em solidariedade, amor ao próximo e ainda disseram estar satisfeitos com o emprego e salário que recebem em Cuba, isso em alusão a perguntas sobre o fato de que os 10 mil reais de salário que receberão no Brasil serão reduzidos , ficando parte com o governo cubano. Ainda segundo os médicos, a parte do salário que vai para o governo cubano é justa, pois irá ajudar Cuba na manutenção dos hospitais, aquisição de equipamentos e medicamentos. Foi o início do choque de realidades. De um lado, repórteres mandados focados em questões financeiras, do outro lado médicos cubanos focados na saúde das pessoas. Perguntas e respostas revelaram mundos diferentes, visões diferentes sobre uma realidade sensível, onde a vida e morte estão lado a lado, e que no caso brasileiro , segundo a velha imprensa e a oposição, deve ser resolvida e equacionada somente segundo uma lógica financeira. Já na visão dos médicos cubanos, a prioridade está nas pessoas, em uma total  interdependência de dignidades entre o médico e o  paciente.
No primeiro round os repórteres foram a nocaute, pois não estavam preparados para as respostas que receberam. Suas redações não permitem abordagens humanizadas para assuntos de medicina, prática médica e principalmente saúde das pessoas. Acostumados diariamente a abordar as questões de saúde  em um foco que prioriza a doença, os medicamentos, os equipamentos hospitalares e as  intervençoes cirúrgicas, o jornalismo da velha imprensa não teve alternativas intelectuais nem lastro conceitual ,para aprofundar um debate onde uma nova ideologia, que não é tão nova assim, se fez presente de fato  e não somente em discussões ideológicas. O caro e atento leitor percebeu que para os mandados jornalistas brasileiros a medicina, a saúde e a vida  das pessoas são mercadorias, e como tais , inseridas em uma lógica que proporcione lucro e acumulação pára os profissioanis da saúde, que no caso são de fato profissionais da doença. Já para os médicos cubanos, que vivem de salário em Cuba, a remuneração adicional aos seus salários será últil para a manutenção do sistema cubano de saúde, como um todo, onde toda a população da ilha irá se beneficiar. Mais uma vez o choque de realidades. Enquanto mandados jornalistas perguntavam  como se sentiam os cubanos ao terem seus salários reduzidos, em uma clara alusão a uma cultura do  individualismo, os médicos cubanos se colocaram , através de suas respostas, em um perfeito alinhamento com a coletividade, já que mesmo tendo os salários reduzidos ganhariam mais e ainda contribuiriam para o sistema como um todo. Mais um nocaute, na velha imprensa.
O choque de realidades, entretanto, está apenas começando.
Temo por ações de boicotes violentos, armações e armadilhas que possam ser preparadas para os médicos cubanos durante o exercício de suas atividades no Brasil. Independente da necessidade de mais médicos no país, estão também em jogo a eleição de 2014 e  a afinidade ideológica dos governos do PT com Cuba, o que já desembocou em vários programas e projetos de parceria entre os dois países. A oposição e seu braço armado, a velha imprensa, não medirão esforços para desestabilizar o trabalho dos médicos, criando  sempre que possível e mesmo que nada se justifique, factóides e acusações de toda sorte sobre o programa mais médicos e principalmente sobre o trabalho dos médicos no Brasil. Todo o cuidado deve ser tomado para evitar o terrorismo farmacêutico, que será colocado em pratica pelos laboratórios farmacêuticos, médicos brasileiros, oposição e velha imprensa. Ainda na esteira da chegada dos médicos cubanos, correu notícia de que médicos brasileiros poderiam omitir auxílio a pacientes do Sistema Único de Saúde, o SUS, com o objetivo de protestar contra a chegada dos cubanos. Seria a barbárie, o colapso de um modelo de medicina assasino e perigoso que insiste  em priorizar o interesse de grandes corporações no lugar da vida e saúde das pessoas. As declarações de médicos,  ligados a conselhos regionais e federal e também a associações de médicos, assustam pela violência , truculência e ameaças em seus conteúdos.
O agiota que empresta dinheiro para outra pessoa , simplesmente mata a pessoa se o empréstimo não for pago.  Os médicos brasileiros tem demonstrado um comportamento similar aos agiotas, por conta da chegada dos médicos cubanos.

Nesse cenário de violência onde o processo civilizatório é apenas uma retórica, não deve causar estranheza a notícia de que do ano de 2001 até 2011, dez mil pessoas foram assassinadas, no Rio de Janeiro,  pelas forças de segurança pública, sem que se tenha notícia sobre os corpos dessas vítimas. São milhares de Amarildos, que sumiram, foram apagados, principalmente pela polícia. A postura dos médicos brasileiros , destilando violência contra o programa mais médicos  do governo federal, apresenta uma semelhança  com o extermínio efetuado pela polícia fluminense contra milhares de pessoas. São agiotas, polícia e médicos. Na barbárie civilizacional que vivemos, a velha imprensa é o auto falante consolidador de todas as práticas e formas de violênca e opressão contra a sociedade, principalmente, pobres, mulheres e pretos.
Diante dos números e dos fatos , que assustam pela trucuncia e pelas declarações , torna-se de extrema importância que os movimentos sociais e grupos de protestos, assumam o protagonismo da luta, saindo as  ruas em defesa da vida, e de serviços públicos de qualidade e gratuitos, onde prevaleçam valores éticos e altruísticos, como demonstrados pelas declarações dos médicos de Cuba que aqui chegaram.
 

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