segunda-feira, 22 de julho de 2013

Pedras e Crucifixos

A semana começa com a chegada do Papa Francisco ao Rio de janeiro em meio aos protestos que acontecem pela cidade. 
Em mais um evento a disputa por corações e mentes continua.
Grupos de direita e de esquerda, e outros, disputam uma agenda que possa ser abraçada pela maioria da população.
Tem sido assim desde o início dos protestos.
Será assim com a visita do Papa.
A oposição e a velha mídia tentarão impor uma agenda que atenda seus interesses conservadores e retrógrados.
Os grupos de esquerda querem avançar na democracia.
As depredações e atos de violência  que tem acontecido nos protestos do Rio de janeiro tem sido associados a grupos de extrema direita, contrários ao governo do estado. 
Argumenta-se que os protestos na zona sul da cidade no bairro do Leblon, reduto de uma classe média conservadora, tem a grife de uma classe média alta, responsável pelos saques e atos de violência. 
No entanto, no mesmo bairro e nas proximidades existem as comunidades da cruzada e da rocinha. 
No protesto em frente ao Copacabana Palace, no casamento de Dona Baratinha, o manifestante agredido com um cinzeiro era morador do complexo do alemão.
Relacionar o local dos protestos apenas com moradores do lugar, me parece um tanto reducionista.
Também não se pode afirmar que os atos de saques em estabelecimentos comerciais, alguns carregados de ideologia, sejam de responsabilidade , apenas, do subproletariado.
Nas ruas do Rio e de todas as cidades do Brasil trava-se uma luta para ocupar um espaço que se manifesta por avanços e mudanças.
Assim sendo tem-se grupos de direita, de esquerda, de extrema esquerda, de extrema direita, anarquistas, punks, neonazistas, moradores de comunidades carentes, grupos financiados por agentes externos ao país, sindicatos, partidos políticos ,pessoas  e outros não menos importantes.
Isso é fato, estão todos lá. 
Argumentar , apenas, que os protestos podem levar o país para um totalitarismo é fugir das responsabilidades e das opções que se apresentam.
Os setores de esquerda, que desejam mais democracia, direitos humanos, transparência dos órgãos públicos, mais recursos para saúde e educação , um transporte coletivo público de qualidade, a democratização dos meios de comunicação e outros temas não podem se omitir e devem disputar as ruas.
O que está em jogo é a conquista de uma agenda.
Pedir o impeachement do governador Cabral, como pedem alguns grupos, não tem nada de anormal, desde que se tenha argumentos e provas para encaminhar uma proposta.
Por outro lado, argumento é o que não falta para que esses grupos, ou outros,  se manifestem e protestem contra o presidente do STF que criou uma empresa para adquirir uma apartamento em Miami, contra o giga esquema de corrupção nos estado e  cidade São Paulo por conta das obras do metrô, contra as trapaças das organizações globo com sonegação de impostos e contas em paraísos fiscais, contra o congresso nacional que tenta barrar e distorcer as propostas de reforma política com constituinte apresentadas pela presidenta Dilma.
Se grupos banhados no totalitarismo, no neonazismo e na violência estão nas ruas pedindo o impechement do Governador Cabral por supostos atos de corrupção, é importante que grupos democráticos e progressistas  ocupem as mesmas ruas para protestar contra os crimes de corrupção, comprovados, e citados acima.
Agora é adicionado mais um ingrediente nesse caldo, a visita do Papa.
Argumenta-se nas redes sociais, com razão, que um estado laico não poderia gastar tantos recuros para a visita do Papa. 
Faria o mesmo com a visita do Dalai Lama ?
A bilionária Igreja Católica assim como a bilionária Globo e outras biolinários  sempre na ajuda do estado, ou na sonegação de impostos, e ainda exigindo ética através de seus pares, alguns antigos, outros mais novos mas já demonstrando intimidade com as trapaças .
Enquanto isso, um contorcionismo jurídico com alta dose de espetacularização se apropria de  uma tese etérea para condenar pessoas sem provas.
Disputar os espaços é necessário.
O Rio de Janeiro , nesta segunda - feira de chegada do Papa Chico, amanheceu bem ao seu estilo.
Centenas de peregrinos, católicos e religiosos , desfilando pelas ruas e pela passarela do samba com camisas e bandeiras aguardando o Papa, ou como disse o poeta, "estão penando aqui na terra esperando o que Jesus prometeu"
Do outro lado, manifestações e protestos estão marcados para todos os dias da semana. 
Temas como o aborto e o uso de preservativos devem dominar a pauta.
No meio desse caldo o Papa Chico pode se deparar com uma manifestação com preservativos gigantes sendo carregados pelos manifestantes.
Se não bastasse tudo isso, o Papa irá recepcionar seus hermanos latinos no...terreirão do Samba.
Neste inverno , que no sul do país tem neve, mas que no Rio de Janeiro tem sol de verão, a semana vai ser quente.
Deus e o Diabo estarão pelas ruas da cidade, no sambódromo, no terreirão do samba, no leblon, nas laranjeiras lutando ou esperando por aquilo que Jesus prometeu.


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